terça-feira, 3 de setembro de 2013

Contraponto 12.116 - "O 'arrependimento' global"

.
03/09/2013

O "arrependimento" global

 

Do Direto da Redação - Publicado em 03/09/2013

 



Eliakim Araújo 
 

Tenho dito aqui, com frequência, que o império global está  reescrevendo a história recente do Brasil sob sua ótica, objetivando, evidentemente,  tentar limpar sua barra perante a opinião pública. A última dos Marinho é esse falso arrependimento pelo editorial  que antecedeu o golpe de abril de 64 e seu “equivocado apoio à ditadura militar”.

Os vários projetos de “memória” criados pelas várias mídias que compõem o conglomerado Globo, ao lado de mostrar o lado colorido dos acontecimentos, têm na realidade o objetivo de transformar em verdades absolutas os muitos pecados cometidos, especialmente no que se refere à alienação da opinião pública. 

Projetos de memória, para ter algum valor histórico, precisam buscar o contraditório, se não vira samba de uma nota só ou do pensamento único. O império do Jardim Botânico consegue fazer a cabeça dos noveleiros, mas não das camadas mais politizadas da população.  Os manifestantes deixaram isso muito claro no mês de junho passado quando incluíram em seus protestos o velho refrão (tem mais de 20 anos, é do tempo do Brizola)   “o povo não é bobo....”  e outros mais recentes surgidos da criatividade do brasileiro. As gerações mudam, mas o papel do grupo Globo durante o período de escuridão que o país viveu não é esquecido.

O que a “memória global” não consegue explicar é como um modesto vespertino carioca, fundado por Irineu Marinho, que nem tinha a edição dominical, transformou-se no império que todos conhecemos hoje, com dezenas de publicações, um sem número de canais de televisão (além de uma distribuidora de canais) e investimentos em outras áreas.  Tudo isso construído depois de 1964. Não é uma estranha coincidência?

Portanto, aos leitores que escreveram pedindo um posicionamento do DR sobre esse “arrependimento” do império, recomendo a leitura do artigo enviado pelo leitor Raul Longo, publicado no Espaço Livre, “Mea maxima culpa”.

A guerra a caminho.  Enquanto escrevia estas linhas, a TV estava ligada na CNN que transmitia a audiência dos homens da guerra dos Estados Unidos, o secretário de Estado, John Kerry, o de Defesa, Chuck Hagel, e o chefe das forças armadas, General Martin Dempsey. São eles os encarregados de convencer os parlamentares de que o melhor para os Estados Unidos é atacar a Síria.

Anotei algumas frases que dão uma ideia de como os senadores americanos tratam um assunto tão sério quanto o bombardeio de um país.  Não ouvi nenhuma palavra sobre diálogo ou negociação.  Dar uma lição em quem desobedeceu as ordens do império e mandar um aviso aos demais, parecia ser o pensamento dominante entre os líderes republicanos e democratas que discutiram nesta terça-feira no Senado.  

- Nós nao podemos fechar nossos olhos
- Nossa credibilidade está em jogo
- A China vê os EUA como um tigre de papel
- Não haverá invasão nem ocupação da Síria
- Totalmente falsa a comparação com o Iraque
- Impunidade está trabalhando a favor de Assad
- Necessitamos jogar duro contra a Síria
- Síria está se tornando um novo Afeganistão
- Síria tornou-se um porto seguro para os terroristas
- Os efeitos colaterais dos bombardeios serão mínimos
- O objetivo é destruir a capacidade de defesa síria
- O ataque à Síria é um aviso aos demais países

Enquanto os senadores discutiam a punição de Bashar al-Assad, uma pesquisa Washington Post-ABC News informava que quase 60 por cento do povo americano é contrário ao ataque à Síria. Esse pode ser um diferencial na hora do Congresso votar.
Obama ganhou nesta terça-feira o apoio dos principais líderes republicanos, John Boehner, o presidente da Câmara dos Deputados, e Eric Cantor, líder republicano na mesma Casa. Acho que é a primeira vez que esses dois inimigos figadais do presidente declaram seu apoio a uma iniciativa sua.

As cartas estão na mesa. Pelo clima que vi hoje na audiência no Senado, o bombardeio à Síria é irreversível  e não vi ninguém preocupado com as consequências.


Eliakim Araújo. Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa" Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais. 
.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista