sexta-feira, 16 de julho de 2010

Contraponto 2759 - "Serra faz coro com EUA na ofensiva imperialista contra o Irã"

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16/07/2010


Serra faz coro com EUA na ofensiva imperialista contra o Irã

Vermelho - 15 de Julho de 2010 - 20h47

Uma vez mais, o candidato da coligação demotucana à presidência da República, José Serra, fez coro com os EUA na feroz ofensiva imperialista no Oriente Médio, cujo alvo principal é o Irã, que não se curva às imposições do império e de Israel.
O ex-governador paulista voltou a criticar a posição do governo brasileiro em relação ao contencioso EUA/Irã, afirmando que o país persa trabalha para construir bombas nucleares.
"Considero que o Irã é uma região-problema para essa matéria, porque eles realmente estão trabalhando para fabricar bombas nucleares, o que não ajuda o desenvolvimento da paz em escala mundial", disse Serra, que se encontrou hoje com o presidente da Comissão Europeia, José Manoel Durão Barroso.

Dois pesos e duas medidas

Com este discurso, ele justifica a retórica imperialista da Casa Branca, que faz claramente uso de dois pesos e duas medidas na região, respaldando o Estado terrorista de Israel. Signatário, como o Brasil, do acordo de não proliferação nuclear, o Irã afirma que não pretende construir a bomba, mas defende o direito ao acesso à tecnologia nuclear para usos pacíficos.
Mas, é notório que Israel já possui a bomba, invade territórios dos vizinhos, humilha e massacra os palestinos, ao passo que o Irã, diferentemente, não agrediu nem agride ninguém, defendeu-se numa guerra contra o Iraque que foi atiçada pelo imperialismo. Os EUA, maiores aliados de Israel (que funciona como uma ponta de lança do império no Oriente Médio), fingem que não sabem o que está ocorrendo, ou seja, agem com dois pesos e duas medidas.

Ressuscitando a Alca?

Serra se alinha claramente ao imperialismo e isto faz muita diferença. Afinal, a política externa independente do governo Lula, razão de justo orgulho nacional, foi um dos fatores que fizeram o Brasil sair mais rapidamente da crise, pois diversificou o destino das exportações, rejeitou a Alca e priorizou a parceria Sul-Sul, o que em muito contribuiu para reduzir a dependência comercial e financeira em relação aos EUA e Europa.

Quanto ao Irã, é um osso na garganta dos EUA desde a insurreição anti-imperialista liderada pelo aiatolá Khomeine, que renacionalizou a indústria de petróleo e afastou as multinacionais anglo-americanas do lucrativo negócio. O que está em jogo no país e na região não é a democracia de estilo ocidental (que, de resto, não é realidade em nenhum país do Oriente Médio), mas a soberania nacional, vilipendiada ao longo dos séculos 20 e 21 pelo imperialismo inglês, francês e norte-americano.

Contra o Mercosul

O candidato tucano também atacou a política de aproximação maior com os países das Américas do Sul e Latina. Voltou a defender uma maior “flexibilização do Mercosul”, de forma a permitir que o país busque acordos internacionais separadamente dos parceiros do bloco ou, em outras palavras, priorize acordos com EUA e União Europeia.

Ele quer acabar com o mercado comum do Cone Sul (que está se ampliando, com o ingresso, ainda não totalmente formalizado, da Venezuela) para favorecer os interesses dos EUA e da Europa. Embora não admita, é uma estratégia que abre caminho para a ressurreição da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que conforme enfatizou o presidente Lula significa a anexação das economias latino-americanas pelo imperialismo.

Apesar de se apresentar como um homem de esquerda, o tucano José Serra vai se jogando a cada dia mais nos braços da direita reacionária e entreguista. Outra de suas notáveis características, também sintomática da posição direitista, é sua crescente hostilidade em relação ao movimento sindical e à classe trabalhadora. Também pudera, o homem é o candidato dos sonhos da oligarquia financeira, das multinacionais, das elites empresariais e do imperialismo. Mas, o povo brasileiro não é bobo, já derrotou o projeto neoliberal nas urnas em 2002, repetiu a dose em 2006 e vai barrar novamente o retrocesso, elegendo Dilma, quem sabe ainda no primeiro turno em outubro deste ano.

Da redação, Umberto Martins, com agências
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