sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Contraponto 13.237 - "Cubana Ramona é arma tucana para não perder SP"

247 - Ramona Rodríguez é hoje apenas uma desertora entre mais de 6 mil médicos que atuam no âmbito do Programa Mais Médicos. Mas será uma das principais armas da oposição ao governo federal para preservar sua maior trincheira: o governo do estado de São Paulo, comandado por Geraldo Alckmin, do PSDB.

Lida inicialmente como a história de uma médica que pretendia visitar seu namorado em Miami, a história de Ramona Rodríguez é mais complexa. Instrumentalizada por grupos políticos, ela deverá se converter na principal peça de uma estratégia que poderá até inviabilizar o programa Mais Médicos.
O resultado prático disso seria o enfraquecimento da candidatura de Alexandre Padilha, do PT, em São Paulo, e abalos até na imagem da presidente Dilma Rousseff.

A senha foi dada por dois dos principais colunistas da mídia familiar, nesta sexta-feira. Em artigo no Globo, chamado "Mais Médicos na berlinda", Merval Pereira chega a levantar a suspeita de que parte dos salários dos profissionais de Cuba seria desviada para o caixa dois do PT nas eleições de 2014 e defende a investigação dos contratos de trabalho. Eis um trecho: 


"O contrato dos médicos cubanos, sabe-se agora, é intermediado por uma tal de "Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Cubanos", o que deveria ser investigado, pois não se sabe para onde vai o dinheiro arrecadado.
Há desconfiança na oposição de que parte desse dinheiro volta para os cofres petistas, o que seria uma maneira de financiar um caixa dois para as eleições.

O Ministério Público do Trabalho, que não tivera até o momento acesso aos contratos firmados pelo governo brasileiro e a tal "Sociedade Mercantil", o que é espantoso, a partir do depoimento da médica cubana decidiu cobrar do governo que mude a relação de trabalho com os médicos cubanos, obrigando a que seja igual à de outros médicos estrangeiros, que ficam integralmente com os R$ 10 mil pagos pelo governo brasileiro."

Na Folha de S. Paulo, quem se apresentou para a batalha foi Eliane Cantanhêde, na coluna "Era questão de tempo". Embora reconheça a instrumentalização de Ramona pela oposição, ela defende a investigação dos contratos de trabalho:

"Não deu outra. É óbvio que a médica Ramona Rodriguez está se usando e sendo usada politicamente: foi acolhida pelo oposicionista DEM e está sendo contratada por associação radicalmente contrária ao Mais Médicos. Mas ainda não é óbvio é se ela é um caso isolado ou se vai gerar uma enxurrada de processos na Justiça.

Elementos para isso não faltam, como juristas ilustres já alertavam desde o início. Como um médico cubano pode embolsar dez vezes menos que colegas venezuelanos, colombianos ou portugueses, ali nos municípios vizinhos, pelo mesmo trabalho, as mesmas horas e o mesmo contratante? Se não for ilegal, é no mínimo imoral."



O alarme disparado por Merval e Eliane já foi ouvido pelo Ministério Público do Trabalho, onde o procurador Sebastião Caixeta deu razão aos argumentos de Ramona e passou a defender que os médicos cubanos recebam o valor integral de R$ 10 mil. “Estamos concluindo no inquérito que há, de fato, problemas no programa Mais Médicos. Há um desvirtuamento na relação de trabalho dos profissionais. Todos foram recrutados para o que seria um curso de pós-graduação e especialização nas modalidades ensino, pesquisa e extensão. E não é isso que nós vimos. Há uma relação de trabalho e o que eles recebem é salário e não uma bolsa”, disse ele.
Se a tese de Caixeta vingar, o programa irá por água abaixo. Especialmente porque Cuba é o único país do mundo em condições de oferecer profissionais de saúde em grande quantidade, mas em contratos de trabalho submetidos a uma outra lógica. Para entender o caso, leia o artigo "O que você precisa saber sobre médicos cubanos", de Hélio Doyle.

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Um comentário:

  1. É de extrema urgência que o governo e a OPAS se manifestem, rechaçando as acusações dessa doutora, que afirma, com todas as letras, que foi lesada, enganada e que não sabia que iria ganhar o salário que lhe é pago. Se o governo se cala, dá margem à oposição (o que há de pior nela, como o Sr Caiado) para se aproveitar da situação e a mentira se tornar verdade.
    Essa senhora deveria ser deportada de volta ao seu país (nada de Miami), arcar com as medidas judiciais cabíveis, com desmentido público, com mesmo espaço concedido às acusações. Se o governo não correr, o rastilho de pólvora que essa notícia deflagrou não poderá mais ser controlado.

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