01/08/2011
Do Direto da Redação - Publicado em 31/07/2011
Mário Augusto Jakobskind*

Mas, como assinalam os mais críticos, em um governo que tem como Ministro Moreira Franco, mesmo ele sendo uma figura decorativa, tudo é possível, inclusive Nelson Jobim ser Ministro da Defesa.
Se Dilma, e antes Lula, defende Jobim no Ministério da Defesa, é sinal que nem tudo são flores no processo democrático do país. Resta saber exatamente o motivo pelo qual este cidadão acima de qualquer suspeita ocupa o cargo por tanto tempo seguido.
Jobim é capaz de fazer de tudo, inclusive certas coisas que muitos poderiam até duvidar como, por exemplo, confessar, vestindo a toga de Ministro do Supremo Tribunal Federal, que quando era deputado do PMDB e relator da Constituinte redigiu dois artigos relacionados com a questão orçamentária que não haviam sido votados ou sequer discutidos em plenário.
O mesmo Jobim, já na condição de Ministro da Defesa, de forma ridícula e ilegal, vestiu uniforme militar de campanha. E os meios de comunicação deram a maior cobertura, não censurando a atitude, mas colocando a foto em destaque, como se fosse algo natural e salutar.
Mas fatos desabonadores contra Jobim não param por aí. Há poucas semanas documentos do Wikleaks revelaram que Jobim informou a diplomatas estadunidenses que os então Ministros Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães eram “antiamericanos viscerais”. E tudo ficou por isso mesmo. Até pior, Jobim continua Ministro e os dois mencionados deixaram de ser.
Jobim, em suma, desabona qualquer governo, talvez não o de Fernando Henrique Cardoso. Sua continuidade no cargo deve ser analisada com mais rigor e remete a uma pergunta que muita gente deve estar querendo formular: Por quê? Será alguma imposição? E qual o motivo de Lula ter se empenhado tanto para mantê-lo como Ministro da Defesa no governo Dilma?
Não resta dúvida que por detrás do pano têm fatos escondidos a sete chaves. Jobim se sente tão seguro que se julga no direito de fazer e dizer qualquer coisa, inclusive que votou no adversário da atual Presidente, mesmo sendo Ministro de um governo que apoiava a candidata. E será que tanto faz este ou aquele na Presidência para Jobim se manter no cargo? Será Jobim fiador de alguma coisa que os brasileiros desconhecem? Quem o banca?
Já que falamos em fatos escondidos, vale também lembrar a atual crise na Líbia, que caiu em total silêncio, quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) segue diariamente bombardeando a capital daquele país do Norte da África e provocando vítimas.
Pelo menos dois congressistas estadunidenses se posicionaram enfaticamente contra a participação dos Estados Unidos na guerra contra a Líbia: Cyntia Mckney e Dennis Kucinich, ambos do Partido Democrata. Cynthia passou duas semanas na Líbia e voltou indignada pedindo o fim desta mais recente aventura bélica estimulada pelo complexo industrial militar. A mídia de mercado, para variar, praticamente silenciou sobre o posicionamento dos dois parlamentares. É que a verdade muitas vezes contraria interesses e por isso não raramente ela é mantida escondida.
Neste sábado (30), foi bombardeada a sede da TV estatal líbia provocando a morte de três pessoas e ferimentos em outras 15. O alvo da OTAN é atingir o dirigente Muammar Khadafi. Por isso, os mísseis “inteligentes” têm feito vítimas civis e destruido bairros inteiros, o que mereceria também alguma manifestação de qualquer Tribunal internacional, sobretudo o de Haia.
Os rebeldes reconhecidos por vários países ocidentais tinham dado um prazo, já esgotado, para Khadafi deixar o país. O dirigente líbio avisou que não atenderá ao pedido do gênero bravata, porque os próprios inimigos do dirigente sabiam que por mais apoio que tenham da OTAN, o ultimato não seria cumprido.
Na área internacional vale lembrar ainda que setembro se aproxima e com a chegada deste mês a Organização das Nações Unidas (ONU) terá de se definir em relação à proposta de criação do Estado Palestino. Será a forma de se tentar romper o impasse que se arrasta há anos e já deveria estar resolvido. Os Estados Unidos, como acontece sempre, procurará exercer o seu poder de veto, cedendo às pressões dos defensores incondicionais de Israel.
P.S: O jornalismo perdeu uma grande figura: Procópio Mineiro, o jornalista que na rádio JB comandou a equipe que decifrou o enigma da operação Proconsult, um esquema fraudulento organizado para dar a vitória ao candidato do regime autoritário, Moreira Franco, em 1982, e evitar assim a ascensão de Leonel Brizola. Se não fosse isso, o setor de inteligência do regime associado a TV Globo elegeria o Governador do Estado do Rio.
Mário Augusto Jakobskind. É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
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