03/10/2017
Entre moralismo e violência moral, o limite da dor
Brasil 247 - 3 de Outubro de 2017

por Tereza Cruvinel

A investigação que levou o ex-reitor ao suicídio depois da humilhação não foi parte da Operação Lava Jato. Mas foi da Lava Jato que saíram a cultura punitivista e os agentes que conduziram a investigação sobre desvios na UFSC a partir de 2006, culminando com a prisão do reitor que assumiu apenas em 2016. Da Lava Jato saiu a delegada da Polícia Federal Erika Marena, que conduziu o inquérito. Da Lava Jato saiu o costume de apontar obstrução da Justiça em qualquer medida defensiva, inclusive no pedido de acesso aos autos, como fez o ex-reitor.
Coincidência ou conveniência, o juiz Sergio Moro declarou ontem que a Lava Jato está perto de chegar ao fim. Não é a Lava Jato em si que precisa acabar, se ainda houver ilícitos a investigar. O que precisa acabar é a cultura que ela semeou, da presunção da culpa, da expiação antes do julgamento, da inobservância do devido processo legal em nome do combate à corrupção. Não há moralidade na violência moral.
TEREZA CRUVINEL. Colunista do 247, Tereza Cruvinel é uma das mais respeitadas jornalistas políticas do País.
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