quarta-feira, 16 de maio de 2012

Contraponto 8175 - "Gurgel e barões de Veja e Globo vão ter de ir às falas, e juiz Gilmar Mendes poderia uma vez na vida não defender causa inglória"

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16/05/2012

Gurgel e barões de Veja e Globo vão ter de ir às falas, e juiz Gilmar Mendes poderia uma vez na vida não defender causa inglória



Do Blog Palavra Livre - quarta-feira, 16 de maio de 2012

Por Davis Sena Filho


“A lei é a razão livre da paixão” (Aristóteles)

“Teu dever é lutar pelo direito, mas no dia em que encontrares o direito em conflito com a justiça, luta pela justiça” (Eduardo Couture)

“Presidenta Dilma, cadê o projeto de marco regulatório elaborado pelo jornalista Franklin Martins? Se a senhora não sabe, pergunte ao ministro das Comunicações Paulo Bernardo!"

Há dias não escrevo. Contudo, tenho acompanhado o noticiário, os artigos e as opiniões de especialistas da imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?), bem como de blogueiros considerados sujos e até mesmo imundos por jornalistas que defendem o establishment, como alguns bate-paus da “Veja” — a revista porcaria — e das “Organizações(?) Globo”. As notícias tem por objetivo, a depender de quem a dissemina, dar ou não transparência aos brasileiros sobre a CPMI do Cachoeira, que é a do Demóstenes, que, por sua vez, é a do Cavendish da Delta, que também pode ser chamada de CPMI do Gurgel/Perillo, mas que, para mim, tem de ser chamada de CPMI da Veja/Globo.

E por quê? Porque não seria possível para o senador do DEM, Demóstenes Torres, um procurador quase desconhecido, para o governador do PSDB, Marconi Perillo e para o principal aliado de ambos, o empresário do ramo de jogos, como gosta de afirmar a “Folha de S. Paulo”, vencerem eleições, terem forte influência política e partidária no Estado de Goiás, no Congresso, em setores do Judiciário e também no meio empresarial sem o “providencial” apoio do sistema midiático empresarial e politicamente conservador, além da estranha conduta do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e de sua mulher, a subprocuradora da República, Cláudia Sampaio, que simplesmente deixaram mofar na gaveta os autos de inquérito relativos à Operação Vegas realizada, em 2009, pela Polícia Federal.

Gurgel, como todo mundo sabe, somente deu continuidade ao inquérito neste ano, ou seja, três anos depois, após um grupo de parlamentares o “visitar” na Procuradoria quando o inquiriu sobre o porquê de tal defensor dos interesses do povo brasileiro ter segurado por tanto tempo um processo de investigação tão importante e grave para a República e, consequentemente, para a Nação. Os autos da Vegas são de 2009 e envolvem deputados federais e estaduais, promotor, policiais civis e militares, governador Perillo (a imprensa privada quer incluir os governadores Sérgio Cabral e Agnelo Queiroz), senador, empresários, servidores públicos das três esferas de poder e, evidentemente, o jogo do bicho, controlado por um dos bicheiros mais poderosos do Brasil, o Carlinhos Cachoeira, cujo falecido pai foi sócio do contraventor mais famoso de todos os tempos, o bicheiro Castor de Andrade.

Não faço ilações contra o procurador Gurgel quanto à sua conduta moral, mas ressalvo que suas ações no que diz respeito ao seu cargo e às suas responsabilidades deixaram muita gente em dúvida, o que inclui nesse bojo setores da sociedade que acompanham o escândalo com mais atenção e os parlamentares que integram a CPMI, que, para mim, é principalmente da “Veja” e da “Globo”. A minha assertiva é válida, porque, certamente, a atitude de Gurgel teve o propósito de não atrapalhar e favorecer as candidaturas majoritárias no ano de 2010 do governador tucano Marconi Perillo, do senador Demóstenes Torres (menina dos olhos e fake da imprensa burguesa), além de outras candidaturas proporcionais, menos relevantes sem deixar de ser importantes. Se o procurador-geral não agiu de forma calculista, não me sinto impedido para afirmar que suas ações, mesmo involuntárias, concorreram para favorecer a dupla goiana de políticos do DEM e do PSDB.

Além disso, a mulher do procurador, subprocuradora Cláudia Sampaio, disse que o delegado Raul Alexandre, que conduziu as operações, solicitou o arquivamento do inquérito, o que foi contestado em nota da PF do dia 14 de maio. A verdade é que muitos procuradores, promotores e juízes se tornaram “políticos” sem mandato popular, e, por conseguinte, agem de forma ideológica, opcionalmente conservadora e voltada para os interesses políticos e partidários de agremiações de direita e que controlam, historicamente, o Poder Judiciário. São juízes e procuradores ou promotores que querem manter o status quo de grupos econômicos e políticos até então dominantes que, com o amadurecimento da democracia brasileira, perceberam que estão a perder espaço para segmentos políticos-ideológicos de ordem trabalhista, a mesma que desenvolveu o Brasil de 1930 até 1954 e foi deposta pelo golpe empresarial-militar de 1964.

O establishment está desesperado, pois há dez anos é derrotado nas urnas. Ele sabe que os partidos conservadores estão fragilizados e por isso seu porta-voz e aliado principal e mais poderoso, o baronato da velha imprensa corporativa, associou-se ao crime organizado. Todo mundo percebe esse processo draconiano de corrupção de setores do estado, que teve não apenas a cumplicidade da imprensa, mas também sua efetiva participação por intermédio da “Veja” e da defesa, intransigente, das “Organizações(?) Globo” para com as ações e atos de tal revista, sua co-irmã de lutas contra o trabalhismo e a concretização de uma sociedade plural, democrática, solidária e justa para todos os brasileiros..

Esses dois setores, o sistema midiático e parte do Judiciário, são, atualmente, os maiores empecilhos para o desenvolvimento da democracia brasileira, porque recusam, terminantemente, ver as classes ricas afastadas do controle do estado nacional. São nepotistas, patrimonialistas e detestam não poder se beneficiar dos privilégios que o estado propiciou a essas classes durante décadas ou séculos. O Judiciário sempre foi a alma dos ricos, ainda mais em um País que teve 350 anos de escravidão. E a imprensa sempre foi a ponta-de-lança, a porta-voz das classes empresariais urbanas e rurais que sempre formaram seus próprios juízes e advogados.

Eles são a elite que mesmo privilegiada e beneficiada economicamente como ocorre com os trabalhistas no poder não suportam ver a ascensão econômica e social de outras classes, porque o estado é bom somente para servi-los, pois, do contrário, os governantes trabalhistas vão ter de se defender de golpes e contragolpes no Judiciário e na Imprensa, mesmo se for por meio de notícias mentirosas, manipuladas e distorcidas ou por intermédio de chicanas, protelações, abuso de autoridade e até mesmo pela injustiça. Juízes são homens e mulheres e tem valores e princípios trazidos de seus berços e por causa disso podem naturalmente serem injustos. E é o que acontece. E repetidas vezes.

O PT e seus aliados não podem tergiversar com aqueles que sempre acusaram e tentaram até dar golpe de estado como ocorreu em 2005. O procurador Roberto Gurgel, a subprocuradora Cláudia Sampaio, o ministro do STF, Gilmar Mendes, não deveriam se precipitar e tentar, equivocadamente, blindar os que estão envolvidos na CPMI da Veja/Globo com o caso Mensalão, que não foi comprovado e negado no STF pelo pivô do caso que atende pelo nome de Roberto Jefferson. A imprensa forjou matérias e manipulou-as, e mentiu quando foi necessário. Isto tem de ficar esclarecido para a sociedade brasileira, que se tornou vítima de informação propositalmente distorcida. É crime, sim, porque visa favorecer grupos econômicos e políticos e com isso permitir que seus aliados (da imprensa) sejam beneficiados, inclusive, como se observa, na esfera pública.

A imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos tá?) e setores do Judiciário precisam do Mensalão (nunca foi comprovado) tanto quanto os entes vivos necessitam de oxigênio. Gurgel, que lembra a inépcia e o conservadorismo do procurador Brindeiro do FHC, tentou se blindar com o caso Mensalão para disfarçar o que ele não quis fazer, que era apresentar os relatórios, as investigações da Operação Vegas (que antecedeu a Operação Monte Carlo que prendeu o bicheiro Cachoeira) ao STF. Gurgel tinha que denunciar e não o fez. O motivo eu não sei. Talvez ele saiba. E aí o que ele faz? Acusa os parlamentares da CPMI da Veja/Globo eleitos pelo povo de o atacarem por causa do Mensalão que vai ser julgado daqui a alguns meses.

Agora, faço a pergunta que não quer calar: “o Gurgel é maluco ou quer se blindar por não ter feito, aparentemente, o seu trabalho?” Porque, como diz o sábio povo: “uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa”. Mensalão é Mensalão, que é uma criação dos tucanos de Minas Gerais, que também beneficiou os de São Paulo e de outros estados quando o presidente neoliberal FHC estava no poder. A imprensa burguesa sempre se esquece desse “pequeno” mas importante fato. A quem Gurgel quer proteger? Do Gilmar Mendes é o que sempre se espera. Ele, irremediavelmente, é a herança maldita do neoliberal FHC e não resiste defender os interesses da burguesia, o status quo e as causas inglórias. Os barões da imprensa burgueses e os burgueses do Judiciário são, realmente, os setores mais atrasados da humanidade.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito tem uma oportunidade ímpar para mostrar como a imprensa de negócios comete crimes, bem como deixar claro como políticos, empresários, togados e outros seres abissais se alastraram pelo estado. Eles tem de sair definitivamente da vida pública. Essa gente quer desviar a atenção do povo do escândalo Cachoeira/Demóstenes/Veja e com isso ganhar fôlego e tempo com o Mensalão. Para mim, quem tiver culpa no cartório no que tange ao Mensalão que seja punido com o rigor da lei. Ora bolas!

Agora, a imprensa conservadora e historicamente golpista e autoridades públicas usar esse caso para desviar a atenção do País e com isso se safar da CPMI é um absurdo. Se o Gurgel tiver de depor, que vá. Presidentes foram derrubados e sofreram impeachment. Parlamentares foram cassados e eleitos pelo povo. O procurador Roberto Gurgel, para o bem da instituição a qual representa, deveria estar honrado por dar satisfação à sociedade brasileira. Presidenta Dilma, cadê o projeto de marco regulatório elaborado pelo jornalista Franklin Martins? Se a senhora não sabe, pergunte ao ministro das Comunicações Paulo Bernardo. É isso aí.
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Um comentário:

  1. Excelente comentário. Faço eco a Davis Sena Filho:Cadê o projeto do marco regulatório do Franklin Martins Presidenta? Cadê o seu compromisso com a Reforma Agrária,principal bandeira do PT para chegar ao poder, hoje acorrentada no pelourinho do agro-negócio junto com o INCRA e seus funcionários. Porque não colocar, presidenta, a polícia federal e o MPF para investigar os desvios dos recursos do INCRA para a reforma agrária pelos corruptos de plantão a frente da autarquia e que só lhes serve para isso? Porque não uma CPI do INCRA? Porque acabar com o INCRA e não com os ratos do INCRA? Será que com a morte anunciada do INCRA o agro-negócio vai bancar os 70% da produção interna de alimento bancada pela agricultura familiar?

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