23/09/2015 
O que está por trás da oposição à CPMF, por Janio de Freitas
Jornal GGN - ter, 22/09/2015 - 16:48
Da Folha
por Janio de Freitas
 A oposição à CPMF tem motivações 
variadas, mas o espaço de todas é ocupado por uma só: "mais imposto, 
não!" –o mais insustentável dos motivos. Se pensado um imposto com a 
finalidade de promover grande e veloz crescimento industrial, nenhum dos
 industriais que gritam "mais imposto, não!" ficará contra. E, se algum 
ficar, será um caso patológico de insuficiência excessiva de raciocínio.
 Mal, aliás, nada surpreendente.
A oposição à CPMF tem motivações 
variadas, mas o espaço de todas é ocupado por uma só: "mais imposto, 
não!" –o mais insustentável dos motivos. Se pensado um imposto com a 
finalidade de promover grande e veloz crescimento industrial, nenhum dos
 industriais que gritam "mais imposto, não!" ficará contra. E, se algum 
ficar, será um caso patológico de insuficiência excessiva de raciocínio.
 Mal, aliás, nada surpreendente.
O menos citado dos motivos, suponho 
mesmo que agora mencionado pela primeira vez, surgiu a meio de uma 
novidade do jornalismo brasileiro. Desde que se tornou chefe da Casa 
Civil, Aloizio Mercadante é o alvo de uma avalanche que não se esgota, 
novas e cansativas repetições de boatos, intrigas, maledicências, 
fantasias que são a moda no jornalismo político, e até alguma verdade 
eventual. É detestado por Lula, Lula pede sua demissão, o PMDB o culpa 
pela crise, Temer não o tolera, será substituído por um não político, é 
Mercadante quem torpedeia Levy –Mercadante faz Eduardo Cunha parecer 
amado pela pureza de intenções e ética dos modos.
Nem por isso, em todos esses meses e 
imputações, a reportagem política e seus chefes quiseram ou se lembraram
 de ouvir o próprio Mercadante a respeito do noticiário que o solapa. 
Até que no domingo as repórteres Catarina Alencastro e Simone Iglesias 
("O Globo") trouxeram essa novidade jornalística: Mercadante ainda fala.
E continua franco, claro, seguro: (...) 
"O ex-presidente Lula, que vem pedindo a sua saída?"/ "Não. Hoje 
(sexta-feira) tomei café com ele. (...) A gente tem uma relação muito 
rica, muito próxima"/ "Lula acha fundamental que o sr. fique?"/ 
"Exatamente isso que ele disse". E foi por aí, até à CPMF, para um 
diagnóstico fundamental e, ao que me consta, nunca mencionado:
"A CPMF é necessária. O problema mais 
delicado é que atinge o caixa dois. Qualquer empresa que tenha um caixa 
dois, tem que dar um cheque. E aparece. Então, gera uma preocupação, mas
 isso não pode ser o fundamental."
Não pode, mas, se não é para todos, é 
para muitos dos que urram contra a CPMF e movem políticos para 
impedi-la. Caixa dois é a quantia que empresas em geral mantêm fora da 
contabilidade, como se não existisse, para transações não registradas, 
pagamentos por fora e mesmo para esconder lucro, pagando menos impostos 
de renda e outros. A CPMF, além de tomar algum dinheiro movimentado pelo
 caixa dois, faria o desagradável papel de acrescentar um importante 
identificador aos que visam a detectar o dinheiro por fora, que é ilegal
 e sonegador.
Joaquim Levy diz que a CPMF, como está 
proposta, nem é sentida pelo pagador. À taxa de 0,2%, em cada R$ 100 a 
CPMF corresponde a R$ 0,20. Para as empresas, são muitos R$ 0,20, mas 
não deixam de ser insignificantes. A proporção continua a mesma.
Sobre ser insignificante também para as 
pessoas, a CPMF, como toda taxação, tem um aspecto social: diferencia-se
 por ser equitatitiva, aplicar a todos a mesma taxação. No país que tem a
 indecência de cobrar proporcionalmente mais "imposto de renda" dos 
assalariados do que sobre os lucros e a renda, uma taxa ao menos 
idêntica é um avanço.
O ENTREVISTADO
Nem o próprio Moreira Franco imaginaria 
ser um dia elevado a manchete promocional da "Primeira Página" da Folha,
 com direito a uma página inteira de foto e entrevista (21.set). Quando 
governador do Rio, Moreira Franco frequentou muito as páginas daFolha, e
 nelas ficou para a história em socorro dos que não têm memória ou não 
conhecem os fatos do seu tempo histórico. Numerosas concorrências dos 
projetos de Moreira Franco foram anuladas por fraudes, reveladas 
pela Folha com antecipação do resultado sob disfarce. Várias linhas e 
estações do metrô, um sistema de abastecimento de água de "necessidade 
urgente" e até hoje dispensado, um tal "palácio da polícia", eram 
bilhões de dólares sob fraudes.
Os dados biográficos de Moreira Franco 
publicados com a entrevista são novidade, para o Rio, sobre esse 
piauiense. "Doutorado na Sorbonne" lembra o título do ex-ministro, 
também na Sorbonne, que a Folha descobriu existir só como imaginação.
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