sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Contraponto 3778 - "ANP deve anunciar hoje maior reserva de petróleo do país"

.
29/10/2010


ANP deve anunciar hoje maior reserva de petróleo do país

Vermelho
- 29 de Outubro de 2010 - 12h01

O diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima, afirmou que a agência divulgará nesta sexta-feira (29) a estimativa oficial para as reservas do poço de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos.

O poço está sendo perfurado pela Petrobras a pedido da ANP e pode ser maior que Tupi, a principal descoberta do pré-sal já descoberta e com a maior reserva de estimada do país.
Segundo estimativas da Gaffney, Cline & Associates, as reservas de Libra podem atingir até 16 bilhões de barris de óleo equivalente, ou o dobro de Tupi, no cenário mais otimista. No cenário moderado da consultoria, as reservas teriam 7,9 bilhões de barris.

O diretor, porém, não confirmou se a reserva corresponde aos rumores de que é a maior do país. Haroldo Lima participou nesta quinta-feira (28) da cerimônia que marcou a extração do primeiro óleo do sistema definitivo de produção de Tupy, na base aérea do Galeão, no Rio.

Petrobras terá 30% da megareserva

Segundo Erick Scott, da SLW Corretora, a Petrobras terá direito a uma fatia de 30% de Libras pelas novas regras do marco regulatório do pré-sal. O restante pertence à União. A reserva deverá ser o primeiro poço do pré-sal a ser leiloado pela ANP, o que ainda não tem data para acontecer.

Segundo Scott, o mercado acredita, no entanto, que uma outra descoberta ainda maior que Libra teria sido feita pela Petrobras. Os rumores sobre essa descoberta, que seria de até 68 bilhões de barris de petróleo, influenciaram a alta das ações da Petrobras nesta quarta-feira (27) na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Na quinta, as ações PN (sem direito a voto) subiram 0,26% A R$ 26,26 e as ON (com direito a voto), 0,03%, a R$ 28,80.

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que a existência da nova reserva não passa de especulações. “Não sabemos disso” - declarou Gabrielli, ao ser questionado sobre uma eventual nova megarreserva, que chegou a ser estimada em 68 bilhões de barris de óleo equivalente.

Lula

Durante visita ao navio-plataforma Cidade de Angra dos Reis, em Tupi, na manhã desta quinta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o século 21 será a vez do Brasil e da América Latina. “O Brasil jogou fora o século 20. O século 19 foi dos europeus, o século 20 dos Estados Unidos e no final uma parte da China, e o século 21 será do Brasil e da América Latina”.

Lula também brincou ao lembrar do seu aniversário de 65 anos comemorados na última quarta-feira. “Bebi menos do que eu devia porque eu precisava estar inteiro para esta viagem. Eu jamais poderia deixar meu mandato sem colocar os pés aqui em Tupi para esta coisa que é a consagração dos nossos filhos, dos nossos netos, dos nossos bisnetos e do Brasil como um todo. É um começo de uma nova era para o nosso país”.

Lula disse também que ficou feliz ao ser lembrado pelo que os geólogos da Petrobras chamam de "marco Lula", onde descobriram que a parte mais alta do pré-sal tem nove dedos, como eles classificam os picos geológicos do fundo do mar.

Autossuficiência

No mesmo evento, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, informou que, com o óleo de Tupi e duas novas refinarias em construção, a Abreu Lima, em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Brasil poderá alcançar a autossuficiência em derivados de petróleo em 2013. De acordo com ele, o óleo de Tupi deverá ser usado na fabricação de lubrificantes, evitando a importação de cerca de 100 mil barris diários de petróleo ao custo de US$ 7 milhões por dia.

Gabrielli também confirmou que será criada a diretoria de Gestão, a sétima da Petrobras.

Fonte: O Globo
.

Contraponto 3777 - "A entrevista com as ex-alunas de Serra sobre o aborto de Mônica Serra"


29/10/2010


A entrevista com as ex-alunas de Serra sobre o aborto de Mônica Serra



Amigos do Presidente - enviada por Helena™ sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A TV Record, que tem feito jornalismo, diferente da TV Globo que protege e faz campanha para José Serra, entrevistou as ex-alunas que testemunharam sua mulher, Mônica Serra, dizer em sala de aula ter feito um aborto.

O vídeo mostra a entrevista, e as 1000 caras de José Serra.

Enviar por email Por: Zé Augusto 0 Comentários Link para esta postagem

sexta-feira, 29 de outubro de 2010
De manhã, Serra é católico. A noite, Serra é evangélico. Esse é o candidato das mil caras

Candidato Serra faz comício em igreja. É apresentado aos fiéis e a mídia como o candidato de Deus. Futuro presidente do Brasil. Faz promessas.... Eu gostaria de pedir para o leitor observar essas imagens da Folha: Essa imagem, foi feita na manhã desta quinta-feira (28). E essas imagens foram feitas na tarde dessa quinta feira Uma hora puxando o saco dos padres, outra puxando o saco dos pastores, e assim vai enganando a todos.

Análise e comente o que vocês acham das imagens que acabaram de ver

O candidato Serra faz comício em igreja. É apresentado aos fiéis e a mídia como o candidato de Deus. Futuro presidente do Brasil. Faz promessas...

Essa prática no entanto contraria a Constituição. Segundo ela, o Brasil é um Estado laico, leigo, não confessional.

O voto também deve ser livre e consciente. Mas como os fiéis irão decidir livremente em quem votar, se o candidato faz parte do projeto divino?

Por isso, comícios em igreja devem ser vetados, tal qual os panfletos com o texto da CNBB o foram.
.

Contraponto 3776 - "Record escancara corrupção em SP"

.
29/10/2010
Record escancara corrupção em SP



Blog do Miro -29/10/2010

Postado por Miro às 16:01

Serra, Paulo Preto e negócios em família

Reproduzo reportagem de Alan Rodrigues, Claudio Dantas Sequeira e Sérgio Pardellas, publicada pela revista IstoÉ:

À medida que são esmiuçados os passos de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, nos subterrâneos do governo tucano, vão ficando cada vez mais claras as relações comprometedoras do ex-diretor do Dersa com as empreiteiras responsáveis pelas principais obras de São Paulo. Em agosto, quando trouxe a denúncia formulada por dirigentes do PSDB do sumiço de pelo menos R$ 4 milhões dos cofres da campanha de José Serra à Presidência, ISTOÉ revelou que a maior parte da dinheirama fora arrecadada junto a grandes empreiteiras responsáveis pela construção do rodoanel.

Agora é descoberto um elo ainda mais forte entre o engenheiro e as construtoras da obra, considerada uma das vitrines do governo tucano em São Paulo. A empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda., de propriedade da mãe e do genro do ex-diretor do Dersa, prestou serviços para as obras do lote 1 do trecho sul do rodoanel por um período de, pelo menos, três meses no ano de 2009. A informação foi confirmada à ISTOÉ pela Andrade Gutierrez/Galvão, do consórcio de empreiteiras contratado pela obra. Os serviços consistiram no fornecimento de guindastes para o transporte e a elevação de cargas. “A empresa Peso Positivo, assim como outros fornecedores prestadores de serviços do consórcio, é contratada sempre de acordo com a legislação em vigor. A decisão de contratar prestadores de serviços é exclusivamente técnica”, alega a Andrade Gutierrez.

Arquivos da Junta Comercial de São Paulo mostram que a Peso Positivo foi criada em 30 de julho de 2003, com capital social de R$ 100 mil. Os sócios são Maria Orminda Vieira de Souza, mãe de Paulo Preto, 85 anos, e o empresário Fernando Cremonini, casado com Tatiana Arana Souza, filha do ex-diretor do Dersa, que trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo de São Paulo, e que já prestara serviços para a administração de José Serra à frente da Prefeitura de São Paulo.

Tantas coincidências fizeram o PT pedir à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que investigasse as relações da Peso Positivo com o rodoanel. “É uma relação incestuosa que existe entre Paulo Preto, sua filha e José Serra”, afirmou o líder do PT na Assembleia, Antônio Mentor.

A confirmação da ligação entre as empreiteiras do rodoanel e a Peso Positivo, obtida por ISTOÉ, mostra que as suspeitas tinham fundamento. E também derruba de maneira cabal a versão de Cremonini, apresentada na última semana em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo ele, a empresa “nunca teve clientes” na construção civil. “Meus maiores clientes são a Petrobras e a Votorantim Metais”, afirmou o empresário. “A única coisa que o Paulo me deu nestes anos todos foi a mão da filha e uma bicicleta.”

O íntimo relacionamento de Paulo Preto com as empreiteiras do rodoanel não se restringe ao negócio envolvendo uma empresa de familiares. Na última semana, denúncia da “Folha de S.Paulo” revelou que Paulo Preto, um dia após assumir a diretoria do Dersa, assinou uma alteração contratual na obra. Essa mudança permitiu às empreiteiras fazer alterações no projeto do rodoanel e até utilizar materiais mais baratos. No acordo assinado por Paulo Preto em maio de 2007 ficou definido que, em vez de ganharem de acordo com a quantidade, tipo de serviço ou material usado na obra, as empreiteiras receberiam um “preço fechado” no valor de R$ 2,5 bilhões.

Para quem conhece os meandros do mundo da construção civil, a impressão que fica ao analisar as mudanças é de que o diretor do Dersa preferiu privilegiar as empreiteiras, em detrimento da qualidade do empreendimento e da boa gestão do dinheiro do contribuinte. A iniciativa de Paulo Preto também tinha outro propósito: o de adequar o andamento da obra ao timing eleitoral. É que o acordo teve como contrapartida das empreiteiras a garantia de acelerar a construção do trecho sul para entregá-lo até abril deste ano, quando José Serra (PSDB) saiu do governo para se candidatar.

O cronograma foi cumprido a contento. Agora, as empreiteiras apresentam um fatura extra de R$ 180 milhões. Essa espécie de taxa de urgência soma-se, portanto, aos adicionais de R$ 300 milhões já pagos em 2009.

As suspeitas sobre a maneira como Paulo Vieira de Souza atuava no Dersa extrapolam os limites geográficos da cidade de São Paulo. Recaem também sobre a fase III das obras de ligação das rodovias Carvalho Pinto e Presidente Dutra, no município de São José dos Campos. Desde que assumiu a diretoria de engenharia do Dersa, ele assinou dois aditivos sobre o convênio de R$ 84 milhões.

Um desses aditivos previu a “implantação da marginal Capuava”, que nunca foi entregue. Onde foi parar o R$ 1,1 milhão, relativo à execução desse trecho, ninguém sabe dizer. “O dinheiro simplesmente desapareceu”, acusa o vereador de São José dos Campos Wagner Balieiro (PT). “Tive uma reunião com os diretores do Dersa e ninguém conseguiu me explicar por que a marginal não foi executada, embora o dinheiro tenha sido pago”, afirma Balieiro.
.

Contraponto 3775 - Charge on line do Bessinha

.
29/10/2010
Charge do Bessinha (208)

.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Contraponto 3774


Amigos do ContrapontoPIG
:

Este blogueiro estará amanhã (28/10, quinta) no estaleiro da UNIMED para pequeno reparo. Espero estar postando normalmente na sexta. Abraço, Célvio

.

Contraponto 3773 - As intenções da Folha

.
27/10/2010
As intenções da Folha

Direto da Redação - 27/10/2010

Mair Pena Netto*

O que está por trás da insistência da Folha de S.Paulo em obter os autos do processo que levou Dilma Rousseff à prisão durante a ditadura militar no Brasil? O nobre propósito da informação como direito da sociedade ou a intenção espúria de interferir no processo eleitoral com algum dado suspeito que pudesse assustar a população?

Tomar conhecimento dos fatos que envolvem candidatos ao cargo máximo da República é um direito dos eleitores, e torná-los públicos, um dever da imprensa. Mas a ficha pregressa da Folha sinaliza que o segundo objetivo levantado na abertura deste artigo estaria mais próximo da verdade.

Desde a pré-campanha, a Folha se empenha em apresentar Dilma como uma temível guerrilheira. Para tanto, não hesitou publicar em abril desse ano uma ficha falsa do Dops, que a envolvia no planejamento de um suposto seqüestro do então ministro da Fazenda, Delfim Neto, em 1969, quando ela militava em um dos movimentos da luta armada contra a ditadura.

Contrariando as normas mais elementares de verificação dos fatos, a Folha publicou com destaque, incluindo chamada na primeira página, uma ficha recebida por e-mail e que já circulava há cinco meses na internet, em um site de ultradireita. Vinte dias depois da publicação, a Folha foi obrigada a reconhecer seu erro, mas o fez de forma envergonhada, sem destinar à correção o destaque que dera à notícia equivocada.

Outro elemento que reforça a possível intenção de incriminar de alguma forma a candidata petista é a proximidade que o Grupo Folha sempre teve com a ditadura. Seja promovendo a repressão política através das páginas da Folha da Tarde, um dos títulos que detinha à época do regime de exceção, ou emprestando seus carros de reportagem para perseguição e captura de adversários do regime, que muitas vezes foram torturados e mortos antes de desaparecerem por completo.

Em editorial de fevereiro desse ano, a Folha também considerou a ditadura brasileira uma “ditabranda” por não ter torturado e matado tanto quanto a argentina ou a chilena. A classificação, ofensiva sobretudo às famílias dos mortos e desaparecidos durante o regime militar, não surpreende diante da maneira como o jornal se comportou até em relação a profissionais seus que se envolveram na luta contra o regime. Em 1969, a Folha demitiu, por “abandono de emprego”, a jornalista Rose Nogueira, que estava presa em São Paulo, depois de apartada do filho recém-nascido, sob a guarda do terrível delegado Fleury.

A obstinação da Folha em obter o processo contra Dilma, que levou o jornal a impetrar mandado de segurança no Superior Tribunal Militar e a entrar com liminar no Supremo Tribunal Federal, jamais foi vista em relação a qualquer outro político que tenha participado da luta armada contra o regime militar. Parece estar em curso, por parte do jornal, uma tentativa de transformar essas pessoas em criminosos perigosos, ignorando que lutavam contra um regime que se impôs à força sobre o país, rompendo a ordem constitucional.

Os “crimes” cometidos pelos brasileiros que se envolveram na luta armada não podem ser retirados do seu contexto como se tivessem sido praticados por marginais e terroristas, expressão criada pela própria ditadura. Será que a Folha acusaria Fernando Gabeira, por exemplo, de crime hediondo pela participação no seqüestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, em 1969, posteriormente trocado por presos políticos?

Os “terroristas” naquela época eram, em grande número, jovens idealistas, saídos das universidades, que lutaram contra um regime ilegítimo, que, este sim, praticava o terror como política de Estado. E o fizeram com coragem e generosidade, entregando suas vidas a uma causa. Pode-se questionar a opção tomada sob uma perspectiva histórica, mas jamais incriminar os que a seguiram.

Qualquer meio sério de imprensa também precisa considerar que os processos criminais militares à época da ditadura eram construídos a bel prazer dos acusadores, valendo-se muitas vezes de confissões obtidas sob tortura, e, portanto, sem valor jurídico. Reproduzir o que consta dos autos desses processos sem uma investigação rigorosa seria uma irresponsabilidade jornalística.

*Mair Pena Netto. Jornalista carioca. Trabalhou em O Globo, Jornal do Brasil, Agência Estado e Agência Reuters. No JB foi editor de política e repórter especial de economia.
.

Contraponto 3772 - "Quatro dias de fúria midiática – forjando a bala de prata"

.
27/10/2010


Quatro dias de fúria midiática – forjando a bala de prata

Blog Cidadania - 27/10/2010

Eduardo Guimarães

A fúria midiática foi surpreendida por pesquisas mostrando prejuízo para José Serra depois do factóide da suposta “agressão petista” que teria sofrido em comício na zona Oeste do Rio. Pelo visto, o aumento da vantagem de Dilma Rousseff detectado pelos institutos Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi se deveu à descrença popular na encenação do tucano e na “prova”, forjada pela Globo, de uma segunda “agressão” naquele evento, ou ao aborto de Mônica Serra.

Outro factóide que pôs a fúria midiática em stand by no início da semana foi matéria publicada pela Folha de São Paulo ontem, que mostra que há muito mais de racionalidade nessa fúria – ou em parte daqueles que ela move – do que poderia supor a nossa vã filosofia. Surpreendentemente, a matéria foi sobre o imperscrutável governo paulista, com as suas montanhas de escândalos eternamente encobertos inclusive pelo jornal que surpreendeu.

Se a Folha quisesse mesmo investigar as escandalosas obras do metrô paulistano, obras que tiveram agora, surpreendentemente, uma de suas concorrências viciadas denunciada pelo diário mais chapa-branca paulista, teria que se manter no assunto por meses.

Surpreendentemente, o assunto ainda está em pauta ao menos no jornal que fez a primeira denúncia que afeta Serra negativamente que a imprensa de São Paulo publicou em muitos meses, em contraposição às denúncias diárias que faz ao governo Lula há quase oito anos ininterruptos. Mais fácil do que crer em uma súbita conversão ao jornalismo por parte do jornal paulista, portanto, é supor que nesse mato tem coelho.

Da última vez que a Folha divulgou algum fato mais negativo para tucanos foi no fim de 2009, quando, depois de 18 anos, noticiou o filho secreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com uma jornalista da Globo, fato que simboliza a promiscuidade entre tucanos e mídia como nenhum outro. E essa divulgação serviu para justificar um ataque hediondo que Lula recebeu daquele jornal, que colocou um desafeto do presidente para lhe fazer uma das acusações mais imundas que já lhe foram feitas, a do “menino do MEP”

Não parece exagero ou teoria conspiratória, portanto, prever que a divulgação sobre uma das muitas maracutaias que todos sabem que ocorre no governo paulista tenha tido como objetivo justificar o disparo da verdadeira bala de prata que está sendo forjada para tentar ajudar Serra a derrotar Dilma, pois, apesar de a mídia ter repercutido muito discreta e sobriamente o escândalo do metrô de São Paulo, o que denunciar contra Dilma será martelado até que as urnas sejam desligadas no próximo domingo.

A verdadeira bala de prata a ser disparada contra Dilma nesta eleição talvez seja o produto da ação do jornal paulista na Justiça Militar que tenta extrair de lá os arquivos da ditadura sobre Dilma, nos quais obviamente ela foi acusada de toda sorte de crimes para justificar as sevícias e o encarceramento que sofreu aos 19 anos de idade.

Ou talvez esteja no conteúdo do excelente trabalho investigativo que o repórter da Rede Record Rodrigo Vianna vem fazendo nestas eleições e que deu conta de que estaria sendo preparado um ato de violência por sequazes da campanha de Serra vestindo camisetas do PT, na linha do que este blog também supôs recentemente.

Ou, finalmente, talvez seja algum ataque mais pessoal a Dilma, sem relação com a sua militância na ditadura ou com algum suposto ilícito, mais na linha da moralidade, como demonstraram os boatos sobre aborto ou lesbianismo.

Só há uma certeza em todas as cabeças, seja de tucano, de petista ou da torcida do Corinthians: alguma armação contra Dilma a direita midiática está preparando, e é tão virulenta que foi necessário finalmente fazer alguma denúncia a Serra para Justificar o que será feito contra a adversária dele. É uma certeza oriunda da observação de oito anos de rancor midiático, ora convertido em fúria.

______________
_______________________.

PITACO DO ContrapontoPIG

É incrível como o destino de todo um País, de todo um Povo, tenha ficado na dependência do que venha a perpetrar, na última hora, algum órgão de uma imprensa golpista, corrupta e imoral. Anos, décadas de manipulação diária das informações levaram boa parte do eleitorado brasileiro a ficar vulnerável, dependente e até refém desta imprensa impatriótica e inescrupulosa.

É um absurdo que um incidende qualquer, um acontencimento forjado, ou uma reportagem mentirosa possa impunimente ser usado para mudar o rumo de uma eleição e comprometer o futuro de um País como o nosso.

É inaceitável o comportamento das oposições e do PIG - representados pela direita brasileira e pela imprensa golpisa formada principalmente pela Rede Globo, pela Folha de São Paulo, pelo Estadão e pela revista Veja.

Uma nova e séria "Lei de Comunicações" se faz necessária com urgência. A eleição de Dilma Rousseff e a maioria expressiva conseguida nas duas casas do parlamento poderão ensejar em breve a concretização deste enorme benefício para o povo brasileiro.
.
_______________________..

.

Contraponto 3771 - "Morre o ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner"

.
27/10/2010


Morre o ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner


Vermelho - 27 de Outubro de 2010 - 11h43

O ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner (2003-2007) morreu nesta quarta-feira (27) em El Calafate, informam os jornais argentinos. Casado com a atual governante do país, Cristina Kirchner, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória, com morte súbita, diz a imprensa local. Segundo um médico da equipe presidencial, que falou ao El Clarín, Néstor Kirchner ainda foi levado ao hospital da cidade, mas não foi possível reanimá-lo.
O diário afirma que Kirchner e sua mulher, descansavam em sua casa de El Calafate desde o último fim de semana. Por causa da realização do censo nacional, nesta quarta-feira, é feriado na Argentina. Ainda não houve boletim médico oficial sobre a morte.

O ex-presidente havia passado por duas cirurgias de emergência em 2010, em fevereiro e setembro, por obstrução em artérias coronárias. Na última, foi submetido a uma angioplastia e lhe colocaram um stent.

Biografia

Néstor Carlos Kirchner nasceu em 25 de fevereiro de 1950, província de Santa Cruz, na região argentina da Patagônia. Antes de chegar à Presidência, foi advogado e governador da Província de Santa Cruz.

Néstor assumiu a Presidência em 25 de março de 2003. Ele comandou o processo de recuperação da Argentina, após o governo neoliberal e pró-estadunidense do ex-presidente Carlos Menem e a grave crise pela qual o país atravessou em finais dos anos 1990 e nos dois primeiros anos do século 21.

Deixou o governo em dezembro de 2007 com popularidade em alta: segundo o instituto de pesquisa privado Ibarómetro, o presidente saiu do governo com imagem positiva para 55,3% dos argentinos.

Foi um partidário da integração sul-americana, desempenhando papel ativo nos esforços dos governos democráticos e progressistas da região para atuar de maneira soberana no cenário internacional. Atualmente, Kircher ocupava o cargo de secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

Com agências
.

Contraponto 3770 - CNT/Sensus: Dilma abre 17% de vantagem sobre Serra


27/10/2010

A vantagem de Dilma na nova CNT/Sensus

Enviado por luisnassif, qua, 27/10/2010 - 10:55

Do Terra

CNT/Sensus: Dilma amplia vantagem e chega a 58,6%

CLAUDIA ANDRADE
Direto de Brasília

Pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta quarta-feira (27) mostra a candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, com 58,6% dos votos válidos contra 41,4% do tucano José Serra. A vantagem da petista aumentou em relação ao levantamento anterior, que mostrava 52,8% para Dilma e 47,2% para Serra.

Os votos válidos desconsideram brancos e nulos, que somaram 4,7% dos 2 mil eleitores entrevistados entre os dias 23 e 25. Nos votos totais, Dilma chega a 51,9% enquanto o candidato tucano soma 36,7%. Eleitores indecisos somaram 6,8%.

A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE sob o número 37609/2010.
.

Contraponto 3769 - "Licitação do metrô e falsa ética de Serra"

.
27/10/2010
Licitação do metrô e falsa ética de Serra

Ética de Serra?
Por Altamiro Borges

Na reta final das eleições, José Serra voltou a posar de paladino da ética. Ele insiste em dizer que “meu passado é limpo” e que “não tenho amigos corruptos”. Numa primeira fase da campanha, o candidato havia abandonado este figurino. Afinal, era difícil explorar eleitoralmente a questão da ética quando ele mesmo sondou o ex-governador do Distrito Federal, o presidiário Arruda, para ser seu “vice-careca”. Serra também tinha ao seu lado a governadora tucana Yeda Crusius, a da mansão bilionária, rechaçada pelos gaúchos nas urnas. A fantasia ética não lhe cabia nada bem.

Nos últimos dias, porém, o tucano voltou a criticar os corruptos na maior caradura. Só que a vida é cruel. Nem bem ele retomou o tema é surgiu a grave denúncia contra Paulo Preto, ex-diretor da Dersa e “operador” da sua campanha que sumiu com R$ 4 milhões do caixa-dois tucano. Agora, para desmoralizar de vez seu falso discurso, a própria Folha notícia que “soube seis meses antes da divulgação do resultado quem seriam os vencedores da licitação para concorrência dos lotes de três a oito da Linha-5 (Lilás) do metrô da capital paulista”. Quem será o novo Paulo Preto?

Folha evita opinar

Segundo o repórter Ricardo Feltrin, o resultado foi divulgado na quinta-feira (21), mas o jornal há havia registrado o nome dos ganhadores em vídeo e cartório em abril. “A licitação foi aberta em outubro de 2008, quando o governador de São Paulo era José Serra (PSDB) – ele deixou o cargo no início de abril para disputar a presidência da República... O Metrô, estatal do governo paulista, afirma que vai investigar. Os consórcios também negam irregularidades ou ‘acertos’”. Mas, não resta dúvida, o grave episódio fede muito. O valor dos lotes passava de R$ 4 bilhões.

A relação promíscua entre o PSDB e as empreiteiras já é conhecida. Há tempos corre o boato de que o tucanato privilegia determinadas empresas e que estas, para compensar a gentileza, ajudam financeiramente nas campanhas eleitorais e na melhoria de alguns patrimônios individuais. Entre as vencedoras desta “licitação” estão as gigantes do setor: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht e OAS/Queiroz Galvão. A Folha preferiu não especular sobre o suspeito episódio, bem diferente da sua conduta quando se refere ao governo Lula. E o Metrô jurou inocência!

Mais sujos do que pau de galinheiro

A falsa licitação cai como bomba no colo de Serra. Ele já se mostrava irritado com as denúncias envolvendo Paulo Preto, seu “homem-bomba”. Agora terá que responder as perguntas de Dilma Rousseff sobre as maracutaias no Metrô. O material é inflamável e deverá ser explorado na TV nesta reta final das eleições. Não dá para aceitar a hipocrisia tucana na questão da ética. PSDB e DEM são mais sujos do que pau de galinheiro, sempre estiveram metidos em casos suspeitos de desvio de recursos públicos. Listo apenas quinze casos para refrescar as memórias mais fracas:

1 - Conivência com a corrupção

O PSDB sempre foi conivente com a corrupção. Um dos primeiros gestos de FHC ao assumir a presidência, em 1995, foi extinguir, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, composta por representantes da sociedade e que visava combater a corrupção. Em 2001, para abortar a CPI da Corrupção, FHC criou a Controladoria-Geral da União, órgão famoso por abafar denúncias.

2 - O escândalo do Sivam

O contrato para execução do Sivam, de vigilância área, carimbou de sujeira o início do reinado de FHC. A empresa Esca, associada à estadunidense Raytheon e responsável pelo gerenciamento do projeto, foi extinta por fraudar a Previdência. Denúncias de tráfico de influência derrubaram o então embaixador Júlio César dos Santos e o ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Mauro Gandra.

3 - A farra do Proer

O Proer, criado em 1996, uniu os tucanos ao sistema financeiro. Para FHC, o custo do programa foi de 1% do PIB, mas para os economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo recapitalização do Banco do Brasil, CEF e socorro aos bancos estaduais. Um enorme rombo nos cofres públicos para ajudar os banqueiros.

4 - Caixa-dois de campanhas

As campanhas de FHC em 1994 e em 1998 teriam se beneficiado do esquema de caixa-dois. Em 1994, pelo menos R$ 5 milhões não apareceram na prestação de contas entregue ao TSE. Em 1998, teriam passado pela contabilidade paralela R$ 10,1 milhões.

5 - Propina na privatização

A privatização da Telebrás e da Vale do Rio Doce foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de FHC e de José Serra e ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil, foi acusado de pedir propina de R$ 15 milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio do empresário Benjamin Steinbruch, que levou a Vale, e de ter cobrado R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar.

6 - A emenda da reeleição

FHC garantiu a emenda da sua reeleição a um preço alto. Gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, PFL-AC, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Os dois renunciaram aos mandatos. Já outros três parlamentares acusados de venda do voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara.

7 - Os ralos do DNER

O DNER foi um dos principais focos de corrupção no governo de FHC. Através dos precatórios, manobra contábil que consiste em furar a fila para o pagamento de títulos públicos, estima-se que os beneficiados pela fraude pagavam 25% do valor real para a quadrilha que comandava o órgão.

8 - Desvalorização do real

Para se reeleger em1998, FHC segurou a artificial paridade entre o real e o dólar. Reeleito, deu o golpe. No processo da desvalorização da moeda, que afundou a economia, ainda houve denúncia de vazamento de informações do Banco Central. 24 bancos lucraram com a mudança cambial e outros quatro que registraram movimentação especulativa às vésperas do anúncio da medida.

9 - O caso Marka/FonteCindam

Durante a desvalorização do real, os bancos Marka e FonteCindam foram socorridos pelo Banco Central com R$ 1,6 bilhão. O pretexto é que a quebra dos bancos criaria riscos para a economia. Chico Lopes, ex-presidente do BC, e Salvatore Cacciola, ex-dono do Marka, até foram detidos. Cacciola, ex-sogro do vice do Serra, Índio da Costa, fugiu para a Itália, mas foi novamente preso.

10 - Eduardo Jorge, personagem suspeito

Eduardo Jorge Caldas, o mesmo que agora se diz vitima da quebra do sigilo fiscal, é uma figura sinistra. Ex-secretário-geral de FHC, ele esteve envolvido no esquema de liberação de verba para o TRT/SP [do famoso Lalau], superfaturamento do Serpro, montagem do caixa-dois da reeleição de FHC, lobby junto às empresas de informática e de manipular recursos dos fundos de pensão nas privatizações. Se houvesse Justiça no Brasil, seu sigilo fiscal já teria sido quebrado há tempo.

11- O esquema do FAT

A Fundação Teotônio Vilela, ligado ao PSDB, foi acusada de envolvimento em desvios de R$ 4,5 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Descobriu-se que parte do dinheiro, que deveria ser usado no treinamento de 54 mil trabalhadores do Distrito Federal, sumiu. Na gestão de FHC, as fraudes com recursos do FAT ocorreram em 17 unidades da federação.

12 - Obras irregulares

Levantamento do Tribunal de Contas da União, feito em 2001, indicou a existência de 121 obras federais com indícios de irregularidades graves. As falcatruas envolviam vários integrantes do governo FHC. Uma dessas obras, a hidrelétrica de Serra da Mesa, interior de Goiás, deveria ter custado 1,3 bilhão de dólares, mas consumiu o dobro dos recursos.

13 - Verbas do BNDES

Além de vender o patrimônio público a preço de banana, o governo FHC, por meio do BNDES, destinou cerca de R$ 10 bilhões para socorrer empresas que assumiram o controle de ex-estatais privatizadas. As maiores beneficiárias pela ajudinha tucana foram as operadoras de telefonia e as empresas do setor elétrico. Em uma das diversas operações, o BNDES injetou R$ 686,8 milhões na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.

14 - Intervenção na Previ

Em 2002, FHC decretou intervenção na Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, com patrimônio de R$ 38 bilhões. Afastou seis diretores, inclusive os três eleitos pelos funcionários do BB. O ato truculento ocorreu a pedido do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Dias antes da intervenção, FHC recebeu Dantas no Palácio Alvorada. O banqueiro teria ameaçado divulgar alguns dossiês sobre o processo das privatizações – ou privatarias.

15 - Relações perigosas de José Serra

Estes e outros casos são do conhecimento de Serra, que agora posa de paladino da ética. Muitos dos envolvidos em corrupção no governo FHC têm relações intimas com o candidato. Entre eles destacam-se três figuras: Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de Serra e de FHC, acusado de tráfico de influência quando era diretor do BB e de cobrar propina nos processos de privatização; o empresário espanhol Gregório Preciado, que obteve perdão de uma dívida de R$ 73 milhões junto ao BB e foi casado com uma prima de Serra; e Vladimir Antonio Rioli, ex-vice-presidente do Banespa e ex-sócio de Serra numa empresa de consultoria, que teria facilitado operações para repatriar US$ 3 milhões depositados nas Ilhas Cayman - paraíso fiscal do Caribe.
.

Contraponto 3768 - " Tudo igual no Datafolha e no tracking do PT"

.
27/10/2010
Tudo igual no Datafolha e no tracking do PT

Blog do Rovai - 26 de outubro de 2010 às 19:20

O Datafolha repetiu o resultado de 56 a 44 na pesquisa de hoje.

Também apurei que a coisa continua igual no tracking do PT, 57 a 43.

Ou seja, como este blogue vem sustentando há alguns dias, não havia motivos pra mudanças bruscas.

Nem para a ampliação da diferença de Dilma, tampouco para o tal do empate técnico que vem sendo alimentado por pesquisas suspeitas.

A caminhar nesta toada a diferença no domingo deve ser de 12 a 15 pontos em favor de Dilma.

Mas, como diz o ditado, caldo de galinha não faz mal a ninguém.

É bom a militância dormir abraçada com a bandeira. E não deixar de desfraldá-la um minuto sequer nos próximos dias.
.

Contraponto 3767 - "O que posso dizer"

.
27/10/2010

O que posso dizer

"Assusta-nos imaginar o que aconteceria
no caso de uma vitória de Serra"

Amigos do Presidente Lula - por Helena™ -quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Assusta-nos imaginar o que aconteceria no caso de vitória de Serra: seria uma repetição do que ocorreu no Brasil antes da Presidência de Lula

"Temos que ter cuidado é para eleger uma pessoa que tenha compromissos de manter o que foi conquistado e aprimorar o que precisa ser aprimorado. Ou seja, fazer o dobro do que nós fizemos." (De entrevista concedida pelo presidente Lula a Fernando Morais, publicada pela revista "Nosso Caminho", em novembro de 2008).

O importante para nós da esquerda não é, propriamente falando, este momento da disputa entre Dilma Rousseff e José Serra, embora de seu resultado dependa a continuação das políticas de Lula, que tanto vêm engrandecendo o país e assegurando uma vida mais digna ao povo brasileiro.

Assusta-nos imaginar o que aconteceria no caso de uma vitória de Serra. Seria a repetição do que ocorreu no Brasil anteriormente à Presidência de Lula: o governo afastado do povo, alheio ao que se passa na América Latina, indiferente à ameaça que o imperialismo dos EUA representava para os países do nosso continente.

Seria o avançar do processo de privatização de grandes empresas nacionais e de empreendimentos de valor estratégico para este país. Tudo isso é tão claro aos olhos da maioria dos cidadãos brasileiros que, confiantes, vêm apoiando, sem recuos, a candidatura Dilma.

Não sou especialista em ciência política para entrar em detalhes sobre o assunto; a imprensa disso se ocupa o tempo todo.

Na minha posição, de homem de esquerda, o que interessa não é analisar exaustivamente os programas de governo que cada um dos candidatos apresenta, mas defender a permanência das diretrizes fixadas pela gestão de Lula, tão autêntico e patriótico que surpreende o mundo inteiro.

Eis o que vocês da Folha me pedem que escreva e que eu, modestamente, procurei atender.

Por OSCAR NIEMEYER, 102, arquiteto, é um dos criadores de Brasília (DF). Tem obras edificadas na Alemanha, Argélia, EUA, França, Israel, Itália, Líbano e Portugal, entre outros países.Na Folha
.

Contraponto 3766 - Dossiê Serra

.
27/10/2010
Dossiê Serra: saúde terceirizada (1)

Blog do Miro - 26/10/2010

Por Altamiro Borges

Na propaganda eleitoral de rádio e TV, nos debates e nas suas andanças pelo país, o demotucano José Serra mostra São Paulo como se fosse o “paraíso na terra”, um modelo de gestão eficiente e vitorioso. Tudo funciona em perfeita harmonia – educação, saúde, transporte, segurança pública, habitação. Um desavisado seria induzido a pegar um avião da Europa direto para Congonhas ou Cumbica para curtir o “primeiro mundo”. Sorte que lá não passa a falsa propaganda do Serra.

Para os paulistas que vivem do trabalho – e não do rentismo e das migalhas jogadas à parcela da classe média que come mortadela e arrota caviar – esse cenário paradisíaco não existe. É obra de marqueteiro, que exibe o invólucro bonito e esconde o conteúdo podre. Tanto que já no primeiro turno da eleição, Dilma Rousseff obteve vitória nos bairros da capital e cidades mais carentes do interior. Serra, blindado pela mídia e com forte aparato, só venceu com folga nas áreas ricas.

O caos nos hospitais

Nesta série de artigos na reta final da eleição a idéia é mostrar os estragos causados pelas gestões tucanas em São Paulo. O PSDB detém a hegemonia no estado há 16 anos – por razões que serão apontadas no final da série. Com a eleição de Alckmin para governador, o partido completará 20 anos de domínio total do estado – logo ele que fala tanto em alternância no poder para fustigar o presidente Lula. Este pequeno dossiê visa denunciar o que a mídia demotucana oculta e ofusca.

Os efeitos mais graves do “modelo tucano de governar” se manifestam nas áreas sociais. Apesar de José Serra se jactar tanto dos seus feitos na saúde, o quadro em São Paulo é dramático. É só ir a um hospital público ou centro de saúde para esbarrar em pessoas, crianças e idosos, espalhadas em macas pelos corredores, gemendo pelos cantos, aguardando horas em filas quilométricas. Os médicos e enfermeiros, com seus péssimos salários, angustiam-se sem poder atender a demanda.

Corte nos investimentos

As carências na área decorrem da política de “ajuste fiscal” dos tucanos, com os seus constantes cortes de verbas. Pelo firmado no Sistema Único de Saúde (SUS), uma conquista da sociedade – consagrada na Constituição de 1988 e que passou a vigorar somente em 2000 –, os estados devem aportar, no mínimo, 12% das suas receitas líquidas neste setor vital. São Paulo, apesar de ser o estado mais rico da federação, não tem cumprindo com sua responsabilidade nesta área.

Para driblar os 12% fixados na Constituição, os governos tucanos baixaram decreto ampliando o conceito sobre investimentos na saúde, incluindo gastos na Agricultura, Gestão Pública e até na Justiça. No orçamento de 2010, os investimentos específicos na saúde foram de apenas 9,6% da receita. Com esta manobra contábil, os recursos são desviados para outros fins, como pagamento de aposentadoria ou no programa Viva Leite. Entre 2001 e 2009, o governo deixou de aplicar R$ 4,1 bilhões na saúde da população. Esse montante seria o suficiente para construir 82 hospitais

Terceirização criminosa

Para reduzir ainda mais os investimentos na saúde, os tucanos também inventaram as chamadas Organizações Sociais. Sem licitação pública ou mecanismos rígidos de fiscalização, o que abre brechas para inúmeras maracutaias, estas estranhas “organizações sociais” administram hoje 23 hospitais, todos os laboratórios e mais de uma dezena de ambulatórios especializados. Com o tempo, esta terceirização “disfarçada” da saúde pública deve gerar graves problemas sociais.

Em 2010, elas receberão R$ 1,96 bilhão (51,2% da verba total do setor), enquanto todo o restante gerido diretamente pelo estado receberá R$ 1,97 bilhão (48,8% da verba pública). Quem garante que os recursos serão usados no atendimento à população, que não serão desviados para engordar os lucros dos novos capitalistas do setor ou para financiar as campanhas tucanas? Enquanto isto, a população sofre com o péssimo atendimento e os servidores têm os seus salários arrochados.

Piora nos indicadores

Os indicadores revelam o crescimento das doenças medievais no estado. Em 2001, 2002 e 2006 ocorreram epidemias de dengue e a infecção pelo mosquito foi registrada em 75% das cidades – em 249 municípios. A própria Secretaria de Saúde estima a existência de 580 mil portadores crônicos do vírus da hepatite B e 420 mil de hepatite C. Há também deficiências nos programas de vigilância sanitária, vacinação, combate às endemias e no controle e uso do sangue. Já o número de leitos hospitalares teve queda de 11,5% na sua ocupação entre 2003 e 2006.

Ao mesmo tempo, cresce o número de doenças decorrentes da falta de saneamento, em especial na região metropolitana. As doenças diarréicas passaram de 403 mil, em 2004, para 617 mil, em 2007. A piora geral nas condições de saúde decorre do baixo investimento neste setor. São Paulo até possui uma extensa rede do SUS de serviços ambulatoriais e hospitalares, com mais de 4 mil unidades básicas, 1.277 unidades de atendimento de especialidades e 680 hospitais. Mas toda ela tem sido sucateada nos últimos anos, o que ocasiona a redução dos atendimentos.

__
Dossiê Serra: regressão na educação (2)

Por Altamiro Borges

Apesar do visível constrangimento ao falar sobre educação, já que seu principal aliado, o DEM, ingressou na Justiça contra o Prouni, José Serra gosta de se gabar das conquistas dos tucanos em São Paulo nesta área. É pura demagogia. Os professores do ensino público, vítimas constantes do cassetete da Polícia Militar, sabem bem que a rede estadual está complemente sucateada, que as escolas estão abandonadas e que os salários no estado estão entre os piores do país.

Numa população estimada de 40.624,140 pessoas, em 2008, as crianças com menos de 14 anos somam 22% - cerca de 8,8 milhões. No prolongado reinado tucano, o governo simplesmente se eximiu da responsabilidade com creches e educação infantil, que ficaram a cargo dos municípios. No ensino fundamental, a rede formada por 4,2 milhões de alunos e 238 mil profissionais atinge apenas 35% do atendimento às crianças com menos de nove anos. O número de escolas declinou – em 1996, eram 6.437; hoje são 5.735 –, também por culpa da municipalização do ensino.

O crime da “promoção automática”

No seu total descaso com a juventude, os tucanos impuseram o chamado regime da “promoção automática”, que reduziu drasticamente a qualidade do ensino. O número de crianças até nove anos que não sabe ler e escrever subiu de 56 mil, em 2007, para 79 mil, em 2008; na faixa até 14 anos, ele subiu de 29 para 51 mil no mesmo período. Devido à “promoção automática”, manobra que visa cortar gastos no setor, muitos jovens concluem o ensino fundamental como “analfabetos funcionais”. Apesar da crescente crítica da sociedade, o PSDB se recusa a alterar esta política.

Já no ensino médio, 13,2% dos adolescentes paulistas estão fora da escola – cerca 240 mil jovens de 13 a 17 anos. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) comprova que também nesta faixa a qualidade da educação piora a cada ano. São Paulo perdeu o posto que ocupou de melhor nível educacional do Brasil. Para Izabel Noronha, a Bebel, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a política educacional tucana é um desastre, um crime. “Sofre a sociedade, os alunos e os pais, e sofrem os profissionais do ensino”.

Arrocho salarial e precarização

O menosprezo do PSDB pelos profissionais do setor é total. Os professores são desvalorizados, com salários arrochados, baixo investimento em qualificação e reciclagem e péssimas condições de trabalho. No reinado tucano, houve até redução na folha de pagamento. José Serra instituiu a “bonificação por resultado” como mecanismo para arrochar salários e enfraquecer a ação sindical da categoria. Dados da pesquisa “Análise comparativa salarial”, patrocinada pelo Sindicato dos Professores do Ceará (Apeoc), revelam que São Paulo está em 11º lugar no ranking nacional.

Em 2002, o gasto com pessoal e encargos era de 15,1% do orçamento, sendo que somente 12,7% foram aplicados. Em 2009, ele foi reduzido para 13,1%, sendo que apenas 9,2% foram aplicados. Além do arrocho, o PSDB estimulou a contratação de professores temporários. Em abril de 2009, estes trabalhadores precarizados somavam 108.441 do total de 238.252 professores do estado. Eles não possuem qualquer estabilidade e é elevada a rotatividade no emprego.

Em decorrência destes e de outros problemas, a situação dos professores é de incerteza. Pesquisa feita pela Apeoesp em 2007 revela que eles sofrem de doenças como estresse, problemas na voz, Lesão por Esforço Repetido (LER) e tendinite. Os motivos dos adoecimentos vão das salas muito cheias – de 45 a 50 alunos – às jornadas triplas (muitos fazem até três cadeiras para garantir um bom nível salarial) e à ausência de boas condições de trabalho.
.

Contraponto 3765 - O Jornal Nacional e o meteorito de papel

.
27/10/2010
O Jornal Nacional e o meteorito de papel

Carta Maior - 26/10/2010

É um processo retroalimentado diariamente: primeiro surge na coluna de Merval Pereira, depois ganha mais substância com o comentário de Lucia Hippolito na rádio CBN e pronto: logo os engenhosos e incompletos raciocínios pautarão as falas do presidenciável José Serra ao longo do dia.

Washington Araújo"

Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa

Ânimos exaltados fazem aflorar ainda mais a partidarização da imprensa no corrente pleito de 2010. Esta é uma campanha presidencialsui generis. Tudo o que não é fato vira notícia e tudo o que tem potencial de notícia deixa de ser divulgado. Chama a atenção o vocabulário corriqueiro dos candidatos à Presidência da República: o adversário é sempre mentiroso, não importa qual seja a situação, a mentira antecede o depoimento, a desfaçatez nubla a face da verdade e o que acusa o outro de mentiroso age da mesma forma e sem a contração de qualquer músculo facial.

Na tarde da quarta-feira (20/10), no Rio de Janeiro, tivemos o próprio "Efeito Borboleta": uma simples bolinha de papel, pesando não mais que 5 ou 8 gramas, bateu na cabeça do candidato José Serra. Mas foi suficiente para produzido o festejado efeito cinematográfico: ocupou espaço nobre no Jornal Nacional, edição mais que caprichada com direito a inserção de vídeo com foto, de entrevista de médico com áudio de repórter, ampliações desmesuradas com o intuito nada ingênuo de transformar o choque de uma bolinha de papel sobre um ser humano com a gravidade e contundência de meteorito se chocando com o planeta Terra.

Fabricação de realidades

A idéia da TV Globo era usar todos os recursos de dramaturgia acessíveis. Apenas a emissora líder não contava com o baixo desempenho da protagonista... Com uma bolinha de papel não dá para escrever capítulo muito emocionante, algo que seja digno de novela das 9.

A edição pareceu resultante de vitamina de atleta olímpico e tinha de tudo mesmo: bolinha de papel tocando o lado esquerdo da calva do presidenciável, caminhada de 20 minutos, presidenciável atendendo chamada no telefone celular, presidenciável passando a mão levemente sobre o lado direito da calva, presidenciável entrando na van, depois saindo da van, voltando a caminhar, e tudo isso tendo como pano de fundo bandeiras vermelhas e azuis, gritos, gente alvoroçada.

Depois corta para entrada do presidenciável em hospital, sinais de tontura e as primeiras aspas ouvidas por testemunhas de que "estou meio grogue". Depois saindo de clínica de saúde com médico dizendo que "o candidato não sofreu qualquer arranhão... nada externo".

Foi esse enredo que atravessou os programas dos presidenciáveis. O de José Serra, carregado de dramaticidade, tendo a locução de repórter desconhecida emulando a voz de Ilze Scamparini, aquela correspondente da TV Globo para assuntos do Vaticano e também da Itália em geral. Emula o rotineiro e grave estilo de enunciar crise cardinalícia ou mesmo morte do pontífice ou então a eleição do novo sucessor no trono de Pedro. Impressiona a avidez com que emissoras de televisão se sentem tão à vontade para criar a realidade que lhes pareça melhor, mais adequada, conveniente ou ao menos plausível.

"Misterioso caso"

Na quinta-feira (21/10), temos discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva embrulhando os parágrafos acima e amarrando todo esse minitiroteiro com barbantes apertados. O aperto de quem denuncia o conteúdo do pacote como farsa, nada mais que farsa. Até o goleiro Rojas, aquele que simulou ter sido atingido por foguete em jogo no Rio de Janeiro, foi mencionado na fala presidencial. Uma vez mais o pano de fundo era desmascarar mais mentiras, mais inverdades, mais falsidade, mais realidade fabricadas.

Na edição do Jornal Nacional de quinta-feira (21/10), repetição de cenas do arquivo do dia anterior acrescidas de aula sobre bolinha de papel, rolo de fita crepe e a teoria pouco convincente – penso – de dois eventos estanques, isolados, completamente distintos. A aula foi ministrada com raro didatismo pelo ex-professor da Unicamp Ricardo Molina de Figueiredo em um veículo e em um horário em que cada segundo vale literalmente ouro em pó. Onde a eternidade é condensada aos 5, 10 ou 15 segundos de matéria levada ao ar.

A TV Globo, ao escolher o especialista Molina, deixou claro que neste jogo quer maior protagonismo. Afinal é o mesmo Molina quem vem abastecendo dezenas de matérias produzidas pelo mesmo Jornal Nacional ao longo das décadas: Seu nome se encontra de alguma forma envolvido com casos como a compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso; o acidente aéreo com os integrantes da banda Mamonas Assassinas; o pagamento de suborno no caso Waldomiro Diniz; as mortes de Celso Daniel e de Paulo César Farias; os atentados do PCC em São Paulo; e o caso da menina Eloá, em São Paulo.

Apesar da notoriedade, em suas aparições na mídia, o ex-professor Molina comumente faz declarações sobre ações da perícia criminal oficial, mesmo sem nunca ter sido perito criminal oficial. Certamente passará a lustrar mais sua fama com este "misterioso caso da bolinha de papel" na reta final da campanha presidencial de 2010.

De joelhos

Chegamos a uma encruzilhada perigosa em que a credibilidade de boa parte de nossa grande imprensa parece uma vez mais afundar: se dispomos das conclusões e se estas parecem sólidas, quase pétreas, por que não montar as variáveis do problema que possam se harmonizar de forma indolor e quase imperceptível com as conclusões? E é um processo retroalimentado diariamente: primeiro surge na coluna do jornalista Merval Pereira, depois ganha mais substância com o comentário da historiadora Lucia Hippolito na rádio CBN e pronto: logo os engenhosos e incompletos raciocínios pautarão as falas do presidenciável José Serra ao longo do dia.

Para chegar a tais conclusões basta um pouco de paciência: visitar os blogs dos citados e conferir vídeos no Youtube do presidenciável, em especial aqueles com suas aparições nos telejornais das TVs Globo, SBT, Record e Band.

O que é mais escasso no episódio é a ausência total de análises profundas por parte da grande imprensa sobre o acirramento de ânimos de parte a parte. O excesso de uso dos carimbos contendo palavras como "mentira", "inverdade", "falsidade". Revistas e jornais proclamam completa independência dos partidos postulantes à Presidência da República ao mesmo tempo em que os profissionais que assinam suas matérias, colunas e também os simulacros de reportagens não fazem outra coisa que proclamar diária e semanalmente sua profissão de fé na capacidade e experiência demonstrados por seu candidato ao Palácio do Planalto. Tal profissão de fé é sempre recorrente como recorrente tem sido a demonização do tal "outro lado" que atende também pelo nome de "campanha adversária".

Como linha auxiliar da oposição, parte considerável da grande mídia verbaliza o que pode ser apenas intuído por esta campanha. E se a "campanha adversária" decide não deixar passar em branco tão engenhosa estratégia partidária, então veremos que 10 em 10 vezes esta será atacada como atentatória à liberdade de imprensa, estará mostrando ranço autoritário, demonstrará assimetria entre a liturgia que se espera de detentor de cargo público e a função de militante político. E partem para a desqualificação mesmo...

Ao momento, a profundidade (da análise) a que me refiro é tal que uma formiga de joelhos poderia atravessar sem o menor risco de afogamento.

*Washington Araújo é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil,Argentina, Espanha, México.
Tem o blog http://www.cidadaodomundo.org
Email - wlaraujo9@gmail.com

.

Contraponto 3764 - Um tapa em Noblat

.
27/10/2010

Uma carta ao Noblat

Tijolaço - 26/10/2010

Brizola Neto

Deus me livre de que o tempo me corroa a humildade e me faça querer ser dono da verdade, destes que não ouvem com o coração e não escrevem com alma.
E que me permita um dia, quando os cabelos – se restarem – ficarem brancos, escrever como o aposentado Carlos Moura, da mineira Além Paraíba, faz hoje numa carta aberta ao jornalista Ricardo Noblat, respondendo a uma agressão insólita e desnecessária que fez, ontem, em seu blog, a Lula, dizendo que lhe falta, desde que decidiu eleger Dilma, “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.
A carta de Moura foi publicada no Escrevinhador, de Rodrigo Vianna, e eu a reproduzo aqui:

Noblat

Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?

Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria, jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.

Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.

O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.

O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala” “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.

As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca. A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, “manchetar” a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia” do cargo. Ao togado basta o cinismo.

Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.

Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.

A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.

Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura

Além Paraíba-MG
.