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04/09/2016
Mídia também deveria fazer mea culpa pela crise
Brasil 247 - 3 de Setembro de 2015 às 21:36
Quem diz é o professor Rogério Cezar de Cerqueira
Leite, na mais sensata análise sobre os motivos da crise que atingiu a
economia brasileira; ao buscar, em artigo, "quem são os verdadeiros
culpados e quais os mecanismos que foram necessários para que
acontecesse esse particular debacle econômico e político", o colunista
cita, além da "campanha colérica da oposição", das "revelações da
Operação Lava Jato" e de "métodos de chantagens" por parte de
parlamentares, "a obsessão dos meios de comunicação, da mídia elitista
pelo debacle do poder político alcançado pelo operariado, pela plebe";
para ele, "há, portanto, uma culpa compartilhada"; e o "mea-culpa deve
começar por aqueles que dos outros estão a exigi-la"
247 – Na mais
sensata análise até o momento sobre as razões para a crise que atingiu a
economia brasileira, o físico e professor emérito da Unicamp Rogério
Cezar Cerqueira Leite constata, em artigo na Folha de S. Paulo publicado
nesta quinta-feira 3, que há "uma culpa compartilhada" e que a "mídia
elitista" também deveria fazer um mea culpa.
Membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho
Editorial da Folha, ele cita entre os motivos da crise a "campanha
colérica da oposição", as "o 'mensalão' e as revelações da Operação Lava
Jato" e "métodos de chantagens" por parte de parlamentares.
Além disso, "a obsessão dos meios de comunicação, da mídia elitista
pelo debacle do poder político alcançado pelo operariado, pela plebe".
"Há, portanto, uma culpa compartilhada pela oposição, pelo Congresso,
pela administração do PT e pela grande mídia por essa recessão em que
se encontra o país. O mea-culpa deve começar por aqueles que dos outros
estão a exigi-la", afirma ele.
Leia abaixo a íntegra de sua análise:
De quem é a culpa?
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
candidamente sugeriu à presidente Dilma Rousseff que tenha "a grandeza
de renunciar" –ainda que defenda agora que sua fala tenha sido mal
interpretada.
As razões para a renúncia seriam o declínio de sua popularidade, a
recessão e consequente queda de governabilidade. Esquece-se o
ex-presidente de que já esteve em posição idêntica com dificuldades
iguais, e não renunciou.
Todavia, o que melhor evidencia a sua pequenez como homem público e
como intelectual é a falta de originalidade, pois sua proposta não é
nada mais que um plágio impudente, para não dizer descarado, do que lhe
foi referido pelo ex-presidente Lula quando lamentou que o então
presidente FHC não tivesse tido a grandeza de renunciar.
De fato, é verdade que o Brasil está com grandes dificuldades no
setor econômico e que há problemas sérios de governabilidade e que, em
parte, esta condição é de responsabilidade da atual administração que,
como reconheceu recentemente a presidente Dilma, deve-se em parte à
demora com que o governo percebeu a gravidade da situação.
Pois bem, aproveitando-se das dificuldades, membros do PSDB, do DEM e
outros partidos da oposição, em consonância com a grande mídia escrita,
falada e televisada, exigiram um reconhecimento explícito da presidente
Dilma de responsabilidade pela crise, uma espécie de mea-culpa.
É, portanto, indispensável que antes de culparmos alguém verifiquemos
quem são os verdadeiros culpados e quais os mecanismos que foram
necessários para que acontecesse esse particular debacle econômico e
político.
Façamos como o famoso detetive Sherlock Holmes. Quais seriam as
razões principais para os problemas que enfrentamos na economia e na
política nacionais.
1) A recessão mundial com a preponderância da China, que vem
reduzindo suas compras de produtos brasileiros nestes últimos anos.
Desse e de outros países não podemos cobrar uma mea-culpa por razões
óbvias. Acho que não há economista decente que não concorde com essa
escolha. Talvez até José Serra.
2) O "mensalão" e as revelações da Operação Lava Jato, pois desmoralizam o PT e suas administrações.
3) A voracidade pelo poder e pelo dinheiro e os despudorados métodos
de chantagem da maioria dos membros do nosso infeliz Congresso Nacional,
capitaneada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha,
discípulo e apaniguado de Paulo César Farias.
4) A campanha colérica, apoplética, vociferante da oposição.
5) A obsessão dos meios de comunicação, da mídia elitista pelo debacle do poder político alcançado pelo operariado, pela plebe.
Ora, parece haver consenso de que a recessão é em grande medida
resultado da falta de investimento como consequência da derrocada da
confiança do cidadão e do capital no futuro do país.
Há, portanto, uma culpa compartilhada pela oposição, pelo Congresso,
pela administração do PT e pela grande mídia por essa recessão em que se
encontra o país. O mea-culpa deve começar por aqueles que dos outros
estão a exigi-la.
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