01/11/2009
MERCOSUL - O transitório e o duradouro.
Blog de um sem Mídia
Por Mauro Santayana - sábado, 31 de outubro de 2009
Prevalece
u o bom senso, e a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou, ontem, a entrada da Venezuela no Mercosul. Há os que se opõem a esse ingresso e, em passado recente, pretendiam que aderíssemos ao Alca. O Tratado de Livre Comércio das Américas, como o desejavam os norte-americanos, seria, para repetir o guatemalteco Juan Arévalo, a associação entre as sardinhas e o tubarão. A adesão do México ao Nafta representou a desnacionalização da indústria, o aumento da criminalidade, a repercussão dramática da crise econômica norte-americana em seu território. O México perdeu 15% dos empregos existentes em 1994 e, só no ano passado, 6.290 pessoas foram assassinadas na guerra do narcotráfico.O presidente Chávez tem surpreendido os meios políticos com seu comportamento inusitado. Sua eleição constituiu a quebra de um paradigma. Mas essa quebra de paradigma não ocorreu somente na Venezuela. No mundo inteiro, o eleitorado tem preferido, nos últimos decênios, homens que fogem aos modelos clássicos de chefes de Estado e de governo do século 19 e início do século 20. São homens que não se identificam com o que convencionamos chamar establishment. Esses homens novos, para usar o léxico político romano, não constituem privilégio da esquerda. A direita também os elege, mais do que a esquerda e, talvez, tenha a ela cabido o privilégio de inaugurar o costume, quando fez do caubói Ronald Reagan o presidente dos Estados Unidos em 1980. Quebrou-se, na mesma ocasião, o paradigma na Inglaterra, com a eleição de Mme. Thatcher para ocupar o gabinete de Downing Street, que havia sido, só no século passado, de Lord Balfour e de Lloyd George, de Churchill, Harold Wilson e Bevan. E que dizer de nossos dias, com Berlusconi e Sarkozy? E não nos esqueçamos de Barack Hussein Obama – talvez o que intelectualmente mais se aproxime do modelo clássico dos governantes do passado.
A História registra quebras anteriores de paradigma, mas geralmente localizados e episódicos, como ocorreu com a eleição de Andrew Jackson, nos Estados Unidos de 1828. Quebra de paradigma é também a presença de Lula, no Alvorada. Argumentam, os adversários da inclusão da Venezuela no Mercosul, que o regime, ali, não é democrático. Mas, o que é mesmo democracia? Se os destacados adversários da Venezuela conseguissem defini-la com precisão, resolveriam um dos problemas básicos da ciência política. Em termos pragmáticos – e não acadêmicos – democracia é aquele regime que nos convém, e não democrático aquele que não nos agrada. Há democracias e democracias. Seria, por exemplo, democrático o governo da Itália, cujo primeiro-ministro controla mais da metade do poder de informação no país? Em sua melhor definição, a democracia rejeita adjetivos, e os rejeita porque é um processo – e os processos não admitem qualificações definitivas.
É preciso separar o transitório do duradouro, já que na política, como na vida em geral, não há situações permanentes. O presidente Chávez é um inquilino do Palácio de Miraflores, como outros houve, desde a tumultuada independência da região. Como em todos os países do continente, a história da Venezuela oscila entre o despotismo das oligarquias e a resistência dos pobres. Houve governos que lutaram pela democracia republicana e pela igualdade, como os de Rômulo Bentacourt e Rômulo Gallegos. E ditaduras militares impostas pelos golpes de Estado, como a de Perez Jimenez. E há o clássico exemplo da corrupção insuportável de governos que começaram bem, como ocorreu com Carlos Andrés Perez. Se Chávez e sua forma particular de governo são realidades transitórios, a Venezuela é duradoura. Hoje, a Venezuela é um dos mais importantes parceiros comerciais do Brasil, e, acima dos preconceitos contra o índio Chávez, prevalecem os interesses dos grandes empresários brasileiros, que exportam bens e serviços para aquele país. E, da mesma forma, os nossos objetivos nacionais permanentes.
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O governador Roberto Requião disse o que devia dizer. O acordo prévio entre o PMDB e o PT, quanto à Vice-Presidência na chapa de Dilma Rousseff, expressa a vontade da candidata, de Michel Temer e seus próximos. Só a convenção nacional do partido decidirá que posição assumir no pleito do ano que vem. E, embora a candidatura da ministra pareça consolidada no PT, ela só será definitiva depois da convenção de seu partido. Em política, como em tudo na vida, as circunstâncias mudam a cada instante.
JB online
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