terça-feira, 29 de novembro de 2016

Nº 20.411 - "Se for mesmo para os Estados Unidos, Moro já vai tarde. Por Paulo Nogueira"

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29/11/2016

 

Se for mesmo para os Estados Unidos, Moro já vai tarde. Por Paulo Nogueira

 

Bye

Bye



Paulo NogueiraEnfim uma boa notícia.

Moro planeja passar um ano nos Estados Unidos, depois da Lava Jato. Seria, segundo a colunista Mônica Bergamo, entre 1918 e 1919.

Bem, antes de tudo, é difícil crer que a Lava Jato chegue ao fim. São já dezenas de operações e fases, e não se vê sinal de desfecho.

É mais provável que ela vá murchando, e murchando, e murchando — até sumir. Onde foram parar aquelas ações espetaculares, transmitidas euforicamente pela mídia?

A real missão da Lava Jato — derrubar o governo de Dilma — já foi alcançada.
Se for mesmo para os Estados Unidos, Moro já vai tarde. O Brasil tem que tirar férias de Moro. De preferência, esquecê-lo, por tudo que ele representou e representa.

Moro simboliza a antijustiça. Ele é a negação do conceito de imparcialidade da Justiça. Nisso tem a companhia de Gilmar Mendes, mas há uma grande diferença entre os dois: Moro tem muito mais poder.

Por isso é bem mais deletério que Gilmar.

Gilmar fala muito, mas pode fazer pouco. Moro pode fazer muito sem falar nada.

Quando se fizer um balanço de Moro e da Lava Jato, se verá que os prejuízos superaram amplamente os ganhos.

Combate à corrupção pela metade — só vale pegar petistas — é um mal terrível. Você luta de mentirinha contra a roubalheira. Você usa a Justiça para perseguir seus inimigos, e ponto. Os costumes se corrompem. É o triunfo do cinismo e da hipocrisia.

Considere os efeitos práticos de Moro e sua criatura. Sob o pretexto da corrupção, uma mulher honesta foi encurralada até ficar sem saída e ser apeada do poder.

Tudo isso para colocar no Planalto Temer, Jucá, Geddel e tantos outros do gênero. Se fosse pela corrupção, não seria assim.

No golpe de 1964, pelo menos as aparências foram mantidas inicialmente. A corrupção foi, como agora, brutalmente usada como pretexto pelos golpistas. Mas o militar posto na presidência, Castelo Branco, tinha a aura de um homem incorruptível, simples, frugal. Note: eu disse “aura”.

Nem isso Temer tem. O que o aproxima de Castelo é um detalhe físico: a ausência de pescoço.

Os filhos da Lava Jato são dantescos. Temer é filho da Lava Jato. A crise política e econômica que nos flagela é filha da Lava Jato. A impunidade insuportável de corruptos como Aécio, Serra e Alckmin é filha da Lava Jato.

É este o legado de Moro. Pioramos e muito depois dele. Os fatos, os números, as estatísticas estão aí.

Éramos uma democracia que avançava — lentamente, é certo — na igualdade social. Somos agora uma República de Bananas voltada, como sempre aconteceu, para os ricos. Para os privilegiados. Para a plutocracia.

Moro já vai tarde.

Bye.

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Sobre o Autor
Paulo Nogueira. Jornalista,  fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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Nº 20.410 - "Policiais agridem covardemente manifestantes contra PEC 55"

 

29/11/2016

 

Policiais agridem covardemente manifestantes contra PEC 55



Jornal GGN – Uma multidão pacífica na Esplanada dos Ministérios se viu em meio a um verdadeiro campo de batalha. Estudantes, trabalhadores e movimentos sociais mobilizados contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (`PEC) 55, já aprovada na Câmara dos Deputados em dois turnos, e que está sendo discutida agora no Senado, foram agredidos covardemente por Policiais. O padrão já conhecido em outras manifestações ganhou mão pesada em Brasília e fotos já começam a aparecer na internet, mas sem grandes relatos. Veja as fotos da caminhada antes e depois do início da violência. As fotos são de várias fontes: Mídia Ninja, Secundaristas, Levante Popular da Juventude e do movimento Ocupa Brasília. Agora Brasília se transformou em uma praça de guerra.






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Nº 20.409 - "Pimenta: Ordem era “atacar sem negociação”; violência assemelha-se à da PM paulista quando Alexandre de Moraes era secretário; veja o vídeo"

 

29/11/2016 

 

Pimenta: Ordem era “atacar sem negociação”; violência assemelha-se à da PM paulista quando Alexandre de Moraes era secretário; veja o vídeo

 

Viomundo - 29 de novembro de 2016 às 21h43

 
 
PRAÇA DE GUERRA: ESTUDANTES CONTRA A PEC 55 SÃO MASSACRADOS EM BRASÍLIA; ORDEM ERA “ATACAR SEM NEGOCIAÇÃO”, DISSERAM POLICIAIS
PALÁCIO DO PLANALTO PODE ESTAR POR TRÁS DOS ATAQUES

da página deputado Paulo Pimenta


Com extrema violência, gás e bombas, a Polícia Militar do DF massacrou estudantes que realizavam manifestação, em frente ao Congresso Nacional, contra a Pec 55. Militantes de extrema-direita estavam infiltrados na manifestação provocando quebra-quebra para causar tumulto e ação da Polícia contra os estudantes.

Uma mulher que protestava contra a Pec 55 foi agredida. Já no chão, teve a cabeça chutada por um policial, gerando indignação dos manifestantes.

Parlamentares do PT chegaram ao local para negociar o fim do massacre, mas as autoridades policiais não aceitaram qualquer acordo, e continuaram avançado sobre a população. Os deputados e deputadas por diversas vezes tentaram fazer um cordão em frente aos policiais, em uma tentativa de proteger os manifestantes.

O deputado Paulo Pimenta tentou intervir de maneira reiterada, pedindo à Polícia o fim dos ataques, do gás e do lançamento de bombas, para que os parlamentares pudessem conversar com os estudantes. Mas, como afirmou um policial, a ordem era “atacar”.

Acredita-se que a ordem de ataque possa ter vindo do Palácio do Planalto, por meio do Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, já que a operação que ocorreu nesta tarde em Brasília conteve muita violência, semelhante as ações da Polícia Militar do Estado de São Paulo, quando Alexandre de Morais era secretário de Segurança de Geraldo Alckmin.

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Nº 20.408 - "Golpe fez de Brasília uma praça de guerra"

 

29/11/2016

 

Golpe fez de Brasília uma praça de guerra 

 

Brasil 247 - 29/11/2016

 

Esta terça-feira 29 foi o retrato acabado da tragédia brasileira; de país admirado no mundo, que vivia uma situação de pleno emprego em 2014, o Brasil colhe os resultados do golpe e viu sua capital ser transformada em praça de guerra por um governo de legitimidade cada vez mais questionada que tenta empurrar goela abaixo da sociedade um congelamento de gastos pelos próximos vinte anos; diante da resistência dos movimentos sociais e dos estudantes, o governo Temer, que já corre o risco de sofrer um processo de impeachment, respondeu com bombas e repressão; vídeos

247 – O Brasil começou a colher, nesta terça-feira, os frutos do golpe parlamentar articulado por PMDB e PSDB, que sempre teve, como principal objetivo, afastar uma presidente honesta e blindar políticos corruptos.

No dia de hoje, Brasília foi transformada numa verdadeira praça de guerra, depois que mais de 10 mil pessoas tomaram a Praça dos Três Poderes para protestar contra a PEC 55, que congela gastos públicos pelos próximos vinte anos.

Se, em 2014, o Brasil vivia uma situação de pleno emprego e enfrentava uma queda pontual da arrecadação, que poderia ter sido enfrentada com um rápido ajuste fiscal, hoje há 12 milhões de desempregados e um rombo que se aproxima de R$ 200 bilhões, decorrente da sabotagem criada para viabilizar a tomada do poder.

Confira vídeo com a senadora Fátima Bezerra:

 http://content.jwplatform.com/previews/HOckD1bu-DuilVqSN
 http://content.jwplatform.com/previews/HOckD1bu-DuilVqSN
Abaixo, reportagem, da Agência Brasil

Luciano Nascimento e Mariana Tokarnia - Repórteres da Agência Brasil

Após quase três horas do início das manifestações cotra a PEC do Teto dos Gastos Públicos, o clima ainda é de tensão e de confronto entre policiais militares e manifestantes na Esplanada dos Ministérios.
Grupos de manifestantes atearam fogo em banheiros químicos e se reagruparam nos arredores da Biblioteca Nacional e do Museu da República, próximo da rodoviária, onde fizeram nova barricada.
Muitos buscaram se proteger nos ônibus que trouxeram as comitivas que participam dos protestos, enquanto outros se dispersaram em direção à Estação Rodoviária.

A Polícia Militar reforçou o contigente com integrantes do Batalhão de Choque e um helicóptero da corporação continua sobrevoando o local.

Até o momento, não há novas informações sobre detenções.

MEC

Durante a manifestação, o Ministério da Educação (MEC) foi invadido e depredado por um grupo de 50 a 100 pessoas, algumas encapuzadas, segundo relatos da assessoria de imprensa do órgão.

Os manifestantes tocaram fogo em pneus, no lixo, quebraram as entradas do ministério e caixas eletrônicos. De acordo com a assessoria, o grupo usou barras de ferro e pedras e alguns tinham coquetel molotov. Eles subiram até o segundo andar do prédio. A Polícia Militar evacuou o edifício e alguns manifestantes foram presos.

A PM ainda não se manifestou sobre o ocorrido. Em nota, o ministro da Educação, Mendonça Filho, condenou "de forma veemente os fatos ocorridos hoje na Esplanada dos Ministérios, particularmente no MEC".

"Os servidores do ministério viveram um clima de terror. Isso é inaceitável. Como democrata que sou, entendo o direito de protesto, mas de forma civilizada, respeitando o direito de ir e ir. O que vimos hoje foram atos de violência e vandalismo contra os servidores públicos e contra o patrimônio", disse.
UNE

Em nota, a União Nacional dos Estudantes (UNE), uma das entidades que convocaram o ato, afirma que a manifestação organizada pelos movimentos estudantis e sociais hoje "foi um ato pacífico, democrático e livre contra a PEC 55".

A entidade diz que não incentivou qualquer tipo de depredação do patrimônio público. "O que nos assusta e nos deixa perplexos é a Polícia Militar do governador Rollemberg jogar bombas de efeito moral, gás de pimenta, cavalaria e balas de borracha contra estudantes, alguns menores de idade, que protestam pacificamente. Esse é o reflexo de um governo autoritário, ilegítimo e que não tem um mínimo de senso de diálogo", diz a nota.

Primeiro, a UNE disse que 15 mil pessoas participavam do ato. Agora, são 50 mil manifestantes, segundo a entidade. A Polícia Militar do Distrito Federal diz que cerca de 10 mil pessoas participam do ato.

O grupo caminhou até a frente do Congresso para protestar contra a PEC. Ao chegar ao gramado, houve tumulto e confronto entre os manifestantes e a polícia. O conflito se intensificou quando um grupo de manifestantes virou um carro de reportagem estacionado próximo à rampa do Congresso.

A polícia reagiu disparando bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo. O arquivamento da PEC 55, PEC do Teto, é uma das principais pautas do movimento de estudantes que organizaram caravanas para vir à capital, com mais de 300 ônibus. Hoje o Senado vota, em primeiro turno, a proposta que limita os gastos do governo federal pelos próximos 20 anos. O ato em Brasília é organizado por entidades estudantis e educacionais, entre elas a UNE, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).

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Nº 20.407 - "Balanço da tragédia: 71 mortos e seis sobreviventes"

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29/11/2016

 

Balanço da tragédia: 71 mortos e seis sobreviventes

Chapecoense seguia para final da Copa Sul-Americana

 
Conversa Afiada - publicado 29/11/2016
 
 
Chapecoense1.jpg
Reprodução: Inforiente
Via Terra:

As autoridades da Colômbia confirmaram 71 mortos e seis feridos no acidente que chocou o mundo na madrugada desta terça-feira. A tragédia aconteceu com o avião que levava a delegação da Chapecoense para a cidade de Medellín.

Através das redes sociais a Unidade Nacional de Gestão de Riscos e Desastres (UNGRD) da Colômbia informou o encerramento das buscas e os números. O líder do grupo de busca da UNGRD, Carlos Iván Márquez, ainda esclareceu que os números oficiais foram corrigidos após informação que quatro passageiros não embarcaram.

- Quero informar que às 15h (horário local e 19h de Brasília) encerramos a operação de busca e resgate das pessoas que estavam no voo acidentado. O balanço é o seguinte: seis pessoas feridas e 71 pessoas falecidas. O total era de 77 pessoas. O balanço final foi ajustado já que quatro pessoas não viajaram de última hora - disse Márquez.

(...)


Chapecoense enfrentaria o Atlético Nacional de Medellín pela final da Copa Sul-Americana (Reprodução: BBC/AFP)

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Nº 20.406 - "Lula: que o poder volte ao povo!"

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29/11/2016

Lula: que o poder volte ao povo!

Eleição já!

Conversa Afiada - publicado 29/11/2016
 
 
Lula - Povo.jpg
Crédito: Fotos Públicas


Do Uol:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (29) que não é a favor de um impeachment do presidente Michel Temer, mas defendeu eleições diretas para o "povo voltar a exercer seu direito de voto".

(...)

"Eu gostaria que tivesse eleição direta para presidente da República, que se marcasse uma data, convocasse eleições e povo pudesse voltar a exercer seu direito de voto", disse Lula.

Na entrevista, Lula também voltou a dizer que poderá ser candidato à Presidência em 2018.

(...)

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Nº 20.405 - "Ouça, Fidel tem algo a nos dizer "

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29/11/2016

 

Ouça, Fidel tem algo a nos dizer 

 

Num tempo em que a utopia perdeu seu horizonte de transição, ele ergueu uma ponte inconclusa que fala aos nossos desafios e hesitações.


Carta Maior  - 26/11/2016 12:15

  Wikipedia
O percurso de Fidel Castro foi tão intenso que por muito tempo será como se continuasse por aqui.
Sua relevância vincula-se à da ilha na qual lutou como um leão para provar que certas ideias pertenciam ao mundo através da ação.
Deixar uma obra inconclusa, porém não derrotada, em disputa, foi sua maior vitória.
Num tempo em que a utopia perdeu o seu horizonte de transição, Fidel ergueu pilares de uma ponte inconclusa, mas não derrotada, que dialoga com nossos desafios e hesitações.
Cuba ainda magnetiza, a ponto de ostentar uma estatura geopolítica dezenas de vezes superior ao seu tamanho demográfico e territorial.
Ali, mesmo ameaçada por escombros, pulsa a ideia de um mundo novo e fraterno. Enquanto essa pulsação respirar em nós, Fidel será relevante.

Para começar, digamos aos céticos que não é comum que um país tenha seu nome imediatamente associado, em qualquer lugar do mundo, a sinônimo de audácia, soberania e justiça social.

Tampouco é trivial uma nação ser confundida com a legenda da bravura e da resistência heroica ao imperialismo predador e desumano por mais de meio século.
Todas essas exceções viram regra quando as letras se juntam para formar a palavra Cuba, imediatamente associada a outra, ‘Fidel’.

A pequena ilha do Caribe, na verdade um arquipélago de 4.195 restingas, ilhotas e ilhas,  soma um território de apenas 110 861 km² (pouco maior que o de Santa Catarina).

Os cubanos formam um povo de 11,2 milhões de pessoas.

Cuba, porém, está a léguas de ser uma simples ocorrência ensolarada no cardume das pequenas nações.

Por uma razão que ela transformou em referências desde 1959: ali se experimenta uma outra organização da sociedade humana, alternativa à fundada na exploração, no consumismo e no individualismo.
Esse reduto desassombrado acaba de agregar um novo epíteto ao seu trunfo: Cuba é considerada a experiência social e econômica mais próxima daquilo que se almeja como sociedade ambientalmente sustentável no século XXI.

É assim que a lendária ilha do Caribe se agiganta no concerto das nações: sendo a ponta de lança da humanidade em muitas frentes.
As quatro letras de seu nome condensam um dicionário de experiências, de esperanças, de vitórias, de tropeços, de lições e de problemas no caminho da construção de uma sociedade mais justa e convergente.

Depois do desmoronamento do mundo comunista, tornou-se a mais longeva e atribulada experiência no gênero trazida do século XX para o XXI.
Isso faz dela essa ponte de múltiplas conexões que singularizam e magnificam a sua presença em um tempo em que a utopia socialista perdeu o seu horizonte de transição.

Ao mesmo tempo em que a razão de ser dessa travessia avulta torridamente atual.

Os picos de desigualdade no capitalismo, o ocaso ambiental da humanidade, e tudo o que isso denuncia em relação às formas de viver e de produzir em nosso tempo, são uma evidência dessa teimosa pertinência.

Tome-se o caso dos EUA, para deliberadamente radiografar o cenário mais favorável da opulência produzida pelo capital.

Os perdedores do sistema compõem um contingente grande o suficiente, e desesperado a um ponto que se desconhecia, que um semi-fascista acaba de ser eleito por eles com a promessa de acudir uma aflição sem resposta nos mecanismos convencionais do mercado.

Nunca a desigualdade foi tão aguda. Jamais a probabilidade de que ela solape as bases da sociedade foi tão presente.

Não é Fidel Castro quem o diz.

A advertência foi feita em 2015 pela contida presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, Janet Yellen.

Os abismos sociais no núcleo central do capitalismo atingiram o ponto em que, segundo a discreta Yellen, os americanos deveriam se perguntar se isso é compatível com os valores dos Estados Unidos.

Em uma conferência em Boston, a presidente do Fed informou que os níveis de desigualdade nos EUA são os mais altos em um século.
“A desigualdade de renda e riqueza estão nos maiores patamares dos últimos cem anos, muito acima da média desse período e provavelmente maior que os níveis de boa parte da história americana antes disso”, afirmou.

Cuba não poderia ser tomada como um contraponto histórico a esse espiral.

A ilha jamais concluiu a transição para onde decidiu caminhar em 1960.

Tangido pela truculência imperial norte-americana, Fidel Castro proclamou, então, a natureza socialista e marxista do governo.

Um ano antes havia derrubado a ditadura de Fulgêncio Batista e iniciara uma reforma agrária que intensificou a guerra da elite local e estrangeira contra o novo regime.

Cuba nunca se propôs a ser um modelo.

Desde o início foi uma aposta.

De olhos voltados para o relógio da história.

Quem já não ouviu a velha glosa segundo a qual ‘se não existe socialismo em um só país, quanto mais em uma só ilha’?

Nem os irmãos Castro, nem Che, nem nenhum dos pioneiros que desceram de Sierra Maestra para tomar o poder no réveillon de 1959 imaginavam desmentir esse interdito estrutural.

A aposta alternativa, porém, tampouco se consumou.

Um punhado de golpes de Estado sangrentos e preventivos que tiraram a vida de milhares de pessoas e seviciaram um contingente ainda maior em toda a América Latina, fizeram dos anos 60 e 70 um cinturão profilático em torno da grande esperança cubana.

Todas as artérias que poderiam misturar seu frágil metabolismo ao corpo vigoroso de uma integração regional progressista latino-americana foram cirurgicamente seccionadas.
Lembra algo em curso no continente nesse momento?
Não é uma miragem. É uma tranca da história que nunca se recolheu de fato.
A ação conjunta das elites, da mídia e dos exércitos, das federações empresariais, dos judiciários carcomidos de ideologia conservadora, dos partidos conservadores orientados e auxiliados pela mão longa do Departamento de Estado e da CIA, foi e é implacável.
Cuba é o limite da resistência a isso. Razão pela qual parece agonizar permanentemente. Mas, ao mesmo tempo, resistir.

Durante meio século o cerco asfixiante –que teve no embargo econômico iniciado em 1962 a sua fivela mais arrochada-- não cedeu.

A obsessão conservadora contra a aposta cubana, símbolo de múltiplas transgressões em relação aos valores e interesses das plutocracias regionais, ficou comprovada mais uma vez nas eleições presidenciais brasileiras de 2014 .

Em um dos debates mais virulentos da campanha, o candidato conservador Aécio Neves, que derrotado passou a operar o golpe ora no poder, trouxe a ilha para o palanque.

O tucano acusou o governo da candidata à reeleição, Dilma Rousseff, de cometer duas heresias do ponto de vista do cerco histórico à audácia caribenha.

A primeira, o financiamento de US$ 802 milhões para a construção de um porto estratégico de um milhão de containers na costa cubana de Mariel, a 200 quilômetros da Flórida.
A obra, capaz de transformar Cuba em uma intersecção relevante do comércio entre as Américas, foi denunciada por Aécio como evidência de cumplicidade com o castrismo.

Mariel se somou a uma ampla parceria na área da saúde, igualmente bombardeada. Através dela, mais de 11 mil médicos cubanos ingressaram no país, onde asseguram assistência a 50 milhões de pessoas.
O programa Mais Médicos, que levou doutores cubanos a lugares onde profissionais brasileiros não querem trabalhar, é um dos alvos do desmonte social em curso no Brasil assaltado pelo golpe de Estado de 31 de agosto que uniu a mídia à escória, ao dinheiro grosso e ao judiciário dos juízes de exceção.

O reatamento das relações diplomáticas entre EUA e Cuba – em águas incertezas, após a vitória de Trump-- trincou as patas desse discurso.

A calculadora política do conservadorismo opera – e age – ancorada na certeza ideológica de que a ‘ilha’ é apenas uma ditadura enferrujada, falida, desmoralizada e fadada à reconversão capitalista.

Jamais uma fonte de lições ao regime de mercado ou aos limites da democracia tolerada pelo capital.

Cambaleante, servia à demonização de qualquer traço de planejamento econômico que viesse afrontar a proficiente autorregulação dos mercados.

Morta, jogaria a pá de cal nos resquícios estatistas e socializantes teimosamente colados à tradição da esquerda  latino-americana.

O vaticínio sincronizou o tempo de vida do regime ao do metabolismo de Fidel Castro – cujo epílogo antecipado foi tentado inúmeras vezes pela CIA e fracassou.

Paciência. Sua morte, finalmente concretizada, é esse o diagnóstico da grande Miami instalada na alma das elites locais, fará a implosão do regime diante da qual os agentes e os mercenários tropeçaram, desde a desastrosa tentativa de invasão da baía dos Porcos, em abril de 1961.

A impressionante resistência daquilo que se imaginava mais frágil do que tem se mostrado ingressa, a partir deste 26 de novembro de 2016, num período novo, mas dificilmente de fastígio das previsões conservadoras.

Em edição de 2014, a revista New Left Review arrolou dados interessantes sobre a resiliência da frágil sociedade cubana diante da dupla adversidade imposta pelo embargo americano e o fim do apoio russo, após o esfarelamento do bloco comunista.
No momento em que toda a América Latina, o Brasil à frente, depara-se com uma encruzilhada histórica encharcada de regressão, é inescapável a atualidade da lição de luta e desassombro embutida nessa travessia.

Por maior que tenha sido a rigidez política de que se acusa o regime – e até por  conta da explosão que esse fator unilateral acarretaria--  Cuba só não virou pó graças a três fatores: planejamento público, à organização social, consciência política de amplas camadas de sua gente.

Não se trata de mitificar um caso de custo humano e social elevadíssimo.

Mas de enxergar na experiência extrema da adversidade, o alcance  mitigador da variável política, reafirmada no reatamento diplomático norte-americano.

Nesse sentido, o retrospecto da épica luta do povo de Cuba fala aos nossos dias e à realidade que constrange as forças progressistas brasileiras

Ao contrário da presunção que vê no degelo que precedeu a morte de Fidel o atalho da conversão capitalista tantas vezes frustrada, a resistência pregressa enseja outras esperanças.

O discernimento político e social acumulado pela sociedade cubana figura talvez como o mais experimentado laboratório de ponta da história para resgatar o elo perdido do debate latino-americano  sobre a transição para um modelo de desenvolvimento mais justo, regionalmente  integrado, cooperativo, democraticamente participativo e sustentável.

Se a morte de Fidel – assim legada por ele como mais uma aposta política-- desmentir a derrocada desses valores, dará inestimável contribuição para fixar o chão firme capaz de desenferrujar a alavanca histórica.

Não é pouco.
E pode ser muito do ponto de vista do imaginário e da agenda regional, assediados no momento pelo coro diuturno da restauração neoliberal.
A épica sobrevivência da pequena ilha, cuja morte anunciada era um poderoso trunfo conservador, expõe heroicamente a chance de se quebrar a rigidez das circunstâncias econômicas com o peso dos interesses históricos da maioria da população (leia editorial http://cartamaior.com.br/?/Editorial/O-lodo-o-povo-e-a-rua/37327)
Isso confere algum otimismo para brindar o final de 2016 como um horizonte em aberto na história brasileira e latino-americana. Nenhuma experiência em marcha reúne mais provações e adversidades que aquelas afrontadas e vencidas por Cuba.

Alguns tópicos do retrospecto criterioso feito pela New Left Review comprovam isso
1.Ao perder o apoio russo nos anos 90 e diante da ‘teimosa recusa’ em embarcar em um processo  de liberalização e privatização, a "hora final" de Fidel Castro parecia, finalmente, ter chegado;

2.Cuba enfrentou o pior choque exógeno de qualquer um dos membros do bloco soviético, agravado pelo saldo do longo  embargo comercial norte-americano;

3.A dramática recessão iniciada em 1990 exigiria uma década  para restaurar a renda real per capita anterior à derrocada do mundo comunista;

4. Sugestivamente, porém, Cuba saiu-se melhor em termos de resultados sociais, comparada às economias do bloco comunistas atingidas pela mesma borrasca e ancoradas em uma base econômica até mais sólida;

5. A taxa de mortalidade infantil em Cuba, em 1990, foi de 11 por mil, já muito melhor do que a média no leste europeu; em 2000 ficaria ainda abaixo disso, apenas 6 por mil, uma melhora mais rápida do que a verificada em muitos países da Europa Central que haviam aderido à União Europeia;

6.Hoje, a taxa de mortalidade infantil em Cuba é de  5 por mil ;  um desempenho superior ao dos  EUA, segundo a ONU, e muito acima da média latino-americana;

7.Não só. A expectativa de vida da população cubana aumentou de 74 para 78 anos na década de 90 --mesmo com a ligeira alta das taxas de mortalidade entre grupos vulneráveis nos anos mais difíceis;

8.Hoje, após 55 nos de embargo e 26 de fim do apoio russo, a ilha  ostenta uma das expectativas de vida mais altas do antigo bloco soviético e de toda a América Latina;

9.Não se subestime as terríveis privações, o custo humano,  econômico e político cumulativos. A solitária busca de uma luz em um túnel claustrofóbico, década após década, cobrou um preço alto do povo cubano;

10. A superlativa dependência da economia em relação às exportações de açúcar para a Rússia era proporcional ao estrangulamento da estrutura produtiva decorrente do bloqueio norte-americano—um garrote estava ligado ao outro, em dupla asfixia;

11. A conta só fechava graças a uma cotação preferencial paga pelo Kremlin: uma libra de açúcar enviada à Rússia gerava US$ 0,42 em receitas a Havana; cinco vezes a cotação mundial do produto (US$ 0,09);

12. Até a derrocada do bloco comunista, as importações cubanas equivaliam a 40% do PIB; delas dependiam 50% do abastecimento alimentar da população e mais de 90% do petróleo consumido. Era um pouco como o superciclo de commodities que ao se esgotar desencadeou as pressões políticas e econômicas afloradas agora na América Latina e no Brasil;

13. Mesmo com o ‘superciclo do açúcar’, o déficit comercial cubano de US $ 3 bilhões tinha que ser refinanciado generosamente pela União Soviética;

14. Essa rede de segurança se rompeu abruptamente em janeiro de 1990 e sumiu por completo há 23 anos. As receitas propiciadas pelo açúcar cairiam em 79%: de US $ 5,4 bilhões para US $ 1,2 bilhão.  As fontes de financiamento externo que mitigavam o embargo americano evaporaram;

15.Washington viu aí a oportunidade de bater o último prego no caixão de Havana, como se fez aqui, com o golpe. As sanções e represálias comerciais e financeiras contra países e instituições que facilitassem o acesso de Cuba ao crédito comercial foram acirradas. Deu certo: enquanto nos países do leste europeu, a transição pós-Muro (1991-1996) amparou-se em um fluxo de crédito externo da ordem de US$  112 dólares per capita/ano, em Cuba esse valor foi de US$ 26 dólares per capita/ano.

16. O resultado foi um dramático cavalo de pau no comércio exterior: Cuba caiu de uma das taxas de importações mais altas do bloco comunista (de 40% do PIB), para uma das mais baixas (15% do PIB). Todas as tentativas de Havana de diversificar e ampliar seu leque de exportações esbarravam no embargo norte-americano.

Alguma surpresa pela gratidão emocionada de Fidel em relação a Chávez, que por anos a fio garantiu um fluxo de petróleo à ilha, na base do escambo, em troca de serviços médicos e sociais?

17. Ainda assim, a penúria foi de tal ordem, que o manejo puro e simples do racionamento não explica a sobrevivência do regime;

18. Quando o ferramental econômico já não respondia mais e patinava em círculos, Havana viu-se diante de duas escolhas: render-se ao lacto purga ortodoxo (como está sendo imposto ao Brasil) e rifar a ilha numa apoteótica rendição capitalista, ou apostar no seu derradeiro trunfo: a resposta coletiva liderada pelo Estado, ancorada em uma longa tradição de planejamento, mobilizações de massa, debate popular e participação direta da sociedade nas tarefas nacionais;

19. A opção escolhida instalou uma rotina de prontidão na ilha, como se a população vivesse permanentemente na antessala de uma catástrofe natural em marcha;

20. Cortes ensaiados em serviços essenciais treinavam a sociedade para a defesa civil em mobilizações coordenadas envolvendo fábricas, escritórios, residências, escolas, hospitais;

21. A segurança alimentar básica foi planejada com disciplina férrea e mantida em condições de escassez extrema;

Cuba soçobrou, gemeu, contorceu-se e acumulou recuos.

O regime recorreu às forças extremas de sua organização política e social para enfrentar restrições equivalentes às de uma guerra, que se estende por meio século, a mais longa de que se tem notícia no mundo moderno.

Mas a sociedade não se desmanchou, nem se rendeu.

Sem ilusões.

Cuba continua a ser uma construção inconclusa, que independe de suas próprias forças para se consumar.

Como tal, enseja debate, comporta retificações e, sobretudo, cobra agendas desassombradas  – e não apenas em Havana.

O reatamento das relações diplomáticas com os EUA, por exemplo, poderia ser um acelerador desse processo.

A morte de Fidel, ao contrário da rendição inapelável prevista nos prognósticos conservadores, pode levar a ilha a surpreender de novo, ao não sucumbir à fatalidade tantas vezes anunciada.
Mas se mantendo como uma ponte inconclusa, a cobrar de outros povos e nações a
reinventar a transição rumo a uma sociedade mais justa e libertária no século XXI.
O ano de 2016 está sendo muito, muito duro com a esperança progressista brasileira e latino-americana.

Mas foi muito mais dura por 55 anos com a esperança cubana.
Fidel e sua gente não desistiram.
Ao contrário: ‘Não há um átomo de arrependimento em mim’, dizia.
 
Obrigado, companheiro Fidel, por esse legado.
Agora é a nossa vez,
‘Hasta la victoria, siempre!
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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Nº 20.404 - "Moro impede que Cunha acuse envolvimento de Temer no esquema"

 

28/11/2016

 

Moro impede que Cunha acuse envolvimento de Temer no esquema

 

"Nenhuma denúncia pesa contra o presidente da República", respondeu Sérgio Moro

Jornal GGN - O juiz federal Sérgio Moro barrou a clara estratégia da defesa de Eduardo Cunha (PMDB) de reverter a responsabilidade que recai sobre ele na mira da Operação Lava Jato para o presidente Michel Temer, com duplo viés: se Temer desconhecer, Cunha não pode ser condenado; e se Temer responder as perguntas, é ele quem deve responder na Justiça.
Mas de um total de 41 perguntas enviadas pelo advogado do peemedebista para o presidente responder por escrito, apenas 20 foram liberadas por Moro. Conforme divulgou o GGN, o ex-presidente da Câmara arrolou Michel Temer para ser sua  testemunha na investigação contra o ex-parlamentar na Lava Jato em Curitiba.
E, pelo teor das perguntas, a estratégia da defesa de Cunha é provar que, se ele era um dos responsáveis por comandar o esquema de corrupção dentro do PMDB na Petrobras, o então presidente da sigla, Michel Temer, teria conhecimento sobre indicações, decisões e influências, e poderia então ser responsabilizado na Lava Jato.
Caso contrário e mais provável, se Temer negasse o conhecimento ou as informações, Cunha argumentaria que não ele pode ser responsabilizado. Em uma das perguntas, o ex-deputado pergunta se Temer recebeu o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada em sua própria residência, em São Paulo, e se teve conhecimento de reunião com fornecedores da estatal em seu próprio escritório, "com vistas à doação de campanha para as eleições de 2010".
As questões elaboradas por Cunha junto a seus advogados referem-se a indicações para a Petrobras, disputas internas dentro do partido e da Câmara dos Deputados, influências sobre lideranças no Congresso, divisão de poderes na sigla, indicações para a presidência de Furnas e da Vice-Presidência dos Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal - ambos cargos foram apontados pelos investigadores da Lava Jato como influência de Cunha para seguir esquemas de desvios.
Ainda, o ex-presidente da Câmara foge das investigações em si a que é hoje alvo da Lava Jato, com indiretas de acusação ou envolvimento de Temer no esquema e desvios para suas campanhas políticas.
"Qual a relação de Vossa Excelência com o Sr. José Yunes? O Sr. José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB? Caso Vossa Excelência tenha recebido, as contribuições foram realizadas de forma oficial ou não declarada?", questiona Cunha.
Mas a tentativa de Cunha de se salvar arrolando o próprio presidente Michel Temer nas acusações foi antes paralisada. Moro não considerou as perguntas estratégias de defesa, mas interpretou que Cunha tentava investigar Michel Temer.
"Nenhuma denúncia pesa contra o presidente da República e que, se isso ocorresse, elas deveriam ser investigadas no STF (Supremo Tribunal Federal), e não em Curitiba, já que Temer tem foro privilegiado", teria respondido o magistrado, segundo informações de Monica Bergamo.
A seguir todas as perguntas enviadas pelo ex-deputado:
1 – Quando da nomeação do Sr. Jorge Zelada na Petrobrás, qual era a função exercida por Vossa Excelência?
2 – No início de 2007, no segundo governo do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, houve um movimento na bancada de deputados federais do PMDB visando a sua pacificação e isso incluiu a junção dos grupos antagônicos. Vossa Excelência tem conhecimento se isso incluiu o apoio ao candidato do PT à presidência da Câmara com o compromisso de apoiá-lo como candidato no segundo biênio em 2009?
3 – Vossa Excelência tem conhecimento de acordo para o então líder da bancada, Sr. Wilson Santiago, concorrer à Primeira Secretaria e o Sr. Henrique Alves assumir a liderança?
4 – Vossa Excelência tem conhecimento da divisão da maioria da bancada em coordenações, sendo o Sr. Tadeu Filippelli no Centro-Oeste, Eduardo Cunha no Rio de Janeiro e o Sr. Fernando Diniz em Minas Gerais?
5 – Vossa Excelência tem conhecimento da nomeação do Sr. Geddel Vieira de Lima para o Ministério da Integração Nacional, do Sr. Reinhold Stephanes para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Sr. José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde?
6 – Vossa Excelência indicou o nome do Sr. Wellington Moreira Franco para a Vice- Presidência do Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal?
7 – Vossa Excelência fazia a interlocução com o governo como presidente do PMDB juntamente com o líder Sr. Henrique Alves quando se tratava da Câmara dos Deputados?
8 – Vossa Excelência tem conhecimento se as coordenações ficaram responsáveis por indicações levadas ao Governo Federal para atendimento dos seus deputados?
9 – Vossa Excelência tem conhecimento se na coordenação do Rio de Janeiro, coordenada pelo Sr. Eduardo Cunha, coube a indicação do ex-prefeito, ex-vice-governador do Rio de Janeiro e à época Secretário de Estado da Cultura do Rio de Janeiro, Sr. Luiz Paulo Conde, para a presidência de Furnas?
10 – Vossa Excelência tem conhecimento se na coordenação do Centro-Oeste, coordenada pelo Sr. Tadeu Filippelli, couberam as indicações do vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal e da vice-presidência de Governo do Banco do Brasil?
11 – Vossa Excelência tem conhecimento se na coordenação de Minas Gerais, coordenada pelo Sr. Fernando Diniz, coube a indicação do diretor da área internacional da Petrobrás, tendo sido indicado o Sr. João Augusto Henriques, vetado pelo Governo, e depois substituído pelo Sr. Jorge Zelada?
12 – Vossa Excelência tem conhecimento se a interlocução com o Governo era feita com o ex-presidente, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva?
13 – Vossa Excelência tem conhecimento de quais ministros mais participavam?
14 – Vossa Excelência foi procurado pelo Sr. José Carlos Bumlai para tentar manter o Sr. Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobrás?
15 – Vossa Excelência já conhecia o Sr. José Carlos Bumlai? De onde?
16 – Vossa Excelência recebeu o Sr. Nestor Cerveró para discutir a permanência dele na Diretoria Internacional da Petrobrás?
17 – Quando Vossa Excelência o recebeu? Onde e quem estava presente?
18 – Vossa Excelência foi comunicado pelo Sr. Nestor Cerveró sobre uma suposta proposta financeira feita a ele para sua manutenção no cargo?
19 – Caso Vossa Excelência tenha sido comunicado pelo Sr. Nestor Cerveró, quem teria feito a proposta e qual foi a vossa reação? Por que não denunciou?
20 – Vossa Excelência tem conhecimento se o Sr. Eduardo Cunha teve alguma participação na nomeação do Sr. Jorge Zelada para a Diretoria Internacional da Petrobrás?
21 – Quantas vezes Vossa Excelência esteve com o Sr. Jorge Zelada?
22 – Vossa Excelência recebeu o Sr. Jorge Zelada alguma vez na sua residência em São Paulo/SP, situada à Rua Bennett, 377?
23 – Caso Vossa Excelência o tenha recebido, quais foram os assuntos tratados?
24 – Após a morte do Sr. Fernando Diniz, Vossa Excelência tem conhecimento de quem o substituiu na coordenação da bancada de Minas Gerais?
25 – Vossa Excelência recebeu alguém para tratar de algum assunto referente à área internacional da Petrobrás?
26 – Vossa Excelência encaminhou alguém para ser recebido pelo Sr. Jorge Zelada na Petrobrás?
27 – Vossa Excelência encaminhou algum assunto para ser tratado pela Diretoria Internacional da Petrobrás?
28 – Vossa Excelência tem conhecimento sobre a negociação da Petrobrás para um campo de petróleo em Benin, na costa oeste da África?
29 – Vossa Excelência tem conhecimento de alguma participação do Sr. Eduardo Cunha em algum assunto relacionado à Petrobrás?
30 – Vossa Excelência tem conhecimento de alguma participação do Sr. Eduardo Cunha na compra do campo de petróleo em Benin?
31 – Vossa Excelência conhece o Sr. João Augusto Henriques?
32 – Caso Vossa Excelência conheça, quantas vezes esteve com ele e sobre quais assuntos trataram?
33 – Vossa Excelência sabe de alguma contribuição de campanha que tenha vindo de algum fornecedor da área internacional da Petrobrás?
34 – Vossa Excelência tem conhecimento se houve alguma reunião sua com fornecedores da área internacional da Petrobrás com vistas à doação de campanha para as eleições de 2010, no seu escritório político na Avenida Antônio Batuira, no 470, em São Paulo/SP, juntamente com o Sr. João Augusto Henriques?
35 – Qual a relação de Vossa Excelência com o Sr. José Yunes?
36 – O Sr. José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB?
37 – Caso Vossa Excelência tenha recebido, as contribuições foram realizadas de forma oficial ou não declarada?
38 – Matéria publicada no “O Globo” no dia 26/09/2007, citada na denúncia contra Eduardo Cunha, dá conta de que após uma interrupção na votação da CPMF na Câmara dos Deputados, Vossa Excelência foi chamado ao Planalto juntamente com o então líder Sr. Henrique Alves para uma reunião com o então ministro Sr. Walfrido Mares Guia para tratar de nomeações na Petrobrás. Vossa Excelência reconhece essa informação?
39 – Caso esta reunião tenha ocorrido, quais temas foram tratados? A nomeação do Sr. Jorge Zelada para a Diretoria Internacional da Petrobrás foi tratada?
40 – A matéria cita o desconforto do PMDB porque haveria o compromisso das nomeações na Petrobrás, mas só após a votação da CPMF. No entanto, a então chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, Sra. Dilma Rousseff, teria descumprido o compromisso e nomeado a Sra. Maria das Graças Foster para a Diretoria de Gás e Energia e o Sr. José Eduardo Dutra para a BR Distribuidora. Vossa Excelência reconhece essa informação?
41 – Vossa Excelência tem conhecimento se o desconforto teria causado a paralisação da votação da CPMF, que só foi retomada após o compromisso de nomear os cargos prometidos ao PMDB?

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Nº 20.403 - "As perguntas de Cunha ao Traíra"

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28/11/2016

As perguntas de Cunha ao Traíra

Se o Moro deixar...






Conversa Afiada - publicado 28/11/2016
 
Bessinha quem tem.jpg

Do Uol:

As perguntas da defesa do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao presidente Michel Temer, que vai depor por escrito como testemunha no processo contra Cunha na Operação Lava Jato, foram protocoladas na última sexta-feira (25) no sistema da Justiça Federal:

(...)

1 – Quando da nomeação do Sr. Jorge Zelada na Petrobrás, qual era a função exercida por Vossa Excelência?

2 – No início de 2007, no segundo governo do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, houve um movimento na bancada de deputados federais do PMDB visando a sua pacificação e isso incluiu a junção dos grupos antagônicos. Vossa Excelência tem conhecimento se isso incluiu o apoio ao candidato do PT à presidência da Câmara com o compromisso de apoiá-lo como candidato no segundo biênio em 2009?

3 – Vossa Excelência tem conhecimento de acordo para o então líder da bancada, Sr. Wilson Santiago, concorrer à Primeira Secretaria e o Sr. Henrique Alves assumir a liderança?

4 – Vossa Excelência tem conhecimento da divisão da maioria da bancada em coordenações, sendo o Sr. Tadeu Filippelli no Centro-Oeste, Eduardo Cunha no Rio de Janeiro e o Sr. Fernando Diniz em Minas Gerais?

5 – Vossa Excelência tem conhecimento da nomeação do Sr. Geddel Vieira de Lima para o Ministério da Integração Nacional, do Sr. Reinhold Stephanes para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Sr. José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde?

6 – Vossa Excelência indicou o nome do Sr. Wellington Moreira Franco para a Vice- Presidência do Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal?

7 – Vossa Excelência fazia a interlocução com o governo como presidente do PMDB juntamente com o líder Sr. Henrique Alves quando se tratava da Câmara dos Deputados?

8 – Vossa Excelência tem conhecimento se as coordenações ficaram responsáveis por indicações levadas ao Governo Federal para atendimento dos seus deputados?

9 – Vossa Excelência tem conhecimento se na coordenação do Rio de Janeiro, coordenada pelo Sr. Eduardo Cunha, coube a indicação do ex-prefeito, ex-vice-governador do Rio de Janeiro e à época Secretário de Estado da Cultura do Rio de Janeiro, Sr. Luiz Paulo Conde, para a presidência de Furnas?

10 – Vossa Excelência tem conhecimento se na coordenação do Centro-Oeste, coordenada pelo Sr. Tadeu Filippelli, couberam as indicações do vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal e da vice-presidência de Governo do Banco do Brasil?

11 – Vossa Excelência tem conhecimento se na coordenação de Minas Gerais, coordenada pelo Sr. Fernando Diniz, coube a indicação do diretor da área internacional da Petrobrás, tendo sido indicado o Sr. João Augusto Henriques, vetado pelo Governo, e depois substituído pelo Sr. Jorge Zelada?

12 – Vossa Excelência tem conhecimento se a interlocução com o Governo era feita com o ex-presidente, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva?

13 – Vossa Excelência tem conhecimento de quais ministros mais participavam?

14 – Vossa Excelência foi procurado pelo Sr. José Carlos Bumlai para tentar manter o Sr. Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobrás?

15 – Vossa Excelência já conhecia o Sr. José Carlos Bumlai? De onde?

16 – Vossa Excelência recebeu o Sr. Nestor Cerveró para discutir a permanência dele na Diretoria Internacional da Petrobrás?
 
17 – Quando Vossa Excelência o recebeu? Onde e quem estava presente?

18 – Vossa Excelência foi comunicado pelo Sr. Nestor Cerveró sobre uma suposta proposta financeira feita a ele para sua manutenção no cargo?

19 – Caso Vossa Excelência tenha sido comunicado pelo Sr. Nestor Cerveró, quem teria feito a proposta e qual foi a vossa reação? Por que não denunciou?

20 – Vossa Excelência tem conhecimento se o Sr. Eduardo Cunha teve alguma participação na nomeação do Sr. Jorge Zelada para a Diretoria Internacional da Petrobrás?

21 – Quantas vezes Vossa Excelência esteve com o Sr. Jorge Zelada?

22 – Vossa Excelência recebeu o Sr. Jorge Zelada alguma vez na sua residência em São Paulo/SP, situada à Rua Bennett, 377?

23 – Caso Vossa Excelência o tenha recebido, quais foram os assuntos tratados?

24 – Após a morte do Sr. Fernando Diniz, Vossa Excelência tem conhecimento de quem o substituiu na coordenação da bancada de Minas Gerais?

25 – Vossa Excelência recebeu alguém para tratar de algum assunto referente à área internacional da Petrobrás?

26 – Vossa Excelência encaminhou alguém para ser recebido pelo Sr. Jorge Zelada na Petrobrás?

27 – Vossa Excelência encaminhou algum assunto para ser tratado pela Diretoria Internacional da Petrobrás?

28 – Vossa Excelência tem conhecimento sobre a negociação da Petrobrás para um campo de petróleo em Benin, na costa oeste da África?

29 – Vossa Excelência tem conhecimento de alguma participação do Sr. Eduardo Cunha em algum assunto relacionado à Petrobrás?

30 – Vossa Excelência tem conhecimento de alguma participação do Sr. Eduardo Cunha na compra do campo de petróleo em Benin?

31 – Vossa Excelência conhece o Sr. João Augusto Henriques?

32 – Caso Vossa Excelência conheça, quantas vezes esteve com ele e sobre quais assuntos trataram?

33 – Vossa Excelência sabe de alguma contribuição de campanha que tenha vindo de algum fornecedor da área internacional da Petrobrás?

34 – Vossa Excelência tem conhecimento se houve alguma reunião sua com fornecedores da área internacional da Petrobrás com vistas à doação de campanha para as eleições de 2010, no seu escritório político na Avenida Antônio Batuira, no 470, em São Paulo/SP, juntamente com o Sr. João Augusto Henriques?

35 – Qual a relação de Vossa Excelência com o Sr. José Yunes?

36 – O Sr. José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB?

37 – Caso Vossa Excelência tenha recebido, as contribuições foram realizadas de forma oficial ou não declarada?

38 – Matéria publicada no “O Globo” no dia 26/09/2007, citada na denúncia contra Eduardo Cunha, dá conta de que após uma interrupção na votação da CPMF na Câmara dos Deputados, Vossa Excelência foi chamado ao Planalto juntamente com o então líder Sr. Henrique Alves para uma reunião com o então ministro Sr. Walfrido Mares Guia para tratar de nomeações na Petrobrás. Vossa Excelência reconhece essa informação?

39 – Caso esta reunião tenha ocorrido, quais temas foram tratados? A nomeação do Sr. Jorge Zelada para a Diretoria Internacional da Petrobrás foi tratada?

40 – A matéria cita o desconforto do PMDB porque haveria o compromisso das nomeações na Petrobrás, mas só após a votação da CPMF. No entanto, a então chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, Sra. Dilma Rousseff, teria descumprido o compromisso e nomeado a Sra. Maria das Graças Foster para a Diretoria de Gás e Energia e o Sr. José Eduardo Dutra para a BR Distribuidora. Vossa Excelência reconhece essa informação?
 
41 – Vossa Excelência tem conhecimento se o desconforto teria causado a paralisação da votação da CPMF, que só foi retomada após o compromisso de nomear os cargos prometidos ao PMDB?


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PITACO DO ContrapontoPIG

Segundo o Deputado Paulo Pimenta, o Moro (sim o Moro) já cortou metade das perguntas. 

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Nº 20.402 - " Renúncia de Temer é a melhor saída "

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28/11/2016

 

Renúncia de Temer é a melhor saída

 

Blog do Miro  - 28/11/2016

 

Por Jeferson Miola
 
Resultado de imagem para jeferson miolaO estrago da denúncia do ex-ministro Marcelo Calero na “imobiliária Palácio do Planalto” é muito maior do que se poderia supor. O presidente usurpador, reconhecendo a gravidade do momento, promoveu inusitada entrevista num domingo, para se explicar pessoalmente.

A presença dos presidentes da Câmara e do Senado na entrevista presidencial revela a tibieza de um impostor que perdeu qualquer capacidade de ação, que chegou ao fim.

Temer virou fantoche de um parlamentarismo informal, onde ele é um mero administrador de interesses anti-republicanos das maltas partidárias que, em troca, ministram oxigênio para sua sobrevivência arrastada. Como disse FCH, Temer é frágil, “mas é o que se tem”.

Apesar da demissão do ex-ministro Geddel, os desdobramentos do escândalo ainda estão longe de terminar. A razão para isso é que os agentes imobiliários do Geddel – Temer, Eliseu Padilha e outras autoridades palacianas –, estão centralmente implicados nos crimes de tráfico de influência, advocacia administrativa e prevaricação.

Trata-se de crimes contra a administração pública, tipificados nos artigos 321, 332 e 319 do Código Penal brasileiro. O ministro Padilha e aqueles agentes implicados já deveriam ter sido demitidos, ou pelo menos afastados até esclarecerem os fatos narrados por Calero. No caso do Temer, que formalmente ocupa o cargo usurpado de presidente da República, o procedimento legal, em razão disso, é a instauração de um processo de impeachment.

Este escândalo é uma prova de fogo para a Procuradoria-Geral da República. É um teste para o procurador-geral Rodrigo Janot e seus justiceiros da moralidade pública demonstrarem retidão funcional e compromisso com o dever constitucional.

O impeachment do Temer, ainda que seja um remédio previsto na Constituição e na Lei – diferentemente da fraude contra a Presidente Dilma para perpetrar o golpe de Estado – dada a natureza demorada do seu rito, postergará a superação da quebra do Brasil causada pelo governo golpista.

Com a delação dos diretores da Odebrecht, a situação ficará insustentável para Temer e seus aliados, porque a força-tarefa da Lava Jato e a mídia não conseguirão agir com seletividade diante das dezenas de políticos do bloco golpista denunciados por corrupção.

A renúncia de Temer, neste sentido, é a melhor saída para o Brasil. É necessário abreviar o caos econômico e o sofrimento do povo, afetado por níveis crescentes de desemprego, recessão e supressão de direitos.

Com a renúncia ainda em 2016, a Constituição determina que se realize eleição presidencial após 90 dias [artigo 81]. A sociedade brasileira teria, então, a possibilidade de escolher um programa e um governo legítimo, com força política e moral para superar esta terrível crise.

É cada vez mais consensual no meio político a inviabilidade do Temer; sua permanência no comando do país até 2018 é insustentável. A oligarquia golpista, a despeito disso, manipula para mantê-lo até o início de 2017 para, dessa maneira, escolher um sucessor de sua confiança em eleição indireta no Congresso corrupto e ilegítimo, evitando o voto popular.

Esta estratégia esconde o pânico da oligarquia com a realização de eleição direta já. Como o justiceiro Moro ainda não concluiu seu plano obsessivo de condenar ou prender Lula, o ex-presidente poderá se candidatar para concorrer numa eleição direta, com chances reais de ser eleito novamente.