quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Contraponto 4232 - "Governadores do PSDB decidem que não cabe a eles fazer oposição"

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16/12/2010


Governadores do PSDB decidem que não cabe a eles fazer oposição

Do Vermelho - 15 de Dezembro de 2010 - 19h54

Mais cooperação e menos oposição. Esse foi o entendimento de consenso tirado pelos oito governadores eleitos e reeleitos pelo PSDB, que participaram nesta quarta-feira (15), em Maceió, de um encontro para tirar uma posição em comum com relação ao governo da presidente eleita, Dilma Rousseff.

Segundo o presidente nacional do PSDB, senador pernambucano Sérgio Guerra, não cabe aos governadores fazer oposição ao governo federal. "Essa é uma tarefa partidária, que está mais afeita à bancada do partido na Câmara e no Senado. Mesmo assim, vamos fazer oposição de qualidade", afirmou Guerra.

Para o anfitrião do encontro, o governador Teotonio Vilela Filho, Alagoas sempre teve uma boa relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sendo governado por um partido de posição. "Com a presidente Dilma tenho certeza que não será diferente", acrescentou.

Questionado se não faria oposição ao governo federal, Vilela recorreu a uma frase de uma música do cantor e compositor Chico Buarque de Holanda: "Afasta de mim esse cálice." Na opinião do tucano, um Estado como Alagoas - que concentra um dos piores indicadores sociais do País - não pode se dar ao luxo de "brigar" com o governo federal, pois depende e muito dos repasses de verbas e programas da União.

O governador de Goiás, Marconi Perillo, também adotou o mesmo discurso. "Não existe governo contra governo", afirmou. Além de Vilela e Perillo, participaram do encontro mais seis governadores tucanos eleitos ou reeleitos este ano: Geraldo Alckmin (São Paulo), Antonio Anastasia (Minas Gerais), Beto Richa (Paraná), Siqueira Campos (Tocantins), Simão Jatene (Pará) e Anchieta Júnior (Roraima).

Carta

Após a reunião, os governadores tucanos divulgaram a "Carta de Maceió", com as intenções e as propostas de atuação em conjunto do grupo. No documento, entregue à imprensa, eles reafirmam o compromisso de construir uma ampla agenda nacional de trabalho e discussões.

Além disso, enumeram seis pontos em comum que irão trabalhar ao logo dos quatro anos de mandato. Em um deles, os governadores se comprometem em promover a cooperação técnica entre os governos, aproveitando as experiências bem sucedidas em cada Estado.

De acordo com eles, cada governador do partido deve colaborar de forma crítica e democrática com o governo federal para restabelecer o equilíbrio da federação. Nesse sentido, reivindicam a revisão dos mecanismos de transferências voluntárias; o estabelecimento da responsabilidade compartilhada entre União, Estado e municípios, e uma agenda de investimentos necessários ao desenvolvimento do País.

"São propostas comuns que deverão ser trabalhadas pelo grupo, em bloco. Só assim seremos mais fortes e teremos melhores condições de êxito", afirmou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Segundo ele, os colegas devem ter uma postura proativa, de civilidade, de respeito mútuo e de independência em relação ao governo Dilma. "Devemos buscar sempre o entendimento e a cooperação, na relação tanto com o governo federal como com os governos municipais."

Alckmin disse ainda que, para facilitar esse diálogo com os governadores, o governo federal deveria descentralizar suas ações. "Quando o governo descentraliza suas ações, fortalece o pacto federativo e melhora a relação com os governadores como um todo", afirmou.

Sem projeto alternativo

A decisão dos governadores foi tomada não apenas por temer que os estados deixem de receber ajuda do governo federal --muitos deles dependem da União para quase tudo. Os tucanos levam em conta também o risco de bater de frente com um governo que começa respaldado pela alta popularidade conquistada pelo presidente Lula e que, pelo menos neste primeiro momento, deve ser estendida à presidente eleita.

Ainda que Sérgio Guerra diga que fazer oposição é "tarefa afeita às bancadas do partido na Câmara e no Senado", também ali não há consenso nem discurso adequado para esta oposição, pois lhe falta o básico: um projeto alternativo para o Brasil.

O máximo que os tucanos mostraram até agora como "alternativa" são propostas de melhorias cosméticas em programas já existentes e mantidos pelo atual governo.

Novas reuniões

O objetivo era fazer uma reunião menor para discutir pontos prioritários. Por isso, os senadores eleitos não foram convocados – outro encontro no Senado foi programado para discutir com os novos parlamentares temas como a liderança e a atuação da bancada tucana na Casa.

Ficou decidido também que outros encontros como esse serão realizados ao logo do próximo ano. "Uma das decisões tomadas nesse encontro de Maceió foi de tornar permanente esse fórum de governadores tucanos, para estreitar o relacionamento entre os governos administrados pelo partido e estabelecer um processo dinâmico de cooperação técnica das experiências exitosas em cada Estado", disse o governador paulista Geraldo Alckmin.

Por fim, os governadores tucanos se solidarizaram com o anfitrião e declararam apoio irrestrito à implantação do Estaleiro Eisa em Alagoas. O empreendimento, orçado em cerca de R$ 1,5 bilhão, enfrenta problemas de liberação da licença ambiental por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério Público Federal (MPF).
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