sábado, 30 de agosto de 2014

Contraponto 14.651 - "Parecer de Janot detona desculpas do 'recibos no final'. A lei é clara: recibo tem de ser imediato"

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30/08/2014

 

Parecer de Janot detona desculpas do “recibos no final”. A lei é clara: recibo tem de ser imediato

 

Tijolaço - 30 de agosto de 2014 | 16:56 Autor: Fernando Brito 
janto

Fernando Brito 

Embora eu entenda que, hoje, todos estão chocados com a chantagem explícita feita pelo senhor Silas Malafaia, que obrigou a candidata Marina Silva a mudar seu programa de governo um dia depois de divulgado oficialmente, num espetáculo de servilismo e humilhação que jamais pensei em ver em um candidato, penso que há outra questão que compromete já não do ponto de vista moral, mas aos olhos da lei. Refiro-me às desculpas que vem sendo usadas pelo PSB para explicar o avião que empresários teriam “doado” para que ela e Eduardo Campos fizessem campanha.

Embora a fundamentação do Procurador Geral da República esteja calcada nos termos da lei com os quais este blog explicou as ilegalidades da operação, há algo que me passou e que o procurador levanta logo ao início das conclusões de seu parecer, e é de fundamental importância.

É o artigo 10 da Resolução 23.406, do Tribunal Superior Eleitoral:

Art. 10.  Deverá ser emitido recibo eleitoral de toda e qualquer arrecadação de recursos para a campanha eleitoral, financeiros ou estimáveis em dinheiro, inclusive quando se tratar de recursos próprios.
Parágrafo único.  Os recibos eleitorais deverão ser emitidos concomitantemente ao recebimento da doação, ainda que estimável em dinheiro.

Concomitantemente, isto é, no mesmo momento.

É um golpe fatal nas explicações do PSB de que pretendia fazer o recibo “ao final da campanha”.
A menos que use documentos falsificados, isso é incompatível com a versão que o partido sustentou por uma semana, agora substituída pela de “doação” do avião à campanha.

É um escândalo de proporções gigantescas, e não é admissível que esteja sendo tratado com tamanha leniência.

Estamos nos aproximando de revelações terríveis sobre a promiscuidade envolvida na compra deste avião e no forjar de “explicações” sobre isso.

As pessoas honestas e de bem da direção do PSB deixarão de sê-lo se coonestarem esta montagem.
Tornar-se-ão criminosos, mesmo que não tenham participado da atividade ilegal envolvendo a cessão do avião.

É tudo muito grave e podemos estar na iminência de uma situação que será um verdadeiro terremoto eleitoral.

Leiam o parecer do Procurador Janot, postado ontem à noite pelo Miguel do Rosário, e verifiquem a quantidade de infrações à lei que já estão materializadas.

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Contraponto 14.650 - "Dilma mira Marina: 'visão obscurantista' do pré-sal "

"Quem acha que o pré-sal tem que reduzir, não tem uma visão grande do Brasil, e sim uma visão obscurantista", disparou a candidata petista à reeleição. De acordo com o programa do PSB, Marina pretende reduzir a importância da exploração do pré-sal e voltar a impulsionar o etanol.

Para a presidente Dilma, o país deve arrecadar, nos próximos 35 anos, cerca de R$ 350 bilhões por ano, dos quais 75% irão para a educação. A petista ainda alfinetou Marina ao dizer que sua proposta de um sistema "multimodal", com priorização de energia eólica e solar, seria uma "fantasia".

"Nem o etanol nem o biodiesel são alternativas concretas para o petróleo. Algumas fontes que o Brasil precisa adotar, como eólica e solar, seriam complementares, mas não são capazes de substituir hidrelétricas. O Brasil que precisa de 70 mil megawatts, em hipótese nenhuma, pode viver de fontes alternativas. Isso é uma fantasia".


Contraponto 14.649 - "Dilma enfrenta a mídia e defende regulação econômica do setor"

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 27/08/2014

Dilma enfrenta a mídia e defende regulação econômica do setor

 

Dilma Rousseff assumiu a defesa da regulação da mídia durante o primeiro debate com os presidenciáveis, promovido pela TV Band, na noite de terça (26).

Agência Brasil

Najla Passos


Brasília - A candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) assumiu a defesa da regulação da mídia de forma clara e contundente durante o primeiro debate com os presidenciáveis, promovido pela TV Band, na noite desta terça (26). Um avanço surpreendente para a presidenta que passou os quatro anos do seu mandato se esquivando do assunto espinhoso, apontado pelos movimentos sociais brasileiros e até pelo seu próprio partido como condição essencial para o aprofundamento da democracia brasileira, mas tratado pelos conservadores, incluindo aí a própria mídia monopolista e parte da audiência que ela tenta controlar, como sinônimo de censura estatal. Mais surpreendente ainda porque ela foi a única a enfrentá-lo.

O candidato do PV, Eduardo Jorge, a quem a pergunta provocativa acerca do tema foi dirigida, preferiu abrir mão de preciosos dois minutos de rede nacional a ter que encará-lo. Nem mesmo a candidata do PSOL, Luciana Genro, a única que tem a democratização da mídia defendida pelos movimentos sociais como proposta expressa no seu programa de governo, atacou a questão. Não foi questionada diretamente sobre ele, é fato. Mas também não procurou brechas para colocá-lo na centralidade do debate, como o fez com outros temas polêmicos, como a taxação das grandes fortunas e a liberalização da maconha, por exemplo.

A provocação partiu do jornalista e apresentador do Jornal da Noite da Band, Boris Casoy, que, incorporando o pensamento mais reacionário nacional, afirmou que insistiria no tema que classificou como “controle social da mídia” por considerá-lo “um assunto importante e grave, que envolve a liberdade no país”. E de forma falaciosa, exibiu o programa político-partidário dos donos da imprensa no Brasil em um comentário travestido de pergunta jornalística.

“O partido da presidente, o PT, insiste em um plano de censura à imprensa que, eufemisticamente, chama de democratização da mídia. A bem da verdade, a presidente Dilma, a candidata Dilma, não o adotou, criou uma barreira, não tem colocado em prática, apesar da insistência do partido, essa ideia. Eu queria perguntar se eleito, o candidato Eduardo Jorge vai levar esse plano adiante?”, questionou ele ao candidato do PV, abrindo para a presidenta a possibilidade de comentar a resposta.

Irônico, Eduardo Jorge foi lacônico. “Sou obrigado a concordar com a presidente Dilma. Não levarei. Ficarei com a posição dela”, afirmou, cansando espanto na plateia. Dilma, porém, não se rendeu à evidência de que sair em defesa da regulação seria comprar uma briga não só com a Band, mas com o conjunto da mídia comercial brasileira.

“Eu acredito que a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, a liberdade integral dos meios de comunicação é algo, é um valor básico da democracia. Eu acredito também que, como qualquer setor, o setor de telefonia, os aeroportos, os portos, todos os setores, eles têm que ter regulação econômica, ou seja, não pode haver o monopólio e não pode haver o uso  indevido daquele meio, tanto seja o aeroporto, o porto, a linha de transmissão. Então, eu sou a favor da regulação econômica. Agora, dentro da maior liberdade de expressão. Isso vale não só para o setor da mídia, mas vale também para a internet e para todos os setores ligados à manifestação do pensamento”, concluiu de forma calma e didática.

A desinterdição do debate

A declaração corajosa da presidenta surpreendeu seus próprios correligionários e agradou aos movimentos sociais. Embora prevista na Constituição Cidadã de 1988, a regulação dos meios de comunicação jamais foi enfrentada por um presidente em exercício de mandato. E, rara vezes, por aspirantes a algum cargo eletivo, seja no Executivo ou no Legislativo.

O próprio programa de governo da presidenta, registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não toca no assunto. Apesar de Dilma ter acordado com o PT em pontuá-lo no documento, a coordenação da sua campanha achou melhor retirá-lo, sob o argumento de que a posição do partido da presidenta não refletia a do conjunto da coligação Com a Força do Povo: PMDB/PSD/PP/PR/PROS/PDT/PCdoB/PRB. Os programas dos seus principais adversários também fogem do tema. Aécio Neves (PSDB) apenas reafirma seu compromisso com a “liberdade de expressão”. E o do então candidato Eduardo Campos (PSB), substituído após sua morte por Marina Silva, apenas fala em aprovar o Marco Civil da Internet, algo que Dilma já fez desde o início do ano, com o apoio e o reconhecimento dos movimentos sociais e comunidade científica.

Dentre os pequenos, a regulação da mídia encontra manifestação concreta entre os extremos. O candidato conservador Pastor Everaldo (PSC) afirma textualmente que é contrário a qualquer tipo de regulação e seu programa comete o erro conceitual comum aos conservadores de associar censura a controle social.

Já Luciana Genro (PSOL) se compromete com as propostas defendidas pelos movimentos, inclusive o novo marco legal da comunicação. “A quebra dos oligopólios midiáticos e sua política de voz única terá atenção especial, com ênfase para o fim da propriedade cruzada dos meios de comunicação. Nosso incentivo será para instrumentos de comunicação alternativos, como rádios e TVs comunitárias, e aos meios públicos de mídia. Além disso, daremos ênfase para o controle social da mídia, com instrumentos de participação popular”, diz seu programa.

Mauro Iasi (PCB) defende o estímulo a “luta continental contra a mafiosa Sociedade Interamericana de Imprensa, em defesa da imprensa popular e independente, pela democratização e controle social da mídia”, além da reversão das privatizações e estatização de setores estratégicos, incluindo a comunicação.

Rui Costa Pimenta (PCO) se compromete a dar igualdade de condições de acesso de todos os partidos aos meios de comunicação de massa e a estatização das grandes empresas privadas do setor cultural. Também propõe a construção de uma imprensa independente, contra o modelo capitalista reacionária e golpista. Dentre os pequenos da esquerda, o único que não toca no ponto é José Maria (PSTU).

Do centro para a direita, à exceção do já citado Pastor Everaldo, o tema desaparece novamente dos programas. Eduardo Jorge (PV) fala apenas em acabar com o Ministério da Comunicação. Eymael (PSDC) defende a utilização da internet para alavancar a educação. E Levy Fidelix (PRTB), tal como Dilma, promete universalizar a banda larga.

 Assista o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=NgATf2P2P98#t=1389 (Tempo: 19:50)

Contraponto 14.648 - "Há um novo Collor na praça"

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30/08/2014

Há um novo Collor na praça

Tijolaço - 30 de agosto de 2014 | 00:24 Autor: Fernando Brito
collor

Fernando Brito 

Há  menos de um ano, Marina Silva não conseguia reunir meio milhão de assinaturas para formar sua Rede Sustentabilidade.

Hoje, diz o Datafolha, ela teria 100 vezes mais pessoas – 51 milhões de brasileiros – dispostos a entregar-lhe não o comando de um partido, mas o comando de suas vidas e seu destino.

Mesmo que a gente já saiba que pode haver aí alguma “bonificação” das pesquisas, é um fato concreto que ela é a candidata de uma parcela expressiva de brasileiros.

A ilusão de que não há um fato real  turbinado no irrealismo estatístico das pesquisas é um erro que só nos leva à confusão e à perda da capacidade de combate.

Os números podem ser irreais, o que importa? É apenas parte da máquina de propaganda que já se enfrentou e sabia-se que não seria diferente agora.

O projeto de Brasil justo e desenvolvido está, de fato, em perigo.

O que produziu isso?

A resposta é a mais simples possível, evidente a todos: a mídia.

Nada se parece mais com Marina Silva que a eleição de Fernando Color de Mello.

É um factóide destinado a produzir um único efeito: derrotar Dilma e Lula, como Collor destinava-se apenas a derrotar Brizola e o próprio Lula em 1989.

Só que agora, para derrotar o projeto nacional-desenvolvimentista que ambos representam.

O que era Collor, senão um político local transformado pela mídia em “caçador de marajás”, tanto quanto a “nova política” diz ser a negação dos vícios da democracia brasileira, não importa que reproduzindo e empolgando tudo o que há de mais retrógrado neste país que, sem cerimônia, migra de Aécio Neves para ela?

É um cogumelo – que brotou mais rapidamente, é verdade, porque a mídia, na esteira de uma tragédia, a transformou, em 15 dias, em tudo o que ela não é – mas também algo sem densidade, sem projeto, sem nada que seja a sua imagem de  mulher autoritária, sempre capaz de projetar-se como não-política, embora o seja há 20 anos, e uma moralista.

Marina ainda pode ser evitada, mas não com uma campanha insossa e “propositiva”.

Marina não propõe coisa alguma senão o que já propunha Aécio Neves, sem o mínimo sucesso.
Seu trunfo é, alem da exposição nauseante na mídia, a despolitização do país.

Despolitização que boa parte do PT ajudou a se construir.

O Datafolha solidifica o que já está claro para todos.

Marina é a candidata da direita e a sua penetração na juventude e na classe média emergente é fruto de uma visão limitada de que o progresso social, sem a polêmica política, é o bastante para fazer vitorioso um projeto político.

Só há um discurso correto para enfrentá-la: é dizer claramente ao povo brasileiro que ela é a negação deste progresso.

Que, por detrás de sua figura frágil, estão as forças que fizeram tudo o que este país procurou vencer nestes 12 anos.

Mas o PT e o Governo comportam-se de forma tímida e covarde diante disso.

Tornaram-se “pragmáticos” e não reagem com a coragem que a hora exige.

Parece que há um temor reverencial que, no máximo, permite-lhes dizer que é inexperiente.
Pode não ser experiente em administração, embora o mais correto seja dizer que nisso é desastrosa.

Mas Marina não é inexperiente, porque há uma década constrói um processo pessoal de poder, pulando de galho em galho e não hesitando em conspirar contra tudo que a tornou uma personagem conhecida.

É preciso dizer claramente ao povo brasileiro o que sua candidatura significa, ainda que isso possa não ser o mais “simpático” eleitoralmente.

Que ela é a candidata das elites que Aécio Neves não conseguiu ser e que suas poucas propostas em nada diferem das do tucanato em ocaso: liberdade total ao capital financeiro, destruição de “era Vargas” que Lula representou, ruína do projeto nacional.

O povo brasileiro não a identifica com isso, até porque ninguém o diz.

Porque a construção da Marina candidata é feita de vazio e não se derrota o vazio sem conteúdo.

Não é desaparecendo ou calando que vamos contribuir para que o povo brasileiro compreenda o que está em jogo.

Nem tratando Marina Silva como uma “pobre coitada” a quem faltaria capacidade.

Ela a tem, sobretudo a de se emprestar às piores causas sob o discurso da moralidade
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Quem não tiver coragem de enfrentar o que ela representa, não merece representar algo diferente.

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Contraponto 14.647 - "Os dilemas do PT: esquerda, vou ver?"

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30/08/2014

Os dilemas do PT: esquerda, vou ver?

 

Do Escrevinhador - publicada quinta-feira, 28/08/2014 às 18:44 e atualizada quinta-feira, 28/08/2014 às 18:35


“Parte do PT torce para que a elite – apavorada com a inconsistência marineira – apóie Dilma. Isso significaria aceitar que Dilma vá mais para a direita para ganhar. Outra parte do PT imagina que a melhor forma de enfrentar Marina é aprofundar um programa trabalhista: Dilma teria que defender o fim fator previdenciário, redução da jornada de trabalho, mais direitos sociais, combate ao rentismo.”

Lula vai empunhar a mão esquerda de Dilma?


por Rodrigo Vianna
 
Nunca acreditei que essa eleição seria decidida num turno único. O grau de insatisfação e a onda anti-petista no Brasil deixavam claro que – mesmo com Aécio e Eduardo no páreo, dois candidatos que tinham dificuldade evidente para representar a “mudança” – Dilma teria que enfrentar um turno final para conseguir o segundo mandato.

Aécio (com apoios fortes em Minas, São Paulo, Bahia e Paraná) deveria bater em 25% até o começo de outubro. Eduardo talvez chegasse a 15%. Dilma, com cerca de 37% ou 40%, teria que enfrentar os tucanos no segundo turno.

O PT se preparou pra isso. Para esse cenário. Era a velha estratégia de fazer pouca política, acreditando que mais uma vez bastaria dizer: “o governo deles é o de FHC, com desemprego e quebradeira; o nosso é o governo do povão e da inclusão social”. Agora, a campanha de Dilma parece desorientada para lidar com a nova realidade pós 13 de agosto (dia do acidente que matou Eduardo Campos), que não é propriamente nova.

Por uma questão operacional e jurídica, Marina não conseguiu legalizar a Rede ano passado. Por isso, e só por isso, o difuso mal-estar de junho de 2013 seguia ausente da campanha de 2014. Por isso, e só por isso, o número de brancos/nulos e de “não votos” era tão grande. A queda do avião mudou tudo. Marina virou a cara de junho na eleição -como escrevi aqui.

A força de Marina (com o perdão do péssimo trocadilho, nesse agosto fatídico) não caiu do céu. Ok, Marina é candidata da Neca Setúbal. Ok, esse papo de “nova política” é falso, além de perigoso e despolitizante. Mas acontece que o eleitorado que vai com a Marina não é a velha classe média anti-petista e tucana. É mais que isso. É a turma dos “celulares na mão”: Luiz Carlos Azenha foi quem melhor traduziu essa nova conjuntura aberta com junho de 2013.

Parte do PT (setor que parece ser majoritário) torce para que os tucanos desonstruam Marina – na base de escândalos e pauladas midiáticas. Mais uma vez, sem política de verdade. Ou então, para que a elite – apavorada com a inconsistência marineira – apóie Dilma num segundo turno. Isso significaria aceitar que Dilma poderia enfrentar Marina como opção pela direita. Seria desastroso para o PT, para os movimentos sociais e sindicatos.

Outra parte do PT e da militância de esquerda não se ilude com essa ideia, e imagina que a melhor (talvez a única) forma de enfrentar Marina é aprofundar um programa de esquerda. Dilma terá que caracterizar Marina como a candidata do grande capital, dos banqueiros. Ela, Dilma, terá que assumir as bandeiras da classe trabalhadora: fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho, mais direitos sociais, combate ao rentismo.

A mim, parece que a primeira das escolhas é – além de tudo – uma ilusão. Acreditar que Dilma pode virar a opção “confiável” da direita seria desconhecer o ódio que leva empresários, banqueiros e donos da mídia a preferirem “qualquer coisa menos o PT” (como se ouve nas ruas dos bairros nobres de São Paulo, Rio e Brasília).

Mais que isso: quem acompanha os bastidores da eleição diz que jamais os candidatos petistas enfrentaram tamanha seca de recursos. Empresários decidiram que o PT já cumpriu seu papel, e gostariam de virar essa página.

A direção petista pode apostar na saída pela direita. E, numa conjuntura especialíssima, pode até colher uma vitória eleitoral com isso. Mas essa escolha,
mesmo que traga vitória eleitoral (pouco provável), seria acompanhada de uma tripla e estrondosa derrota: política, ideológica e simbólica. Se o PT escolher esse caminho, selará seu destino ao lado do PS francês e do SPD alemão…

A outra alternativa é virar alguns graus à esquerda. Essa segunda alternativa pode levar a uma vitória apertada, num clima de grande confrontaçã política e ideológica no segundo turno. Ou pode levar a uma derrota eleitoral (com Marina ganhando apoiada pelos liberais e tucanos), mas que prepare o PT e o bloco de esquerda para uma reorganização: mais próximo dos movimentos sociais e dos sindicatos, esse bloco político pode ser decisivo no enfrentamento de uma agenda liberal que (com Marina ou com Aécio) será imposta ao Brasil.

Trata-se, portanto, de uma eleição decisiva para os rumos do Brasil, da América Latina e também para o futuro do PT como força (ainda) capaz de comandar um processo de reformas e democratização.

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Contraponto 14.646 - " O programa de Marina é 'tucano' "

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30/08/2014

 

O programa de Marina é "tucano" 

 

Blog do Miro - sexta-feira, 29 de agosto de 2014 

 

   
Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

A presidenciável Marina Silva (PSB) lançou seu programa de governo nesta sexta-feira 29 com uma política econômica igual à defendida pelo PSDB nesta eleição e em anteriores. Marina propõe diminuir o tamanho do Estado com o corte de ministérios e gastos públicos, medidas facilitadoras dos lucros empresariais, reduzir a ação dos bancos estatais para que os privados possam fazer mais negócios e a busca de uma reaproximação comercial com os Estados Unidos, entre outras coisas. (Todos os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)

Ao contrário dos tucanos, porém, Marina comprometeu-se a com uma ideia polêmica: “Assegurar a independência do Banco Central o mais rapidamente possível, de forma institucional, para que ele possa praticar a política monetária necessária ao controle da inflação”.

Caso uma lei como a proposta por Marina seja aprovada, o BC não terá mais de se subordinar ao presidente da República ou ao ministro da Fazenda. Terá liberdade para tomar decisões sobre, por exemplo, as taxas de juros. Era uma bandeira de Eduardo Campos, morto em 13 de agosto. Quando Campos e Marina se uniram e começaram a desenhar o programa de governo do PSB, ela discordava da ideia, segundo Maria Alice Setúbal, amiga da ex-ministra, herdeira do banco Itaú e uma das responsáveis pelo programa. Marina acabou, porém, se convencendo a defender a proposta.

Roberto Amaral, presidente do partido pelo qual Marina concorre à Presidência, é contra a proposta. Já tinha essa posição quando o candidato do PSB ainda era Campos, mas foi derrotado em debates internos, pois o falecido ex-governador era o então dirigente máximo da sigla. Amaral também discorda das posições econômicas liberal-conservadoras dos dois principais assessores de Marina no tema, André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real, e Eduardo Giannetti da Fonseca.

Com a promessa de independência ao BC, Marina tenta conquistar o apoio do sistema financeiro e do alto empresariado, especialmente o paulista. Os dois grupos não querem a reeleição de Dilma Rousseff (PT), mas hesitam em aderir à campanha marinista. Não sabem ao certo que tipo de governo ela faria. Preferiam apoiar o candidato Aécio Neves, do PSDB, partido com quem têm mais afinidade. A entrada de Marina na eleição, contudo, mostrou que ela tem mais chances de vencer Dilma - ao menos conforme se vê nas mais recentes pesquisas.

Na terça-feira 26, assessores marinistas reuniram-se com banqueiros e investidores estrangeiros em São Paulo para tentar mostrar como seria um governo Marina. O encontro foi promovido por Maria Alice, conhecida como Neca, e pelo Itaú BBA, um dos braços do banco Itaú.

Ao encampar a política econômica tucana, Marina forçou Aécio Neves a defender mais abertamente a agenda histórica do PSDB. Desde o início da campanha, o senador mineiro tinha evitado se expor tão abertamente, por receio da propaganda petista. A comparação entre os dados de emprego e renda nos governos Dilma e Lula com os oito anos da gestão Fernando Henrique era o centro da estratégia dilmista. Uma proposta de lei de independência do BC está em discussão no Senado por iniciativa de um tio de Aécio, o senador Francisco Dornelles, do PP do Rio. O tucano preferiu, contudo, evitar o tema, com medo da propaganda do PT, segundo a qual a independência do BC dará mais poder os banqueiros para aumentar os juros e estimular o desemprego.

Principal assessor econômico de Aécio, Armínio Fraga, presidente do BC na gestão FHC, andava sumido desde o início da eleição, em 6 de julho. Com a ameaça representada por Marina a sua candidatura, Aécio liberou Armínio para voltar à cena. Esperava convencer o sistema financeiro e o alto empresariado de que o PSDB ainda seria a melhor aposta contra o PT. Nos últimos dias, Fraga deu entrevista à revista Veja e publicou artigo no jornal Folha de S. Paulo. Ao participar do primeiro debate televisivo entre os presidenciáveis, na terça-feira 26, na Band, Aécio anunciou que Fraga será seu ministro da Fazenda, caso ele seja eleito.

O programa de governo de Marina também propõe uma reaproximação comercial com os Estados Unidos, a exemplo do que consta da agenda econômica do PSDB. A filosofia é a mesma que vinha sendo defendida por Campos. Enquanto esteve na campanha, o falecido candidato dizia defender “negociações maduras” com o governo norte-americano. A relação entre os dois países está em marcha lenta desde a descoberta da espionagem praticada pelos EUA contra Dilma, cidadãos e empresas brasileiros. Quando Campos morreu, a Casa Branca divulgou uma nota lamentando o fato.
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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Contraponto 14.645 - "O Brasil e os próximos anos "

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29/08/2014

 

O Brasil e os próximos anos

 

Do Blog do Miro - sexta-feira, 29 de agosto de 2014

 
 Por Mauro Santayana, em seu blog:
 
 
À medida que estamos mais perto da eleição, se evidencia também a necessidade de avaliar as opções estratégicas que aguardam o Brasil nos próximos anos.

Hoje, muita gente acha que se nos aproximarmos muito do mundo em desenvolvimento, como a América do Sul, África e as potências emergentes às quais estamos unidos no BRICS - Rússia, Índia, China, África do Sul - estaremos nos afastando cada vez mais da Europa e dos EUA.

Há, entre certos tipos de brasileiros, os que continuam cultuando apenas o que existe em Nova Iorque, Miami ou Paris, como se não existisse mais nada neste mundo, e os arranha-céus mais altos do planeta não estivessem sendo construídos – para ficar apenas no símbolo de modernidade e pujança das “skylines” que fizeram a fama dos EUA – em cidades como Moscou, Dubai, ou Xangai.

Ataca-se a China por censurar o Google, mas não se atacam os EUA por usarem a internet para espionarem e chantagearem milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo nações de quem se dizem “aliados” como é o caso do Brasil e da Alemanha.

Atacam-se os países do MERCOSUL por nos impor barreiras comerciais, mas não a Europa e os Estados Unidos por terem feito conosco exatamente o mesmo, nos últimos 200 anos, bloqueando – sempre que puderam - o desenvolvimento de tecnologia em nosso continente e absorvendo, antes e depois de nossa independência, basicamente matérias-primas.

Muitos esquecem que o MERCOSUL, com todas suas barreiras, continua o maior, e, às vezes, o único destino para nossas manufaturas. Que só para países como a Venezuela temos aumentado nossas exportações nos últimos anos.

Isso, enquanto têm diminuído nossas vendas e nossos ganhos – e os do resto do mundo - com a Europa e os EUA, no esteio das consequências de uma crise que já dura vários anos e que teve sua origem na desorganização e irresponsabilidade de do sistema financeiro que está sediado ao norte da linha do Equador.

A pergunta que cabe que nos façamos nos próximos anos é a seguinte: a que mundo pertencemos?
Ao da Europa e dos EUA, que sempre nos trataram como colônia e cidadãos de segunda classe a ponto de termos tido milhares de brasileiros expulsos de seus aeroportos há pouquíssimo tempo?

Ou ao mundo em desenvolvimento, onde a cooperação e a necessidade de agregar centenas de milhões de pessoas a uma vida mais digna abre a porta para a oportunidade da realização de acordos e negócios que podem influenciar e melhorar também nosso futuro?

Assim como ocorre na área comercial e diplomática, o Brasil precisa melhorar sua condição de negociação com os EUA e a Europa na área de defesa, usando, para isso, a perspectiva e a ameaça, sempre presentes, de nos aproximarmos, também nessa área, cada vez mais dos BRICS.

Os Estados Unidos e a Europa sempre se mostraram refratários a transferir tecnologia sensível ao Brasil e a outras nações latino-americanas.

Os avanços conseguidos nesse campo pelos governos militares foram feitos a fórceps, como ocorreu nas áreas bélica e aeroespacial, depois do rompimento, pelo Governo Geisel, dos acordos de cooperação com os EUA na área militar, e a aproximação com a Alemanha no campo da utilização pacífica da energia atômica.

Os países “ocidentais” só aceitam transferir um mínimo de tecnologia bélica para países como o Brasil, quando a isso se veem obrigados pelas circunstâncias.

Isso ocorre no caso em que estejamos prestes a alcançar certos avanços sozinhos – e aí eles se aproximam para “monitorar” e “medir” nossos avanços- ou se tivermos outros parceiros, como China ou Rússia – dispostos a transferir para nossas empresas, técnicos ou cientistas, esse conhecimento.

Depois do tímido esforço de rearmamento iniciado na última década, virou moda, nos portais mais conservadores, se perguntar contra quem estamos nos armando, se vamos invadir nossos vizinhos, ou, ridiculamente combater os Estados Unidos.

Muitos se esquecem, no campo da transferência de tecnologia na área de defesa, que sempre fomos tratados pelos Estados Unidos como um inimigo ao qual não se deve ajudar, em hipótese alguma, a não ser vendendo armas obsoletas ou de segunda mão.

No programa FX, de compra de caças para a Força Aérea, a BOEING norte-americana só concordou em transferir tecnologia para a Embraer – acordo que teria, antes de concretizado, de ser aprovado pelo congresso norte-americano – depois que os franceses, com o RAFALE, e os suecos, com o GRIPPEN NG BR, já tinham concordado em fazer o mesmo. E isso quando vários oficiais da Força Aérea brasileira se manifestavam nos fóruns, torcendo abertamente pelo SUKHOI S-35 russo.

O melhor exemplo do que pode ocorrer, em caso de conflito, principalmente com algum país ocidental, se dependermos da Europa ou dos EUA para nos defendermos, é o argentino.

Na Guerra das Malvinas, as mesmas empresas que, antes, forneciam armas e munição para que o Regime Militar massacrasse a população civil, em nome da “guerra interna”, das “fronteiras ideológicas” e do “anticomunismo”, deixaram de fornecer armas e peças de reposição às forças armadas daquele país, para que não fossem usadas contra a Inglaterra.

Os Estados Unidos só concordariam em fornecer armamento avançado ao Brasil, mas nunca no nível do deles, caso aceitássemos nos transformar em seus cães de guarda na América do Sul, como o faz Israel no Oriente Médio; ajudássemos a criar uma OTAN no hemisfério sul; ou concordássemos, como é o caso da Itália ou a Espanha, em participar em “intervenções” como as feitas por Washington em países como a Líbia, o Iraque e o Afeganistão, correndo o risco de indispor-nos com milhões de brasileiros de origem árabe e de virar, de um dia para o outro, alvo de ataques, em nosso próprio território, de organizações radicais islâmicas.

Nos últimos anos, conseguimos desenvolver uma nova família de armas individuais 100% nacional, as carabinas e fuzis IA-2, da IMBEL; uma nova família de blindados leves, a Guarani, dos quais 2.050 estão sendo construídos também em Minas Gerais; desenvolvemos o novo jato militar cargueiro KC-390, da Embraer, capaz de carregar dezenas de soldados, tanques ligeiros ou peças de artilharia; voltamos a fortalecer a AVIBRAS, com a compra do novo sistema ASTROS 2020, e o desenvolvimento de mísseis de cruzeiro com o alcance de 300 quilômetros; estamos construindo no Brasil cinco novos submarinos, um deles a propulsão nuclear e reator nacional, com a França, um estaleiro e uma nova base para eles; desenvolvemos a família de radares SABER; foi fechada, com transferência de tecnologia e desenvolvimento conjunto com a Suécia, a construção em território brasileiro de 36 caças GRIPPEN NG-BR (foto); conseguimos fazer, no Brasil, a “remotorização” de mísseis marítimos EXOCET; foi fechada a transferência de tecnologia e está sendo desenvolvido, com a África do Sul, o novo míssil ar-ar A-DARTER; foram comprados novos navios de patrulha oceânica ingleses; helicópteros e baterias antiaéreas russas; e aumentou-se a aquisição e a fabricação de helicópteros militares montados na fábrica da HELIBRAS.

Esses projetos, que envolvem bilhões de dólares, não podem, como já ocorreu no passado, ser interrompidos, descontinuados ou abandonados, nos próximos anos, pelo governo que assumir o poder a partir de janeiro de 2015.

Vivemos em um planeta cada vez mais multipolar, no qual os Estados Unidos e a Europa continuarão existindo e seguirão tentando lutando para se manter à tona contra uma lógica – e inexorável – tendência à decadência econômica, militar e geopolítica.

Nesse contexto, os EUA e a Europa têm que ser olhados por nós como potências que estão no mesmo plano, militar ou político, que a China, a Rússia, a Índia ou o próprio Brasil.

Como quinto maior país em população e extensão territorial, o Brasil tem a obrigação de negociar, e entrar no jogo, com todas essas potências, de igual para igual, e, nunca mais de forma subalterna. Sob a pena de perder o lugar que nos cabe neste novo mundo e neste novo século.
 
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Contraponto 14.644 - "Datafolha repete façanha de 2010"

 

29/08/2014

Datafolha repete façanha de 2010


 Do Cafezinho - 29/08/2014


Por Miguel do Rosário, postado em agosto 29th, 2014

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Em abril de 2010, mesmo com o governo Lula pontificando com uma popularidade de 73%, o instituto Datafolha estimava que Serra teria 50% dos votos num eventual segundo turno, contra 40% de Dilma.

Pouco mais de 1 mês depois, sem campanha na TV, Dilma ultrapassaria Serra, com 46% a 45%.

dilma serra
dilma serra

Pouco mais de 1 mês depois, sem campanha na TV, Dilma ultrapassaria Serra, com 46% a 45%.
dilma serra
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Pouco mais de 1 mês depois, sem campanha na TV, Dilma ultrapassaria Serra, com 46% a 45%.
dilma serra
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Ironicamente, são os mesmos números que atribuem hoje à Marina (50%) e Dilma (40%).

Depois que Dilma deixou claro, no debate na Band, que pensa em fazer uma “regulação econômica” da mídia, alguns escrúpulos podem estar sendo deixados de lado pelos institutos de pesquisa.

Ah, não, o fato de estarmos no fim de agosto não quer dizer nada. Ou melhor, é vantagem para Dilma, porque se, em 2010, ela conseguiu mudar uma diferença de 10 pontos para uma vantagem de 1 ponto, em pouco mais de 30 dias, sem ajuda de rádio e TV, então ela pode agora, com ajuda de rádio e TV, repetir o feito e desmontar uma possível armação estatística.
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Contrasponto 14.643 - "Direita tenta reeditar 1960 e 1989 em 2014, por Diogo Costa"

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29/0/2014

 

Direita tenta reeditar 1960 e 1989 em 2014, por Diogo Costa

 




LAMENTAVELMENTE A HISTÓRIA SE REPETE - Algumas pessoas ficam cheias de dedos para comentar sobre o processo eleitoral atual. Não é hora para omissões. A história brasileira é que subsidia o conteúdo desse texto.

Em 1960 Jânio Quadros se elegeu presidente da república pelo PTN (com o apoio da UDN). O PTN era um micro partido que nem de longe estava no centro da política nacional, como estavam a própria UDN, o PSD e o PTB.

Em 1989 Fernando Collor de Mello se elegeu presidente da república pelo PRN. O PRN era um micro partido que com muito gosto abraçou as pretensões da "nova política" de Collor, egresso da ARENA, do PDS e do PMDB.

Em 2014 a direita quer repetir o fenômeno com uma candidatura laranja, que usa o PSB como barriga de aluguel e que um dia depois da eleição irá para o micro partido Rede, espécie de PTN ou PRN dos dias de hoje.

Tanto Jânio Quadros quanto Collor se auto definiam como figuras acima dos partidos tradicionais. Criticavam a política em si, os partidos políticos e os próprios políticos.

Se apresentavam como mui dignos representantes da "nova política" que iria sanear e moralizar o Brasil...

É o mesmo discurso falso, cínico e mentiroso da moça lá do Acre.

A Rede, que sequer foi criada ainda, o PTN e o PRN tem em comum o fato de serem legendas pequenas e sem contornos ideológicos e programáticos bem definidos.

Em 1961, sem conseguir uma base de apoio minimamente confiável no Congresso Nacional, Jânio renuncia e mergulha o país numa violenta crise institucional.

O golpe só não vei ali mesmo graças a atuação corajosa e certeira do então governador gaúcho, Leonel Brizola, e da sua Campanha da Legalidade que garantiu a posse constitucional de João Goulart.

Em 1992 Collor sofreu um impeachment, muito mais por ter se isolado no Congresso e por estar num partido pequeno e irrelevante como o PRN.

A história está aí para quem quiser ver e estudar.

Àqueles que negam a política e os partidos políticos, ao contrário do que dizem, deseducam as massas e são os verdadeiros representantes das ideias mais reacionárias que se possa imaginar.
Em outras palavras, são apenas farsantes.

Farsantes com um discurso falsamente moderno que se coloca acima da política, acima dos partidos, acima dos políticos e acima das instituições.

Não existe nada mais conservador e de extrema direita do que esse messianismo que falsamente paira acima de tudo e de todos.

Marina Silva é uma espécie de Jânio Quadros ou de Fernando Collor de Mello. Nada mais do que isto.

Cabe àqueles que tem um mínimo de conhecimento histórico, impedir que o Brasil de 2014 caia novamente numa aventura da extrema direita.


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PITACO DO ContrapontoPIG

Célvio Brasil Girão 


- Dilma representa a continuação dos avanços inegáveis que o Brasil vem alcançando.

- Aécio represente um tiro no pé. Um retrocesso à era FHC.

- Marina significa um salto no escuro. Uma volta da direita nefasta ao poder. Um tiro no ouvido. Uma tragédia para o povo do nosso País. Um atraso na integração da América Latina.


Espero não testemunhar pela terceira vez na minha vida,  aos 68 anos de idade, um novo e funesto descaminho à direita pelo Brasil.

Amarguei 1960 com Jânio. 

Assisti em 1964 a queda de Jango e a posterior noite de terror que veio em seguida

Sofri em  1989 com Collor. 

E espero que em 2014  o eleitorado ingênuo e manipulado pela mídia de direita não embarque na canoa furada e na cabeça oca de Marina Silva e sua abjeta turma de banqueiros e empresários a serviço do capital financeiro internacional. 

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Contraponto 14.642 - "Marina abre o jogo e diz a que veio"

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29/08/2014

 

Marina abre o jogo e diz a que veio

 

Não contente de ser guindada à candidata da direita brasileira, Marina assume também a representação do capital financeiro internacional e da agenda dos EUA.

 
 
Carta Maior - 29/08/2014 às 11:34




Emir Sader


 Emir Sader

As políticas externa e interna estão estreitamente associadas. Uma define o lugar do país no mundo, a outra, a relação com as forças internas.

A política externa de subordinação absoluta aos EUA da parte do governo FHC se correspondia estreitamente com o modelo neoliberal no plano interno. A política externa soberana do governo Lula se relaciona indissoluvelmente com o modelo interno de expansão economica com distribuição de renda e ampliação do mercado interno de consumo popular.

Significativo o silêncio dos candidatos da oposição sobre política exterior, do Mercosul aos Brics, passando por Unasul, Celac, Banco do Sul, Conselho Sulamericano de Defesa. De repente, talvez revelando excessiva confiança nas pesquisas, a Marina lança os primeiros itens do seu programa, incluindo política externa e seus desdobramentos.

Lança a ideia de baixar o perfil do Mercosul, velho sonho acalentado pelos entreguistas locais e pelos governos dos EUA.

Como contrapartida, o programa dos marinecos destaca a importância que daria a acordos bilaterais. Ninguem tem dúvida de que ela se refere primordialmente a algum tipo de Tratado bilateral com os EUA, projeto do governo FHC que foi sepultado pelo governo Lula.

Pode-se imaginar as projeções dessa postura proposta pela Marina para outros temas, como Unasul, Celac e Brics. Significaria estender esse perfil baixo para essas outras instituições justamente no momento em que os Brics fundaram novas instituições, que projetam um mundo multipolar, e o Mercosul e Unasul retomam uma dinâmica de fortalecimento.

É tudo o que os EUA gostariam: deslocar o Brasil, país chaves nessas novas configurações de força no plano internacional, para voltar a ser um aliado subalterno deles e porta voz das suas posições, hoje tão isoladas. Dar golpes mortais no Mersosul e na Unsaul, enfraquecer as posições dos Brics.

A equipe de direção do programa da Marina é inquestionavelmente neoliberal: Andre Lara Resende, Neca Setubal, Eduardo Gianetti da Fonseca, Neca Setubal. A independência (do governo e dos interesses públicos) do Banco Central (e sua subordinação aos bancos privados) desenha uma política interna em consonância com acordos bilaterais com os EUA, em que entre o pré-sal como espaço de uma nova aliança subordinada com o império dos EUA.

Não contente de ser guindada à candidata da direita brasileira, Marina assume também a representação do capital financeiro internacional e do império norteamericano. Mostra a que veio.
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Contraponto 14.641 - "Dilma afoga Bláblá no pré-sal"

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29/08/2015

Dilma afoga
Bláblá no pré-sal

 

Energia do cuspe não resolve o problema … 




Dilma: "A energia solar e eólica são complementares à hidrelétrica". (Foto: Muda Mais)

Em entrevista nesta sexta-feira (29), a Presidenta Dilma Rousseff defendeu as políticas adotadas pelo país na exploração da camada do pré-sal e na geração de energia. “O pré sal é a grande descoberta do país. Uma riqueza finita vai fazer parte de uma riqueza perene, a educação”, disse a candidata à reeleição.

Dilma foi questionada após o jornal O Globo noticiar que a campanha de Marina Silva, candidata à presidência pelo PSB,  deixou o pré-sal em segundo plano no programa de governo.

Sobre a prioridade no uso das energias eólica e solar, que consta nos planos da adversária, a Presidenta citou a necessidade do país no setor. “Um país que precisa de 70 mil megawatts demanda hidrelétrica. A energia solar e eólica são complementares à hidrelétrica”, esclareceu Dilma.

“Nós somos um país que emite menos gás carbônico ao meio ambiente”, lembrou a candidata petista, para completar: “Eu acredito que se respeitarmos o meio ambiente é o melhor para a produtividade no Brasil. Somos o quinto país da indústria naval”.

A Presidenta esteve no Senac Cimatec, em Salvador (BA), onde disse também:

“Nós temos que criar um Brasil sem burocracia e reduzir a tributação. E também uma reforma política, ouvindo povo brasileiro”

“O segundo semestre de 2014, o PIB será melhor”.

“A Bahia me mostrou como o ensino técnico é o futuro do país”.

“61% de mulheres fazem o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) aqui na Bahia”.



Alisson Matos, editor do Conversa Afiada

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Contraponto 14.640 - "Luz para Todos"


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29/08/2014

Luz para Todos

Energia elétrica tira 15,2 milhões da escuridão


BrasilMudança - 29/08/2014

Imagina se você não pudesse ver televisão. Nem curtir qualquer coisa na internet. Se fosse obrigado a acender uma vela para estudar à noite. Se não tivesse direito de tomar uma água gelada ou um banho quente.
  Conheça as populações que são priorizadas pelo Luz para Todos:
 
• pessoas domiciliadas em áreas de concessão e permissão cujo atendimento resulte em elevado impacto tarifário, de acordo com critérios a serem definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL

• pessoas atendidas pelo Programa Territórios da Cidadania ou pelo Plano Brasil Sem Miséria, em sua ampla maioria localizadas nas regiões Norte e Nordeste

• projetos de eletrificação em assentamentos rurais, comunidades indígenas, quilombolas e outras comunidades localizadas em reservas extrativistas ou em áreas de empreendimentos de geração ou transmissão de energia elétrica, cuja responsabilidade não seja do respectivo concessionário; e escolas, postos de saúde e poços de água comunitários.

• Quer saber mais como o Luz para Todos muda a vida de milhões de brasileiros?


Leia Luz para Todos – Um marco histórico

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Contraponto 14.639 - "Filha de Chico Mendes: Marina é ponto de interrogação "

A filha de Chico Mendes, Ângela Mendes, crava seu apoio a presidente Dilma Rousseff e diz que Marina é “um enorme ponto de interrogação”.

Leia a declaração feita pelo Facebook:

Ok, alguns amigos me pediram uma posição sobre a candidatura da Marina e a menção que ela fez ao meu pai como sendo ele da “elite”.

Vamos lá, eu respeito e admiro muito a Marina pela sua trajetória de vida, pelo esforço pessoal com que venceu todas as dificuldades impostas à ela como o analfabetismo, doenças e toda espécie de discriminação, até pelo modo com que consegue envolver a todos com seu discurso ecologicamente correto e bem acabado, mas pra mim isso não basta pra governar um Brasil como o de hoje, tenho muitas dúvidas, de todos os tipos, Marina pra mim ainda é um enorme ponto de interrogação, pra começar: desistiu do PT (utopia do passado) quando poderia ter resistido como fazem hoje tantos PTistas históricos mesmo não tendo o mesmo espaço que a elite que tenta dominar o partido, não resistiu à pressão enquanto ministra quem me garante que vai resistir à pressões ainda mais forte se eleita presidente? Com tantas concessões feitas pela cúpula do PSB, aliás todas as concessões possíveis, penso eu que será que tramam as cabeças pensantes desse partido caso consigam eleger Marina? Terá ela realmente liberdade pra governar? Não sei, como será esse mandato em rede, apenas com os melhores? Quem são esses melhores e quais critérios serão utilizados pra escolha desses “melhores”? minhas dúvidas são pra Marina, mas minhas esperanças são pra companheira Dilma, que ela consiga, se eleita, continuar melhorando o Brasil, com uma política que tem problemas mas que não admite dúvidas.

Ah, quanto ao fato do Chico ser da elite, considero que foi apenas uma infeliz comparação, nem precisa de todo esse mimimi.
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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Contraponto 14.638 - "Sim, voto 13 Dilma Rousseff, pelo menos por 60 razões."... e mais umas 'coisinhas'


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28/08/2014

 

Sim, voto 13 Dilma Rousseff, pelo menos por 60 razões.

 

Renova Santa Catarina - 28/08/2014 

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dilmanosbraosdopovo
Um texto está rodando no facebook listando 60 razões que o eleitor tem para votar em Dilma… segue a lista.

1 – Sim pelo Prouni.
2 – Sim pelo Pronatec.
3 – Sim pelo Pronaf.
4 – Sim pelo Minha Casa Minha Vida.
5 – Sim pelo Luz Para Todos.
6 – Sim pelo Água Para Todos.
7 – Sim pelo Ciências sem Fronteiras.
8 – Sim pela redução do desemprego a menos de 5%.
9 – Sim pelo pagamento da dívida com o FMI e ainda virar credor do mesmo.
10 – Sim pela inflação cortada pela metade.
11 – Sim pelo Fome Zero que matou a fome de 30 milhões de brasileiros.
12 – Sim pelos 50 milhões que agora tem consulta médica.
13 – Sim pela redução de 20% nas internações em hospitais como efeito do Mais Médicos.
14 – Sim pelo fim do uso privado do dinheiro público em aeroportos e afins.
15 – Sim pelo Brasil entre as 7 maiores economias do mundo.
16 – Sim pelas 18 Universidades Federais construídas.
17 – Sim pelas 370 escolas técnicas construídas.
18 – Sim pela destinação de 10% do PIB para a educação.
19 – Sim pelo governo que pune doa a quem doer os responsáveis por atos de corrupção.
20 – Sim pelo não racionamento de água em energia.
21 – Sim pela triplicação da destinação da verba pra saúde e educação.
22 – Sim pela quantidade de emprego farto.
23 – Sim pela facilidade de se fazer curso superior.
24 – Sim pela primeira vez em que cidades do interior se beneficiam de fato com investimentos federais.
25 – Sim pelo PAC Infraestrutura.
26 – Sim pelo PAC Mobilidade Urbana.
27 – Sim pelo PAC Saneamento Ambiental.
28 – Sim pela redução do desmatamento na Amazônia.
29 – Sim pelo Pre-Sal.
30 – Sim pelo Proinfa de estímulo à energia alternativa, limpa e renovável.
31 – Sim pelo fortalecimento do MPF, CGU e TCU no combate à corrupção.
32 – Sim pela política econômica de controle da inflação com inclusão social.
33 – Sim pela liderança na criação dos BRICS.
34- Sim pela instituição de uma política de relação internacional que abre mercados nos países emergentes sem fechar as portas dos países industrializados.
35 – Sim pelo fortalecimento do Mercosul.
36 – Sim pela valorização das relações culturais com os povos latino-americanos.
37 – Sim pela construção de uma nova imagem do Brasil perante o mundo.
38 – Sim pela aprovação da Lei Maria da Penha que aumentou em 390% a rede de atendimento à mulher.
39 – Sim pelo Mais Cultura, fortalecendo as artes, a tradição e o folclore brasileiras.
40 – Sim pela estruturação da Defensoria Pública da União – DPU.
41 – Sim pela realização das metas dos Objetivos do Milênio da ONU de redução da pobreza e da mortalidade infantil e aumento do abastecimento público de água potável.
42 – Sim pelo compromisso de novas metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
43 – Sim pela destinação de 75% para educação e 25% para saúde dos royalties do petróleo.
44 – Sim pela realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil.
45 – Sim para que o Brasil do neoliberalismo de 12 anos atrás não volte NUNCA MAIS!
46 – Sim pelo aumento das reservas de 360 bilhões de dólares negativos no governo FHC para meio bilhão positivo no governo trabalhista;
47 – Sim pela redução da inflação de 1,5% ao mês no governo neoliberal para 0,01% em julho 2014;
48 – Sim pela abertura de 17 mil leitos hospitalares na rede preventiva de saúde pública; 49 – Sim pela estruturação da órgão competente, formado por Procuradores da República, Delegados da PF e Auditores da Receita Federal para a recuperação de U$ 20 bilhões de ativos desviados pela prática de crimes de corrupção, exportação e lavagem de capital;
49 – Sim pelas 2.300 operações da Polícia Federal – FHC de Lula e Dilma de combate à corrupção, comparadas às 40 realizadas durante 8 anos durante o governo FHC;
50 – Sim pelo combate sistemático, organizado e institucionalizado de combate à corrupção (Paulo Octávio, do PSDB/DEM – DF, por ex., foi obrigado a devolver R$ 600 milhões aos cofres públicos);
51 – Sim pela aprovação da Emenda Constitucional que enquadrou a corrupção como crime hediondo;
52 – Sim pela aprovação e regulamentação das leis penais de tipificação dos crimes de quadrilha, organização e associação criminosa, tornando possível acusar, julgar, condenar, prender os criminosos de colarinho branco, além de recuperar o produto do crime (dinheiro e bens) para o patrimônio público e o erário;
53 – Sim por liderarem um partido que, embora há 12 anos no Poder Central, é o menos corrupto do Brasil, segundo dados do TSE;
54 – Sim pelo fortalecimento do esporte olímpico brasileiro, que passou a conquistar medalhas em setores nobres como ginástica;
55 – Sim pelo PRONAF de estímulo à agricultura familiar e à reforma agrária;
56 – Sim pelo Brasil Sorridente que incluiu o tratamento de dentes na rede pública de saúde;
57 – Sim pelo Viver Limites de atenção à pessoa portadora de deficiência física;
58 – Sim pelo apoio à luta do Movimento dos Sem Teto e do Movimento dos Sem Terra;
59 – Sim pelo Brasil Sem Miséria, o maior programa de ascensão social do Mundo;
60 – Sim por um punhado de outras conquistas, porque tenho que dormir para retomar o batente amanhã cedo…


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PITACO DO ContrapontoPIG 


Só acrescentando algumas "coisinhas"...

- Sim pela transposição do Rio São Francisco que beneficiará a  12 milhões de nordestinos em 390 cidades;

- Sim pelo trabalho gigantesco desenvolvido com vistas ao fortalecimento da integração da América Latina;

- Sim  pela política externa posta em prática com a participação do Brasil no BRICS  que marcará a participação do nosso País na multipolarização  do poder no Mundo.

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Contraponto 14.637 - "Manchetes de jornais enviesam percepção do brasileiro, eis o saldo da pesquisa Ibope"

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28/07/2014  

 

Manchetes de jornais enviesam percepção do brasileiro, eis o saldo da pesquisa Ibope

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Enviado por João de Deus
Da Rede Brasil Atual

Povo vai bem, mas noticiário o induz a achar que o país vai mal


Segundo Ibope, avaliação do governo Dilma sobe e maioria (76%) se diz satisfeita com a vida. E se 30% pensam que a economia vai mal, como pode 68% acharem que sua vida estará melhor em 2015?


 REPRODUÇÃO
crise.jpg
Como pode o povo estar otimista com o futuro e ao mesmo tempo acreditar que a economia vai mal?

por Helena Sthephanowitiz

Na pesquisa Ibope divulgada na terça-feira (26), Dilma Rousseff (PT) subiu dois pontos na espontânea, chegando a 27%. Marina Silva (PSB) teve 18%, e Aécio Neves (PSDB), 12%. A pesquisa espontânea é aquela que reflete melhor a firmeza do voto, porque apenas pergunta em quem o eleitor votará, sem mostrar nenhuma lista de nomes. Responde quem já tende a ter definido o candidato de sua preferência.

Na sondagem estimulada, feita em seguida, mostra-se um disco com as opções de candidatos, e o pesquisado escolhe um dos nomes. Quem só responde diante do disco de opções tem queda por aquele candidato naquele momento da sondagem, mas é mais incerto se a intenção declarada se converterá em voto na urna.

Na simulação de primeiro turno estimulada, segundo o Ibope, Dilma cresce pouco em cima da espontânea. Sobe de 27% para 34% no primeiro turno e para 36% no segundo turno. Nota-se que 34% corresponde a quem avalia o governo da presidenta com bom e ótimo, o que pode representar seu piso de votos, abaixo do qual ela dificilmente cai. Há outros 36% que avaliam seu governo como regular, e pelo menos uma parte destes votará em Dilma, coisa que a pesquisa não captou, mas significa que a campanha da presidenta tem todo este segmento do eleitorado para explorar e crescer.

Se apenas um terço de quem avalia o governo como regular, com viés positivo, votar em Dilma, a probabilidade de vitória da presidenta continua alta.

Marina sobe de 18% na espontânea para 29% na estimulada no primeiro turno e para 45% num eventual segundo turno. Seu momento eleitoral é o melhor possível. Mas algo próximo de certeza de votos mesmo ela só tem de cerca de 18% dos pesquisados. Os demais ela ainda precisa convencer o eleitorado a converter em intenção em voto. Marina tem o nome conhecido por ter participado das eleições de 2010 com boa votação, mas não tem propostas bem conhecidas.

É uma faca de dois gumes. Ela pode tanto consolidar votos como perdê-los, quanto mais suas propostas (ou falta delas) forem conhecidas. Uma coisa é simpatia por uma imagem abstrata de novidade, como uma roupa que parece bonita na vitrine de uma loja. Outra coisa é o conhecimento mais profundo da candidata e avaliar o que ela pode fazer de fato nos próximos quatro anos, se vencer. É como experimentar a roupa da vitrine para decidir se compra. Pode não vestir bem no corpo da pessoa como parecia na vitrine.

Dilma sobe de 27% na espontânea para 36% no segundo turno, sempre segundo o Ibope. Marina salta de 18% para 45% na mesma simulação. Dilma sobe só um terço de seus votos firmes na sondagem do princípio ao fim do processo eleitoral. Marina mais do que dobra, subindo uma vez e meia. É improvável que ao longo da campanha eleitoral Dilma conquiste tão poucos novos votos e Marina conquiste tanto sozinha. Seria necessário Dilma fazer tudo errado e Marina tudo certo para isso acontecer.

Aécio é quem está em maiores apuros. Tem 12% de votos firmes na espontânea e 19% na estimulada de primeiro turno, e corre o risco de ver sua candidatura esvaziar-se mais se consolidar a polarização entre Dilma e Marina. Precisa provocar uma difícil reviravolta para voltar ao jogo.

Na prática, mesmo na simulação de segundo turno que é apenas uma sondagem pouco confiável nesta fase da campanha, se for para levar a sério os números do Ibope, o que se pode concluir é que as intenções de votos declaradas em Dilma estão próximas de seu piso, batendo com as avaliações de bom e ótimo de seu governo. As em Marina estão próximas de seu teto. Logo, Dilma tem espaço, e muito, para crescer. Já Marina tem que se esforçar para não cair.

A própria pesquisa mostra a avaliação do governo Dilma subindo. Mostra também uma coisa inusitada. A grande maioria dos brasileiros (76%) diz estar satisfeita com a vida atual que leva. E 43% acham que sua própria situação econômica está boa ou ótima. Só 13% acham que está ruim ou péssima. Outros 68% estão otimistas acreditando que sua própria vida estará melhor em 2015.

Quando perguntados sobre a economia do país, a situação se inverte: 30% dizem estar ruim ou péssima, contra 24% dizendo que está boa ou ótima. Mesmo assim, 45% acham que a economia do Brasil estará melhor no ano que vem contra apenas 13% que acham que estará pior.

Como pode o povo se sentir bem economicamente, estar otimista com o futuro e ao mesmo tempo acreditar que a economia “do país” vai mal? Só o efeito do noticiário extremamente negativo sobre a economia, descolado da realidade, explica. Colar as duas realidades é, talvez, o maior desafio da campanha de Dilma. Para alegria de seus correligionários, é relativamente fácil explicar o óbvio: que o Brasil é exatamente o mesmo país onde o povo brasileiro vive, e não o das manchetes alarmistas que mais parece um país estrangeiro, que nada tem a ver com onde vivemos.

Aquela história de votar com a mão no bolso, de acordo com a sensação de bem-estar social, favorece Dilma, mas ainda não está refletida nas intenções de voto, por uma abstrata visão negativa do país propagada no noticiário, como se os brasileiros não vivessem nele. É muito improvável que esse quadro permaneça até o fim das eleições. Esse é o maior desafio da campanha de Marina Silva, além de contradições sobre a tal “nova política”, a começar por suposto uso de empresas laranjas, com indícios de caixa dois, para bancar despesas de campanha da chapa Eduardo-Marina, no caso do jatinho.
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