12/03/2013
A suspeita doença de Chávez
Do Direto da Redação - Publicado em 12/03/2013
Mário Augusto Jakobskind
No pedido são solicitados todos os
registros e documentos, incluindo correios eletrônicos, cartas,
memorandos, notas, fotografias, gravações de áudio, vídeos, avaliações
de inteligência, registros ou outros dados que "se relacionam ou
façam referência a qualquer informação vinculada com os planos de
envenenamento ou outras formas de assassinar o Presidente Hugo Chávez”.
A direita, em todos os quadrantes, está tentando convencer a opinião
pública de que o movimento chavista está dividido. Procuram lançar
dúvidas sobre o futuro da Revolução Bolivariana, que é irreversível.
A mais recente queimação foi relacionada com a dúvida
lançada sobre a doença que tirou a vida de Chávez no último dia 5 de
março. A única forma de desmentir ou confirmar a acusação lançada pelo
Presidente interino Nicolás Maduro é investigá-la com rigor.
Nesse sentido, grupos de direitos civis nos Estados
Unidos apresentaram solicitação, direito assegurado pela Lei de
Liberdade de Informação, sobre dados vinculados aos supostos planos de
envenenamento de Chávez.
Os responsáveis pela petição pedem à Agência Central
de Inteligência (CIA), ao Departamento de Estado e à Agência de
Inteligência e Defesa informações sobre a atuação das instituições no
caso. São entidades respeitáveis e que se movimentam em defesa dos
direitos humanos, como a organização de direitos civis Partnership for
Civil Justice Fund (Fundo da Sociedade para a Justiça Civil), a
organização estadunidense antibelicista ANSWER, (Coalición ANSWER) e o
diário ‘Liberation Newspaper’.
Os responsáveis pela petição lembram também que o
governo dos Estados Unidos conhecia e contava com informações sobre as
tentativas de assassinato de líderes estrangeiros, entre os quais o
comandante da Revolução cubana, Fidel Castro, o ditador dominicano
Rafael Leónidas Trujillo e o que tinha sido chefe do Exército chileno,
General René Schneider Chereau. A carta não só menciona o conhecimento,
como a possível participação de Washington nas ocorrências.
Para os signatários da petição, o público tem
necessidade urgente e imperiosa de receber informação que sustente
qualquer tentativa de assassinar o presidente da Venezuela, inclusive
qualquer conhecimento que tenha ou haja tido o Governo dos Estados
Unidos sobre tais atividades, e, em particular, o papel que o governo
estadunidense tenha podido ter nesse planos.
Reforçando essa tese, vale lemvbrar que em 17 de novembro de 2010 o
congressista estadunidense Connie Mack, considerado então porta-voz da
extrema direita republicana, discursava no Capitólio em um encontro de
fascistas dizendo que o Presidente Chávez deveria ser assassinado como
um cachorro. Não à toa, que Mack era vinculado à máfia cubano- americana
de Miami, que tentou mais de 400 vezes matar Fidel Castro.
O Governo venezuelano também pediu uma investigação
sobre as circunstâncias da doença de Chávez, especificamente se foi
envenenado ou deliberadamente exposto aos elementos que provocaram o
câncer. Essa informação foi divulgada pelo canal NBC News.
O governo norte-americano negou qualquer envolvimento, mas agora não basta apenas a negativa sem aprofundar as investigações.
Diante de fatos até hoje não esclarecidos, que vão
desde as mais de 400 tentativas de assassinatos de Fidel Castro,
inclusive com uma técnica de espalhar radiação, que não deu certo porque
a tecnologia nos anos 60 não estava tão desenvolvida como hoje, a morte
do líder palestino Yasser Arafat, que já não há quase dúvidas e está
sendo investigada na França, os desastres aéreos que mataram o panamenho
General Omar Torrijos e o equatoriano Jaime Roldós, dois dirigentes que
adotavam políticas nacionalistas, a desconfiança sobre as
circunstâncias da morte de Chávez precisam ser investigadas com bastante
rigor.
Mesmo o Brasil não está isento de dúvidas em relação
às circunstâncias da morte do Presidente João Goulart, em 1976, em sua
fazenda em Las Mercedes, na Argentina. Até hoje não foi esclarecido se
houve mesmo troca de remédios que levaram Jango a morrer ou não. É
preciso também rigor para se esclarecer de uma vez por todas as dúvidas.
De um modo geral a cobertura dos acontecimentos na
Venezuela tem sido francamente manipulada. O objetivo principal é o de
convencer a opinião pública que a Revolução Bolivariana está com os dias
contados. Isso não é jornalismo. É distorcer a história.
Mas de alguma forma mesmo que se confirme que a morte
de Chávez foi provocada, o tiro saiu pela culatra, porque o povo nas
ruas reafirma que a Venezuela nunca mais voltará a ser uma colônia
estadunidense, como era antes de dezembro de 1998 quando da primeira
eleição do líder bolivariano.
Mário Augusto Jakobskind. É
correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador
do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da
Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de
Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia,
Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
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