terça-feira, 8 de junho de 2010

Contraponto 2441 - Dilma: Lula construiu o alicerce do futuro

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08/06/2010

Dilma: Lula construiu o alicerce do futuro

Dilma, a continuidade do projeto de Lula

Vermelho - 7 de Junho de 2010 - 18h13
A pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, abre seu coração em entrevista para CartaCapital e detalha o significado do bordão “avançar, avançar, avançar”, deixando claro que é a candidata de um projeto, não de uma pessoa – projeto representado por Lula e, agora, por ela, que assegura a continuidade e o avanço nas mudanças.

Por José Carlos Ruy

A Folha de S. Paulo voltou a repetir (dia 07/06/2010) o costumeiro comentário mal educado a respeito de Dilma Rousseff: apresenta a pré-candidata do campo progressista como criatura de Lula, que a escolheu “a dedo” para sua sucessão.

É um equívoco, veiculado pela enésima vez (agora noutro texto do jornalista Fernando Rodrigues) que, numa coincidência feliz, pode ser desfeito noutra matéria, de gabarito mais elevado, publicada na revista CartaCapital (09/06/2010): a entrevista da pré candidata aos jornalistas Cynara Menezes e Sérgio Lírio, anunciada na capa da revista com a manchete “O que pensa Dilma”.

Leia também a íntegra da entrevista:
Carta Capital: Dilma solta o verbo

O equívoco jornalístico que a entrevista desfaz é simples: Dilma não é a candidata pessoal de Lula, como Lula não foi candidato de si próprio em todas as cinco eleições presidenciais em que foi figura central: as disputas de 1989, 1994 e 1998, que perdeu, e de 2002 e 2006, que venceu.

Lula foi candidato de um projeto de mudanças para o Brasil, projeto que tem sua continuidade representada agora pelo nome de Dilma Rousseff. Esta percepção não exige muito discernimento nem elucubração, como revela a entrevista de Cynara Menezes e Sérgio Lírio, na qual a pré-candidata aparece de corpo inteiro e coração aberto.

Fala de tudo: desde os problemas enfrentados historicamente pelas mulheres numa previsível véspera da eleição da primeira presidenta brasileira, até as preocupações que Dilma pretende levar para o Palácio do Planalto.

Ela é simples e direta. Seu sonho, diz, é avançar, avançar e avançar, sequência de três palavras que já virou um bordão de sua aspiração presidencial. Quer “caminhar para que este seja um país desenvolvido. Foi o que o presidente Lula construiu e que a gente pode fazer”, disse. Com o pé no chão, lutando para erradicar a miséria e a pobreza. A partir de um projeto de nação (“tenho um projeto de nação”, acentua).

O Brasil entrou “numa era de prosperidade” cujos componentes são a inclusão, a mobilidade social, o fortalecimento do Estado e recuperação de sua capacidade de investimento, a exploração do pré-sal, o fortalecimento da agricultura e o apoio à agricultura familiar, a aplicação de uma política industrial para fomentar o desenvolvimento do país, na melhoria da educação, na política cultural, no respeito à soberania nacional, continuando a política aplicada pelo governo Lula. Numa compreensão de que o atual projeto se desdobra no tempo, insiste em avançar, que liga com a continuidade. “Se não avançar, não está continuando” a partir do alicerce que, disse, “Lula construiu para o futuro”.

Dilma minimiza, por outro lado, as críticas feitas pela mídia ao projeto que, desde 2003, está à frente da Presidência da República. Perguntada sobre uma eventual tendência da imprensa em hostilizar seu governo, tinha a resposta na ponta da língua: “De que adianta? Qual a eficácia? Mais do que somos criticados, e daí? Qual a nossa aprovação? 76%...”

Com seu estilo direto, não de questões sensíveis, como a acusação de “ter sido terrorista” feita por setores conservadores. Em primeiro lugar, ela não acredita que esse tipo de acusação vai se intensificar durante a campanha. E garante: “a discussão sobre a resistência à ditadura é contraproducente para quem não resistiu”. E avança: “Sinto muito orgulho de ter resistido do primeiro ao último dia, de ter ajudado o País a transitar para a democracia e de não ter mudado de lado”.

Não fugiu, por exemplo, de questões de natureza pessoal. Perguntada sobre eventuais pretendentes atraídos pelo visual novo e pelo cargo que quer exercer, não teve dúvida: “É o tipo da coisa que não dá tempo nem de a gente pensar, nessa função. Agora, não sou contra, não, viu? As pessoas namorarem, coisas assim. Acho bom”.

E, entre Margareth Thatcher e Michelle Bachelet, também não vacilou e comparou-se à ex-presidenta do Chile, outra mulher e lutadora contra a ditadura militar em seu país que alcançou à Presidência da República, vínculos simbólicos de um passado de lutas que avaliza a segunda parte da resposta: “Não tenho a posição conservadora da Thatcher” disse, taxativa. Para terminar, nesse tom, declarando-se uma pessoa feliz e alegre. “Gosto de viver”, foi a frase derradeira de sua entrevista.
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