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06/01/2013
Janio de Freitas: e se Genoino for inocente?
Do Brasil 247 - 6 de Janeiro de 2013 às 05:53
Segundo o colunista da Folha, posse do
deputado não pode ser qualificada como imoral, uma vez que a sua
condenação não é incontroversa
247 - José Genoino foi condenado a
seis meses e 11 meses de prisão porque, na condição de ex-presidente do
PT, assinou um empréstimo de R$ 3 milhões com um banco mineiro que,
segundo a versão que vingou, era fictício e teve o propósito de lesar os
cofres públicos. Ocorre que esse mesmo empréstimo foi validado pelo
Banco Central e também quitado pelo tomador – no caso o PT. Por isso
mesmo, Genoino propaga sua inocência. E o colunista Janio de Freitas, da
Folha, argumenta que sua posse não pode ser qualificada como imoral.
Leia abaixo:
Moral ou imoral
Sentir a dignidade ultrajada por uma injustiça poderia justificar a decisão de Genoino de defendê-la com um ato político
Seja qual for a verdade a que José Genoino se refere, como
razão da sua "consciência serena e tranquila" e a surgir "mais cedo ou
mais tarde", sua decisão entre aceitar ou recusar a volta à Câmara é, a
meu ver, de apreciação muito menos simples do que pareceu à maioria das
opiniões divulgadas.
Pensei cá comigo, como faço nas dúvidas frequentes, em como agiria sob situação semelhante. Não achei resposta segura.
O motivo maior do impasse, entre vários, partiu da firmeza
com que Genoino se afirma inocente, desde o início do escândalo. E cada
vez com maior emoção.
Calma aí, não são todos os acusados que se dizem inocentes, não. Nem mesmo no caso desse denominado mensalão.
Marcos Valério e Delúbio Soares não o fizeram. Procuraram
minimizar parte dos seus atos, justificar outros e negaram alguns, isso
sim.
Silvio Pereira cedo preferiu a permuta de confissão por pena branda, a chamada delação premiada: um modo de negar a inocência.
"Legal, mas imoral!", disseram muitos sobre a decisão de Genoino por se empossar. Imoral, moral?
Pois me dei conta de que seria exatamente como defesa de minha moral, se a sentisse injustiçada, que a posse me atrairia.
Uma afirmação altiva do direito da inocência aos direitos a ela inerentes.
Também pensei em sentido oposto. Injustiças indignam e
enjoam. Mandar tudo às favas, de um modo à altura da injustiça, também
me pareceria possível.
Enfim, sentir a dignidade ultrajada por uma injustiça
poderia justificar a decisão de José Genoino de defendê-la, com um ato
político e institucional, e à sua convicção de inocência.
Não tenho como saber o que o moveu nem estou questionando a veracidade da inocência ou a culpa imputada. O assunto é outro.
E é o mesmo. A dimensão e o transcurso conturbado do
julgamento no Supremo deixaram um ambiente tão excitado e desmedido que
mesmo os não facciosos se confundem e incorrem em imprecisões injustas.
A respeito da posse, ouvi por exemplo pela CBN, na
quinta-feira, respeitado professor de filosofia dizer que "ficou
provado" que José Genoino "assinou um empréstimo com o propósito de
lesar o erário público".
Tal propósito, fosse atribuído a Genoino ou ao empréstimo,
não foi provado nem esteve sequer próximo disso. No valor de R$ 3
milhões, foi quitado pelo PT em parcelas depois do escândalo.
Genoino está condenado a 6 anos e 11 meses por corrupção
passiva e por quadrilha, como presidente do partido em cujo interesse
foram feitas as transações montadas por Marcos Valério, o PT e o Banco
Rural.
Em alguma parte ou no todo dessa acusação supõe-se que
esteja, com a consequente injustiça, a burla da verdade a surgir "mais
cedo ou mais tarde".
Se e quando surja, estará dizendo se a posse de José Genoino foi "legal, mas imoral!" ou legal e moral.
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PITACO DO ContrapontoPIG
Genoino e outros foram julgados e condenados sem provas por um Tribunal de exceção.
Fica cada ia mais evidente que os ministros que o condenaram serão condenados pela História.
A história pessoal de Genoino, a sua biografia de lutas, o tornam maior, perante o país, do que qualquer um dos ministros - com biogafias e manchadas - que o condenaram.
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