20/06/2016
‘Golpistas promovem devastação no MDA’
Brasil 247 - 17 de Junho de 2016
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Tereza Cruvinel
 O deputado e ex-ministro do Desenvolvimento Agrário e do 
Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, denuncia a sanha com que o 
governo interino de Michel Temer vem desmontando o Ministério do 
Desenvolvimento Agrário - MDA e as políticas voltadas para os pequenos 
produtores rurais. Foram exonerados mais de 66 diretores, assessores e 
delegados do MDA nos estados. “O mais recente golpe do governo 
provisório contra a agricultura familiar e a reforma agrária eleva a 
quase uma centena o total de profissionais, de diferentes escalões, 
dispensados desde a instalação do governo provisório e da gestão ruinosa
 que inaugurou e mantém em curso”, denuncia Patrus.
O deputado e ex-ministro do Desenvolvimento Agrário e do 
Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, denuncia a sanha com que o 
governo interino de Michel Temer vem desmontando o Ministério do 
Desenvolvimento Agrário - MDA e as políticas voltadas para os pequenos 
produtores rurais. Foram exonerados mais de 66 diretores, assessores e 
delegados do MDA nos estados. “O mais recente golpe do governo 
provisório contra a agricultura familiar e a reforma agrária eleva a 
quase uma centena o total de profissionais, de diferentes escalões, 
dispensados desde a instalação do governo provisório e da gestão ruinosa
 que inaugurou e mantém em curso”, denuncia Patrus.Em discurso na Câmara, anteontem, Patrus fez um inventário dos desmanches que o governo interno de Michel Temer vem produzindo sobre os legados de Lula e Dilma em toda a área social. Concluindo que o golpe é contra os mais pobres, conclamou à unidade dos partidos de esquerda e movimentos sociais para derrotá-lo antes que até a fome volte a ser uma praga no Brasil. Em 2014, a ONU retirou o país do mapa mundial da fome. “Esperamos que a fome não retorne com o governo ilegítimo que tomou provisoriamente o poder”, disse Patrus no discurso em que destrincha o sentido do afastamento de Dilma.
“O golpe impetrado contra o mandato legítimo da Presidenta Dilma Rousseff e a ordem constitucional e democrática tem um endereço certo: quebrar o círculo virtuoso das conquistas sociais. É um golpe contra os pobres! É um golpe contra o Brasil, contra o projeto nacional que passa pela inclusão e pela justiça, pelo direito à vida como fator fundante e coesionador da unidade nacional. É um golpe a serviço dos interesses do grande capital internacional e seus serviçais no Brasil; golpe a serviço deste ente misterioso, que os adoradores do bezerro de ouro erigem em nome de Deus: o mercado todo poderoso” – discursou Patrus.
No MDA, além das demissões em massa de técnicos especializados, o governo vem liquidando com as políticas setoriais, que incluem o Pronaf (financiamentos para pequenos produtores rurais), o Pronera (de educação na reforma agrária) e o Pronatec/Campo (ensino técnico rural):
“- As ações contra a agricultura familiar foram imediatas: além de extinguir o ministério, o governo golpista retirou de imediato 170 milhões do PAA, primeira parcela dos 500 milhões autorizados pela presidenta Dilma quando do lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2016-2017, que já estavam empenhados na Companhia Nacional de Abastecimento – a CONAB, órgão fundamental para o desenvolvimento da agricultura familiar brasileira e para assegurar o direito à alimentação da nossa gente. A CONAB também está condenada pelo governo golpista, senão à extinção, ao esquecimento e ao abandono.
- O programa Mais Gestão, de apoio ao cooperativismo, teve rescindidos os contratos de assistência técnica penalizando quase mil empreendimentos e 170 mil famílias.
- O governo golpista também baixou portaria cancelando programas de habitação através de entidades vinculadas ao Minha Casa Minha Vida Rural.
- Estão determinados, os agentes golpistas, a desvincularem o Benefício de Prestação Continuada, o BPC, dos reajustes do salário mínimo, penalizando milhões de pessoas idosas e com deficiência. Pobres, muito pobres. Os golpistas só procuram aumentar os cofres públicos para outros fins menos nobres e à custa dos pobres e trabalhadores. Em nada incomodam os ricos, os detentores do poder econômico.
Veja a íntegra do discurso de Patrus.
DISCURSO 16 DE JUNHO DE 2016
GRANDE EXPEDIENTE
A História, moderadora serena no julgamento das pessoas e dos 
acontecimentos, vai confirmar o que já sabem os pobres; as trabalhadoras
 e trabalhadores que lutam com maiores dificuldades; o que sabem as 
agricultoras e agricultores familiares; os pequenos empreendedores; os 
que constroem a economia solidária; confirmará o que sabem as pessoas de
 boa vontade: os governos Lula e Dilma deram extraordinária contribuição
 ao desenvolvimento social em nosso país.
O presidente Lula iniciou o seu profícuo mandato externando, mais do 
que um compromisso, um desejo profundo de erradicar a fome no Brasil.
Cumpriu a sua palavra e realizou o grande desejo da sua vida. 
Implantou um conjunto de políticas públicas formadoras do grande projeto
 coesionador dessas ações: o Fome Zero.
No Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que 
implantamos em janeiro de 2004, integramos ao programa nuclear do Fome 
Zero o Bolsa Família, responsável direto pela ascensão de milhões de 
pessoas em todos os municípios desta grande e querida pátria brasileira.
Assim como o Fome Zero, o Programa Bolsa Família é hoje reconhecido 
em todos os cantos do planeta.  O Bolsa Família cumpriu de forma 
esplêndida os seus objetivos porque veio articulado com outras ações e 
políticas públicas.
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome acolheu, além
 do Bolsa Família, as políticas públicas de assistência social, 
consolidando o Sistema Único da Assistência Social e dando forte apoio 
ao Bolsa Família através dos Centros de Referência da Assistência 
Social, das políticas públicas de inclusão produtiva, capacitando os 
beneficiários do Bolsa Família; da integração do Programa de Erradicação
 do Trabalho Infantil com o Bolsa Família.    
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome acolheu 
também, para cumprir os objetivos do Fome Zero, as políticas públicas da
 segurança alimentar e nutricional, com os restaurantes populares, as 
cozinhas comunitárias, os bancos de alimentos, com o PAA – o notável 
Programa de Aquisição de Alimentos da agricultura familiar que atende 
nas duas pontas: garante ao agricultor familiar o preço justo na 
colheita e assegura, com os produtos adquiridos, a segurança alimentar 
de pessoas, famílias e comunidades em situação de vulnerabilidade 
alimentar.
Vale aqui resgatar a retomada do Conselho de Segurança Alimentar e 
Nutricional – CONSEA – desde o início do Governo Lula, em 2003, e que 
muito contribuiu na formulação e implementação das políticas públicas 
relacionadas à segurança alimentar da população brasileira.   
Em 2014 a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a 
Alimentação – a FAO – retirou o Brasil do Mapa da Fome, reconhecendo o 
êxito do Fome Zero. ESPERAMOS QUE A FOME NÃO RETORNE COM O GOVERNO 
ILEGÍTIMO QUE TOMOU PROVISORIAMENTE O PODER.
O Fome Zero teve a acompanhá-lo desde o início um programa notável 
executado no seu alvorecer e no processo de consolidação pela então 
ministra das Minas e Energia do Governo Lula, Dilma Rousseff.
O Luz para Todos levou a energia elétrica aos mais distantes sertões 
do Brasil – e com ela a geladeira, o liquidificador, os motores e 
equipamentos que possibilitam o desenvolvimento da agricultura familiar e
 da agroindústria.
Por sua vez, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, QUE O 
DESGOVERNO DO GOLPE PRETENDE EXTINGUIR, promoveu vigorosas políticas 
públicas de apoio à agricultura familiar através dos crescentes recursos
 do PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
 – articuladas com outras políticas de apoio à educação através do 
PRONERA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária -; da Escola 
Família Agrícola ou pedagogia de alternância.; do PRONATEC/Campo – 
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego; de políticas 
públicas voltadas para a juventude e a mulher, do desenvolvimento 
integrado das comunidades e territórios rurais. 
 As ações do Ministério do Desenvolvimento Agrário priorizaram o 
desenvolvimento da agroecologia e do cooperativismo e agregaram valor à 
agricultura familiar camponesa através do apoio à implantação de 
agroindústrias, acesso aos mercados regionais, comercialização, compra 
direta dos órgãos públicos.
Na Educação foram os avanços do ProUni – Programa Universidade para 
Todos -, do FIES – Fundo de Financiamento Estudantil -, das dezenas de 
novas universidades e extensões universitárias públicas; centenas de 
IFETES – institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia 
implantados em todas as regiões do país; o PRONATEC garantindo o acesso 
ao ensino técnico e aos estudos universitários a milhões de jovens – 
filhas e filhos de trabalhadores e agricultores familiares.
Mais: o Minha Casa Minha Vida, um dos maiores, senão o maior programa
 habitacional do mundo, assegurando o direito à moradia a milhões de 
pessoas e famílias de trabalhadoras e pobres do Brasil; o Programa Mais 
Médicos, levando os cuidados médicos aos mais distantes rincões da 
pátria.
Em face dessas conquistas e realizações históricas erguemos os nossos
 corações e os nossos olhares para o futuro do Brasil e começamos a 
pensar um segundo momento de novos avanços, com a aplicação efetiva dos 
princípios constitucionais referentes à função social da propriedade e 
das riquezas, através das reformas agrária, urbana e tributária.
O golpe impetrado contra o mandato legítimo da Presidenta Dilma 
Rousseff e a ordem constitucional e democrática tem um endereço certo: 
quebrar o círculo virtuoso das conquistas sociais.
É um golpe contra os pobres!
É um golpe contra o Brasil, contra o projeto nacional que passa pela 
inclusão e pela justiça, pelo direito à vida como fator fundante e 
coesionador da unidade nacional.
É um golpe a serviço dos interesses do grande capital internacional e
 seus serviçais no Brasil; golpe a serviço deste ente misterioso, que os
 adoradores do bezerro de ouro erigem em nome de Deus: o mercado todo 
poderoso.
Neste contexto, cabe às forças políticas, sociais, econômicas e 
culturais comprometidas com o projeto nacional e com as gerações 
presentes e futuras lutarmos pelo pleno restabelecimento do Estado 
Democrático de Direito e pelo respeito à vontade soberana do povo 
brasileiro manifestada nas urnas.
Nesta perspectiva, de afirmação dos princípios e valores democráticos
 e dos direitos fundamentais, cabe-nos reafirmar o compromisso com a 
democracia participativa, abrindo possibilidade e espaço ao exercício 
efetivo dos direitos e deveres da cidadania.
Não devemos temer a presença e a participação do povo na escolha das 
prioridades nacionais e no acompanhamento das políticas e das obras 
decorrentes dessas escolhas prioritárias.
A outra frente de luta, ao lado de vigorosa resistência democrática, é
 a afirmação das conquistas e dos direitos sociais. Devemos ir além: 
nesse quadro em que se tornam nítidas as forças políticas e sociais em 
disputa –- de um lado as forças golpistas do atraso, da submissão aos 
interesses do dinheiro; do outro lado estamos nós, com a nossa história,
 com os nossos compromissos, com os nossos valores humanitários e de 
justiças – temos que reafirmar um novo horizonte de realizações da boa e
 brava gente brasileira: cabe-nos conciliar numa síntese superior o 
direito constitucional de propriedade e da livre iniciativa com as 
exigências éticas, superiores, também fundadas na Constituição da 
República e no ordenamento jurídico, do direito à vida, da dignidade da 
pessoa humana, do bem comum.
O dever maior que todos temos – cidadãs e cidadãos do Brasil – é o de
 colocarmos acima dos nossos interesses particulares e privados os 
interesses maiores da pátria. É ela que nos unifica, que nos permite 
preservar o legado dos nossos antepassados e pensar com amor nas meninas
 e meninos já presentes e nos que estão a caminho.
Em nome deles cabe-nos tornar realidade o verso do Hino Nacional Brasileiro "Dos filhos deste solo és mãe gentil."
O governo golpista e provisório tem pressa e já mostrou a que veio:
- veio desvincular e reduzir os recursos destinados à educação, à saúde, à seguridade social;
--- veio retirar direitos e conquistas previdenciárias e trabalhistas.
--- As ações contra a agricultura familiar foram imediatas: além de 
extinguir o ministério, o governo golpista retirou de imediato 170 
milhões do PAA, primeira parcela dos 500 milhões autorizados pela 
presidenta Dilma quando do lançamento do Plano Safra da Agricultura 
Familiar 2016-2017, que já estavam empenhados na Companhia Nacional de 
Abastecimento – a CONAB, órgão fundamental para o desenvolvimento da 
agricultura familiar brasileira e para assegurar o direito à alimentação
 da nossa gente. A CONAB também está condenada pelo governo golpista, 
senão à extinção, ao esquecimento e ao abandono.
--- O programa Mais Gestão, de apoio ao cooperativismo, teve 
rescindidos os contratos de assistência técnica penalizando quase mil 
empreendimentos e 170 mil famílias.
--- O governo golpista também baixou portaria cancelando programas de
 habitação através de entidades vinculadas ao Minha Casa Minha Vida 
Rural.
--- Estão determinados, os agentes golpistas, a desvincularem o 
Benefício de Prestação Continuada – BPC – dos reajustes do salário 
mínimo, penalizando milhões de pessoas idosas e com deficiência, pobres,
 muito pobres. Os golpistas só procuram aumentar os cofres públicos para
 outros fins menos nobres e à custa dos pobres e trabalhadores. Em nada 
incomodam os ricos, os detentores do poder econômico.
- Crescem as situações de violência contra trabalhadores rurais. 
Agricultores familiares, indígenas, quilombolas, caiçaras, mulheres, 
lideranças e militantes dos movimentos sociais são perseguidos e presos.
 Ainda há dois dias, mais um indígena foi assassinado e mais seis 
ficaram feridos a bala, incluídas duas crianças, sob ataque de 
latifundiários em Mato Grosso do Sul.
Sobre os pobres do campo pairam as mais estranhas denúncias e 
tentativas de penalização. Querem transformar em crime a luta pela 
justiça. Mais graves ainda se tornam essas perseguições quando os fatos e
 as estatísticas mostram que a esmagadora maioria dos crimes contra a 
vida no campo são praticadas pelos herdeiros diretos do coronelismo e 
seus jagunços.
Para alcançarmos os nossos objetivos nacionalistas, democráticos e 
sociais é fundamental a união das forças políticas e sociais 
comprometidas com a afirmação do projeto nacional e o desenvolvimento 
das potencialidades do povo brasileiro.
O dever que a história nos impõe leva-nos a buscar os pontos de 
convergência entre os partidos que nesta casa se opuseram ao golpe: o 
PT, meu partido; o PC do B, o PDT, o PSOL, a Rede e militantes de outros
 partidos que se colocaram em posição de vigorosa resistência 
democrática.
As alianças no campo democrático-popular devem ir além das paredes do
 Congresso e buscar os movimentos sociais, hoje bem integrados na Frente
 Brasil Popular e na Frente Povo sem Medo, com as entidades da 
juventude, com os setores culturais e artísticos, com os estudantes e 
professores, com os profissionais liberais, com os militantes da 
economia solidária e os empreendedores democráticos comprometidos com o 
Estado Democrático de Direito; com as igrejas e tradições religiosas 
comprometidas com os fundamentos éticos e amorosos que constituem a 
essência das verdadeiras experiências religiosas.
Cabe um registro respeitoso nesta hora grave da vida brasileira: as 
principais lideranças das Forças Armadas, nas pessoas de seus 
comandantes, reafirmam a cada momento a sua fidelidade à Constituição e 
ao ordenamento jurídico do país, evitando o terreno perigoso das 
polêmicas e dos sectarismos. A consciência jurídica e democrática da 
nacionalidade brasileira registra o fato histórico e presta-lhes a 
devida homenagem.
No grande debate nacional sobre o Brasil que queremos, coloca-se a questão fundamental da soberania em todas as suas dimensões.
Na busca de novos patamares civilizatórios e de desenvolvimento em 
todas as frentes – político, social, econômico, cultural, ambiental – 
temos uma premissa que é permanente: assegurarmos a integridade 
territorial e o controle dos nossos recursos naturais e os decorrentes 
da nossa capacidade criativa e de produção individual e coletiva.
Um país com a extensão territorial do Brasil, com a nossa população 
rompendo a barreira dos 200 milhões de habitantes, com as nossas 
riquezas – sendo a principal delas o povo brasileiro – deve conversar 
com todos os povos e países no mesmo patamar de respeito.
Possuídos por este sentimento da pátria é que devemos reafirmar a 
nossa luta contra aqueles que querem subordinar o Brasil a interesses 
outros que não são os interesses e objetivos da grande maioria do nosso 
povo na sua caminhada histórica, superando obstáculos e desafios para 
consolidarmos uma nação na independência, na liberdade e nos direitos 
fundamentais – individuais e sociais – que constituem o apanágio dos 
povos que se colocaram de pé e assumiram a sua história e o seu destino.
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