sábado, 17 de julho de 2010

Contraponto 2767 - "Lula critica os 'burocratas' de SP que dificultam obras do PAC"

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17/07/2010


Lula critica os "burocratas" de SP que dificultam obras do PAC

Vermelho - 16 de Julho de 2010 - 16h32

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao governo do Estado de São Paulo durante entrega de 252 unidades habitacionais na Favela Naval, em Diadema (região metropolitana de SP), nesta sexta-feira (16). Lula criticou a demora no processo de liberação de licenças ambientais por parte do governo paulista. A não liberação das licenças dificultam e atrasam obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em tom de despedida, Lula afirmou que o brasileiro aprendeu a ser tratado como “primeira categoria” em seu governo e voltou a falar em risco de retrocesso no País. A menos de três meses das eleições, Lula substituiu o discurso emotivo presente em eventos anteriores ao falar de sua saída do governo e, em tom mais áspero, disse que a “burocracia” no Estado de São Paulo – governado há 16 anos pelo PSDB – atrasa o ritmo das obras do governo federal na região.

Sem citar a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) nem os adversários na disputa eleitoral, o presidente conclamou os prefeitos paulistas a reforçar as críticas “a uma pessoa do Estado” que, segundo ele, demora para conceder as licenças ambientais para projetos para população de baixa renda. O discurso foi feito em evento de entrega de um conjunto habitacionai para famílias da periferia de Diadema.

“Não é apenas em Diadema que as licenças não saem. Tem uma pessoa desse Estado, que não sei quem é, que traz dificuldades para a gente fazer as coisas. É importante que os prefeitos façam essa briga. No nível federal, a gente briga muito para liberar as coisas com a agilidade necessária”, disse.

Segundo o presidente, as dificuldades são criadas por um “burocrata que fica com a bunda na cadeira, com ar-condicionado, sentado” e “sem se preocupar com o que o povo está vivendo”.

O presidente ressaltou ainda que ainda mantém a postura de chefe da Nação, mas quando deixar o Palácio do Planalto, poderá desferir pronunciamentos ainda mais críticos. "Sei que a gente é governo e tem de ter diplomacia e linguajar adequado, mas eu estou quase deixando de ser presidente e vou voltar a falar do jeito que sempre falei nesse País", afirmou, muito aplaudido pela plateia de moradores da região, que ouviam o presidente ao ar livre, apesar do frio e da chuva.

Burocrata está com Serra

As licenças ambientais em São Paulo são responsabilidade da secretaria estadual de Meio Ambiente. A pasta foi ocupada até o pouco tempo pelo tucano Xico Graziano, que deixou o cargo para coordenar a campanha de Serra ao Palácio do Planalto.

No caso do conjunto Nova Naval entregue nesta sexta-feira, a demora chegou a dois anos, segundo os moradores locais, que obtiveram a informação junto à Prefeitura.

O prefeito de Diadema, Mauro Reali (PT), também cobrou uma atuação mais ativa do governo do Estado em obras de urbanização da cidade. "O Estado tem área disponível e tem de entrar como parceiro no Programa de Aceleração do Crescimento(PAC) 2", disse. O projeto de urbanização da região custou R$ 25,5 milhões, dos quais R$ 20,5 milhões vieram do governo federal e R$ 5 milhões do município. Cada uma das 252 unidades habitacionais, de 42m², custou R$ 34 mil, dos quais R$ 19,6 mil foram repassados pelo governo federal e o restante, pela Prefeitura de Diadema.

Primeira categoria

Falando a um grupo com cerca de 150 moradores, Lula prometeu ao prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT) que a região da antiga Favela Naval que compreende a cidade, ainda não urbanizada, também será atendida pelo programa do governo federal. Ainda na Favela Naval, está prevista a entrega de mais 156 apartamentos, melhorias em 599 casas da parte já urbanizada da região, além de obras de infraestrutura para abastecimento de água e esgoto e pavimentação de ruas.

Lula lembrou que Diadema foi a primeira cidade governada pelo PT, que venceu as eleições na década de 80. "Nunca mais deixamos de governar Diadema. É bem verdade que nossos prefeitos brigavam muito", disse o presidente. "Finalmente, depois de uma sequência de administrações, Diadema está deixando de ser uma cidade dormitório e uma das (cidades) mais feias do ABC. Ninguém tem mais vergonha de dizer que mora em Diadema."

O presidente afirmou no discurso que ele e a população passaram 500 anos sendo tratados como se fossem “pessoas de terceira ou quarta categoria”, mas que nos últimos anos, “aprendemos que é bom ser de primeira categoria, que é bom morar bem, ganhar bem, tomar café, almoçar, jantar, ir ao cinema, ao teatro, ter acesso à cultura. E não queremos retrocesso neste Pais”. Mais à frente, Lula afirmou que o Brasil “nunca mais vai ter um governo que tenha coragem de governar sem conversar com o povo”.

“Eu já fiz mais de 70 conferencias nacionais, a última foi a Conferência da Cidade, em que a gente ouve o que a gente quer e o que a gente não quer, e onde companheiros falam a verdade. (...) A gente, como presidente, não tem que ficar ofendido quando alguém fala o que está errado”.

Diploma de medicina

No mesmo discurso, o presidente comemorou os números divulgados nesta semana sobre a criação de 1,4 milhão de empregos no País e disse aos moradores de Diadema que eles só viram a crise financeira internacional, iniciada em 2008, pela televisão. Lula disse também ter vivido na semana passada um dos momentos mais importantes de sua vida ao participar de um evento de entrega simbólica de diploma de medicina a 414 “meninos e meninas” que tiveram acesso à universidade por meio do Prouni e “vão ser doutores, vão estar de jaleco, trabalhando na periferia”.

“Nenhum pobre neste País poderia estudar para medico, só se tivesse a sorte de entrar numa universidade pública. Um curso de medicina custa quase R$ 5 mil. Quem está aqui não pode pagar R$ 5 mil num curso para o filho”.

Falando diretamente à plateia, ele citou números sobre crédito no País –“temos mais créditos em um mês do que no ano todo em 2003” – e exaltou o início da extração de petróleo na camada do pré-sal.

“Tive o prazer de sujar a mão no petróleo, que estava há 160 milhões de anos embaixo de terra e que nós vamos mandar buscar esse petróleo do pré-sal para que a gente possa resolver os problemas desse País”.

Por fim, o presidente disse que quando não for mais presidente, vai poder dizer aos "companheiros" moradores do conjunto habitacional que "tivemos uma relação verdadeira e sincera”. “Criamos uma nova relação entre Estado e sociedade”, disse.

Cautela para não ferir legislação

No palanque montado para a entrega dos imóveis estavam os prefeitos petistas Mário Reali, de Diadema, e Luiz Marinho, de São Bernardo, Paulo Eugênico, interino de Mauá, Marcelo Cândido, de Suzano, além do ministro das Cidades, Márcio Fortes, do presidente da Câmara de Diadema, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), integrantes da Caixa Econômica Federal e da comunidade local.

Os candidatos a deputado estadual e federal da região não foram vistos na solenidade, para não ferir a lei eleitoral. Com o mesmo objetivo, os discursos foram cuidadosos para não citar nomes de postulantes.

Com informações do Diário do Grande ABC e iG
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