quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Nº 24.864 - "Globo abriu alas para Bolsonaro passar"

.

29/08/2018


Globo abriu alas para Bolsonaro passar


Do Brasil 247 - 29 de Agosto de 2018

Reprodução


por José Carlos de Assis

Jose Carlos de AssisJair Bolsonoro não ganhou nem perdeu o debate na Globo nesta terça-feira. Quem indiscutivelmente perdeu, sendo literalmente esmagada na discussão, foi a dupla de entrevistadores da emissora, William Boner e Renata Vasconcellos. Sua função ali era aparar as arestas de extrema direita do candidato. Não conseguiu. Ao concentrar o debate em temas sociais, e não políticos, deixou que Bolsonaro navegasse em águas tranqüilas, dividindo as simpatias do grande público que parece cansado do esquerdismo social.

Observemos por um momento as questões sociais suscitadas com insistência pelos entrevistadores da Globo – gays, igualdade de gênero, violência contra a mulher. Até que ponto isso é uma questão política? Em outras palavras, como essas questões podem ser resolvidas pela autoridade do Estado? Tenho todo o respeito pelos gays, sou pela igualdade de gênero e sou contra a violência contra a mulher, mas não sei o que um presidente da República, por mais esforçado que seja nessa área, possa fazer para resolver essas questões.

Ao levantar esses pontos, a dupla da Globo simplesmente decidiu fazer uma pegadinha. Queria pegar Bolsonaro numa contradição. Acontece que Bolsonaro é um político de extrema direta com convicções próprias. Os entrevistadores caíram na própria armadilha, pois não souberam desfazer os argumentos radicais do entrevistado, os quais, se não agradaram todo mundo, pelo menos agradaram muita gente. O ponto essencial é que Boner e Renata desempenharam o papel do hipócrita, enquanto Bolsonaro saiu como sincero.

Vejamos a questão dos empregados domésticos. Os entrevistadores tentaram encurralá-lo porque foi o único a votar contra a lei que regulamentou a profissão. Curioso, essa lei é um primor de hipocrisia. Custou milhões de empregos estáveis a muitos empregados domésticos. E criou sérias dificuldades para donas de casa da classe média que já não podiam arcar com os custos das domésticas. Se fosse dada escolha a esses trabalhadores, muitos voltariam ao antigo regime de emprego. É terrível, mas Bolsonaro estava certo.

Alguém pode argumentar que isso aconteceu por acaso. Infelizmente não foi. Na época da aprovação da lei, escrevi artigos dizendo que o salário do doméstico deveria entrar como custo na contabilidade do imposto de renda dos patrões. Teria sido o normal. Se a dona de casa estava sendo equiparada a uma empresa, era justo que os custos com empregados fossem dedutíveis do imposto de renda. Num Congresso de hipócritas, ninguém levou essa sugestão a sério: o objetivo era demagogicamente agradar os domésticos, e pronto.

Nada disso é muito relevante para uma análise da eficácia do debate de terça. O mais importante é o que faltou nele. Nada, absolutamente nada de economia e emprego. Boner preferiu entrar no terreno de uma intriga hipotética entre Bolsonaro e seu assessor de economia, Paulo Guedes. A pergunta idiota era saber o que aconteceria se Guedes entrasse em conflito com o presidente. A resposta foi óbvia: depois de candentes elogios a Guedes, Bolsonaro disse que num eventual conflito com o assessor decidiria como presidente.


O telespectador da Globo não saberá que o assessor econômico de Bolsonaro é um filiado à doutrina monetarista de Milton Friedman, que se vier a ser aplicada no Brasil representará a continuidade da grande depressão em que estamos. Não saberá que o equipamento intelectual de Guedes não passa do receituário ortodoxo de Chicago que ajudou Augusto Pinochet a produzir uma chacina contra a humanidade no Chile. Se os 100 milhões de uns da Globo souberem disso, talvez desistam do candidato nazista, do assessor e da TV Globo.


JOSE CARLOS DE ASSIS. Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

.

Nº 24.863 - " Conselho Nacional de Direitos Humanos avaliza decisão da ONU de que Lula pode ser candidato"

.

29/08/2018

Conselho Nacional de Direitos Humanos avaliza decisão da ONU de que Lula pode ser candidato


Do Blog do Esmael - 29 de agosto de 2018 por editor


O Conselho Nacional de Direitos Humanos emitiu uma Nota Pública na segunda-feira (27) em que reconhece a legitimidade do Comitê de Direitos Humanos da ONU e de suas decisões. Por consequência, o CNDH também reconhece o direito manifestado pela ONU de Lula ser candidato.

O Conselho é um órgão autônomo do Ministério dos Direitos Humanos e foi criado em 2014.

A Nota avaliza a liminar do CDH da ONU determinando ao Estado Brasileiro de que “Lula possa exercer seus direitos políticos, inclusive com acesso apropriado à mídia e a membros do seu partido político, enquanto candidato às eleições presidenciais de 2018.”

Leia a íntegra da Nota a seguir:


Nota pública do CNDH em reconhecimento à legitimidade do Comitê de Direitos Humanos da ONU

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), órgão autônomo criado pela Lei n° 12.986/2014, vem, através desta Nota Pública, expressar seu reconhecimento à legitimidade do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), enquanto órgão de monitoramento do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, de conferir interpretação autêntica do tratado internacional e, nesse sentido, reafirma o respeito às suas decisões.

Nesse sentido, está em consonância com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos a decisão do Comitê de que Lula possa exercer seus direitos políticos, inclusive com acesso apropriado à mídia e a membros do seu partido político, enquanto candidato às eleições presidenciais de 2018. O CNDH entende, assim, que as medidas interinas adotadas pelo Comitê devem ser cumpridas pelo Estado brasileiro, independentemente de seu caráter vinculante, como expressão de sua boa-fé no cumprimento de obrigações internacionalmente assumidas quanto à implementação de direitos humanos no país.

Brasília, 27 de agosto de 2018.
CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS – CNDH

Nº 24.862 - "A deposição de Vargas e as lições da História recente, por Roberto Amaral"

.

29/08/2018


A deposição de Vargas e as lições da História recente, por Roberto Amaral


Do Jornal GGN - QUA, 29/08/2018 - 16:47


O varguismo não se altera no período democrático: persiste no projeto de organização do Estado, na intervenção em áreas fundamentais para o desenvolvimento e a segurança nacional


A deposição de Vargas e as lições da História recente

por Roberto Amaral

Ainda há tempo de partidos e organizações de esquerda olharem menos umbigos e mais para o interesse do país e de seu povo, ameaçados por conservadores

No agosto findo completaram-se 64 anos da deposição e suicídio de Getúlio Vargas. Mal havíamos transitado da ditadura do Estado Novo para a democracia prometida pela Constituição liberal de 1946. Era ainda uma democracia tímida, que não comportava partidos de esquerda ou voto do analfabeto.

Nosso país havia aderido, unilateralmente, à Guerra Fria, e os militares exerciam, naquele então, um papel de proeminência e intervenção na vida civil. Falavam sobre todas as coisas, intervinham nas questões de Estado, na política social, e ainda se julgavam os depositários exclusivos dos valores da Pátria, por eles privatizada.

Haviam participado da Revolução de 1930 e da implantação do Estado Novo (1937) e, sem qualquer autocrítica, haviam deposto (1945) o ditador cujo poder asseguraram por largos e penosos oito anos. Nas primeiras eleições pós-redemocratização havia sido eleito presidente da República o marechal Eurico Dutra, ministro da Guerra do Estado Novo e também comandante da deposição de Vargas, que,  no entanto, o apoiaria e o elegeria na primeira eleição do Brasil democratizado.

Por obra e graça do processo histórico – uma esfinge que os historiadores não conseguem decifrar – o primeiro governo civil, de bases populares e democráticas, seria o de Vargas (eleito em 1950, sucedendo ao seu antigo ministro de Guerra), derrotando nas urnas o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato do estamento militar, da direita urbana e do grande empresariado.

O presidente, comandando o país nos estritos  termos da ordem democrática de então – nesse plano inscrita absoluta liberdade de imprensa –, intentava retomar as bases políticas e ideológicas daquilo que se convencionou identificar ora como 'trabalhismo', ora como 'varguismo', uma visão antiliberal de país e de mundo, mais ou menos resumida em dois  pontos: o Estado como indutor do desenvolvimento e a soberania nacional (condicionada pelo desenvolvimento) como princípio.

O varguismo não se altera no período democrático: persiste no projeto de organização do Estado, na intervenção em áreas fundamentais para o desenvolvimento e a segurança nacional, como a siderurgia, a energia elétrica e o petróleo, sem cujos recursos seria impensável a industrialização tardia.

Finalmente, com vistas a inserir o país atrasado na economia capitalista que se montava lá fora a partir de Bretton Woods, a criação de um grande mercado de consumo, para o que vinha a calhar sua 'opção pelos pobres', a defesa e ampliação  dos direitos trabalhistas e a correção digna do salário mínimo como instrumento de distribuição de renda.

(Lula nega essa influência, mas as premissas do varguismo, acima enunciadas em breve resumo,  seriam  o ponto de referência dos governos petistas, e dela não se livrará o programa costurado por Fernando Haddad, provável substituto do candidato escolhido pelo povo e provavelmente vetado pela ordem judiciária).

Essa política, porém, não agradou ao grande empresariado nacional, naquela altura – quase tanto quanto hoje – desvinculado do desenvolvimento nacional,  pois seus interesses, na rota de sua matriz ideológica, estavam nos EUA.

São Paulo, o único estado industrializado, todavia, resiste; fracassara a política de aliança com a burguesia urbana. Resiste  o Congresso, onde o governo é minoritário, resiste a grande imprensa em unânime oposição. As Forças Armadas, que haviam assegurado a política do governo da ditadura, resistem agora ao presidente democrático.

Foge-lhe a classe média, mobilizada pela grande imprensa, e não acorrem em sua defesa as massas populares e sindicais, desorganizadas e perdidas, quando os comunistas do PCB saem às ruas para, vocalizando o discurso da oposição golpista, pedir a  renúncia do presidente que perdera a burguesia por defender os interesses dos trabalhadores.

(Recordo-me da resistência de setores do PT atuantes na Frente  Brasil Popular condicionando a defesa do mandato de Dilma Rousseff à prévia autocrítica da presidente à política econômica  que adotara.)

O atentado frustrado ao principal líder oposicionista civil, o jornalista Carlos Lacerda, é o imã que vai unificar as Forças Armadas e a montagem do que se convencionou chamar de República do Galeão, tantos anos antes da República de Curitiba.

Um IPM comandado por coronéis da Aeronáutica, a pretexto de apurar um crime comum (no atentado morrera  seu guarda-costas, um capitão da FAB), rasga a Constituição e as Leis, com o claro propósito de humilhar o presidente e transformá-lo em presa de suas maquinações, atapetando o caminho para o golpe de Estado que estava marcado para a noite de 24 de agosto, quando o presidente se descobre absolutamente indefeso. Seu próprio ministro da Guerra, general Zenóbio da Costa, é um dos insurgentes.

Tancredo Neves, jovem ministro da Justiça, é voz isolada quando sugere a resistência. Os líderes da oposição estão no Copacabana Palace festejando a vitória (o golpe seria apresentado como pedido de licença sem retorno de Vargas) quando as rádios anunciam o suicídio do presidente.

As grandes massas são despertadas de seu torpor, os trabalhadores saem às ruas, a dor explode em gritos, mas não há mais um governo por defender. Restava apenas prantear a morte de um presidente solitário.

A historiografia de superfície reduz a oposição a Vargas à pregação da UDN (o PSDB de então), apresentando à sociedade como corrupto um presidente honrado. Essa forma pobre de reduzir a história ao meramente aparente tem por objetivo esconder as razões reais, profundas, que radicam no sempre contestado projeto de desenvolvimento nacional autônomo, associado com a emergência social e econômica das grandes massas.

Esta contradição, de sempre, opõe os interesses da casa grande aos interesses da avassaladora maioria, os interesses do 1% do topo da pirâmide social aos 99% restantes. E a massa, o ´povão`, sempre assusta a pequena-burguesia quando ousa deixar a coxia para se apresentar no centro do palco, quando abandona o papel de figurante para exigir as luzes que iluminam os atores. Quando enfim decide escrever, ele mesmo, a sua História.

Talvez esta lição nos ajude a compreender o Brasil de hoje. Mas há outros ensinamentos a colher. A derrota das forças populares é a consequência inelutável da divisão das  forças de esquerda. Ela foi decisiva na construção do 24 de agosto de 1954, alimentada pela dificuldade, perdurante ainda hoje, de compreender o significado do varguismo nos estreitos limites daquela crise.

Essa lição também pode ser lida pelo seu inverso; a unidade das forças populares asseguraram, no ano seguinte ao golpe, ou seja, em 1955, a vitória de Juscelino-Jango e, em seguida, o contragolpe de novembro daquele ano, que garantiu a posse dos eleitos, contestada pelos agentes do golpe de 1954, como foi contestado – também sem base qualquer – o pleito de 2014 pelo inconformismo tucano. Foi ainda essa unidade, ampliada com o apoio de correntes democráticas e liberais, que assegurou, na crise de 1961, a posse de João Goulart, frustrando a tentativa de mais um golpe militar.

Ainda há tempo, nessas eleições, de os partidos e organizações de esquerda olharem menos para seus respectivos umbigos e mais para o interesse maior do país e de seu povo, ameaçados pelos conservadores, pelo reacionarismo, pela direita, e pela promessa de um governo protofascista.

*

Memória (1) – Há 38 anos, em 27 de agosto de 1980, nos estertores da ditadura militar, D. Lyda Monteiro morreu em um atentado a bomba praticado por agentes do Exército Brasileiro. Tinha 59 anos e era secretária da OAB/RJ. A explosão arrancou seu braço e queimou metade de seu corpo. Lyda morreu a caminho do hospital. No mesmo dia, outra bomba explodiu na Câmara dos Vereadores do Rio da Janeiro, atingindo o funcionário José Ribamar de Freitas, que perdeu um braço e uma vista.

Memória (2) – Há 37 anos, em abril de 1981, dois terroristas, um oficial e um sargento, ambos do Exército e em missão, tentaram explodir o Riocentro (centro de convenções do Rio de Janeiro), quando lá uma multidão de milhares de jovens participava de um espetáculo musical. Eventos sombrios, que precisamos lembrar para jamais permitir que se repitam.

Marielle, ainda – Quando a polícia fluminense e a força militar interventora anunciarão os nomes dos mandantes e dos executores do assassinato da vereadora Marielle Franco? Ficaremos esperando, assim de braços cruzados, até que chacina caia no esquecimento?


Roberto Amaral é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia

.

Nº 24.861 - "Defesa de Lula denuncia censura a missão da OEA no Brasil"

.

29/08/2018

Defesa de Lula denuncia censura a missão da OEA no Brasil


Do Blog da Cidadania - 29 de agosto de 2018

 

por Eduardo Guimarães


A missão da OEA que fiscalizará as eleições no Brasil chamou os advogados de Lula para conversar. Ouviu deles um relato sobre a situação jurídica do petista. E recebeu documentos mostrando que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) já permitiu a candidato sub judice participar da campanha na TV.


A aparição do ex-presidente nos programas eleitorais, a partir de sexta (31), é considerada a mãe de todas as batalhas no PT nesta semana. O partido teme que o ministro Luís Roberto Barroso, relator do processo de Lula no TSE, decida até o fim da semana, monocraticamente, que ele não pode aparecer na propaganda de rádio e TV.


Um dos ministros afirma que o partido corre riscos caso coloque Lula na TV, ainda que o processo sobre a candidatura dele não tenha sido finalizado no dia 31 e que Barroso nada decida. Segundo esse magistrado, o petista é manifestamente inelegível. Forçar a barra, diz, poderia caracterizar fraude às eleições.

.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Nº 24.860 - "Lula venceu os indignos"

.

28/08/2018

Lula venceu os indignos

Do Brasil 247 - 28 de Agosto de 2018


por Jefferson Miola


Jeferson MiolaA estas alturas do calendário eleitoral, um prognóstico parece inapelável: Lula, mesmo isolado e incomunicável no cárcere político, venceu a Globo e a Lava Jato, e criou um impasse monumental para a ditadura jurídico-midiática.

Roubar a eleição do Lula, tida como certa de ocorrer já no primeiro turno, agrava a ilegitimidade do regime de exceção e aumenta sobremaneira o custo político e social de manutenção da ditadura.

A posição da ONU endereçada ao Estado brasileiro, que exige respeito ao direito do Lula votar e ser votado, estreita muito a margem de manobra do bloco golpista.

A Lava Jato preparou à feição da Globo o álibi judicial para banir Lula e suas propostas eleitorais das entrevistas eleitorais e do noticiário da emissora e de toda a mídia cúmplice do regime. Este abuso, claramente discriminatório, evidencia a dimensão da brutal fraude que é a cobertura jornalística da eleição de 2018 no Brasil.

Essa violência contra Lula está sendo, porém, inócua e contraproducente. Apesar de banido do noticiário político e da crônica eleitoral e somente ser citado pejorativamente na imprensa como "preso por corrupção", Lula é, contudo, onipresente na memória e na consciência de milhões e milhões de brasileiros e brasileiras que querem elegê-lo outra vez presidente do país.

O arbítrio fascista contra Lula produziu o efeito contrário ao planejado – tanto no Brasil como no estrangeiro. O establishment não só fracassou na tentativa de assassinar política e simbolicamente o Lula, como acabou por provocar a consumação da trajetória épica que o converteu, em plena vida, no maior mito heróico do povo brasileiro.

Lula resiste à dor imposta na masmorra de Curitiba porque "já não é um humano", mas uma ideia de igualdade, esperança e justiça que se dissemina nas vozes e nos corações da maioria do povo.

A Globo e a Lava Jato conseguiram o feito extraordinário de recuperar a influência do Lula e do PT na sociedade brasileira aos patamares historicamente mais elevados – Lula com aprovação popular superior a 60%, e o PT voltando a ser, de longe, o Partido preferido por mais de 25% da população.


Lula derrotou a vilania e o fascismo da ditadura Globo-Lava Jato. Com sua dignidade, Lula venceu os indignos.


JEFERSON MIOLA. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

.

Nº 24.859 - "LULA PEDE LIMINAR AO TSE PARA GRAVAR PROGRAMAS PARA O HORÁRIO ELEITORAL"

.

28/08/2018

LULA PEDE LIMINAR AO TSE PARA GRAVAR PROGRAMAS PARA O HORÁRIO ELEITORAL


Do Brasil 247 - 28 DE AGOSTO DE 2018 ÀS 15:07


Líder em todas as pesquisas, o ex-presidente Lula entrou com ação no Tribunal Superior Eleitoral para ter o direito – garantido por liminar concedida pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU – de gravar programas para o horário eleitoral gratuito; a Lei Eleitoral prevê que Lula pode participar de todos os atos da campanha eleitoral, inclusive o de se apresentar na propaganda de rádio e TV, mesmo estando com seu registro sob exame


Do  Lula.com.br. Os advogados do candidato Luiz Inácio Lula da Silva apresentaram, nesta segunda-feira (27/08), petição ao Tribunal Superior Eleitoral para que seja reconhecido o direito do ex-presidente gravar imagens para exibição na propaganda eleitoral em rádio e TV, que começa a ser exibida nesta sexta (31/08).

.

Nº 24.858 - "IBOPE POR ESTADOS, AVASSALADOR: LULA VENCE EM 17, EMPATA EM 6 E PERDE EM 2"

.

28/08/2018


IBOPE POR ESTADOS, AVASSALADOR: LULA VENCE EM 17, EMPATA EM 6 E PERDE EM 2

Do Brasil 247 - 28 DE AGOSTO DE 2018 ÀS 10:11


Stuckert

O cenário detalhado da última rodada de pesquisas do Ibope para as eleições é  impressionante: Lula vence em nada menos que 17 estados brasileiros, empata em 6 deles e perde apenas em 2 (e no DF); Minas Gerais é o único estado que não teve os números divulgados; os dados são relativos a pesquisas entre 13 a 24 de agosto


247 - As evidências de uma avalanche de Lula nas eleições são cada dia maiores. O cruzamento dos dados das pesquisas do Ibope para as eleições presidenciais realizadas entre 13 e 24 de agosto mostram um cenário de vitória para Lula em 17 estados, empate em seis e derrota apenas em 2 e no Distrito Federal. Minas Gerais não teve números divulgados.

Lula vence em todos os nove estados do  Nordeste: AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN e SE. Vence também em AP, AM, MT, MS, PA, RJ, RS e TO.

Empata com Bolsonaro PR, SP, GO, SC, RO, ES. Dos seis, ele tem vantagem estatística em cinco. Apesar de na margem de erro, Lula tem indicação de vitória expressiva em São Paulo, por exemplo, 26% a 21%. Bolsonaro tem vantagem numérica apenas entre os catarinenses.

Bolsonaro está na frente em AC, RR e no Distrito Federal.

Lula tem as maiores pontuações no Nordeste, todos acima de 50%: Piauí (65%), Maranhão (63%), Pernambuco (62%), Paraíba (57%), Ceará (56%), Sergipe (56%), Bahia (55%), Alagoas (53%) e Rio Grande do Norte (53%). Ee Roraima, onde Bolsonaro tem o maior índice, ele alcança 38% das intenções.

O estado em que Marina Silva atinge o valor mais alto é no Amapá (17%), enquanto Ciro Gomes alcança seu máximo no Ceará (15%), Geraldo Alckmin em São Paulo (12%) e Alvaro Dias no Paraná (22%).

.

Nº 24.857 - "Sabatina do JN com Ciro mostra que Globo tem candidato: Bonner, assessor de imprensa da Lava Jato. "

.

28/08/2018


Sabatina do JN com Ciro mostra que Globo tem candidato: Bonner, assessor de imprensa da Lava Jato. 


Do DCM - 27 de agosto de 2018



Por Kiko Nogueira

A sabatina do Jornal Nacional com Ciro Gomes mostrou que a Globo tem candidato: William Bonner.

Agressivo, interrompendo o interlocutor o tempo inteiro, Bonner quis mostrar serviço sobre temas que decorou.

O âncora do JN aproveitará essas entrevistas para mostrar que não é apenas uma talking head, um Cid Moreira de banho tomado.

Ele tem “conteúdo”. 

Citou um amplo, universal, incondicional apoio dos brasileiros à Lava Jato para constranger Ciro com relação a declarações pretéritas sobre Lula e sobre “colocar o MP numa caixinha”.

Ciro se saiu bem (“Lula não é um satanás como certos setores da imprensa pintam, nem um Deus como setores do PT pensam”), mas esqueceu de confrontar o apresentador com uma obviedade: se a Lava Jato é essa unanimidade, como é que o ex-presidente aparece na liderança isolada em todas as pesquisas?

Uma coisa é apertar o postulante à Presidência, outra é partir para um ataque em que o sujeito não consegue falar.

É um formato de interrogatório-paredão em que não se discutem propostas. Vinte e sete minutos de muito barulho por nada. 

Em 2014, o ‘duelo’ entre Bonner e Dilma Rousseff teve 21 interrupções em 15 minutos.

Na ocasião, Bonner foi ao Twitter para dar uma espécie de satisfação: “Jornalista que não é incisivo com o entrevistado vira assessor de imprensa”.

Incisividade não é isso, jovem.

WB e sua partner são, sim, assessores — da República de Curitiba, da agenda de sua emissora e de si mesmos.

Ele
 .

Nº 24.856 - "Os ‘cabos judiciais’ e a campanha suja"

.

28/08/2018



Os ‘cabos judiciais’ e a campanha suja


Do Tijolaço · 28/08/2018




por Fernando Brito 


O Estadão mancheteia acusações velhas contra Fernando Haddad.

É a mobilização da nova versão dos velhos ‘cabos eleitorais’, agora judiciais.

O MP “move uma ação” contra ele, embora não se diga em que Haddad teria beneficiado uma empreiteira para receber dela o benefício de lhe pagarem gráficas de campanha, se ele próprio, na Prefeitura, afastou a empresa de contratos públicos firmados pelo antecessor, Gilberto Kassab, para construção de um túnel denominado “Roberto Marinho”.

O tema é do ano passado, mas foi devidamente “ressuscitado”, por razões óbvias e nenhuma prova, senão delações de um sujeito – Ricardo Pessoa, da UTC –  posto a mofar na cadeia de Moro até dizer o que queriam ouvir.

Do resto, encarrega-se a mídia, como você vê no espaço dado na capa do Estão à denúncia, formal e tempestiva, do caso envolvendo Roberto Jefferson, aliado de primeiríssima linha de Geraldo Alckmin.

É evidente que muita coisa prosperará no Judiciário, que em boa parte virou uma máquina partidária, tanto quanto na mídia.

Que tem como candidato um personagem que não podia ser mais distante do respeito ao Estado de Direito e às leis.

Que promete balas a granel e recomenda às crianças que aprendam a atirar.

E que se presta a campanhas ridículas como esta de criminalizar os tais “influenciadores digitais” com base numa denúncia onde sequer se fala em dinheiro para promover candidaturas.

Quem andava de robôs, fake news e armações digitais – e às centenas – era o outro lado, mas aqueles, claro, eram só “no amor”.

Não creia, por um minuto, que se trata das funções constitucionais do MP.

É campanha, pra valer, com o uso, esta sim, de “influenciadores judiciais”, estes sim pagos – e regiamente – com dinheiro público.


undo ocorrerá automaticamente, já que a entidade determinou que o Brasil não tome medidas como essa.

.

Nº 24.855 - "TSE pode CENSURAR imagem de Lula na TV sem julgar sua candidatura"

.

28/08/2018


TSE pode CENSURAR imagem de Lula na TV sem julgar sua candidatura


Do Blog da Cidadania - 28 de agosto de 2018

por Eduardo Guimarães

Atenção: se a ONU tinha motivos para emitir decisão pondo em dúvida a democracia brasileira e determinando que o Brasil cumpra tratado assinado com a entidade e permita a candidatura do ex-presidente Lula, agora a situação piorou muito.

A coluna de Bernardo de Mello Franco no jornal O Globo dá uma informação bombástica que deve alarmar cada cidadão brasileiro consciente.

“O PT já preparou seis programas com Lula candidato. A ideia é manter o discurso até que o TSE bata o martelo, o que só deve acontecer a partir do dia 4. No entanto, o partido ainda pode sofrer mais um revés.

Segundo um ministro da Corte, a tendência é que o PT seja impedido, desde sexta, de apresentar o ex-presidente como cabeça de chapa. Isso não deve desagradar o entorno de Fernando Haddad, que anda ansioso para poder vendê-lo como o verdadeiro candidato“.


Ou seja: o TSE pode barrar Lula na TV sem que tenha sequer sido aberto um processo sobre a garantia de seus direitos políticos. Na prática, seria censura digna das piores ditaduras. A denúncia à ONU e ao mundo ocorrerá automaticamente, já que a entidade determinou que o Brasil não tome medidas como essa.

.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Nº 24.854 - "Barroso em sua sabatina no Senado: jurisprudência do STF diz que Tratados estão acima da lei"

.

27/08/2018


Barroso em sua sabatina no Senado: jurisprudência do STF diz que Tratados estão acima da lei


Do Brasil 247 - 27 de Agosto de 2018


por Thaís S. Moya*

Durante sua sabatina no Senado, em 5 de junho 2013, após ser indicado para o STF pela presidente Dilma, o agora ministro Luís Roberto Barroso foi questionado sobre o caráter dos tratados internacionais que versam sobre direitos humanos e se estes podem se sobrepor a decisões tomadas internamente.

Barroso foi taxativo: tratados estão acima das leis brasileiras ordinárias. O que ele disse:

O estágio atual da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, com alguns votos vencidos, é a de que os tratados internacionais, que na jurisprudência tinham o mesmo status de lei ordinária, numa decisão recente, recente de talvez dois anos, é a de que os tratados internacionais têm um nível supralegal, estão acima da lei porém abaixo da Constituição, de modo que este é o estado da arte vigente.

Concluímos, então, que a liminar da ONU, que requer a garantia da candidatura equânime de Lula, está acima da Lei da Ficha Limpa e, portanto, deve ser cumprida.

A cada hora que passa, o Brasil incorre em desobediência do seu próprio ordenamento jurídico perante o mundo. Um escárnio vergonhoso.


Veja o vídeo:



*Thaís S. Moya é socióloga, pós-doc em Ciências Sociais (Unicamp)

.

Nº 24.853 - " 'Mercadistas' fazem a crise e se mudam para o exterior "

.

27/08/2018



“Mercadistas” fazem a crise e se mudam para o exterior



Do Tijolaço - 27/08/2018


Por Fernando Brito

O “mercado” diz que sabe o que é melhor para o Brasil, mas quando o deixam livre para reger o país, dá-nos crise após  crise.

Ganha dinheiro na prosperidade geral e, claro, também ganham dinheiro nos tempos de infortúnio coletivo.

Mas, com crise, animam-se mais que nunca a tomar “providências urgentes” contra seus efeitos na degradação da vida, do aumento da indigência, do clima de violência e medo que se instala, transbordando das áreas de pobreza.

Mudam de país.

Segundo reportagem da BBC feita com dados da empresa global de pesquisa de mercado New World Wealth, “pelo terceiro ano consecutivo, o Brasil ficou no top 10 de países com maior fuga de indivíduos donos de US$ 1 milhão ou mais em ativos, somando 12 mil ‘emigrantes classe A’ desde 2015.”

Devem ser mais, porém, pelos dados da Receita Federal que registram uma saída definitiva do Brasil de perto de 70 mil pessoas desde o início da crise, em 2014, até o final do ano passado.

“Em 2013, último ano antes do agravamento da crise econômica, foram 9.887 declarações. Desde então, a cifra não parou de crescer anualmente, atingindo 21.701 declarações em 2017. Entretanto, o número de brasileiros que foram viver no exterior é provavelmente maior, já que nem todos informam essa saída ao governo”. diz a BBC.

Vão longe os tempos em que se dizia, como  gracejo, que “a única saída para o Brasil era o Aeroporto do Galeão”. Há Cumbica, e São Paulo ficou entre as sete cidades do planeta que mais perderam residentes de alta renda para o exterior.

Ao contrário das levas de imigrantes pobres, que merecem cercas e campos de concentração, estes mudantes ricos não dão problemas: “milionários e bilionários (…) dificilmente recorrem ao setor público em busca de saúde e educação ou concorrem aos empregos locais mais disputados.

E a cidadania?

Ora, compra-se:

“Os Estados Unidos facilitam o estabelecimento legal do novo cidadão rico no país. O mecanismo mais comum – e diretamente ligado à capacidade de investimento do candidato – é o visto EB-5, que concede o green card em troca de um investimento mínimo de US$ 500 mil (cerca de R$ 2 milhões) em uma empresa, desde que gere empregos para trabalhadores americanos”

Bem diferente das crianças mandadas para as jaulas por lá.

Como cantava Nat King Cole: what a wonderful world!

.

Nº 24.852 - "Aécio e a “piedade” do jornalismo"

..

27/08/2018

Aécio e a “piedade” do jornalismo


Do Tijolaço · 26/08/2018




por Fernando Brito 

Esperei até agora para escrever, para ver se algum grande jornal tinha se interessado.

Afinal de contas, era o lançamento da candidatura do homem de 50 milhões de votos, quase anunciado como “presidente moral do Brasil”, numa fazenda de correligionários, entrando 2 km por uma estrada de terra, “em frente ao motel Dallas, na BR-116, depois do Posto Teófilo Otoni”, como informava o convite.

Não achei nada em nenhum grande jornal, apenas uma nota no mineiro O Tempo, onde não é nem mesmo a abertura  e nem se dá muita informação, limitando-se a transcrever o que foi distribuído pela campanha do morto-vivo: que ele foi recebido pelo ex-prefeito de Setubinha e dono da fazenda,  Téo Barbosa “e ouviu dos prefeitos os problemas hoje enfrentados pelos municípios”.

A foto, também da assessoria, dá ideia da multidão que presenciou a volta triunfal do ex-quase-futuro-presidente do Brasil.

Será que a Folha, o Estadão ou o império Globo não tinham um repórter disponível em Minas para mandar cobrir?

Afinal, nem que seja pelo inusitado, é pauta imperdível.

Imaginem se Dilma começa a sua campanha ao Senado com meia dúzia de gatos pingados?

Quero crer, porém, que tenha sido um ato de piedade e bom-gosto.

No velório, digo, no encontro Aécio disse que a platéia imensa “mostra a força dos vínculos que tenho com esta região e com a sua história.”

Bem menos que com o Leblon.

Afinal, nossa imprensa não gosta de mundo-cão, de retratar cenas de velório e de explorar cadáveres, não é?

 .

Nº 24.851 - "Os males do Brasil, inúmeros e crescentes, estão na cara"

.

27/08/2018

Por que

Os males do Brasil, inúmeros e crescentes, estão na cara


Da Carta Capital  — publicado 27/08/2018

STF.jpg
O próprio STF atirou ao lixo a Constituição que lhe cabia defender, com a pronta adesão das quadrilhas instaladas no Executivo e no Legislativo

por Mino Carta

Há  um importante contraponto à tradicional resignação do povo brasileiro e à impávida normalidade imposta às ruas pelo comportamento da minoria privilegiada: a força de Lula continua in crescendo. As pesquisas admitem até que ele poderia ganhar no primeiro turno. Cerca de 40% dos eleitores não desistem da liderança do ex-presidente. Dadas as circunstâncias, um toque revolucionário clama na preferência.

Dois espaços são visíveis. Um, material, a dizer que Lula não sairá da prisão, antes de mais nada pela determinação do Judiciário politizado e pela velhacaria da mídia. Dois, cultural, diria mesmo intelectual, e nele se manifesta com nitidez a vontade popular.

Existe um conflito evidente por ora controlado, destinado a explodir, porém, mais cedo ou mais tarde. Certos nós algum dia terão de ser desatados, quem sabe com o apoio do mundo democrático e civilizado.

Difícil explicar ao cidadão europeu ou ao liberal estadunidense o fato inaudito: um país do tamanho e da importância do Brasil sofreu um golpe de Estado perpetrado em conjunto pelos próprios poderes da República com o suporte midiático praticamente maciço, para impedir a eleição de Lula.

O próprio STF atirou ao lixo a Constituição que lhe cabia defender, com a pronta adesão das quadrilhas instaladas no Executivo e no Legislativo. E dos barões do dito jornalismo nativo, e dos seus capatazes, capitães do mato e escravos resistentes.

A despeito de um vago ar de modernidade, o Brasil não deixou de ser terra de predação, onde os aborígenes, em vez de receber miçangas e adereços, foram dizimados por heróis chamados bandeirantes pela história perenemente manipulada, enquanto navios negreiros alcançavam suas costas para desembarcar mão de obra escravizada território adentro.

Quando a independência foi proclamada por um príncipe aflito por desarranjos intestinais, a população do País era mais negra do que branca e ninguém se deu conta da mudança política.

Afora os mandatos de Lula, dois momentos da nossa história apontaram para uma pátria digna. Em Minas, na segunda metade do século XVIII, na região encantada em torno de Ouro Preto, embora explorada brutalmente pelos colonizadores portugueses que com as dádivas da terra reconstruíram Lisboa destruída pelo terremoto.

No Brasil na sua inteireza, de Getúlio Vargas a Jango Goulart, Juscelino no meio, quando nasceu a Petrobras, o País tornou-se a décima quinta potência industrial do mundo e foram elaboradas as chamadas reformas de base por alguns cidadãos de muita fé e insólita coragem.

A quadra setecentesca em Minas, definida como Inconfidência, exibe uma cálida, surpreendente sintonia com as ideias iluministas europeias, tanto na política quanto na cultura. Os mineiros do recanto primaram na arquitetura, na escultura, na música, na pintura dos retábulos, com algumas investidas na poesia. Ao cabo, Tiradentes, o alferes, foi esquartejado.

Jango Goulart e Leonel Brizola teriam o mesmo fim se vivessem no século XVIII, em 1964 foram derrubados pelo golpe, quando os militares se prestaram ao serviço sujo. A casa-grande sempre ganhou a parada, e está ainda de pé.

Inútil dissertar sobre a mediocridade reinante onde a ignorância e o provincianismo são apanágio de ricos e super-ricos, e sempre foram. Os do fim do século XIX e começo do passado saíam de viagem, preferivelmente a Paris, e embarcavam com pistola de cabo de madrepérola no cinto e vacas leiteiras para garantir um bom café da manhã. A influência cultural era então a francesa. Mais tarde, trocaram a Ville Lumière por Miami.

Apesar da natural dificuldade em entender o que acontece no Brasil do futebol e do carnaval, cresce a repulsa internacional à prisão de Lula, a contradizer as regras mais elementares do Direito . Como anota Leonardo Sakamoto, na sua coluna no UOL, a demanda do Comitê dos Direitos Humanos da ONU a favor da participação de Lula no próximo pleito “é o terceiro revés sofrido pelo governo brasileiro em instituições multilaterais nos últimos dois meses”.

O golpe de 2016 e suas consequências chamam a atenção do mundo para os efeitos daninhos do estado de exceção. A 3 de agosto especialistas das Nações Unidas condenaram o corte de gastos sociais do governo Temer e no início de junho passado a Organização Internacional do Trabalho solicitou explicações sobre a reforma trabalhista até novembro próximo, diante da suspeita de que desrespeita a Convenção de 1998, a tratar de sindicalização e negociação coletiva.

Mas que respeito merece um país onde no ano passado cerca de 64 mil cidadãos foram assassinados? Cidades brasileiras figuram entre as mais perigosas do mundo, mesmo que estas vivam em estado de guerra.

E que respeito pode haver por um país tão desigual, onde educação e saúde são reservadas aos ricos, embora aquela de forma precária e certamente eivada de preconceitos e desinformação histórica? Quanto à saúde, avulta a sinistra informação de que quase 50% do território nacional carece de saneamento básico.

Quando adolescente já me irritava entre o fígado e a alma o verso do samba, Mangueira, o teu cenário é uma beleza. Visto de qual ponto de observação? Era também o tempo de outro samba, ou marchinha que fosse, a afirmar O teu cabelo não nega, mulata,/ porque és mulata na cor,/ mas como a cor não pega, mulata,/ mulata eu quero o teu amor. Sustentava-se então a ausência absoluta de preconceito racial. E há mesmo algo ainda mais profundo, a incompatibilidade irreversível entre o Brasil e a democracia.

Rara a consciência do semelhante, comum a prática da rasteira, do passa-moleque, do golpismo em todos os matizes e níveis possíveis. De resto, como instalar a democracia no país da mídia de mão única, porta-voz da casa-grande? Os recentes eventos de Roraima provam que a informação falsa se torna habitual, como no caso da agressão contra refugiados venezuelanos, exemplo deplorável de xenofobia de marca fascistoide. 

Os privilegiados nutrem-se do verbo dos escribas a soldo do baronato e lhes repetem as frases feitas e as mentiras, a tevê do Plimplim cuida de atingir porções da população inclusive com suas novelas. Trata-se de impedir o nascimento de uma opinião pública, e nem se fale de uma sociedade civil.

Quem acredita na existência de tais misteriosas entidades trafega na névoa. O Brasil não atingiu a Idade da Razão, e dela se afasta até transpor a fronteira da insanidade e o monstruoso desequilíbrio social nos mantém na Idade Média.

A Inconfidência Mineira e o período 1950-1964 prometiam a contemporaneidade do mundo, a casa-grande incumbia-se do imediato retorno ao passado cada vez mais entrevado. Só me pergunto como se dá que o esquartejamento do rebelde Tiradentes seja celebrado com direito a um singular feriado a glorificar o surto revolucionário.

Hoje o mundo civilizado nos encara e haverá de perceber a nossa medievalidade com a mesma clareza com a qual condena a prisão de Lula culpado por ser o favorito de um pleito que, sem ele, não passa de uma fraude.

É como conferir ao Judiciário a condição de primeiro motor do golpe, enquanto as sondagens dilatam o favoritismo do preso sem crime. Imaginar o futuro é sempre prova de vitalidade e ouso agora pressentir um fio de esperança na incerteza do dia de hoje. 

.

Nº 24.850 - "LULAÇOS VIRAM FEBRE EM TODO O BRASIL"

.

27/08/2018



LULAÇOS VIRAM FEBRE EM TODO O BRASIL

Do Brasil 247 - 27 DE AGOSTO DE 2018 ÀS 09:28




Dezenas de Lulaços espalharam-se pelo Brasil neste fim de semana mobilizando milhares; continua a censura da mídia conservadora, mas você pode assistir aqui a 11 deles, veiculados pela TV 247; o apoio a Lula Livre e à sua candidatura à Presidência extravasa a manifestação nas pesquisas e ganha as ruas em manifestações espontâneas ou "flash mobs", eventos organizados descentralizadamente nas redes sociais; nos vídeos da TV 247, alguns dos Lulaços ocorridos nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste



247 - Dezenas de Lulaços espalharam-se pelo Brasil neste fim de semana mobilizando milhares; continua a censura da mídia conservadora, mas você pode assistir aqui a 11 deles, veiculados pela TV 247; o apoio a Lula Livre e à sua candidatura à Presidência extravasa a manifestação nas pesquisas e ganha as ruas em manifestações espontâneas ou "flash mobs", eventos organizados descentralizadamente nas redes sociais; nos vídeos da TV 247, alguns dos Lulaços ocorridos nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste

Ao longo do mês de agosto, foram centenas de Lulaços, em dezenas de cidades de todo o país. Neste final de semana, até a banda Nação Zumbi se juntou ao coro e fez um Lulaço durante um show em São Paulo.


Assista: