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sábado, 10 de abril de 2010

Contraponto 1878 - Serra é o candidato da direita

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10/04/2010

Serra é o candidato da direita

Carta Maior - 10/04/2010

Emir Sader*

Fracassado Collor – em cujo governo os tucanos se preparavam para entrar -, FHC assumiu a herança do projeto neoliberal no Brasil. Norteou-se por seus mentores, Mitterrand e Felipe Gonzalez, e achou que se daria bem sendo seu continuador no Brasil, que era a a via que lhe restava para realizar seu sonho de ser presidente.

Assumiu com todo o ímpeto, achando que ia se consagrar. A ponto de ter proferido um conjunto de besteiras, como, entre outras, a de que "A globalização é o novo Renascimento da humanidade". E lá foi ser “droit” na vida. (Grifo do ContrapontoPIG)

Vestiu a carapuça que Roberto Marinho procurava. Se atribui a ele a frase, diante da queda tão chorada do Collor: “Foi o último presidente de direita que conseguimos eleger”. Se supunha que tinham de buscar em outras hostes o continuador de Collor. E acharam FHC.

Que teve a audácia de chamar o PFL, partido nascido da ditadura, com ACM, Marco Maciel, Jorge Bornhausen, como seus dirigentes para- representativos, que tentavam se reciclar para a democracia, buscando apagar seu passado. Tucanos e pefelistas foram a base de sustentação firme do governo, que agregou o PMDB (governista, como sempre) e outros partidos menores.

Esse foi o eixo partidário do projeto neoliberal de FHC. Que pretendia ser para o Collor o que o Toni Blair foi para a Thatcher: deixar que Collor fizesse o trabalho mais sujo do neoliberalismo – privatizações, abertura da economia, enfraquecimento substancial do Estado, precarização das relações de trabalho -, para que ele aparecesse como a “terceira via”. Como Collor fracassou, FHC teve que vestir o tailler da Thatcher e implementar a ortodoxia neoliberal.

Serra nunca se deu bem com FHC – como, aliás, com ninguém, com seu gênio de turrão, de mal humorado, que nunca sorri, que atropela a tudo e a todos que vê como obstáculos. Serra sempre disputou com FHC dentro dos tucanos, era seu rival. Perdeu e teve que aceitar o Ministério do Planejamento do governo, sem poder algum, mas tendo que referendar o Plano Real. Depois foi para a Saúde, para tentar preparar sua candidatura à presidência. Tentou manter distância do governo de FHC, sabendo que quem se identificasse com o governo, perderia. Não consegui e foi derrotado fragorosamente no segundo turno.

Em 2006, temeu por uma nova e definitiva derrota, além do que, pessoa com péssimas relações com todo mundo, perdeu para Alckmin o foro interno dos tucanos e teve que se contentar com esperar. Volta agora como o candidato do bloco que passou a ocupar o espaço da direita no campo político brasileiro.

A oposição aceita Serra não de bom grado, em primeiro lugar porque ele tem relações ruins com todos. Em segundo, porque ele não quer assumir o figurino – vestido com desenvoltura por FHC, por Sérgio Guerra, por todo o DEM – de bater duro no governo Lula, de assumir claramente o papel de oposição ao governo. Porque Serra sabe que o sucesso do governo Lula demonstra que esse é um caminho seguro de derrota.

É um casamento de conveniência, mas não havia outro lugar se Serra ainda tem alguma esperança de ser presidente. Às vezes, pela fisionomia e pelas palavras dá a impressão que ele sai candidato com resignação, consciente que é sua ultima oportunidade, mas que sabe que vai para o matadouro, para a derrota inevitável.

O campo político não é definido pela vontade das pessoas. Ele tem uma objetividade, resultado dos enfrentamentos e das construções de força e de aliança de cada bloco. A bipolaridade não é um desejo, é uma realidade. São dois grandes blocos que se enfrentam, com programas, forças sociais, quadros, objetivos e estratégias contrapostas.

Dilma representa o aprofundamento do projeto de 8 anos do governo Lula, ocupa o espaço da esquerda no campo político. Serra representa as mesmas forças que protagonizaram os 8 anos do governo FHC, que implementou o neoliberalismo no Brasil, governo de que o próprio Serra foi ministro todo o tempo. São dois projetos, dois países distintos, dois futuros diferenciados, para que o povo brasileiro os compare e decida. (Grifo do ContrapontoPIG)

*Emir Sader. Sociólogo e cientista político.
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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Contraponto 1839 - "O que pensam os estrategistas de Dilma"

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07/04/2010
O que pensam os estrategistas de Dilma

Do Blog do Nassif - 06/04/2010 - 12:46

por Luís Nassif

No quartel-general da candidata Dilma Rousseff não foi possível identificar as supostas preocupações com a campanha de José Serra – que mereceram chamada de capa da Folha.

Embora procurem não supervalorizar as pesquisas, duvida-se do último Datafolha. Considera-se inexplicável o aumento registrado nas intenções de voto para Serra, assim como as explicações do diretor do Datafolha. O aumento dos votos de Serra no Rio Grande do Sul – também considerado inexplicável – explica menos de um ponto do resultado final. Logo, o a melhoria de Serra se deveu a uma inexplicável ampliação da votação em todo o país. Como entender, então, as explicações do diretor do Datafolha, de que a melhora ocorreu por conta de redução das chuvas e do aumento das intenções de voto no Rio Grande do Sul?

Mesmo tomando por correta a Pesquisa Datafolha, o que ela mostra, segundo esse analista:

1. Dilma perto dos 30 pontos, mais ou menos consolidados.

2. Serra com 30 e tantos pontos, mas numa situação volátil.

3. Se se chegar nessa posição no início da campanha da TV – diz o analista – a eleição estará ganha.

Essa conclusão se deve ao fato de que o povão – que é Lula, em grande maioria – ainda não estar participando da campanha.

A fonte menciona análise feita por um dos comentaristas do Blog, que dividiu os votos por faixa de ensino. No ensino superior, Dilma está emparelhada com Serra. No ensino fundamental – onde conta o “recall”, as lembranças de outras campanhas – perde de lavada.

Pois é justamente essa faixa que, quando entrar a campanha e ficar nítida a relação de Dilma com Lula, tenderá a mudar o voto para a candidata.
O discurso de Serra

Não há preocupação maior com o discurso de Serra – de mostrar-se como o pós-Lula, sem desmerecer a contribuição de Lula.

Acham que é o único discurso possível. Não daria para bater de frente com governo.

Serra quer uma campanha cosmética, mas há um problema nisso, diz ele. O PSDB passou sete anos e meio fazendo oposição raivosa, xingando tudo, se opondo a todas as políticas. Foi contra o aumento do salário mínimo, chamou a Bolsa Família de Bolsa Esmola, criticou a formação de reservas cambiais, a diversificação do comércio exterior. Foi contra todo tipo de planejamento, de recuperação do Estado, bateu de frente com Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica, mostrou-se contrário à redução das desigualdades regionais.

Se campanha fosse ele sozinho, teria chance, diz a fonte. Só que haverá, do outro lado, a campanha de Dilma mostrando a esquizofrenia do discurso.
Os fatores de sucesso

No QG de Dilma, considera-se que, dos sete fatores de sucesso em uma eleição, falta-lhes apenas um: o apoio da mídia.

Os demais fatores são os seguintes:

1. Programa: ter o que mostrar.

2. Economia: de um modo geral bastante satisfatória. Vais e chegar nas eleições com índices de desemprego de 7% e PIB crescendo a pleno valor.

3. A aliança com o PMDB, garantindo horário eleitoral.

4. As alianças regionais, garantindo palanques em todos os estados.

5. Recursos de campanha.

6. Militância

A velha mídia continua desfavorável. Mas, comparado com 2002 e 2006 – diz ele – a situação é muito melhor. Já existe uma percepção nítida na opinião pública de que a mídia tem uma atitude permanentemente hostil contra o governo. Boa parcela da sociedade já questiona a mídia, que entra nessa campanha com o mais baixo nível de credibilidade da história.

Nas TVs, já não existe mais o pensamento único, embora a maioria do noticiário ainda seja negativo.

A blogosfera ainda tem o papel de agitação política, diz ele. Não consegue ainda praticar o novo jornalismo, mas consegue mostrar que o atual tem muitos problemas.
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Contraponto 50 - Serra no Ceará

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José Serra em campanha no Ceará, não responde pergunta sobre Ciro



José Serra (PSDB/SP) já demonstrou seguidas vezes um certo desapreço pelos nordestino:

- Em entrevista na TV, uma vez justificou a má qualidade do ensino público paulista, porque São Paulo recebia muitos imigrantes [e é claro que a maior migração para São Paulo, no passado, sempre veio do Nordeste].

- Membros do PSDB e da elite paulista, muito ligados à Serra, criaram o movimento CANSEI, cujo ápice foi a declaração de um presidente da multinacional Philips, de que se o Piauí acabasse ninguém sentiria falta.

- Nas discussões da reforma tributária, José Serra sabota, ao não abrir mão de continuar saqueando o Nordeste, pois os nordestinos quando compram um carro ou outro bem fabricado em São Paulo, o imposto sobre consumo (ICMS) fica mais para São Paulo do que para o próprio estado do consumidor.

- O secretário de trabalho de São Paulo no governo Serra, chamou baianos de preguiçosos, e Serra não lhe aplicou nenhuma reprimenda pública.

- Serra sempre faz lobby protecionista para empresários da Fiesp, que arrocha outros estados, como os do nordeste.

- Quando foi candidato à presidente da República em 2002, Serra preferiu escolher para vice uma candidata do Sudeste do que um vice nordestino. Como Serra também é do Sudeste, a chapa ficou mal representada, concentrando forças políticas só da região mais rica do Brasil, e deixando de representar a nação brasileira como um todo.

Com essa falta de afinidade toda com o Nordeste, José Serra fez uma viagem no fim de semana para ver se melhora a imagem.

Foi recebido pelo presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, pelo deputado federal Manoel Salviano e pelo prefeito do Crato, Samuel Araripe, na tarde de sábado no aeroporto Orlando Bezerra em Juazeiro do Norte.

Concedeu entrevista, porém, em pleno Ceará, quando perguntado sobre a possível candidatura de Ciro Gomes em São Paulo, recusou a responder e mudou de assunto.