quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Contraponto 7384 - "A conexão Minas-São Paulo"

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08
/02/2012

A conexão Minas-São Paulo

Do Tijolaço 8/12/2012

Postado por Fernando Brito

Caro leitor, os tucanos são mesmo o centro do mundo. Não é uma glória?

Saibam que o embrulho em que está metida a espécie é assunto nos cafés de Paris, a crermos no que escreve hoje o mais ilustre membro de sua intelectualidade, o acadêmico Merval Pereira, no Le Monde, digo, no Le Globe .

“Nos últimos dias, cresceu a boataria, ouvida até aqui em Paris, em torno de uma possível tendência de Aécio de não concorrer à Presidência em 2014, retornando a seu estado na qualidade novamente de candidato a governador, para reorganizar suas forças e disputar em 2018″

Voilá! Quer dizer então que nem o apoio explícito do Barão de Higienópolis, Fernando Henrique Cardoso, faz o senador Aécio Neves animar-se a disputar a eleição contra o candidato de um governo incapaz, que desperdiça o tempo, que desindustrializa o país e é dirigido por “um poste” político?

Ou será que a mineirice restante em Aécio, ao receber o beijo da morte de FHC, está fazendo ele partir para o carioquíssimo “me inclua fora desta”?

Boutades à parte, a análise do intelectual monoautoral de O Globo confirma o que se vem dizendo: Serra está emparedado:

(…)para se decidir a disputar a prefeitura paulistana, Serra tem antes que se decidir a abrir mão do sonho da Presidência da República, convencendo-se de que, desta vez, o candidato óbvio, como disse Fernando Henrique, é o senador Aécio Neves. Serra até o momento está convencido de que a política brasileira é muito volúvel e que o jogo não está ainda jogado.

Volúvel? Pelo amor de Deus, faz mais de uma década que temos os dois mesmos grandes antagonistas na disputa presidencial, diretamento ou por figuras que os encarnam (e, no caso de FHC, as figuras ficam loucas para desencarná-lo).

O que acontece, é obvio, é que Serra, em 2012 - como Aécio, em 2014 – enxergam as candidaturas como uma espécie de matadouro político, no caso do primeiro, ou a aposição de um estigma, no caso do segundo.

Aécio, com seu mandato de senador ainda por quatro anos, não teme nenhum outro prejuízo com uma derrota eleitoral senão o de ficar marcado como candidato da direita mais reacionária, na medida em que o quadro de isolamento dos tucanos – que hoje só contam com suas velhas figuras de proa e o amor eterno do que resta do DEM e do PPS. Neves que é, jamais foi esse o desejo de Aécio, que sabe que sua chance, mesmo que mais velho, é se apresentar como “o novo” e não como o “anti”, agregando parte da base de apoio que tiveram e têm Lula e Dilma.

De qualquer forma, o artigo é preciosa fonte de informação sobre como Alckmin petende ser o paladino da ordem e como Kassad faz de tudo para não ser “o saco de pancadas”.

E fica, da leitura, a difusa visão de que, quase um século depois, a grande luta política deste país é a entre trabalhistas (embora boa parte deles tenham horror ao nome e ao sentido histórico disso) e a aliança café-com-leite das oligarquias paulista e mineira, refinada pelo croissant parisiente da pseudo-intelectualidade afetada.

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