domingo, 3 de dezembro de 2017

Nº 22.870 - "Favoritismo de Lula deve atiçar a turma do tapetão"

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03/12/2017


Favoritismo de Lula deve atiçar a turma do tapetão


Do Brasil 247 - 02 de Dezembro de 2017


Tereza Cruvinel

A consolidação da candidatura do ex-presidente Lula como favorita para 2018, demonstrada pela nova pesquisa Datafolha,  deve atiçar  o impulso golpista dos que defendem sua inabilitação judicial  para tirá-lo do páreo.   O favoritismo se consolida  no momento em que as forças da coalizão que patrocinou o golpe de 2016 começam a se unir em torno da candidatura do governador  tucano Geraldo Alckmin, que aparece em quarto lugar, com apenas 6% de preferência, empatado com Ciro Gomes e Joaquim Barbosa, que nem candidato é, por ora.   Com índices de preferência que variam de 34% a 38%, dependendo dos competidores apresentados ao entrevistado na cartela, Lula já reúne condições para ganhar no primeiro turno e  bate todos os concorrentes nas simulações de segundo turno, e com mais folga, derrota Alckmin , por 52% a 30%.  Neste quadro, para a direita, o tapetão vai se impondo como solução.  Banir Lula da disputa, entretanto, significa tirar de mais de 50 milhões de eleitores o direito de votar no candidato de sua preferência. Que outro nome isso pode ter senão  golpe? Golpe 2 contra a democracia.

O Brasil tem 144 milhões de eleitores neste ano de 2017 (serão mais em 2018). Atribuindo-se a Lula 35% de preferência,  ponto médio da pesquisa, seriam R$ 50,4 milhões de eleitores garfados no seu direito de votar no preferido.  Por mais que acreditem na passividade dos brasileiros diante dos golpes, a operação tapetão é temerária, pode  destampar a panela de pressão que vem acumulando gás desde o golpe do ano passado.

Bolsonaro continua em segundo lugar, e se consolida nesta posição porque, mesmo tendo metade dos índices de preferência de Lula (17% contra 34% do petista), deixa bem para trás a segunda divisão, encabeçada por Marina Silva (9%) e seguida por Alckmin e Ciro (6%). Depois vem a turma da lanterna, com menos do que isso.  O bloco no poder vai tocar bumbo para o perigo que ele representa, destacando a solidez de sua posição para favorecer a emergência do tucano como candidato da grande coalizão que está sendo armada, com apoio de Temer, do PMDB, do Centrão, de todos que deram o golpe.   Com Lula fora do páreo, e com ajuda da TV Globo e de toda a mídia, derrotar Bolsonaro seria como tomar doce de criança.


Nos próximos meses, a elite brasileira dirá até onde será capaz de golpear a democracia para evitar a eleição de Lula.  Seu outro caminho é o da restauração democrática plena,  através de um pacto que garanta a realização das eleições com a participação de todos os candidatos e a posse de quem tiver mais votos.  E no sistema presidencialista, sem recurso ao parlamentarismo, pleno ou semi.  Lula já governou o país com êxito, provou sua responsabilidade e competência,  favoreceu os mais pobres sem tirar dos ricos, garantiu ao Brasil uma projeção internacional sem precedentes.   Em qualquer lugar do mundo, este pacto simples seria adotado com naturalidade.   Não aqui,  onde as elites nacionais recobraram o velho gosto pelas soluções autoritárias, ainda que com roupagem nova, e pela exclusão do povo como agente de seu destino.



TEREZA CRUVINEL. Colunista do 247, Tereza Cruvinel é uma das mais respeitadas jornalistas políticas do País.

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