sábado, 13 de agosto de 2011

Contrapnto 5990 - "A crise da dívida nos EUA "

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.13/08/2011
A crise da dívida nos EUA

Da Carta Maior - 13/08/2011

Nunca houve, de fato, nenhuma possibilidade de que os EUA deixassem de pagar sua dívida. A suposta “crise” foi fabricada desde o início, com os republicanos na Câmara dos Representantes utilizando um detalhe técnico para obter cortes impopulares que não poderiam conseguir nas urnas. A estratégia funcionou: realizaram um acordo que se compromete a grandes cortes sem nenhum aumento nos impostos para os ricos ou para os super ricos dos EUA, que aumentaram consideravelmente sua parcela de receita nacional durante as últimas três décadas. O artigo é de Mark Weisbrot.

Já que a “crise da dívida” estadunidense se converteu em uma grande notícia internacional há algumas semanas, cabe esclarecer o que é real e o que não é. Em primeiro lugar, o governo dos EUA não tem uma “crise da dívida”. O governo dos EUA paga juros de apenas 1,4% do PIB por sua dívida pública. Isso não é muito em qualquer comparação histórica ou internacional. Atualmente, o déficit anual, que é relativamente grande (9,3% do PIB), é principalmente o resultado da recessão e da débil recuperação da economia.

As projeções do déficit no longo prazo se orientam pelos custos da atenção médica no setor privado. Estes custos têm efeitos secundários aos gastos públicos, porque o governo dos EUA paga quase a metade do gasto total de saúde, a uma taxa duas vezes maior que a de outros países desenvolvidos. E esse valor vai aumentando rapidamente.

Nunca houve, de fato, nenhuma possibilidade de que os EUA deixassem de pagar sua dívida. A suposta “crise” foi fabricada desde o início, com os republicanos na Câmara dos Representantes utilizando um detalhe técnico para obter cortes impopulares que não poderiam conseguir nas urnas. A estratégia funcionou: realizaram um acordo que se compromete a grandes cortes sem nenhum aumento nos impostos para os ricos ou para os super ricos dos EUA, que aumentaram consideravelmente sua parcela de receita nacional durante as últimas três décadas.(Grifo do ContrapontoPIG)

A direita ganhou porque o presidente Obama decidiu colaborar com eles, tratando de aproveitar a “crise” fabricada também para implementar os cortes que ofenderam e desagradaram as pessoas que votaram nele. É certo que ele também queria aumentar os impostos para os ricos, mas ao aceitar a legitimidade da extorsão praticada pelos republicanos, ele perdeu isso também.

O dano mais grave desta “arma de distração de massa” – e a capitulação do presidente Obama a ela – é que o debate político nos EUA foi fortemente alterado. A falsa “crise da dívida” é considerada como o principal problema, e de modo ainda mais absurdo, como uma das causas da debilidade da economia. A economia dos EUA só cresceu no primeiro semestre deste ano, e há cerca de 25 milhões de pessoas, ou desempregadas ou trabalhando precariamente em tempo parcial, ou que simplesmente abandonaram a força de trabalho. Passamos por mais de um terço da “década perdida”, e a mudança no debate político na direção da redução do déficit aumentará a probabilidade de experimentarmos (a perda de) toda a década.

Se o presidente Obama perder ambas as Câmaras do Congresso e/ou a presidência nas próximas eleições, isso será resultado de uma economia fraca e de alto desemprego, e porque deixou seus oponentes não apenas sabotassem a economia – algo que fizeram com muito gosto -, mas também porque deixou que eles redefinissem o debate econômico para que, no futuro, se coloque a culpa no presidente e no seu partido por essa debacle.

Assim, na próxima vez que alguém se queixar de que a maior parte da América do Sul é governada por presidentes populistas de esquerda que lutam demasiadamente contra a elite de seus países, deve se lembrar que há piores classes de liderança: a liderança que comete suicídio político pelo bem do “bipartidarismo”.

(*) Mark Weisbrot. Co-diretor do Center for Economic and Policy Research, em Washington.

Tradução: Katarina Peixoto

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