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11/01/2013
São Pedro é petralha?
Do Brasil 247 - 11 de Janeiro de 2013 às 07:03
Jornal O Globo, que até ontem era o
mais alarmista em relação ao iminente apagão, reconhece, em editorial,
que as chuvas de verão, que acontecem todos os anos, farão com que o
risco de escuridão desapareça; como adiantou 247, as águas de janeiro já
começam a inundar os catastrofistas
247 - Neste ano, não haverá apagão. E
quem reconhece é o jornal O Globo, que, até ontem, vinha sendo o mais
catastrofista em relação a um possível colapso do setor elétrico. Nas
últimas edições, tanto o jornal como seus principais colunistas, Merval
Pereira e Miriam Leitão, vinham colocando o governo Dilma num corredor
polonês em razão da iminente escuridão. Segundo Merval, nada se fez no
setor elétrico nos últimos dez anos. De acordo com Miriam, era hora de
reconhecer a lambança.
Com as chuvas de janeiro, que acontecem todos os anos, o quadro mudou e inundou os catastrofistas (leia mais aqui).
E, nesta sexta-feira, o próprio jornal O Globo reconhece, em editorial,
que se chover no verão como sempre acontece, o risco de apagão estará
descartado. Diante do quadro, fica a pergunta: São Pedro é petralha ou
as chuvas eram previsíveis?
Leia, abaixo, o editorial do Globo desta sexta-feira:
Sinal de alerta permanecerá aceso no setor elétrico
Continuamos nas mãos de São Pedro, e, se as chuvas de
verão vierem como habitualmente, o risco de racionamento de energia
elétrica desaparecerá no curto prazo, como frisaram as autoridades do
setor anteontem em Brasília. Mas o que ocorreu este ano é um sinal de
alerta que ainda se manterá aceso, pois preocupa o fato de o nível dos
reservatórios das hidrelétricas ter chegado ao piso da curva de
segurança em pleno mês de janeiro. Se as chuvas não forem abundantes a
ponto de os reservatórios verterem água (ou seja, se não encherem 100%),
é bem provável que as usinas termoelétricas não sejam desligadas este
ano, para se poupar ao máximo as hidrelétricas.
Exatamente pela existência desse parque gerador
termoelétrico é que a situação hoje é diferente da que motivou o
racionamento em 2001/2002. Naquela época o governo havia lançado um
programa prioritário de construção de termoelétricas; tentou-se correr
contra o tempo, porém as usinas não estavam prontas quando mais se
precisava delas. A lição foi aprendida e desde então não mais se deixou
de licenciar esse tipo de usina. Este ano várias entrarão em operação
exatamente no Nordeste, onde são mais necessárias.
De qualquer forma, diante das dificuldades para
licenciamento ambiental de hidrelétricas — os principais aproveitamentos
agora estão na Amazônia, região sensível não só do ponto de vista da
natureza, mas também aos mais variados lobbies — o funcionamento das
termoelétricas tende a ser mais permanente que emergencial. Isso deve
mexer com a estrutura de custos da energia elétrica no país, já
considerado elevado e capaz de inviabilizar muitas atividades produtivas
que antes se mostravam competitivas. É uma questão a ser discutida e
que possivelmente envolve o uso mais racional da eletricidade. Programas
de eficiência energética já não são conduzidos com a mesma ênfase dada
logo após o racionamento de 2001/2002.
Há que se considerar que termoelétricas dependem de
combustíveis fósseis, alguns mais e outros menos poluentes. O gás
natural, que é a menos poluente, infelizmente ainda não está disponível
em abundancia no país. O Brasil importa grande volume da Bolívia e
complementa essa compra com gás natural liquefeito adquirido em outros
fornecedores, a preços bem salgados. Com o pré-sal a oferta doméstica
deve aumentar, mas não o suficiente para que se possa abrir mão das
importações. Além disso, o gás natural não tem uso apenas térmico: é
insumo para diferentes ramos de indústria e serve como combustível
automotivo.
Nesse quadro, a opção nuclear precisa ser revigorada. Os
planos para a construção de quatro novas usinas no Nordeste, já a partir
da conclusão de Angra 3 (prevista para 2016), que tinham sido
engavetados após o acidente de Fukushima, merecem ser novamente
avaliados.
E por último, mas não menos importante, é crucial melhorar
o gerenciamento das obras no setor, para evitar os vergonhosos atrasos
existentes.
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