quarta-feira, 16 de junho de 2010

Contraponto 2518 - "Quem fraudou pesquisas pode fraudar de novo"

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16/06/2010
Quem fraudou pesquisas pode fraudar de novo


Blog Cidadania - 16/06/2010

Eduardo Guimarães

Em novo artigo publicado no jornal Correio Brasiliense nesta quarta-feira, o sociólogo e presidente do instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, faz uma análise instigante sobre a sucessão presidencial. Suas análises têm sido avassaladoras. Por qualquer critério que se use, ao pegarmos o que ele escreveu lá atrás hoje se vê a sua tese confirmada.

O Vox Populi previu a tendência de subida de Dilma Rousseff ainda no ano passado, quando ela não tinha nem metade dos votos de José Serra. Antes do Sensus, aliás. Porém, não se pode negar que os textos de Coimbra lhe revelam uma forte crença na eleição de Dilma, no que não está sozinho entre os expoentes de institutos de pesquisa.

O diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes, também manifestou confiança nas melhores probabilidades da candidata do PT. Foi em evento da associação que congrega os quatro maiores institutos de pesquisas eleitorais – Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi –, no qual os representantes do Datafolha e do Ibope foram mais cautelosos sobre tais probabilidades, apostando em “equilíbrio”.

Curiosamente, os institutos Vox Populi e Sensus, de um lado, e Ibope e Datafolha, do outro, apresentam divergências inconciliáveis no histórico recente de suas pesquisas, divergências que se coadunam com as crenças manifestadas pelos expoentes desses institutos.

No caso do Ibope, por exemplo, o presidente, Carlos Augusto Montenegro, chegou a prever que Dilma estava liquidada e Serra, eleito. Uma análise ridícula, sem fornecer explicações, que de tão malfeita o mesmo Montenegro, posteriormente, negou que a tivesse feito, por mais que tenha sido largamente reproduzida em toda a mídia tucana.

Sendo intelectualmente honesto, porém, bem sei que ninguém tem o direito de afirmar que este ou aquele expoente de instituto de pesquisa, tanto quanto o próprio instituto, mentiu. É preciso prova, é preciso investigação séria para detectar se algum deles cometeu crime eleitoral ao manipular pesquisas de intenção de voto.

Em março e abril deste ano, enquanto Vox Populi e Sensus mostravam Dilma subindo e Serra caindo, Datafolha e Ibope mostravam o contrário. Ao menos dois desses institutos mentiram descaradamente. As diferenças das tendências reveladas recentemente por cada par de institutos é gritante e inexplicável sob qualquer análise.

Tanto é assim que o jornal Folha de São Paulo, dono do Datafolha, acusou Sensus e Vox Populi de manipulação.

Por conta disso, a ONG Movimento dos Sem Mídia, a qual este blogueiro preside, sob sua iniciativa representou ao Ministério Público Eleitoral pedindo investigação dos quatro institutos. A representação foi acolhida pelo MPE e remetida à Polícia Federal para que abrisse investigação dos quatro institutos. A investigação está em curso.

No mês de maio, porém, ocorreu um fato que dá indício ainda mais espantoso de que algum crime eleitoral foi cometido por um ou mais de um instituto de pesquisa. Ibope e Datafolha recuaram de números divulgados anteriormente e se ajustaram aos números de Vox Populi e Sensus.

Na opinião do Movimento dos Sem Mídia, esse fato novo justifica nova manifestação da ONG às autoridades competentes responsáveis pela condução da investigações. Se algum dos institutos supra mencionados mentiu antes, pode tentar mentir de novo se não houver investigação rigorosa dos fatos supra mencionados.

Apesar de já ter comunicado, em post anterior, que o MSM voltaria a se manifestar às autoridades competentes por conta do “fato novo” surgido em maio, ainda não tinha tomado providências nesse sentido por conta de problemas de doença em família que meus leitores já conhecem, mas vejo-me na obrigação de agir como prometera em benefício da democracia.

Será inaceitável que fraudes em pesquisas venham a influir – ou a tentar influir – no processo eleitoral que elegerá o novo presidente da República Federativa do Brasil. Será injusto, antidemocrático e criminoso – e pesquisas têm essa possibilidade de influir, como se sabe. Desta maneira, os que defendemos a democracia temos que agir apesar das dificuldades que nossas vidas privadas nos acarretam.

Repito: a impunidade de crime eleitoral de manipulação de pesquisas no passado fará com que voltem a ser manipuladas no futuro, talvez nesta mesma eleição, quando o tudo ou nada se implantar nessa disputa renhida pela Presidência – e se implantará de ao menos um dos lados, que ninguém duvide. Por isso, pela democracia, por eleições limpas, o MSM agirá de novo.
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