sábado, 4 de agosto de 2012

Contraponto 8877 - "A história dos movimentos de composição de apoio parlamentar"



Por Andre Araujo

MENSALÃO, UM CASO DE HIPOCRESIA POLITICA - Movimentos para constituição de base de apoio parlamentar ao Governo existem no Brasil desde o Imperio sob diversas roupagens e formulas.

As Presidencias de Getulio Vargas em 1950, de Janio Quadros em 1960 e de João Goulart em 1961 sofreram da mesma doença mortal da falta de base parlamentar que os levou a tragico fim.

A Presidencia JK soube se compor com altos custos e sobreviveu, com dificuldades, ao processo de contestação parlamenatr que nunca se deu em nenhum caso em torno de programas e ideias e sim em função de verbas e cargos. O ponto de partida é a desfuncionalidade do sistema politico brasileiro que vem desde muito tempo e é a causa de instabilidade quase que permanente, só sanavel por mecanismo de cooptação, dos quais o ""mensalão"" é apenas um deles, sem o que o Presidente não governa o Pais e passa todo o seu mandato resolvendo crises sucessivas gerados pelos ""socios"".

A partir da Nova Republica o nome desse movimento era ""Centrão"" ajustado em torno de cargos e verbas, no Governo FHC foi mais discreto mos requereu operação similar, no Governo do PT fez-se uma variante.

O problema é a imperfeição do sistema politico e não o remédio tentando mante-lo vivo.

É uma enorme hipocresia combater o remédio que é o mecanismo de cooptação parlamentar e não a doença, que a disfunção secular do sistema politico brasileiro que exige esse tipo de remedio que não cura a doença mas controla a febre.

A imprensa, o Ministerio Publico e a oposição não gastaram com a doença 1% do tempo, da energia e da indignação que gastaram com o remedio e com tentativas de imolação para aplacar os deuses.

A peça acusatoria do MP prega um discurso moralista como se o Brasil fosse a Finlandia e os acontecimentos narrados fossem nunca dantes vistos. Todos fingem que o Brasil é um mosteiro de apostolos e que a turma do Mensalão surgiu das profundezas do inferno para macular a pureza da politica brasileira, chocada com tala desfaçatez, como se todos não fossem parceiros do butim.

É o apogeu da hipocresia, a cooptação é uma necessidade do paciente, que é o Brasil, sem o qual esse Pais é ingovernavel. Para evitar o remedio tem-se que curar a doença, que é o excesso de partidos, o caciquismo que vira dono de cada partido, a politica como meio de vida desde os 18 anos, com netos e filhos de politicos perpetuando dinastias, é a profissionalização do uso de cargos para enriquecer, é a campanha politica como negocio rendoso, um conjunto de praticas que pode-se denominar ""a comilança"", que suga metade da arrecadação fsical, se não for mais, tal qual os nobres de Versallhes sugavam a França para manter seu ocio.

Os delitos do Mensalão, se os houve, não são corrupção para fins pessoais, foram mais um mecanismo de cooptação para tentar alguma governabilidade e devem se analisados dentro desse contexto e não como crime de quadrilha, todos sabem disso e fingem que não sabem, é o velho espirito da Inquisição ibérica baixando de novo, queimava-se um qualquer, pego por alegado crime de bruxaria, para preservar mil outros iguais ou piores.

O ridiculo é achar que o Brasil vai ser reformado ou passado a limpo com esse Auto-da-Fé..

Todos sabem que não vai, nem vai diminuir um milésimo a corrupção no varejo e no atacado, que é inerente do sistema politico ai posto para isso mesmo e que ninguem propõe mudar para melhorar, não há nenhum projeto sequer cogitado para elininar a aberração de vinte senadores sem um unico voto, suplentes por parentesco, compadrio ou sociedade, um dos eixos da corrupta pólitica brasileira.

O processo do Mensalão e sua acusação de cinco horas servem para isso mesmo, cenas de efeitos especiais para deixar tudo como está porque ninguem cogita mudar coisa alguma.

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