domingo, 29 de setembro de 2013

Contraponto 12.312 - "Retomada obra do último trecho da Transposição "

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Contraponto 12.311 - "Marina Silva será vice de Aécio?"

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28/09/2013
 

Marina Silva será vice de Aécio?


Da Carta Maior - 28/09/20113

O Rede Sustentabilidade tem apenas mais uma semana para viabilizar seu registro na Justiça Eleitoral. Mas, mesmo diante de expectativas nada otimistas e poucas diferenças programáticas, é difícil imaginar Marina Silva na vice de Aécio Neves.

Altamiro Borges
 

A Rede Sustentabilidade, o novo partido da ex-verde Marina Silva, tem apenas mais uma semana para viabilizar seu registro na Justiça Eleitoral. As expectativas não são muito otimistas, apesar do esforço final dos marinistas – inclusive de algumas estrelas globais, como o ator Marcos Palmeira. Segundo o procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, não haverá “nenhuma concessão” para que a sigla seja criada fora dos parâmetros legais. Diante deste risco real, crescem as especulações sobre o futuro de Marina Silva, que obteve quase 20% dos votos na última eleição presidencial.

Na semana passada, o pequeno Partido Ecológico Nacional (PEN) propôs trocar o nome da legenda para Rede caso a ex-senadora aceite disputar a sucessão de 2014 pela sigla. O PPS de Roberto Freire e até o descartado PV também sinalizaram que poderiam aceitá-la como candidata, desde que seu grupo não controle as respectivas máquinas partidárias. A mais curiosa proposta, porém, tem sido ventilada por alguns líderes tucanos. Eles defendem que Marina Silva seja vice na chapa encabeçada por Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano.

Nesta sexta-feira (27), o senador mineiro afirmou que a Rede é vítima de perseguição política e bajulou: o país "merece ter uma alternativa como Marina". Já o ex-presidente FHC, guru da oposição de direita, disse à jornalista Sônia Racy, do Estadão, que a ex-verde é uma “liderança moral”. O processo de sedução é intenso, mas dificilmente Marina Silva aceitaria ser vice na chapa do PSDB caso seu novo partido não consiga garantir o registro até 5 de outubro. Não por razões políticas e ideológicas, mas apenas por cálculos eleitorais e pragmáticos.

Do ponto de vista programático, não há muita diferença entre certos marinistas e a cúpula tucana. Na sucessão passada, as duas forças inclusive mantiveram intensos contatos, conforme registrou a Folha em junho de 2011: “Às vésperas da campanha de 2010, a presidenciável Marina Silva (PV) enviou aliados para um encontro sigiloso com o candidato José Serra no apartamento do ex-presidente FHC em Higienópolis... A conversa na casa de FHC ocorreu em fevereiro de 2010, quando os tucanos ainda sonhavam com a possibilidade de Marina ocupar a vice na chapa de Serra”.

No livro “O efeito Marina”, o deputado Alfredo Sirkis, coordenador da campanha marinista em 2010, até dá detalhes desta “reunião secreta”. Ele não trata da questão da vice e diz que o encontro teve como objetivo negociar o palanque duplo de apoio a Fernando Gabeira (PV-RJ). Lembra que a reunião até começou tensa. “Serra chegou muito desconfiado. Deixou seu celular em outro quarto, alegando que havia grampos capazes de monitorar conversas até por aparelhos desligados”, relata Sirkis. A conversa só foi aliviada graças à “contagiante simpatia” do anfitrião FHC.

Pelo andar da carruagem, esta intensa relação política se mantém. Não é para menos que Marina Silva é assessorada pelo economista André Lara Resende – “um dos FHC boys da velha cepa”, segundo ironiza o blogueiro Fernando Brito. Ele e outros neoliberais de carteirinha dão assistência à “sonhática” da Rede. Recentemente, Marina Silva inclusive defendeu a herança maldita de FHC na política macroeconômica. “No aspecto do controle da inflação: temos o risco de retorno da inflação. Temos um problema que sinaliza uma série de dificuldades que comprometem alguns dos instrumentos mais importantes para o equilíbrio, que são o tripé meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário”.

Como se observa, as diferenças programáticas não são muitas. Mesmo assim, é difícil imaginar Marina Silva na vice de Aécio Neves. A conferir! O pragmatismo político é uma doença incurável!

Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e organizador do livro “Para entender e combater a Alca” (Editora Anita Garibaldi, 2002).
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Contraponto 12.310 - "2004-2013: dez anos de inflação dentro da meta"

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29/09/2013 

 

2004-2013: dez anos de inflação dentro da meta

 

Da Carta Capital - 29/09/2013


A inflação de 2013, provavelmente, será a mais baixa dos últimos três anos 

por Lindbergh Farias publicado 26/09/2013 15:37 
 


Este caminha para ser o décimo ano consecutivo de inflação dentro da meta estabelecida pelo regime atual, com a possibilidade de ser a inflação mais baixa do governo da presidente Dilma Rousseff. A inflação de 2013, provavelmente, será a mais baixa dos últimos três anos. A projeção da pesquisa Focus, do Banco Central, é de 5,81% para 2013 – o IPCA fechou 2011 em 6,5% e no ano passado ficou em 5,84%.


No início desse período de dez anos, os preços administrados pressionaram a inflação. Por exemplo, eram os preços da telefonia, da energia elétrica e dos planos de saúde que incomodavam de forma demasiada. Nos últimos anos, é o grupo “alimentação e bebidas” que tem influenciado a inflação – e não só os alimentos comprados nos supermercados, mas também os subgrupos que englobam alimentos in natura e, ainda, a alimentação fora de casa: nos restaurantes e lanchonetes.


De 2007 para cá, a variação do grupo “alimentação e bebidas” tem provocado sérios problemas. Este grupo representa, em média, 25% dos gastos das famílias. Esse percentual é maior para quem recebe menos. De fato, a variação do grupo “alimentação e bebidas” foi alta nos últimos anos: de 2007 a 2013, subiu 74,5%. No mesmo período, a inflação foi de 42,5%. Esse é um problema que precisa ser corrigido, a despeito do sucesso do governo que tem mantido a inflação sob controle.



Nos últimos dez anos, o Brasil conseguiu controlar a inflação e, ao mesmo tempo, reduziu a taxa básica de juros. No início de 2003, a Selic chegou a 26,5%, caiu para 10,75% ao fim do governo Lula e, agora, no governo Dilma, está em 9% - mas já chegou a 7,25% em 2012. Há uma clara tendência de redução da Selic ao longo dos anos.



O governo Federal e o Banco Central aplicaram um conjunto de políticas eficazes para manter a inflação em patamares moderados. Isso sem que os juros subissem demasiadamente. Neste período de dez anos, a trajetória da taxa Selic é de queda, mesmo que apresente movimentos de subidas e descidas. A política monetária anti-inflacionária do Banco Central está sendo bem sucedida: utiliza a taxa de juros, mas não só ela, isso possibilita a manutenção da trajetória cadente dos juros.



O governo Federal e o Banco Central utilizam outros instrumentos de combate à inflação. Entre esses instrumentos, destaca-se a política tributária. Nos últimos anos, houve a redução para zero da Cide (sobre a gasolina e o diesel) e a desoneração total dos produtos da cesta básica. E ainda podem vir outras medidas para reduzir ainda mais os preços, decorrentes da Proposta de Emenda Constitucional n.123 de 2011, a PEC da Música, que reduz impostos sobre os CDs e DVDs. Além disso, houve a redução dos custos de energia elétrica (em média, de 20,2%).



O Brasil deverá celebrar, em 2013, a marca de dez anos de inflação dentro da meta alcançando patamares aceitáveis quando comparados a outros países com trajetória de desenvolvimento semelhante. A inflação brasileira pode ser considerada moderada entre os Brics. De 2004 a 2013, a média da inflação no país foi de 5,5%. Nos Brics, apenas a China teve média menor, de 3,1%. Rússia (9,3%), Índia (8,4%) e África do Sul (5,9%) tiveram médias maiores de inflação nestes dez anos.



Neste ano de 2013, também estão sendo celebrados os dez anos do bem-sucedido programa Bolsa Família. Não seria possível combater a pobreza sem manter a inflação sob controle. Os pobres são os mais prejudicados com a inflação já que não possuem instrumentos financeiros de defesa dos parcos recursos que recebem. Portanto, o controle da inflação, além de ser um objetivo macroeconômico, teve uma dimensão social relevante dentro projeto de crescimento com inclusão dos últimos dez anos.


*Lindbergh Farias é senador da República (PT-RJ) e presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal
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sábado, 28 de setembro de 2013

Contraponto 12.309 - "E aí, Aécio Neves, vamos conversar?"

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28/09/2013 

E aí, Aécio Neves, vamos conversar?


 Do Blog do Rovai - 28/09/2013

por Renato Rovai  

Caro senador Aécio Neves, imagino que o senhor não conheça este escriba e talvez nem a Revista Fórum, apesar de a revista já circular há 12 anos e de eu ter lhe encontrado recentemente no Aeroporto de Congonhas. Sentamos frente a frente no saguão e vossa excelência me olhou umas quatro ou cinco vezes de soslaio. Eu fiz de conta que não percebia e me mantive concentrado no tablet. Depois pegamos o mesmo ônibus que nos levou ao avião. Íamos para o Rio de Janeiro. Aliás, parece que vossa excelência gosta muito da capital carioca. Eu também sou fã. E se tivesse as mesmas condições econômicas que o senhor não resistiria a viver boa parte do meu tempo por lá. Mas o que me motiva a escrever este post não é o Rio. E outra coisa.


 

Assisti a uma recente inserção de TV do seu partido e vi que vossa excelência está aberta ao diálogo. Diz algo assim: “Sou Aécio Neves, vamos conversar”. Achei ótima a iniciativa. E por este simples blogue, lhe digo: “Sou o Renato Rovai e aceito o convite”. Quero conversar com vossa excelência.


E aproveito para lhe dizer que irei lhe enviar oficialmente essa solicitação de conversa. Acho que vou falar em entrevista, porque talvez a sua assessoria não entenda o espírito da coisa. Mas que fique claro, será um bate-papo. Aliás, um papo reto (o senhor tem usado este termo) transmitido pela web. No qual farei algumas perguntas sobre temas que me parecem muito importantes. Na sequência, seguem alguns temas das perguntas. Ah, claro, vou abrir para os internautas poderem falar com o senhor. É assim que funciona na lógica do papo reto. As pessoas não ficam com esse lenga-lenga do script televisivo, onde tudo é meio que combinado antes. Por isso não posso lhe garantir que tratarei apenas dos temas abaixo. Mas, confio no seu espírito democrático. E na sua boa intenção e sinceridade ao nos convidar para conversar. E fazer um papo reto.


Pautas para a conversa.


- As privatizações no governo Fernando Henrique e o custo delas para o Brasil


- O mensalão mineiro


- Supostos desvios de recursos da saúde no governo de Minas Gerais


- A investigação do cartel do metrô no governo de SP


- Os motivos que levaram o PSDB a ser contra o Bolsa Família no início do governo Lula


- Por que o PSDB é contra o Mais Médicos


- O silêncio da mídia mineira em relação ao governo de Minas, denunciado como censura econômica por vários jornalistas e movimentos sociais


- Os motivos que lhe levaram a rejeitar a usar o bafômetro numa blitz no Rio de Janeiro.

- O que o senhor achou daquele texto em espaço editorial, assinado por Mauro Chaves, no jornal O Estado de S. Paulo, cujo título era “Pó parar, governador”


- Qual a sua real opinião sobre o ex-governador José Serra. É verdade que o senhor e ele têm dossiês impressionantes um contra o outro?.


Listei apenas 10 pontos iniciais. Mas como na internet não há limite de tempo, podemos ficar horas conversando. Papo reto, senador. Sem papas na língua. Que tal?


Então, só pra finalizar, vou imitá-lo..


E aí, senador Aécio Neves, vamos conversar?
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Contraponto 12.308 -"O mensalão PSDB-MG é lindo"

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28/09/2013

O mensalão PSDB-MG é lindo


Da ISTO É Independente  - 28/09/2013

Num país onde os três poderes devem conviver em harmonia, gostaríamos que o STF fosse dotado de forças especiais?

 

Paulo Moreira Leite


O mensalão do PSDB-MG é mesmo um caso especial.
Criado em 1998 para ajudar a campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas, até hoje o julgamento não ocorreu.  
A primeira e única condenação acaba de sair. Atingiu um banqueiro do Rural, condenado a 9 anos. Mas a lei lhe confere o direito de pedir recurso, o que quer dizer que tem 50% de chances matemáticas de provar sua inocência em segunda instância. Ninguém ficou indignado com isso, nem achou que seria uma ameaça às instituições ou um estímulo a criminalidade. 

Tudo em paz, ao contrário do que ocorreu com os petistas, que não têm direito a apresentar um recurso pleno, equivalente a um segundo julgamento. Mesmo assim, fez-se um escândalo contra os embargos infringentes.

Leio hoje um artigo que classifica a decisão sobre os embargos como um “segundo roubo.” Um historiador diz nos jornais, hoje, que os embargos infringentes ameaçam transformar o STF numa instituição igual ao Legislativo e ao Executivo.

A pergunta é saber se, num país onde os três poderes devem conviver em harmonia, gostaríamos que o STF fosse dotado de forças especiais, um anacrônico Poder Moderador, no estilo de Pedro I durante no império, ou das Forças Armadas em tantas ditaduras, que se consideravam auto destinadas a resolver impasses políticos às costas do eleitorado.
Respeito o direito de todos a opinião mas acho que estamos a caminho de formar uma escola de cinismo à brasileira.

Isso acontece quando se impõem tratamentos diferentes para situações iguais. Os dois lados sabem que estão diante de uma mentira, na qual fingem acreditar. Um lado, porque lhe convém. O outro, porque não tem força para assegurar que a falsidade seja desmascarada.

Os réus do mensalão PSDB-MG tiveram direito ao desmembramento, que não foi oferecido aos petistas. Só isso seria suficiente para definir um abismo – mas não é só. Sua apuração é tão vagarosa que acaba de ser anunciado, oficialmente, que o caso deve ser julgado em 2015. Então fica combinado: um crime quatro anos mais velho será julgado três anos mais tarde.

Enquanto os réus do STF já poderão estar atrás das grades, como querem nossos indignados de plantão, os mineiros estarão ouvindo depoimento, fazendo sua defesa – e ganhando tempo para prescrições.

Ninguém conhece muitos  detalhes do mensalão PSDB-MG por um bom punhado de razões. Uma boa apuração levaria a nomes e pessoas que ninguém tem interesse de colocar sob os holofotes. Quem? Homens de confiança do PSDB instalados no Banco do Brasil. Quem mais? Figurões do PSDB em atividade política, tanto os responsáveis por nomeações no Banco do Brasil como os beneficiários do dinheiro recebido.

Lucas Figueiredo diz, no livro O Operador, que a conta do mensalão PSDB-MG foi de R$ 40 milhões.

Pergunto: além de Eduardo Azeredo, derrotado em 1998, quem mais foi ouvido a respeito, como aconteceu com Lula?

A fábula do mensalão petista diz que o dinheiro para “comprar deputados” saiu da empresa Visanet e, de lá, foi desviado para Delúbio Soares e Marcos Valério. É assim que se procura provar a tese – falsa, na minha opinião – de que houve desvio de dinheiro público.


Como é inevitável numa fábula, havia um vilão necessário no centro desta operação, Henrique Pizzolato, petista histórico, diretor do Banco do Brasil.  Ele foi  condenado como responsável pelos pagamentos. Mas essa visão só pode ser sustentada quando se deixa o mensalão PSDB-MG de lado.

Pizzolato nunca foi o principal responsável pelos pagamentos as agências de Valério. Sequer tomou, solitariamente, qualquer decisão que poderia beneficiar a DNA. Nem estava autorizado a isso. Uma auditoria interna demonstrou que outro diretor, chamado Leo Batista, sem qualquer ligação com o PT, é que tinha a responsabilidade legal de fazer os pagamentos. Se era o caso de acusar alguém sozinho, teria de ser ele. Se era para acusar meia dúzia, deveria estar no meio. Nem era preciso invocar a teoria do domínio do fato. Seu nome está lá, nos papéis oficiais, com atribuições e assinaturas correspondentes. Mas não se fez uma coisa nem outra.

O problema é que Leo Batista e os colegas de diretoria eram, todos,  remanescentes do governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, quando o PSDB nomeava cargos de confiança no Banco do Brasil. Esse fato foi descoberto por um auditoria feita pelo banco, logo depois que o escândalo estourou.

Os diretores foram ouvidos e investigados. Mas, curiosamente, o inquérito que apura suas responsabilidades foi mantido em segredo. Sequer foi levado em tempo hábil ao conhecimento dos advogados de Pizzolato, embora pudesse ter sido útil para sua defesa. O próprio Pizzolato só tomou conhecimento da existência do inquérito secreto quando o julgamento estava em curso, em condições extremamente desfavoráveis.

Claro que você tem todo direito de perguntar o que esses diretores faziam por ali, naqueles anos todos. Abasteciam as agências de Marcos Valério com recursos do Visanet para ajudar a pagar as contas da campanha de 1998 do PSDB. Está lá, na CPMI dos Correios, para  quem o esquema tucano levantou R$ 200 milhões.

Imagine, então, o que teria acontecido se todos os réus, acusados do mesmo crime, tivessem sido julgados no mesmo tribunal, com base numa mesma denúncia. O STF seria obrigado a condenar petistas e tucanos pela mesma melodia, decisão que teria coerência com os fatos e provas reconhecidas pelos ministros  – mas teria o inconveniente de esvaziar qualquer esforço para criminalizar o PT e o governo Lula.


Em vez de fazer piadinhas e comentários altamente politizados sobre o “maior escândalo de corrupção da história”,  nossos ministros teriam de dizer a mesma coisa sobre os tucanos.

Imagine se Marcos Valério resolvesse colaborar e tentar uma delação premiada para alcançar o PSDB? Quais histórias poderia contar após tantos anos de convívio? Quais casos poderia relatar?

Do ponto de vista da investigação policial, o mensalão mineiro seria pura delícia. É que coube ao candidato vitorioso na campanha mineira de 1998, Itamar Franco, receber boa parte dos pagamentos devidos a DNA. Itamar morreu sem falar publicamente  sobre o assunto. Mas seu governo nada tinha a ver com o esquema. Eu já ouvi de um secretario de Itamar um relato consistente sobre tentativas de convencer Itamar, rompido com o PSDB, a honrar compromissos deixados pelos tucanos. Imagine se ele fosse ouvido. Seria um depoimento melhor que o de Roberto Jefferson, podem acreditar.


Mas vamos seguindo a história para chegar ao final. Com início diferente e tratamento diferente, o mensalão PSDB-MG irá terminar, certamente, com outro final. As penas duríssimas da ação penal 470 dificilmente irão se repetir. Varias razões contribuem para isso. Se hoje um número crescente de advogados de primeira linha já questiona as condenações, imagine o que irá ocorrer com o passar do tempo. O saldo político dos embargos infringentes não é favorável a novos linchamentos exemplares.

Quem conhece as relações entre os meios de comunicação de Minas Gerais e o governo de Estado,  butim da campanha de 1998, sabe que não se pode esperar nada igual ao que se viu durante o julgamento da ação penal 470.

No julgamento dos petistas, os meios de comunicação assumiram a dianteira da denúncia e colocaram o STF atrás. Preste atenção: em certa medida, não foi o Supremo que assumiu o protagonismo neste episódio. Isso é o que dizem os jornais e a TV. Na verdade, foram eles, os meios de comunicação, que assumiram um papel central em todo o processo, levando o STF atrás de si.  

Os jornalistas nunca tiveram dúvida sobre a culpa dos réus e, do ponto de vista legal, nem seriam obrigados a tê-las, já que não são juízes. Com base no veredito de seus “repórteres investigativos” jornais e revistas cobraram punições exemplares. Quando ficou claro que não havia provas objetivas, deram sustentação a teoria do domínio do fato. Empurrou o tribunal no caminho de condenações pesadas sob ameaça de acusar todo mundo de fazer  pizza. O STF veio atrás, como o presidente   Ayres Britto deixou claro ao prefaciar o livro de um jornalista que simbolizou essa postura duríssima dos meios de comunicação.

É curioso notar que apenas no julgamento dos embargos infringentes a Corte demonstrou uma postura diversa daquela assumida pelos meios de comunicação.Em mais de 60 sessões, foi a primeira decisão divergente. Tanto a pancadaria a que foi submetido Celso de Mello, como o esforço de outros ministros para dizer que não se fez nada demais são duas faces de uma mesma moeda. É um aperitivo para o que deve ocorrer caso os embargos possam beneficiar os réus.

Imagine se teremos a mesma indignação no mensalão PSDB-MG.

Meus leitores sabem que estou convencido de que as principais denúncias do mensalão não foram provadas nem demonstradas. Advogados de cultura jurídica muito maior, como Celso Antônio Bandeira de Mello, Yves Gandra Martins, para citar polos ideologicamente opostos do Direito brasileiro, pensam da mesma forma.


Tenho a mesma visão sobre o mensalão PSDB-MG. Temos verbas de campanhas, que se constituem crime de caixa 2, mas condenações menores. 

Eu acredito que o interesse político em criminalizar Lula e o PT permitiram uma condenação sem provas. Mas será possível fazer a mesma coisa quando esse interesse político não existir? 

É claro que não. E é por isso que o mensalão PSDB-MG deve ficar para longe, bem longe.


Paulo Moreira Leite. Diretor da Sucursal da ISTOÉ em Brasília, é autor de "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o Outro General da Casa".

Contraponto 12.307 - " Nassif: Jornalista pode ter sido humilhada a pedido de Barbosa"

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28/09/2013

 

Nassif: Jornalista pode ter sido humilhada a pedido de Barbosa 

 

Do Tijolaço - 28 de setembro de 2013 | 08:29


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Por: Miguel do Rosário

O blogueiro e jornalista Luis Nassif aventa a hipótese de que a prisão da jornalista do Estadão tenha acontecido por pedido do próprio presidente do STF, Joaquim Barbosa. 

Repórter do mesmo jornal já foi alvo de descontrole emocional do ministro, que o ofendeu dizendo que ele “chafurdava no lixo”. Nassif explica os indícios que o fizeram acreditar na participação de Barbosa.

Jornalista pode ter sido detida a pedido de Joaquim Barbosa
sab, 28/09/2013 – 08:15

Do Jornal GGN – Pelo relato da correspondente do Estadão, Cláudia Trevisan – que foi detida e algemada pela polícia, ao tentar assistir a uma palestra do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa na Universidade de Yale – a maior suspeita sobre o causador do episódio recai sobre o próprio Barbosa.


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A correspondente entrou normalmente em Yale, circulou pelos corredores em que circulam alunos, professores e visitantes.

Ao pedir informações a um policial, foi detida. E as declarações do policial deixam as pistas sobre a origem das denúncias contra a correspondente (http://glurl.co/csC):

“Foi o único momento em que me alterei. Disse que ele não podia fazer isso. Ele respondeu que sim e teve seu êxtase autoritário: we know who you are, you are a reporter (você sabe quem você é, você é uma repórter). Que crime!!!! We have your picture, you were told several times you could not come (Nós temos sua foto, você foi avisada várias vezes que não podia vir)”.

A troco de quê a policia de Yale teria uma foto da correspondente? Foram avisados por quem, se a única pessoa que sabia de sua ida à Universidade era o próprio Joaquim Barbosa?

Mais. Segundo o relato:

“Fui algemada enquanto ele dizia “you know why you are being arrested, no?” (você sabe porque está sendo presa, não?). Ao que eu dizia que não. “You were told several times you could not come here” (Você foi avisada diversas vezes que não poderia vir aqui). Ao que eu repetia que não”.

Ora, pelo relato, a única pessoa que sabia da ida de Trevisan ao evento era o próprio Joaquim Barbosa. Segundo a materia do Estadão.

“Ela também havia conversado previamente, por telefone celular, com o próprio ministro Barbosa, a quem solicitou uma entrevista. Barbosa disse que não estava disposto a falar com a imprensa. Claudia, então, informou o presidente do STF que o aguardaria e o abordaria do lado de fora do prédio” (http://glurl.co/csA).
‘Não entrei escondido nem forcei a entrada’

Leia a íntegra do relato da correspondente do ‘Estado’ em Washington, Cláudia Trevisan, enviado ao embaixador Cézar Amaral, cônsul-geral do Brasil em Hartford (EUA)

27 de setembro de 2013 | 19h 04

Cláudia Trevisan – correspondente do Estado em Washington

Caro Cézar, obrigada por sua preocupação e empenho no caso. A história começou na manhã de esta quinta-feira, 26, quando o jornal decidiu que eu deveria tentar falar com o ministro Joaquim Barbosa na Faculdade de Direito de Yale. Ele participava lá de um evento chamado “Global Constitutionalism Seminar 2013″.

Liguei para a diretora de Comunicações da Faculdade de Direito, Janet Conroy, e perguntei se poderia ter acesso ao evento. A resposta foi que não. Segundo ela, o evento era fechado e eu não poderia entrar no prédio. Eu disse que iria mesmo assim e esperaria o ministro na calçada.

Cheguei a New Haven por volta das 14h30 e fui para a Faculdade de Direito. Quando entrei, me dirigi à segurança que estava na portaria e perguntei onde estava sendo realizado o evento. Meu objetivo era ter certeza do local para poder esperar o ministro do lado de fora. Ela disse que não tinha informação sobre o seminário no website da faculdade e sugeriu que eu olhasse nas salas do corredor principal do prédio. Não pediu minha identificação nem impediu que eu entrasse. Pelo contrário.
Portanto, I did not sneaked or broke in (Eu não entrei escondido nem forcei a entrada). Eu andei pelos corredores, olhei pelos vidros dentro das salas, subi dois andares, comprei uma água na cafeteria, sentei no pátio interno e conclui que o seminário não estava ocorrendo naquele edifício.

Sai de lá e fui ao Wooley Hall, uma sala de concertos da Faculdade de Direito onde seriam realizados os eventos de hoje do seminário. As portas do lugar ficam abertas e a entrada é livre. Muitas pessoas usam o hall como atalho entre uma praça e a rua que fica do outro lado. Não havia ninguém para pedir informações na entrada.

Subi as escadas e me dirigi a um policial. Perguntei se o evento estava sendo realizado ali. Ele não respondeu e pediu que eu o acompanhasse, o que fiz sem protestar ou resistir. No andar de baixo, ele começou a me fazer perguntas. Eu não disse que era jornalista, mas falei que estava em busca do ministro Joaquim Barbosa e que pretendia esperá-lo do lado de fora. Informei meu endereço, telefone e voluntariamente entreguei meu passaporte quando ele pediu uma identificação. 

Quando estávamos já do lado de fora do prédio, pedi meu passaporte de volta e ele se recusou a entregá-lo.

Foi o único momento em que me alterei. Disse que ele não podia fazer isso. Ele respondeu que sim e teve seu êxtase autoritário: we know who you are, you are a reporter (você sabe quem você é, você é uma repórter). Que crime!!!! We have your picture, you were told several times you could not come (Nós temos sua foto, você foi avisada várias vezes que não podia vir). Ao que respondi que sim, era uma repórter, mas não havia sido alertada several times (muitas vezes) de que não poderia estar ali. Ao que ele respondeu que eu seria presa por “criminal trespassing” (invasão criminosa). 

Duas policiais chegaram e ficaram me vigiando. Nesse momento, consegui ligar para o Benoni na Embaixada de Washington e avisar que seria presa. Logo depois, o mesmo policial, DeJesus, voltou, ordenou que eu ficasse em pé de costas para ele e colocasse minhas mãos para trás. Fui algemada enquanto ele dizia “you know why you are being arrested, no?” (você sabe porque está sendo presa, não?). Ao que eu dizia que não. “You were told several times you could not come here” (Você foi avisada diversas vezes que não poderia vir aqui). Ao que eu repetia que não.

Isso ocorreu por volta das 16h15. Em nenhum momento me disseram o “Miranda Rights” (leitura obrigatória dos direitos). Fui colocada em um carro de polícia e esperei por cerca de uma hora. Nesse período, apareceu uma pessoa ligada ao dean (“diretor”) da Faculdade de Direito, que falou com o policial rapidamente. Ele me viu no carro, mas não se interessou por saber minha versão dos fatos (quando estudei Direito, aprendemos a desconfiar de relatos policiais e a valorizar o contraditório).

Por volta das 17h15 fui transferida para um camburão e levada ao distrito policial. Pedi para dar um telefonema, mas não permitiram. Disseram que eu teria que ser “processed first”, o popular fichada. Fui revistada por uma policial e colocada em uma cela, dessas que vemos em filmes americanos. Havia um vaso sanitário e um policial fornecia papel higiênico pela grade. Não havia nenhum privacidade e tinha que “ir ao banheiro” com policiais passando pelo corredor. Fiquei cerca de 3h30 na cela. No total, permaneci quase cinco horas incomunicável. Só pude dar meu primeiro telefone às 21h20, pouco antes de ser solta.

A grande questão é por que fui presa se obedeci ao policial, não ofereci resistência e pretendia sair do prédio. Ao que eu saiba, ser jornalista não é crime tipificado pela legislação americana. 


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PITACO DO ContrapontoPIG

Considerando a 'teoria do domínio do fato' e tendo em vista que se pode condenar sem provas pois a 'literatura jurídica o permite' - podemos acusar o Joaquim Barbosa como culpado pela prisão da jornalista Cláudia Trevisan

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Contraponto 12.306 - "Pnad: Dados mostram que país está muito melhor, diz ministra"


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28/09/2013
 

Pnad: Dados mostram que país está muito melhor, diz ministra


Do Vermelho - 27 de Setembro de 2013 - 16h43

A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2012 (Pnad), divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), anima o governo e mostra que o país e sua população estão “muito melhor”, disse a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, no Palácio do Planalto. Para ela, o Brasil continua avançando em todos os indicadores estratégicos.


Quanto à taxa de analfabetismo, que, segundo a pesquisa, aumentou de 8,6% (12,9 milhões de pessoas) em 2011 para 8,7% (13,2 milhões de pessoas) no ano passado, a ministra considerou uma variação da própria amostra. “Nossa avaliação é que não houve aumento da taxa de analfabetismo, e sim que ficou estável e que temos de continuar avançando.”


A ministra manifestou entusiasmo com os dados referentes à taxa de emprego e ao aumento de renda da população. “Se olharmos para o mundo, [veremos que] no trabalho, temos dados absolutamente fantásticos. Cai o desemprego e aumenta o rendimento real em todas as regiões.” De 2011 para 2012, o Brasil registrou queda de 6,7% para 6,1% na taxa de desemprego. O rendimento médio mensal do trabalhador brasileiro chegou a R$ 1.507 em 2012, com ganho real de 5,8% em relação aos R$ 1.425 de 2011, reajustados pela inflação.

Tereza Campello comemorou também a queda de 23% no trabalho infantil, na faixa etária entre 10 e 13 anos, e disse que o país tem bons números para apresentar na 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil, de 8 a 10 de outubro, em Brasília. “Poderemos abrir a conferência com números muito impressionantes. O trabalho infantil despencou em todo o Brasil”, afirmou a ministra.

Segundo Tereza Campello, o governo ainda analisará os microdados da Pnad e fará uma avaliação mais aprofundada na próxima segunda-feira (30).

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Fonte: Agência Brasil

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Contraponto 12.305 - "Conversa Afiada: MP 'aliviou' negócio suspeito entre Globo e banco do 'mensalão' "

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28/09/2013

 

Conversa Afiada: MP “aliviou” negócio suspeito entre Globo e banco do “mensalão”

Do Tijolaço - 27 de setembro de 2013 | 18:41
 globorural
por Fernando Brito
O Conversa Afiada acaba de publicar uma informação gravíssima, apoiado em documentos do inquérito do chamado “mensalão”.

Uma investigação solicitada ao Banco Central revelou que, além dos contratos com Marcos Valério e o Partido dos Trabalhadores, o Banco Rural – que teve seus dirigentes condenados no julgamento  - realizou “práticas fraudulentas” com outros clientes, entre eles a Globo Comunicações e Participações, a “holding” da Rede Globo de Televisão.

Abaixo, o texto e os documentos reproduzidos pelo Conversa Afiada:

BANCO RURAL:  MP LIVROU A CARA DA GLOBO

MP fala grosso com o PT e fino com a Globo

Conversa Afiada decidiu aprofundar-se numa denúncia do incansável Stanley Burburinho (quem será ele ?).

Trata da forma suave, carinhosa até, de o Ministério Público Federal, do Dr Antonio Fernando e, depois, do Dr Gurgel – que o senador Collor, da tribuna do Senado, chama de prevaricador – considerar a participação da Globo – aquela de moleques, segundo o senador Requião, da tribuna do Senado- nas operações do Banco Rural  que incriminaram o PT.

O MP fala grosso com o PT e fino com a Globo – é isso, amigo navegante ?

Agora, aqui entre nós: e esse Bessinha, hein ? Anda impossível … Coitado do Chico Caruso … 

Leia o que Murilo Silva, editor do Conversa Afiada, apurou: 

Ao consultar o famoso inquérito 2245 – o inquérito que deu origem ao Mensalão – o incansável amigo navegante Stanley Burburinho encontrou menção à Globo Comunicações e Participação.
O inquérito 2245 teve origem na Justiça de Minas,  e foi registrado no STF  no dia 26 de julho de 2005, porque alguns dos investigados tem foro privilegiado.

Desse inquérito surgiu a denúncia que o Ministério Público Federal apresentou, um ano depois.
O trecho para o qual  Stanley Burburinho chama a atenção é o que trata da “Gestão Fraudulenta de Instituições Financeiras”.

Basicamente, trata dos empréstimos supostamente fictícios que o Banco Rural fez ao PT e à SMP&B, agência de Marcos Valério.

A Justiça questionou o Banco Central sobre esses empréstimos e, em fevereiro de 2005, o Banco Central instalou uma “Verificação Especial” na área de crédito do Banco Rural (PT 0501301503).
O BC teria constatado uma série de indícios de gestão fraudulenta  nesses empréstimos. Eles seriam incompatíveis com as normas de risco correntes no mercado.

No caso do PT e de Marcos Valério esses empréstimos chegavam a 296 milhões, 10% da carteira do banco.

O banco dissimulou os riscos sobre os empréstimos, segundo o BC.

O que se lê na página 90 é que, nesse relatório do Banco Central, o (PT 0501301503), além dos empréstimos firmados com o PT e Marcos Valério, aparecem outros contratos suspeitos, com outros clientes.

Entre as pessoas físicas e jurídicas, o relatório cita:

- Moinho de Trigo Santo André S/A;
- Banktrade Agrícola Imp. Exp.;
- Tupy Fundições Ltda.;
- Globo Comunicações e Participações;
- ARG Ltda;
- Securinvest Holdings S/A;
- Ademir Martines de Almeida;
- Agroindustrial Espírito Santo do Turvo;
- Agrícola Rio Turvo;
- Cia. Açucareira Usina João de Deus;
- Usina Carola S/A;
- Viação Cidade de Manaus Ltda.;
- Amadeo Rossi S/A;
- João Fonseca de Goes Filho;
- Enerquímica Empreend. Participações;
- Noroeste Agroindustrial S/A.
O inquérito 2245 sugere que fosse aberta investigação especifica para investigar os indícios de gestão fraudulenta levantados pelo relatório do Banco Central.
Até onde se sabe, a investigação não foi aberta.

Veja os documentos:






sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Contraponto 12.304 - "É Dilma subindo, os outros caindo e o rancor de Freire"

 

27/09/2013


 

É Dilma subindo, os outros caindo e o rancor de Freire

 

Do Blog do Kotscho - Publicado em 27/09/13 às 09h40 

 

kotscho1 É Dilma subindo, os outros caindo e o rancor de Freire

 

Ricardo Kotscho 

 

A presidente petista Dilma Rousseff subiu mais 8 degraus no Ibope, foi a 38% das intenções de voto, e abriu 22 pontos de vantagem sobre a segunda colocada, Marina Silva (sem partido), que caiu de 22 para 16%. Na nova pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira, só a presidente subiu, todos os outros candidatos caíram. Aécio Neves (PSDB) foi de 13 para 11% e, Eduardo Campos, caiu de 5 para 4%.

No mesmo dia, Dilma recebeu outras duas boas notícias, que devem se refletir positivamente nas próximas pesquisas: a taxa de desemprego caiu para 5,3%, a menor do ano, e a renda média dos trabalhadores subiu 1,7% em agosto.

Enquanto isso, a rede nacional de televisão foi ocupada durante 10 minutos pelo PPS de Roberto Freire para denunciar, mais uma vez, que os governos petistas estão acabando com o país. Carregado de rancor, o programa parecia uma novela de época dos tempos da Guerra Fria, que fez lembrar a imagem assustadora das viúvas globais fantasiadas de negros fantasmas após o voto do ministro Celso de Mello a favor dos embargos infringentes na semana passada.

kotscho2 É Dilma subindo, os outros caindo e o rancor de Freire

A impressão que me deu é que o programa foi gravado há mais tempo e estava na gaveta aguardando o momento oportuno para ir ao ar. O proprietário do PPS, velha linha auxiliar do PSDB, caminhando para a irrelevância, certamente não poderia ter escolhido dia melhor. Pena que os fatos não o tenham ajudado.

Após as manifestações de protesto de junho e o julgamento do mensalão, Freire deve ter avaliado com o seu estado-maior que Dilma e o PT estavam no chão, e chegara a hora de soltar os seus canhões, já um tanto desgastados pelo tempo. Sem noção do seu tamanho, acreditando no espaço que a mídia sempre lhe deu, na proporção inversa da sua importância política, Roberto Freire chegou a ser candidato a presidente da República, em 1989, quando foi contemplado com 1,06% dos votos.

Com seu conhecido senso de oportunidade, carisma, simpatia e sofisticada estratégia política, o dono do PPS, partido que ele fundou em 1992 para substituir o antigo Partido Comunista Brasileiro, e preside até hoje, deputado federal eleito por José Serra em São Paulo, em 2010, Freire escolheu como assistente de palco Stepan Nercessian, ator reserva do segundo time da Globo. Até Soninha Francine (lembram-se dela?), agora sem mandato e sem uma boquinha, deu uma aparecida. O resto nem sei quem é.

Freire entoou o discurso "ético", bufando contra a inflação, os desmandos administrativos e a corrupção, mas só se esqueceu que o artista convidado para ser o âncora do programa, também deputado federal, foi acusado no ano passado de ter pedido e recebido R$ 175 mil do notório bicheiro Carlinhos Cachoeira, o que não o impediu de caprichar no sorriso sarcástico para atacar Dilma e o PT. Na época, o ator deputado garantiu que devolveu o dinheiro, o caso foi arquivado e não se falou mais no assunto.

Memória e coerência não são o forte desse pessoal. Ainda esta semana, o jornalista Sebastião Nery lembrou em sua coluna que o "comunista de carteirinha" Roberto Freire fora nomeado para seu primeiro cargo público, o de procurador do Incra, no Recife, pelo general Médici, no auge da repressão dos anos 1970.

Este ano, Freire ensaiou, primeiro, uma aliança com Eduardo Campos. Depois, tentou fazer a fusão do seu partido com o PMN para criar o MD (Movimento Democrático) com o objetivo de  abrigar uma nova candidatura presidencial do parceiro José Serra, que até hoje não decidiu o que pretende fazer da vida. Sempre em negociações, o führer do PPS também ofereceu a sigla a Marina Silva, que até agora não conseguiu viabilizar sua Rede da Sustentabilidade, seja lá o que isso quer dizer. Sendo contra o PT, para Freire, qualquer candidato serve.

Na salada de siglas da política brasileira, que ganhou mais duas esta semana, chegando a 32, o PPS ocupa atualmente o 13º lugar no ranking, atrás do PCdoB, com 12 deputados e R$ 8 milhões do Fundo Partidário para gastar este ano, sem falar nos seus valorizados minutos na televisão, que Freire pode destinar a quem quiser, dependendo da conversa. Na próxima semana, quando se encerra o prazo para filiações e criação de novos partidos, saberemos finalmente  em qual onda o PPS vai surfar desta vez.

Já escrevi aqui outro dia e repito: com estes candidatos e esta oposição, Dilma corre o risco de ganhar as eleições do próximo ano por WO.
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Contraponto 12.303 - "Uma capa resume tudo"

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27/09/2013 

Uma capa resume tudo


Veja não surpreende. Espanta quem acredita nela entre privilegiados e aspirantes ao privilégio 

por Carta Capital publicado 27/09/2013 03:19 
 Reprodução
veja
"Estarrece que larga porção da sociedade acredite nas interpretações de Veja e repita seus pareceres mirabolantes"





 

Berlusconi é o político mais bem-sucedido da Itália dos últimos 20 anos. Como se sabe, foi um desastre, e não espanta que tenha sido, com o condão de pagar agora pelas mazelas cometidas. 

Espanta, isto sim, que metade dos italianos tenha votado nele. 

Passo a falar de Brasil. 

A capa de Veja desta semana é o símbolo irretocável de um singular humor em que se misturam má-fé e estupidez. A revista da Abril mesmo assim não nos surpreende, já sabemos do que é capaz de longa data. Estarrece que larga porção da sociedade nativa, privilegiados e aspirantes ao privilégio, acredite nas interpretações de Veja e repita passagens dos seus pareceres mirabolantes.(todos os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)

 
Do ContrapontoPIG

O espetáculo midiático proporcionado na cobertura do chamado “mensalão” é, em geral, estarrecedor ao revelar em toda a sua evidência o atraso intelectual e cultural dos tais cidadãos a que me referi, jornalistas e seus patrões, leitores, espectadores, ouvintes. Todos unidos na demonstração de uma parvoíce movida a raiva, ódio de classe, medo, preconceito, hipocrisia, inveja, abissal ausência de espírito crítico.

A tigrada dita de classe média (média até agora não sei por quê) é, aliás, a própria, definitiva, irremediável prova da incapacidade de cumprir o papel que compete à burguesia. Aquele, digamos, de precipitar a Revolução Francesa. Pelo contrário, aí está a provar a ignorância, mau gosto, provincianismo, pavor da mudança. Dizia Lévi-Strauss ao definir os senhores paulistanos 80 anos atrás: “Eles se têm em alta conta e não sabem como são típicos”. Illo tempore, os senhores viam em Paris o umbigo do mundo. A tipicidade aumentou, e hoje, ao comporem uma categoria muito mais vasta, substituem a Ville Lumière por Miami.

Pouparei os amáveis frequentadores deste espaço das minhas considerações a respeito das gravatas amarelo-ouro ou da descoberta do vinho que alguns carregam aos restaurantes em bolsas apropriadas. De couro cru, para o desconforto de quem sonha com estes luxos e ainda não chegou lá. Citarei a leitura escassa ou mesmo nula: há mais livrarias em Buenos Aires do que no Brasil todo. O estudo precário, a péssima lida com o vernáculo, a eterna expectativa do favor dos amigos ou do arreglo por baixo do pano.

Cabe evocar tudo aquilo que certifica a mediocridade da turma. O caos arquitetônico, isento de módulos e linhas mestras, frequentemente inspirado em Gotham City, quando não entregue à imitação de modelos de outros cantos do mundo, escolhidos conforme a veneta do dia, sem excluir telhados normandos na previsão da neve. Ou mesmo a certeza, tipicamente local, de que São Paulo é capital gastronômica do planeta, alimentada por quem até ontem mastigava espaguete regado a uísque.

Vezos burgueses, amparados em tradições seculares, ou em modismos momentâneos, carecem de maior importância, está claro. Resta o fato desta ferocidade desvairada, para não dizer demente, diante de um episódio, embargos infringentes justificados pelas leis, e que tanto podem abrandar as penas dos condenados quanto agravá-las, conforme esclareceu em vão o ministro Celso de Mello. Cresce, na moldura do evento, a desinformação generalizada, o desconhecimento do código e do quem é quem.

Ocorre-me um amigo que eu chamava de samurai, Luiz Gushiken, ministro de Lula no primeiro mandato, primeira vítima do “mensalão” sem qualquer culpa em cartório, de fato aquele que percebeu o papel devastadoramente daninho do banqueiro Daniel Dantas,  visceralmente envolvido no processo e tão chegado a petistas de outro naipe, como Márcio Thomaz Bastos, José Dirceu, Luiz Eduardo Greenhalgh, sem contar o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Gushiken morreu dia 13 passado, honrado e, receio, infeliz.


Outro injustiçado é José Genoino, que, segundo Veja, gargalha com o voto de Celso de Mello. A malta não sabe que Genoino é um herói brasileiro, esperançoso e iludido até as últimas consequências, acreditou que o Araguaia seria a Sierra Maestra brasileira, e, ao lado de 80 companheiros, lutou contra 10 mil soldados da ditadura. Torturado brutalmente, ressurgido das cinzas, ainda espera que o Brasil deixe de ser o país da casa-grande e da senzala. Ao contrário do que afirmam seus inquisidores a pretendê-lo “mensaleiro”, não sabe onde cair morto, se me permitem a linguagem rasteira.
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