18/05/2016
O mordomo do golpe vinga-se no garçom: mandem este negro embora
Por Fernando Brito
Não é de blogueiro sujo. É da Natuza Nery, da Folha, que dilmista nunca foi:
A caça às bruxas no terceiro andar do
Palácio do Planalto não poupou ninguém, nem mesmo o garçom que servia à
Presidência havia quase oito anos.
Cortem-lhe a cabeça José
Catalão, tido como um dos funcionários mais queridos entre palacianos,
foi demitido pela equipe de Temer sob a “acusação” de ser petista,
relataram servidores. Catalão não tem vínculo partidário e se orgulhava
de ter servido Temer em várias ocasiões.
A única vez que vi crueldades deste tipo foi quando entregamos o governo a Moreira Franco, em 1987.
Sabia que iriam entrar querendo sangue e chamei um fotógrafo, querida pessoa, o Luizinho, a quem perguntei se não desejava ser transferido para bem longe, onde o ódio não o alcançasse.
Luizinho era vítima do incêndio do Circo Americano, uma tragédia que matou muita gente em Niterói, e, 1961, brincalhão como ele era todo o tempo, mostrou o braço muito disforme pelo fogo – o que nunca o impediu de ser ótimo fotógrafo, um dos melhores da equipe – e caçoou: Brito, não se preocupa comigo, qualquer coisa eu grito dizendo que o Moreira está perseguindo os deficientes (ele usou outra palavra, hoje politicamente incorreta).
Perseguiu. Luizinho se foi há quatro anos, mas deixou-se ficar, para mim e para outros colaboradores de Brizola, como símbolo do respeito com que eram tratados os servidores, sobretudo os mais modestos.
Prazer em fazer o mal, o sadismo da vingança contra os humildes.
Gente ruim não pode fazer coisas boas.
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