16/04/2012 
Dilma passa um sabão no Tio Sam
Do Blog das Frases - 15/4/2012
Postado por Saul Leblon
A participação insípida do presidente dos EUA,  Barack Obama, na Cúpula das Américas foi a personificação de um divisor  histórico: o império nada tem a dizer ou a propor de relevante aos povos  latino-americanos. Em  crise, patinando entre a tibiez de uma  estratégia econômica  que se compraz  em mitigar a ortodoxia em casa  e  uma diplomacia bélica que chafurda na areia movediça de conflitos  múltiplos e insolúveis, do Oriente Médio à Coréia, passando pelo embargo  à Cuba e querelas com a Venezuela, o poderio ianque naturalmente não  está derrotado. Mas é visível a sua exaustão. Obama personifica-a como  um Tio Sam cansado da guerra.
Ainda que seja o melhor que a  política norte-americana tem hoje a oferecer, convenhamos, é  parcimonioso. Essa percepção de esgotamento extravazou das intervenções  do democrata em Cartagena, na Colômbia. A um mosaico de nações que luta  contra um legado secular de pobreza, desigualdade e truculênca nas  relações com o Big Brother, e ainda assim desponta como um dos  horizontes mais dinâmicos da economia mundial, Obama ofereceu a velha e  gasta 'cooperação' do mascate viajante.
Instado a comentar a  ascensão da classe média regional e, sobretudo, brasileira, murmurou  memorizando as fichas preparadas pelo Departamento de Estado: "Uma  classe média próspera e ascendente abre mercado para as nossas empresas.  Aparecem novos clientes para  comprar ‘Iphones',  ‘Ipods, Boeings'..."  "Ou Embraer!", atalhou-o a presidenta Dilma Rousseff , num aparte  bem-humorado, mas também altivo e ao mesmo tempo revelador da miúda  visão política autocentrada do chefe de Estado norte-americano.
A  intervenção brasileira foi ovacionada com risos e palmas pelos demais  chefes de Estado presentes. Caberia a Dilma, ainda, contrapor ao  caquético catecismo da subordinação comercial o ponto de vista  estratégico de uma América Latina cada vez mais encorajada a  buscar seu  próprio caminho e, mais que isso, definitivamente  convencida de que  esse caminho de soberania e desenvolvimento não cabe no acostamento  estreito destinado historicamente à região pela Casa Branca. Em um  improviso mais de uma vez aplaudido, ela despertou o orgulho  latino-americano diante de um Obama entre sonolento, ausente e blasé.
Disse-o  com assertiva altivez a Presidenta de todos os brasileiros e, agora  também, uma referência aos latino-americanos que já haviam sido  cativados por Lula: "As relações assimétricas foram muito negativas para  o nosso Continente. Nos últimos 20 anos, tivemos recessão, desemprego e  ausência de perspectivas de crescimento. O relacionamento virtuoso é  aquele que respeita a soberania dos países e enxerga o crescimento  recíproco como essencial. Todos aqui nessa mesa fomos países coloniais,  inclusive os Estados Unidos, que pegou em armas para defender sua  independência. Todos sabemos que não há diálogo entre desiguais",  concluiu Dilma fechando um ciclo da cúpula das Américas.
Ou melhor,  anunciando o novo capítulo da luta pelo desenvolvimento continental.
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