quarta-feira, 13 de junho de 2012

Contraponto 8429 - "Agnelo na CPI: derrota da oposição "


13/06/2012

Agnelo na CPI: derrota da oposição

Do Casfezinho - 13/06/2012

Miguel do Rosário

Já perto do fim da sessão desta quarta-feira, Cássio Cunha Lima, senador pelo PSDB, admitiu que o governador Agnelo Queiroz conseguiu provar sua inocência em relação ao esquema Cachoeira. Aproveitou, contudo, numa jogada esperta, ou supostamente esperta, para inocentar igualmente Marconi Perillo. Lembrou um advogado que tentasse inocentar Fernandinho Beira-Mar dizendo que não há provas contra Bin Laden. Ou seja, uma coisa não tem nada a ver com outra.

Marconi Perillo era um membro do clube Cachoeira. Era amigo pessoal do bandido (telefonou-lhe pessoalmente para lhe desejar feliz aniversário) e tinha com ele íntimas ligações financeiras (Cachoeira foi preso na casa que Perillo lhe vendeu).

Ficou provado que o esquema Cachoeira tentou derrubar Agnelo. Há gravações que mostram o próprio Cachoeira xingando o governador por não conseguir arrancar o que queria de sua administração, ameaçando botar o “gordinho” (apelido de Demóstenes Torres) e a revista Época para prejudicá-lo. Dias depois Demóstenes subiu à tribuna para pedir o impeachment do governador do Distrito Federal. E a revista Época iniciou ataques sistemáticos contra Agnelo. Ou seja, mais uma vez observamos a mídia aliada ao crime organizado.

O fato é que o depoimento de Agnelo resultou numa estrondosa derrota da oposição. Alguns parlamentares falaram em “xeque-mate” de Agnelo, ao abrir a sessão oferecendo seus sigilos bancários, fiscal e telefônico. Parlamantares do PSDB, DEM e PPS não conseguiram sequer encontrar acusações consistentes contra o governador e começaram a levantar fatos totalmente desconectados do foco da CPI.

Os sigilos de Agnelo já tinham sido quebrados pela Justiça ao final do ano passado, num daqueles escândalos que, agora sabemos, tinham o dedo do esquema Cachoeira-Veja, mas somente os fiscais e bancários. Agnelo acrescentou agora seus sigilos telefônicos e de email.

Com isso, criou-se uma enorme onda nas redes sociais e na própria comissão para quebrar o sigilo de Marconi. O governador de Goiás, vendo o fato consumado, procurou-se adiantar-se e também ofereceu seus sigilos.

Estou muito curioso para ver como a imprensa repercutirá o dia de hoje. Certamente os colunistas continuarão desqualificando a CPI, mas todas acusações que se fazia contra ela já caíram por terra.

Falaram que havia interesse de blindar a Delta. Pois bem, o sigilo nacional da empresa foi quebrado, a Controladoria Geral da União declarou-a inidônea e todos seus contratos com o governo federal estão disponíveis na internet.

Falaram que havia acordo para blindar governadores: pois bem, ambos foram convocados pela CPI, prestaram esclarecimenots e seus sigilos serão quebrados e suas vidas devassadas.

A CPI engrenou de vez. Pode não ser perfeita, os parlamentares não são investigadores profissionais, e às vezes os que tem mais caráter são os menos incisivos, menos astutos. Na guerra moral que se desenrola em paralelo com as batalhas políticas, veremos que os piores elementos frequentemente se revelam mais fortes, mais desenvoltos, mais inteligentes. Mas desta vez as pessoas estão muito mais atentas. Há um percentual muito maior da população monitorando os debates do que em qualquer outro momento, e ao contrário do que diz a mídia corporativa (que é ligada aos agentes mais reacionários da luta política), a maioria da pessoas está interessada unicamente no aperfeiçoamento das instituições e na derrota da corrupção. E são as pessoas, ou seja, o povo brasileiro, que irão dar a palavra final sobre quem ganha ou perde nesta história. Não serão necessariamente os mais astutos, mas aqueles nos quais a sociedade confiar mais. A democracia brasileira, aos trancos e barrancos, continua avançando. E talvez esta CPI lhe permita dar alguns saltos à frente.

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