Contraponto 12.116 - "O 'arrependimento' global"
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03/09/2013
O "arrependimento" global
 
  
Eliakim Araújo 
 
 Tenho dito aqui, com frequência, que o império global está  
reescrevendo a história recente do Brasil sob sua ótica, objetivando, 
evidentemente,  tentar limpar sua barra perante a opinião pública. A 
última dos Marinho é esse falso arrependimento pelo editorial  que 
antecedeu o golpe de abril de 64 e seu “equivocado apoio à ditadura 
militar”.
Tenho dito aqui, com frequência, que o império global está  
reescrevendo a história recente do Brasil sob sua ótica, objetivando, 
evidentemente,  tentar limpar sua barra perante a opinião pública. A 
última dos Marinho é esse falso arrependimento pelo editorial  que 
antecedeu o golpe de abril de 64 e seu “equivocado apoio à ditadura 
militar”.
Os vários projetos de “memória” criados pelas várias mídias que 
compõem o conglomerado Globo, ao lado de mostrar o lado colorido dos 
acontecimentos, têm na realidade o objetivo de transformar em verdades 
absolutas os muitos pecados cometidos, especialmente no que se refere à 
alienação da opinião pública. 
Projetos de memória, para ter algum valor histórico, precisam buscar o
 contraditório, se não vira samba de uma nota só ou do pensamento único.
 O império do Jardim Botânico consegue fazer a cabeça dos noveleiros, 
mas não das camadas mais politizadas da população.  Os manifestantes 
deixaram isso muito claro no mês de junho passado quando incluíram em 
seus protestos o velho refrão (tem mais de 20 anos, é do tempo do 
Brizola)   “o povo não é bobo....”  e outros mais recentes surgidos da 
criatividade do brasileiro. As gerações mudam, mas o papel do grupo 
Globo durante o período de escuridão que o país viveu não é esquecido.
O que a “memória global” não consegue explicar é como um modesto 
vespertino carioca, fundado por Irineu Marinho, que nem tinha a edição 
dominical, transformou-se no império que todos conhecemos hoje, com 
dezenas de publicações, um sem número de canais de televisão (além de 
uma distribuidora de canais) e investimentos em outras áreas.  Tudo isso
 construído depois de 1964. Não é uma estranha coincidência?
Portanto, aos leitores que escreveram pedindo um posicionamento do DR
 sobre esse “arrependimento” do império, recomendo a leitura do artigo 
enviado pelo leitor Raul Longo, publicado no Espaço Livre, “Mea maxima 
culpa”.
A guerra a caminho.  Enquanto escrevia estas linhas,
 a TV estava ligada na CNN que transmitia a audiência dos homens da 
guerra dos Estados Unidos, o secretário de Estado, John Kerry, o de 
Defesa, Chuck Hagel, e o chefe das forças armadas, General Martin 
Dempsey. São eles os encarregados de convencer os parlamentares de que o
 melhor para os Estados Unidos é atacar a Síria.
Anotei algumas frases que dão uma ideia de como os senadores 
americanos tratam um assunto tão sério quanto o bombardeio de um país.  
Não ouvi nenhuma palavra sobre diálogo ou negociação.  Dar uma lição em 
quem desobedeceu as ordens do império e mandar um aviso aos 
demais, parecia ser o pensamento dominante entre os líderes republicanos
 e democratas que discutiram nesta terça-feira no Senado.  
- Nós nao podemos fechar nossos olhos
- Nossa credibilidade está em jogo
- A China vê os EUA como um tigre de papel
- Não haverá invasão nem ocupação da Síria 
- Totalmente falsa a comparação com o Iraque
- Impunidade está trabalhando a favor de Assad
- Necessitamos jogar duro contra a Síria
- Síria está se tornando um novo Afeganistão
- Síria tornou-se um porto seguro para os terroristas
- Os efeitos colaterais dos bombardeios serão mínimos
- O objetivo é destruir a capacidade de defesa síria
- O ataque à Síria é um aviso aos demais países
Enquanto os senadores discutiam a punição de Bashar al-Assad, uma 
pesquisa Washington Post-ABC News informava que quase 60 por cento do 
povo americano é contrário ao ataque à Síria. Esse pode ser um 
diferencial na hora do Congresso votar.
Obama ganhou nesta terça-feira o apoio dos principais líderes 
republicanos, John Boehner, o presidente da Câmara dos Deputados, e Eric
 Cantor, líder republicano na mesma Casa. Acho que é a primeira vez que 
esses dois inimigos figadais do presidente declaram seu apoio a uma 
iniciativa sua.
As cartas estão na mesa. Pelo clima que vi hoje na audiência no 
Senado, o bombardeio à Síria é irreversível  e não vi ninguém preocupado
 com as consequências.
Eliakim Araújo. Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil.
 Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi 
Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa"  Em parceria com 
Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e 
institucionais.  
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