terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Nº 25.184 - "Bolsonaro mantém diretoria da Vale no lugar! Afogaram a 'golden share' na lama!"

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29/01/2019

Bolsonaro mantém diretoria da Vale no lugar!
Afogaram a "golden share" na lama!


Do Conversa Afiada -  29/01/2019

Sem Título-1.jpg
(Charge: Aroeira)
Da Fel-lha:
Onyx Lorenzoni afirma que golden share da Vale não permite interferência do governo na diretoria da empresa

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse nesta terça-feira de que não há condições de o governo interferir para pedir a substituição da direção da Vale depois do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho (MG) e que é necessário primeiro esperar o andamento das investigações.

"Temos que aguardar o andamento das investigações. Não cabe ao governo federal apoiar nenhuma empresa ou diretoria de qualquer empresa que não seja de sua absoluta responsabilidade", afirmou Onyx em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

Segundo o ministro, a Golden Share que o governo federal detém na Vale não permite a interferência na gestão.

"Não há condição de haver qualquer grau de interferência. Não seria uma boa sinalização para o mercado", disse Onyx. "É preciso ter prudência para saber que o que está em jogo, além da vida das famílias, é um setor econômico muito relevante para o pais. É preciso ter equilíbrio", defendeu.

Medida é reação à fala do presidente interino, general Hamilton Mourão, sobre possível intervenção na empresa após acidente em Brumadinho.

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sábado, 26 de janeiro de 2019

Nº 25.183 - "Marcelo Zero: Ao seguir os EUA contra a Venezuela, Brasil demonstra estupidez diplomática e cegueira geoestratégica"

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26/01/2019

Marcelo Zero: Ao seguir os EUA contra a Venezuela, Brasil demonstra estupidez diplomática e cegueira geoestratégica

Do Viomundo - 25/01/2019 
Marcelo Zero:  Ao seguir os EUA contra a Venezuela, Brasil demonstra estupidez diplomática e cegueira geoestratégica

Estupidez Diplomática e Cegueira Geoestratégica

por Marcelo Zero


Resultado de imagem para marcelo zeroOs grandes objetivos dos EUA com a tentativa de golpe de Estado na Venezuela são muito claros.

Um é econômico e o outro é geopolítico.

O econômico tange à necessidade de ter acesso privilegiado e seguro à maior reserva provada de petróleo do mundo, que dista apenas 3 dias de navio das grandes refinarias norte-americanas situadas no Golfo.

Já o geopolítico se refere ao desejo de conter a influência da China e da Rússia na América do Sul, uma vez que a nova doutrina de segurança nacional dos EUA colocou essa disputa como prioridade absoluta.

Ao contrário dos que acreditam em kit gay e mamadeira de piroca, essa ação bélica dos EUA contra a Venezuela é motivada basicamente por esses dois fatores, e não tem nenhuma relação com suposta preocupação com democracia e direitos humanos.

Afinal, a longa e tenebrosa história das intervenções dos EUA na América Latina e no Oriente Médio mostra claramente que a democracia é a última das preocupações do Departamento de Estado.

Evidentemente, pode-se questionar essa atitude violenta e inescrupulosa dos EUA, do ponto de vista ético.

Contudo, é forçoso reconhecer que há racionalidade nessa ação norte-americana. Eles estão defendendo seus interesses imperiais.

Se a Venezuela entrar em guerra e milhões morrerem, para eles pouco importa. O importante é que o acesso ao petróleo esteja assegurado e que o regime aliado da Rússia e da China seja eliminado da face da Terra.

No entanto, cabe a pergunta: quais seriam os interesses objetivos do Brasil que estariam sendo defendidos ao se apoiar essa aventura golpista na Venezuela?

A Rússia e a China são nossos rivais? Não, não são. São grandes aliados.

Formamos com esses países, e também com Índia e África do Sul, o grupo dos BRICS, provavelmente a mais importante iniciativa diplomática mundial desse início de século. Um grupo que tornou a ordem mundial mais multipolar e democrática e que elevou extraordinariamente o protagonismo internacional do Brasil.

Além disso, a China é, de longe, nosso principal parceiro comercial, e temos com ela uma parceria estratégica que já completou 25 anos.

Em 2018, exportamos para a China quase US$ 67 bilhões, com um saldo comercial positivo a nosso favor de mais de US$ 31 bilhões.

Em contraste, no mesmo período, exportamos “apenas” US$ 28,77 bilhões para os EUA, com déficit contra nós de cerca de US$ 200 milhões.

Ou seja, exportamos mais do que o dobro para a China que para os EUA, e obtemos com ela um saldo extraordinariamente positivo.

Não bastasse, temos com a China projetos de grande relevância estratégica, como o de desenvolvimento conjunto de satélites, por exemplo.

Com a Rússia, embora nossa relação econômica não seja tão expressiva, temos relações políticas e diplomáticas muito adensadas.

A Rússia vê o Brasil como um dos polos emergentes em uma ordem global policêntrica e mais democrática.

Por isso, valoriza muito nossas relações bilaterais. Temos, inclusive, um Plano de Ação da Parceria Estratégica entre a República Federativa do Brasil e a Federação da Rússia, firmado em 2010.

E a Venezuela? É um país rival do Brasil? Temos com ela algum conflito? Dependemos do petróleo venezuelano, como os EUA? O regime bolivariano foi alguma vez hostil ao Brasil?

Não. É exatamente o contrário. A Venezuela é uma grande amiga do Brasil. Amizade que vem de longe, mas que se adensou e se solidificou justamente no período bolivariano.

A progressiva aproximação entre os dois países foi facilitada por fatores históricos e geográficos.

Em primeiro lugar, a fronteira da Venezuela com o Brasil, a mais extensa daquele país (2.199 km), foi estabelecida definitivamente por um tratado de 1859. Assim ao contrário do que ocorreu com seus outros vizinhos, Colômbia e Guiana, a Venezuela nunca teve disputas territoriais com o Brasil.

Em segundo, as relações bilaterais, sempre foram cordiais, embora pouco densas para a sua potencialidade.

A partir de meados dos anos 90, foram feitos muitos investimentos conjuntos para o desenvolvimento da fronteira amazônica conjunta e da infraestrutura energética e de transporte bilateral.

Essas relações, porém, se adensaram muito neste século. Entre 2003 e 2008, as exportações brasileiras para a Venezuela passaram de US$ 608 milhões para 5,15 bilhões, um crescimento de 758% em apenas 5 anos.

Além da quantidade, é preciso também ressaltar a qualidade desse comércio. Cerca de 72% das nossas exportações para a Venezuela são de produtos industrializados, com elevado valor agregado e alto potencial de geração de empregos.

Em 2009, já no início da grande crise mundial o Brasil teve com a Venezuela seu maior saldo comercial: US$ 4,6 bilhões dólares, 2,5 vezes superior ao obtido com os EUA (US$ 1,8 bilhão).

Em 2012, o montante agregado de contratos de investimento de empresas brasileiras na Venezuela ascendia a US$ 15 bilhões, cifra extraordinária.

Assim, o Brasil lucrou muitíssimo com essa aproximação à Venezuela e com a entrada desse país no Mercosul, ocorrida justamente no período bolivariano.

De 2013 para cá, com a grave crise, essas cifras minguaram, mas o potencial de cooperação, face à complementariedade das duas economias, continua intocado.

O que pode não continuar intocado é a disposição política daquele país de continuar a ser um grande parceiro do Brasil.

A aposta dos EUA na intervenção e no acirramento do conflito interno na Venezuela poderá resultar numa guerra civil militarizada e internacionalizada, com consequências desastrosas para seu povo, sua economia e suas relações com o Brasil.

A América do Sul, que é um subcontinente de paz, poderá ser converter numa espécie de novo Oriente Médio, uma região geopoliticamente instável e conturbada.

Ora, esse cenário não interessa ao Brasil, qualquer que seja o governo de plantão. Ao Brasil interessa um entorno próspero, pacífico e integrado e continuar a desenvolver a cooperação com a Venezuela.

Por isso, é do interesse objetivo do Brasil apostar, como manda sua Constituição, na não-intervenção e na solução pacífica das controvérsias, buscando sempre o diálogo e a paz.

Mas, mesmo que não ocorra um conflito grave na Venezuela, os EUA, se tiverem êxito, deverão impor lá um regime que recoloque aquele país como seu satélite, ressuscitando o status quo ante que havia lá predominado até o final do século passado, o qual impedia que os interesses do Brasil pudessem se espraiar naquele país de forma mais densa.

Assim, mesmo na eventualidade remota de que o regime venezuelano seja substituído com facilidade, os interesses do Brasil sairiam prejudicados, pois, ainda nesse caso, sobraria pouco espaço geopolítico para que o Brasil voltasse a ter relações muito adensadas com a Venezuela.

O espaço político e econômico que o Brasil ocupou na Venezuela voltaria a ser ocupado pelos EUA.

Sejamos claros: aos EUA interessa a desagregação regional e ao Brasil interessa a integração regional.

Em suma, ao secundar os EUA nessa aventura golpista e intervencionista na Venezuela, estamos atirando nos próprios pés. É uma demonstração cabal de estupidez diplomática e cegueira geoestratégica,

Isso é claro para quem tem um mínimo de discernimento e racionalidade.

Mas, ao que tudo indica, é entendimento que está muito além do alcance de gente que vai a Davos fazer discurso patético e marketing político no bandejão local.

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Nº 25.182 - "Escritório do crime abriu filial no Planalto Xavier: a Casa Grande queria outro. Se não tem tu..."

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26/01/2019

Escritório do crime abriu filial no Planalto
Xavier: a Casa Grande queria outro. Se não tem tu...
  
Do Conversa Afiada - publicado 25/01/2019

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O Conversa Afiada publica artigo sereno (sempre!) de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier:

Após as postagens ridículas de Jair Bolsonaro abraçado ao “menino” Flávio, não restam dúvidas: a engrenagem milicianos/assessores fantasmas/enriquecimento ilícito/suspeita de assassinatos expandiu seus tentáculos e chegou a Brasília. 

Mais uma vez, o chefe da “famiglia” recua em suas declarações e atitudes. Antes de fugir de uma entrevista coletiva na Suíça e submeter o Brasil a um vexame internacional, Bolsonaro havia dito a uma rede americana que, se o filho errou, “tem que pagar”. Os mercados adoraram. No dia seguinte, porém, o paizão estende as asas sobre o “menino” de apenas...37 anos! 

As evidências contra Flávio Bolsonaro & cia. estão longe de implicância da oposição. Tanto que as principais denúncias partem da mídia gorda, entusiasta da candidatura do pai depois que Alckmin, Meirelles e cia. naufragaram nas pesquisas. Criou-se uma situação curiosa: o grande capital conseguiu o objetivo maior de se livrar de Lula, mas não encontrou ninguém para colocar no lugar. Sobrou Bolsonaro: “se não tem tu, vai tu mesmo”. 

Só que o militar não é exatamente do “esquema”. É rústico, ignorante, despreparado e estranho no salões da direita cheirosa do PSDB, DEM e assemelhados. (...) 

Bolsonaro montou um governo às pressas, com o auxílio de um astrólogo, militares que fracassaram no Haiti, familiares truculentos e uma equipe econômica especializada em rapinas financeiras. É nesta última, aliás, que os mercados apostam. Como retaguarda, rezam para que a fatia militar mantenha o ex-capitão sob controle e o povo, domesticado. 

Está difícil. Embora condicionada à realidade dos fatos, a política se faz com gente de carne e osso e com uma história no lombo. O clã carrega uma capivara de ilicitudes que só não havia sido exposta ao grande público porque o “mito” fugiu dos debates. O prontuário da famiglia Bolsonaro ostenta um modus operandi velho de 20, 30 anos. Não se muda isso com uma eleição. Os métodos permanecem os mesmos. Os cariocas que o digam. 

As rusgas no PiG são apenas um novo capítulo deste enredo. Só tolos ansiosos por enganos sonham que a grande mídia está interessada de fato em apurar verdades e defender a democracia. A briga tem outro tamanho. Quem vai ficar com o butim da publicidade oficial? 

A famiglia Bolsonaro adota a mesma tática dos milicianos, na qual são experts. Oferece proteção aos obedientes. A mensagem: defendam o governo e terão oxigênio garantido. Caso contrário, torneira fechada. Quem vai ganhar a queda de braço? 

Joaquim Xavier

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Nº 25.182 - "Eugênio Aragão: A estratégia de intervenção na Venezuela e no Brasil"

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24/01/2019

Eugênio Aragão: A estratégia de intervenção na Venezuela e no Brasil

Do Diário do Centro do Mundo -  24 de janeiro de 2019

                        ........Protesto na Venezuela. Reprodução: Twitter

POR EUGÊNIO ARAGÃO

Resultado de imagem para eugênio aragãoAs aparências enganam. Quem vê a crise venezuelana como resultado de supostos desmandos autoritários de Nicolás Maduro erra tanto quanto aquele que aponta para a corrupção como causa do desastre político brasileiro. Não que Maduro não tenha cometido erros de avaliação e, quanto à corrupção no Brasil, também não é negável que é endêmica nas relações entre o público e o privado, desde tempos idos. Mas nem os eventuais equívocos do presidente venezuelano e nem desvios de conduta de agentes governamentais foram causas suficientes para o descalabro que ora se presencia em ambos os países.

Há algo em comum nos acontecimentos aqui e acolá, uma dinâmica social de polarização e radicalização que carrega a mesma caligrafia. Os padrões são muito parecidos nas manifestações proto-coxinhas de 2013-2016 e nas ruas de Caracas nestes dias. A indisfarçada e descarada imiscuição direta norte-americana na crise venezuelana talvez compõe o único diferencial. Aqui, Tio Sam foi mais discreto, mas nem por isso menos efetivo. Como explicar isso?

Crises políticas podem ser fabricadas para produzirem determinados resultados estratégicos. Desde a crise dos Sudetos, na Checoslováquia de 1938, passando pela crise do corredor polonês de 1939; pelos levantes de Gdansk de 1982, que redundaram na ditadura do general Wojciech Jaruzelski; pelo levante da praça do Maidan, em Kiev, Ucrânia, em 2013; até a chamada “Primavera Árabe” de 2011, só para citar aleatoriamente alguns exemplos, percebe-se a interesseira mão invisível de alguma potência estrangeira em dinâmicas sociais domésticas.

Mas fiquemos só no primeiro exemplo, pois todos os cenários mencionados têm um Konrad Henlein que a eles melhor se adequa. Para os que não sabem, Henlein, na crise dos Sudetos, foi o homem de Adolf Hitler, uma liderança alemã na Checoslováquia. A mando deste, promoveu a radicalização política local de um modo tal, que fez parecer que o governo de Praga, liderado por Edvard Beneš, estaria a perseguir os alemães no país, mesmo com todo o esforço oficial de incluí-los, na sociedade checoslovaca, como grupo autônomo e com direitos culturais e políticos próprios. Ao final, a Alemanha nazista invadiu a Checoslováquia como beneplácito da França e da Inglaterra, para incorporar os Sudetos ao território do Reich.

Voltando a nuestra América, o Brasil não teve um só Henlein para desestruturar sua jovem e incipiente democracia. Teve logo vários, agindo em diversos campos. A mão invisível por detrás tinha interesses claros nas reservas petrolíferas do pré-sal, no desmonte da Petrobrás e da construção civil brasileira, bem como no papel de liderança subcontinental que o país exerce, para o bem ou para o mal. Tudo lhe foi dado de mãos beijadas, a partir do momento em que se instalou o governo golpista de Michel Temer, um de nossos Henlein. Mas a localização geográfica dessa mão é incontroversa, pois foi de lá que se subsidiou o vaidoso e corporativo ministério público federal, sob o comando de outro Henlein brasileiro, Rodrigo Janot, com informações de inteligência sobre práticas pouco kosher na petrolífera brasileira: a terra de Tio Sam.

Não eram, porém, as práticas ilícitas de diretores da estatal e de empresários dirigentes de fornecedoras de serviços que preocupavam os norte-americanos. A Petrobrás era conhecida como galinha de ovos de ouro de muita gente desonesta desde sempre, sem causar comichão a ninguém. O que chamava a atenção dos ianques era, muito mais, a eficiência da empresa e sua capacidade tecnológica para prospectar em grandes profundidades marítimas, aliada ao fato de que era privilegiada na distribuição do petróleo achado.

As más práticas da Petrobrás logo viraram o estopim de um escândalo armado em pleno ano de campanha eleitoral para a sucessão presidencial, com inestimável ajuda de um judiciário muito acostumado a práticas cinematográficas. A aliança entre a mídia e o estamento burocrático da judicatura foi o combustível necessário para alavancar a candidatura de mais um Henlein tupiniquim, Aécio Neves. Manifestações sem pauta específica logo conseguiram se transmudar num movimento de massa reacionário e moralista, exigindo a remoção do governo da vez. A campanha eleitoral de 2014 foi extremamente polarizada, com o discurso de ódio tomando conta da propaganda antipetista.

Mas os Henlein perderam nesse primeiro momento. A bronca disseminada pela campanha midiática-judicial-rueira- oposicionista não foi suficiente para quebrar a hegemonia das forças progressistas na política brasileira. É verdade que a vitória situacionista foi por pequena margem e que emergiria das eleições um governo
enfraquecido, sem maioria parlamentar capaz de enfrentar o desafio do clientelismo corrupto do novo presidente da Câmara, Eduardo Henlein Cunha, que passou a impor sistemáticas derrotas à Presidenta legítima, Dilma Rousseff.

No meio do vendaval, os inimigos da democracia e traidores do interesse nacional se juntaram a boa parte de políticos corruptos para depor a chefe de estado honesta, tudo sob os olhares impávidos do chefe do ministério público e da cúpula do judiciário. Aliás, os atores judiciais estimulavam, com sua cúpida leniência, a atuação destrambelhada de um juizinho narcisista de província que tornava públicas conversas ilegalmente interceptadas entre a Presidenta e seu antecessor. Essas conversas não continham nada de mais, mas tiveram seu significado midiaticamente deturpado para atribuir ao governo conspiração contra as escandalosas investigações em curso contra a Petrobrás.

Veio o que era esperado: a destituição da presidenta por fato fútil é irrelevante, as supostas “pedaladas” na execução orçamentária. O ministério público e o judiciário mantiveram-se inertes e coonestaram o golpe parlamentar, para passar o poder ao grupelho de políticos ímprobos que se aproveitaram da desmedida ganância e ambição de Eduardo Henlein Cunha. As medidas governamentais agora anunciadas agradavam aos verdadeiros patronos da crise: a abertura do pré-sal e o desmanche do parque tecnológico nacional. 
Nada veio por acaso.

O governo golpista foi um pesadelo para a sociedade brasileira, com retrocessos em políticas públicas e a ascensão do discurso fascista e fundamentalista como algo aceitável nos salões do poder, desde que servisse para destruir a hegemonia política das forças progressistas. Nada se fez para frear quem atacasse mulheres como “não
merecedoras de serem estupradas”, ativistas LGBT, indígenas ou sem-terra. O ódio passou a fazer parte do discurso corrente, com um risinho no canto da boca dos protagonistas do golpe.

E veio 2018 com nova campanha presidencial. O importante, para as forças da reação, era manter o PT afastado do poder a qualquer custo. A candidatura de Lula, a toda evidência para ser vitoriosa, tinha que ser barrada. A condenação pífia por conta de um apartamento que nunca lhe pertenceu foi, mesmo sem qualquer prova que corroborasse a extravagante suposição do juiz de piso, confirmada por uma trinca de desembargadores combinados entre si, numa velocidade que faria morrer de inveja o judiciário finlandês, talvez o mais eficiente do mundo.

Quis-se, com isso, impor a Lula as restrições da lei da ficha limpa. Mas, mesmo que coubessem recursos com boa chance de serem providos se julgados com isenção, não se lhe reconheceu o direito de manter-se em campanha até o trânsito em julgado do processo de registro da candidatura. O TSE fulminou a participação, no processo eleitoral, daquele que tinha mais chance de vencer, frustrando parte significativa do eleitorado.

Ocorre que os principais protagonistas do golpe contra a democracia não tinham fôlego para ganhar e se dividiram em vários grupelhos ambiciosos. Sobrou, para disputar seriamente o pleito, somente a extrema direita em torno do capitão da reserva Jair Bolsonaro, aproveitando-se da onda de ódio disseminada contra o PT – e Fernando Haddad, o candidato que veio a suceder Lula, apoiado por forças progressistas.

A campanha fascista soube se aproveitar de um suposto atentado a faca contra seu candidato, que, hospitalizado, ficou fora de circulação por todo o período de campanha e, além de tratado como vítima aos olhos da opinião pública, se poupou do confronto de ideias, em que fatalmente exibiria seu lado mais tosco. Para manter a chama do ódio contra o PT acesa, a candidatura de direita inundou as redes sociais com notícias mentirosas, numa escala de impulsionamento nunca dantes vista numa eleição no Brasil. A receita deu certo e Jair Bolsonaro, o insensato militar que se gaba de ser favorável à tortura como método de repressão de seus inimigos ideológicos, virou presidente da República, sem qualquer projeto para o país e para a sociedade, além de demonstrar ostensivamente, claro, sua atitude subserviente para com o governo e os interesses norte-americanos. Definitivamente, Tio Sam fincou seus pés no Brasil, sem brandir um fuzil, sem gastar uma bala.

E a Venezuela? Não é surpresa que o governo fascista do Brasil, que logrou ser eleito e investido graças às maquinações ianques contra o legítimo governo de Dilma Rousseff, hoje se posiciona como braço interventivo dos Estados Unidos da América do Norte liderados pela ira desaforada de Trump.

Diferentemente do Brasil, as forças progressistas venezuelanas nunca se iludiram com qualquer tipo de tentativa de acordo com suas elites endinheiradas. Sob o governo de Hugo Chávez, desde muito cedo, se sabia da hostilidade latente, às vezes até escancarada, do establishment venezuelano face à orientação socialista do bolivarianismo. Por isso mesmo, as instituições foram objeto de profunda reengenharia, em ampla refundação constitucional. Não se deixou pedra sobre pedra do estado plutocrático e as forças que tentaram desestabilizar a nova ordem foram enfrentadas de forma a serem neutralizadas de modo permanente.

É claro que, na Venezuela, a reação elitista se deu de forma proporcionalmente mais feroz que no Brasil, sem qualquer diálogo possível entre a situação e a oposição golpista. Esta se recusou a participar das últimas eleições que, talvez até por isso mesmo, deram a Nicolás Maduro um novo mandato e, sempre na tentativa de deslegitimar o governo eleito, não lhe deram “reconhecimento”, tendo o presidente do Parlamento desempoderado pela Assembleia Constituinte, se autoproclamado presidente interino do país, a atender sugestão de um celerado Donald Trump.

O seduzente presidente interino, um jovem de trinta e cinco anos com ódio no discurso e na prática, Juan Guaidó, o Henlein caribenho, se mostrou articulado com as forças da direita da região reunidas no “Grupo de Lima” e tendo à frente o uruguaio Luís Almagro, secretário-geral da OEA, que resolveram reconhecê-lo o “legítimo representante” do povo venezuelano, a despeito de não contar com nenhum mandato constitucional para tanto. Prevaleceu a subserviência ao presidente norte-americano que voltou a dar as cartas no tabuleiro político do hemisfério. O presidente Maduro, face à desavergonhada intromissão americana nos assuntos internos do país, rompeu relações com os Estados Unidos da América do Norte e determinou a retirada de seus diplomatas no prazo de setenta e duas horas.

Mas, para agravar a crise bilateral, o secretário de estado norte-americano se recusou a retirar os diplomatas, dizendo que não reconhecia o ato do governo venezuelano por não reconhecer Maduro como seu chefe. A esta altura não restam mais dúvidas sobre o real intento ianque: provocar uma intervenção de larga escala para
destituir o governo constitucional da Venezuela e impor seus interesses sobre a economia do país. Na Venezuela, a elite não foi tão eficiente como a brasileira e deixou o serviço sujo para ser feito, sem intermediários, por seus patrões do Norte. As estratégias foram distintas, dadas as peculiaridades políticas de cada país, mas, ao final, Brasil e Venezuela estão no mesmo barco, com a destruição sistemática de seus projetos nacionais de desenvolvimento econômico e de justiça social. Prevalece o poder hegemônico norte-americano, mui bem servido por nossos Henleins da vida, que podem se chamar Temer, Janot, Moro, Cunha, Aécio ou Guaidó. E ainda há que acredite que o problema de nossos países é a corrupção da esquerda ou sua hostilidade autoritária à democracia.


Eugênio Aragão foi Ministro da Justiça em 2016, no governo Dilma Rousseff. É professor titular de direito internacional da Universidade de Brasília, pela qual é graduado em direito.

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Nº 25.181 - "Bolsonaro e Trump fazem da Venezuela a Síria da América Latina"

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24/01/2019

Bolsonaro e Trump fazem da Venezuela a Síria da América Latina

Do Brasil 247 - 24 de Janeiro de 2019


por Jeferson Miola

Jeferson MiolaNum desatino diplomático que evidencia o desespero em criar fatos políticos para distrair a opinião pública dos escândalos que poderão custar seu mandato [ler aqui], Bolsonaro se associou ao extremista Donald Trump e a outros líderes lunáticos no apoio ao golpe da extrema-direita que poderá fazer da Venezuela a Síria latino-americana.

A posição do governo brasileiro em relação ao conflito no país vizinho destoa da tradição de 200 anos da tradição diplomática do Brasil [ler aqui], 

Uma tradição que está consagrada na Constituição, baseada no respeito à auto-determinação dos povos, à não-intromissão em assuntos de outros países e, em especial, no esforço contínuo de construção da paz na região e da “integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações” [Art. 4º da CF].

A elite venezuelana, organicamente associada ao establishment norte-americano e à elite petroleira mundial, nunca aceitou a perda do poder para Hugo Chávez em 1998.

Inconformada com o invento chavista de democracia plebiscitária e direta, que pela primeira vez deu ao povo venezuelano poder deliberativo para escolher o destino da renda petroleira, essa elite egoísta e predadora sabotou e combateu o processo bolivariano desde o início, sem tréguas, e instituiu um padrão insano de polarização.

Em 11 de abril de 2002, com o apoio político, militar e financeiro dos EUA, desfechou o mal-sucedido golpe de Estado que consistiu no sequestro e na tentativa de assassinato do então presidente Chávez.

Aquele golpe foi revertido pela resistência popular, e sedimentou a desconfiança do povo venezuelano em relação à burguesia conspirativa e desestabilizadora.

Contrariamente ao propalado pela propaganda hegemônica, apesar de agredido e sabotado, o chavismo manteve a imprensa livre, o direito à organização partidária e a rotina institucional do país com eleições, plebiscitos e referendos sucessivos – mais de 1 evento de consulta popular a cada 2 anos; prática não verificada em nenhum outro país.

Com a obtenção de maioria parlamentar na eleição de 2015, a oposição de extrema-direita arvorou-se um poder que a Constituição Bolivariana não lhe confere, e passou a dar ultimatos no governo constitucional de Nicolás Maduro.

A oposição transformou a Assembléia Nacional em contra-poder; converteu o Parlamento em força insurgente contra-revolucionária [ler Alarme na Venezuela].

Iniciou-se ali a dinâmica de enfrentamento permanente, desestabilização e de dualidade de poder cuja expressão maior é a auto-proclamação de Juan Guaidó como presidente do país.

É improvável uma operação militar direta de tropas dos EUA – China, Rússia e UE são fatores de contenção. A atuação está se dando com operações coordenadas entre o Pentágono, Departamento de Estado, CIA, FFAA, Colômbia, sicários e grupos mercenários.

A estratégia combina a dualidade de poder político apoiado em maciça propaganda contra o governo e a tentativa de abertura de fissuras nas Forças Armadas para fraturar a hegemonia do chavismo e desequilibrar a correlação de forças no plano militar/armado.

A posição do governo brasileiro é irresponsável e insensata; isola o país e deslegitima a vocação natural do Brasil como liderança continental e hemisférica.

A política externa do Bolsonaro alicerçada no ódio, no obscurantismo ideológico e na submissão aos desatinos de Donald Trump, está contribuindo decisivamente para a eclosão de uma guerra civil que poderá fazer da Venezuela a Síria da América Latina.

Essa política equivocada e irresponsável atenta contra a Constituição Brasileira [Art. 4º], e deve ser imediatamente revertida, antes que o inferno de uma guerra insana que atende a interesses imperialistas desabe sob a América Latina.


JEFERSON MIOLA. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Nº 25.180 - "O silêncio estridente das cadeiras vazias"



23/01/2019

O silêncio estridente das cadeiras vazias


Do Tijolaço - 23/01/2019



POR FERNANDO BRITO

Não foi  grande surpresa para ninguém, exceto para os organizadores e para os jornalistas estrangeiros, que Jair Bolsonaro tivesse refugado da entrevista coletiva oficialmente marcada e deixado vazias as cadeiras preparadas para ele e seu séquito no centro de imprensa do Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça.

Nem que a justificativa tenha sido, oficialmente, a de que o cancelamento se dava pela “abordagem antiprofissional da imprensa”.

Os nomes dos motivos são vários: Flávio, Queiroz, Rio das Pedras, milícia, Marielle, Capitão Adriano…

E são um só: Bolsonaro não tem capacidade de argumentar, apenas de atacar.

Como não tem com o quê, teria de ficar na defesa.

Mas além daqueles, há outros: o fiasco de seu curtíssimo discurso, a reforma da Previdência da qual, sem se conhecer o que é, ele só sabe que não afetará os militares senão “numa segunda fase” (pausa para duvidar) e que confia ser aprovada por conta, apenas, do que julga serem os capachos parlamentares de seu governo.

Medidas econômicas? Nem pensar, isso é com o Paulo Guedes e, de Moro, já teve parte do que queria com o decreto das armas e com o silêncio sepulcral do ex-Savonarola Sérgio Moro, convertido à mudez.

A comunicação que interessa a Bolsonaro é a tosca, a sem contraditório, feita a veículos de comunicação dóceis como as suas TVs de estimação, aqui, a agências de notícias que só querem saber de anúncios de privatização e, claro, nas redes sociais, onde a fala é sempre curta e não questionada.

Escapar da imprensa, entretanto, é mil vezes mais fácil que escapar dos fatos . E, pior ainda, entregar-se de bandeja até a factóides.

Jair Bolsonaro deveria lembrar que só pôde atravessar calado a campanha porque um desequilibrado mental o atingiu a faca. Seu estado de saúde, providencialmente, serviu de motivo para não enfrentar as polêmicas e ficar como vítima.

No poder, não poderá fazer o mesmo sem ser desmanchado pela mídia.

Aumentar o fanatismo dos incondicionais não é o mesmo que aumentar o número de de apoios.

As cadeiras vazias são, talvez, mais expressivas do que tudo o que tem dito em Davos.

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PITACO DO ContrapontoPIG

Para Bolsonaro, infelizmente não houve condições para planejar e executar uma nova facada. 
Não tem Adélios em Davos.
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Nº 25.179 - "O 'Mito' acabou, seu Governo ainda não"

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21/01/2019

O 'Mito' acabou, seu Governo ainda não

Do Brasil 247 - 21 de Janeiro de 2019


por Marcelo Zero

As últimas notícias sobre a corrupção na família Bolsonaro, evidenciada em provas materiais, mostraram à opinião pública o que qualquer pessoa bem informada sobre política já sabia há muito tempo: o "Mito" nada mais é que um político do mais baixo clero, incompetente, mentalmente fronteiriço, sem ideias e projetos racionais para o país e que entrou na política para enriquecer e defender interesses paroquiais.

O rei está nu e o "Mito" acabou.

Bolsonaro nunca passou de um idiota útil, que chegou ao poder graças ao antipetismo e à mentalidade profundamente retrógrada propiciados pelo processo golpista e por um oportunista, hipócrita e seletivo combate à "corrupção".

Bolsonaro ganhou às eleições graças a esse processo e a um festival de fake news financiado pelo grande capital, que viu nele a última esperança para derrotar o projeto de crescimento com distribuição de renda simbolizado pelo PT.

Junto com ele, chegou ao poder gente totalmente desqualificada, emergida das cloacas das redes sociais. Um somatório confuso e patético de quadros que acreditam na Terra plana, no criacionismo, no kit gay, na mamadeira de piroca e até mesmo em Trump compõe o núcleo ideológico e mais barulhento de um governo que não tem menor ideia para onde ir.

O somatório de um governo que se desdiz a todo tempo, que não sustenta decisões por 24 horas, que desautoriza o presidente todos os dias, que só vocaliza absurdos e que já soma denúncias comprovadas de corrupção resultou num processo galopante de progeria política.

Bolsonaro nasceu velho, decrépito. O "Mito" desfez-se e revelou uma realidade crua e abjeta.

Mas Bolsonaro não é o governo Bolsonaro.

Ao contrário de Lula, por exemplo, Bolsonaro não é uma liderança real, assentada em grandes lutas históricas e no respeito de seus pares. Nunca foi. Bolsonaro é apenas um front man, um produto artificial do antipetismo e das fake news. Uma espécie de Temer II.

Bolsonaro, o sabem todos, não tem condições de administrar nem um simples condomínio, quanto mais um país complexo com o Brasil.

Sua função ideal é assinar atos com sua caneta Bic e fazer gestos de "arminha" com um sorriso beócio.

Assim sendo, a crise gerada pelos comprovados atos de corrupção de sua família poderá ser contornada.

É imperativo que assim seja. As grandes forças nacionais e internacionais que apostaram tudo no golpe, na venda do Brasil e na implantação de um projeto ultraneoliberal no país não vão "largar o osso" e botar tudo a perder por causa de um deputado do baixo clero.

O cenário mais provável é que Flávio Bolsonaro seja jogado aos tubarões como forma de preservar o "Mito". O Judiciário partidarizado e o pior Congresso eleito da história se encarregariam de blindá-lo por pelo menos 2 anos. Antes disso, seu eventual impeachment implicaria a realização de novas eleições, incógnita política que não interessa em absoluto aos reais donos do poder.

É claro que tudo isso cobrará preço para Bolsonaro e famiglia. O "Mito", que, pelo que se observou, já não mandava muito, passará a não mandar nada. O poder real será exercido definitivamente pelo triunvirato Mourão-Guedes-Moro e pelos grupos de pressão que elegeram o sujeito que faz "arminha". A famiglia vocal e barulhenta deverá ser silenciada e contida.

Bolsonaro tende a ser um lame duck (pato manco) precoce. Com tal reviravolta, é possível que o governo Bolsonaro se desfaça progressivamente de algumas figuras patéticas, como a do chanceler templário, que só causam desgaste interno e embaraços internacionais, comprometendo a governabilidade e os grandes interesses econômicos. Mourão já sinalizou tais mudanças. Deverá ocorrer uma depuração política, que torne o governo algo minimamente consistente e coeso.

Nesse processo, poderá ocorrer também uma reacomodação de interesses com a parte rebelde da imprensa, que decidiu fazer jornalismo para tentar salvar não o Brasil, mas a si mesma.

Entretanto, o sucesso desse inevitável processo de rearranjo político e de blindagem do "Mito" dependerá estreitamente do desempenho da economia.

O golpismo submergiu o país na pior crise da sua história e há três anos promete a recuperação que não vem. Criou o problema e prometeu ser a solução que não surge.

Pelos cenários que se apresentam na economia internacional e em âmbito nacional, tal recuperação não virá. Teremos, no máximo, voos precários e transitórios de galinha, somados ao andar vacilante e sem rumo de um pato manco.

Abraham Lincoln teria dito que "pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo".

Portanto, é provável que o próprio governo Bolsonaro demonstre, com o tempo, a sua verdade. Demonstre ter a mesma consistência intelectual, política e moral do oligofrênico que faz "arminha" e acredita na Terra plana e no neoliberalismo como modelo adequado para promover o desenvolvimento sustentado com distribuição de renda.

Bolsonaro e o governo Bolsonaro poderão ter o mesmo triste e precoce fim.


MARCELO ZERO. É sociólogo, especialista em Relações Internacionais e assessor da liderança do PT no Senado.

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sábado, 19 de janeiro de 2019

Nº 25.178 - "GLOBO IMPLODE FLÁVIO BOLSONARO: PAGAMENTO SUSPEITO DE R$ 1 MILHÃO"



19/01/2019

GLOBO IMPLODE FLÁVIO BOLSONARO: PAGAMENTO SUSPEITO DE R$ 1 MILHÃO


Do Brasil 247 - 19 DE JANEIRO DE 2019

            ........Rodrigues Pozzebom/Agência
Rodrigues Pozzebom/Agência

"Um novo trecho do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), sobre movimentações bancárias atípicas de Flávio Bolsonaro, aponta um pagamento de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa Econômica Federal. O Coaf diz que não conseguiu identificar o favorecido. Também não há data e nenhum outro detalhe do pagamento", informa o portal G1

247 – "Um novo trecho do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), sobre movimentações bancárias atípicas de Flávio Bolsonaro, aponta um pagamento de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa Econômica Federal. O Coaf diz que não conseguiu identificar o favorecido. Também não há data e nenhum outro detalhe do pagamento", informa o portal G1.

"O documento, obtido com exclusividade pelo Jornal Nacional, cita que o senador eleito tem operações muito parecidas com as feitas por Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito, apesar de as datas serem diferentes", indica a reportagem de Arthur Guimarães e Tatiana Nascimento.

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Nº 25.177 - "Eduardo Moreira fala sobre privatizações"



19/0/2019

Eduardo Moreira fala sobre privatizações



TV 247 -19/01/2019




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PITACO DO ContrapontoPIG

Excelente e didática a fala de Eduardo Moreira sobre  privações

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Nº 25.176 - "Foi-se a quinzena do 'mimimi'. A hora da verdade vai chegando"



17/01/2019


Foi-se a quinzena do “mimimi”. A hora da verdade vai chegando


Do Tijolaço - 17/01/2019


POR FERNANDO BRITO

Excluído o dia 1° de janeiro, dividido entre a ressaca e as pompas da posse, cumpriu-se ontem a primeira quinzena do governo Jair Bolsonaro.

Mesmo sua medida de maior impacto, o decreto de facilitação da compra e posse de armas, embora indutor de tragédias pessoais, é algo que, do ponto de vista de políticas públicas (no caso, de segurança pública) em nada modifica a realidade num país que tem, segundo se estima, oito milhões de armas não registradas.

Em matéria de política econômica – uma das quais oferece ao governo a maior capacidade de ser alterada sem intervenção, ou intervenção a posteriori, do Congresso – absolutamente nada foi feito, nem mesmo uma mísera mudança de alíquota nos impostos que, no discurso oficial, seriam os responsáveis por nossas desgraças na economia.

Não tive a pachorra de fazer um levantamento das manchetes, mas não é difícil concluir que – com as exceções de Cesare Battisti e Nicolás Maduro – nada ou ninguém ocupou ocupou as capas dos jornais senão as informações em off sobre a reforma da Previdência, mesmo à bica de completarem-se três meses desde que, eleitos, erigiram esta questão em chave mestra da economia.

O que, é claro, é falso, pois mesmo a mais dura cassação de direitos previdenciários produzirá, nos primeiros tempos, efeitos financeiros muito próximos de zero.

Tudo é indefinido e fluido, desde a indefinição sobre se as mudanças atingiriam os militares até a esdrúxula presença – certamente por amor à pátria – do guru dos fundos de investimento Armínio Fraga.

De concreto, mesmo, só desmontes.

A fiscalização (a do Trabalho, sobretudo)  está semiparalisada – ou quase que totalmente, por semiparalisada já fica por conta do mês de janeiro-; a Embraer foi-se sem deixar um ceitil para o país, mas dando R$ 1,6 bilhões a seus acionistas privados, livres de impostos; o delírio das parcerias público-privadas é uma declaração de intenções sem gestos, pois precisam para já de modelagens e editais e só rendem – a ver como se portam as finanças mundiais, hoje sombrias – investimentos lá adiante.

A lista poderia seguir, é desnecessário.

Já é certo que a próxima semana será consumida pelo desfile do animal exótico no zoológico de Davos e a seguinte pelos arranjos das eleições das presidências da Câmara e do Senado.

E o país que elegeu um presidente sem idéias relevantes completará um mês de governo irrelevante, pois em nada muda a desgraça nacional meninas vestirem rosa e meninos, azul.

Só num setor a produção nacional saltou vertiginosamente: a produção de asneiras.

O resto, inclusive os festejados recordes da Bovespa, é só especulação.

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quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

N. 25.175 - TV Afiada - Governos Temer e Bolsonaro



16/01/2019 

Do  Conversa Afiada"- 16/01/2019



 TV Afiada: Governos Temer e Bolsonaro


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Moro, Globo, STF... A ideia era essa...

O Brasil explodiu por dentro!
Moro, Globo,, STF... A ideia era essa...
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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Nº 25.174 - "A quem interessa uma intervenção na Venezuela?, por Gleisi Hoffmann"



10/07/2019

A quem interessa uma intervenção na Venezuela?, por Gleisi Hoffmann


Do Jornal GGN  - SEG, 14/01/2019 

             ...Foto Eduardo Matysiak
 

A quem interessa uma intervenção na Venezuela?


Por Gleisi Hoffmann

Acabo de voltar da Venezuela, onde participei, como presidenta do PT e a convite do governo eleito, das solenidades de posse do presidente Nicolás Maduro. Não me surpreendi com o ataques e reações por parte de quem não compreende princípios como autodeterminação e soberania popular; quem não reconhece que partidos e governos de diferentes países podem dialogar respeitosamente.

Por várias razões, os problemas internos da Venezuela, econômicos, sociais e políticos, têm sido motivo de pressões externas indevidas que só agravam a situação interna. Mas a posse de Maduro em seu segundo mandato desatou um movimento coordenado de intervenção sobre a Venezuela, patrocinado pelo governo dos Estados Unidos e referendado por governos de direita na América Latina, entre os quais se destaca, pela vergonhosa subserviência a Donald Trump, o de Jair Bolsonaro.

Gostem ou não, Maduro foi eleito com 67% dos votos. O voto na Venezuela é facultativo. Três candidatos de oposição concorreram e as eleições se deram nos marcos legais e constitucionais do país (Constituição de 1999), o que foi atestado por uma comissão externa independente. Um dos membros da comissão, o ex-presidente do governo da Espanha José Luiz Zapatero, declarou: "Não tenho dúvida de que (os venezuelanos) votam livremente". Como outros países se acham no direito de questionar o voto do povo venezuelano?

Não podemos nos iludir: a ação coordenada contra o governo da Venezuela não passa nem de longe por uma suposta defesa da democracia e da liberdade de oposição na Venezuela. Não há nenhum interesse em ajudar o povo venezuelano a superar seus desafios reais. O que existe é a combinação de interesses econômicos e geopolíticos com jogadas oportunistas de alguns governos, como é o caso, infelizmente, do Brasil.

A Venezuela não é um país qualquer. É a detentora das maiores reservas de petróleo do planeta. O país assumiu, desde 1o. de janeiro, a presidência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no ano de 2019. Desde a eleição de Hugo Chávez, em 1998, a Venezuela vem desafiando os modelos econômicos e políticos excludentes que vigoravam naquele país – e na América Latina – e exercendo cada vez mais fortemente sua soberania.

O interesse dos Estados Unidos e seus aliados de subjugar esse incômodo vizinho e avançar sobre suas reservas estratégicas é notório. Nós já vimos esse filme: a invasão americana no Iraque, em nome de defender os direitos do povo e instalar a democracia, resultou em 250 mil mortos, cidades destruídas, miséria, fome e terror na ocupação. Depois, largaram tudo para trás, deixando um rastro de destruição e desalento, sem antes terem propiciado que suas empresas ganhassem muito dinheiro e, como país, se posicionassem estrategicamente no acesso ao petróleo dos países árabes. Como está o Iraque agora? Melhor ou pior do que estava antes? Tem democracia? Seu povo é mais feliz? Isso não interessa mais. O que interessa é que o império conquistou o que queria.

São muito preocupantes os movimentos dos governos Trump e Bolsonaro, entre outros, para desestabilizar o governo eleito de Maduro e sustentar um governo paralelo da oposição. Usam uma retórica de guerra como há muito não se ouvia em nosso continente. Querem intervir na Venezuela – considerando até uma intervenção militar – com a narrativa de que seria uma ditadura, que os direitos humanos não são respeitados, que há crise humanitária; precisa-se intervir para salvar o povo.

Alguém acha, sinceramente, que os EUA estão preocupados com a democracia e com os diretos humanos na Venezuela? Por que não se preocupam com a fome no Iêmen? Por que tratam as pessoas em processo migratório de forma hostil? Foi a preocupação com os diretos humanos que fez o governo Trump enjaular crianças como animais?

Nossa Constituição e a tradição da diplomacia brasileira defendem a não-intervenção em outros países. É o respeito às nações e a autodeterminação dos povos. Não precisamos adular impérios que se utilizam das crises alheias pra cobrir seus próprios problemas e tirar vantagens políticas e econômicas, fazendo guerras e intervenções. Já assistimos esse filme e ele só traz mais dores. Quando o ex-presidente George W. Bush quis comprometer o Brasil na guerra contra o Iraque, o ex-presidente Lula reagiu com altivez: "Nossa guerra é contra a fome".

As dificuldades por que passa o povo da Venezuela só foram agravadas pelas sanções e bloqueios econômicos impostos pelos EUA e seus aliados. Nunca é demais lembrar que o governo da Colômbia recusou vender remédio ao governo venezuelano. Assim acontece com outros produtos. A Venezuela é muito dependente de importações. Enquanto bloqueios e sanções permanecerem, o povo sofrerá e migrará, impondo também sofrimento aos que fazem fronteira com o país.

A saída, a solução pacífica para a crise venezuelana, que tem impacto na América Latina, é a negociação política, é conversar com todos os lados. Papel que o Brasil deveria estar fazendo, como já fez com sucesso, e não colocando mais lenha na fogueira.

Esta semana Bolsonaro se encontrará com o presidente Macri na Argentina. Jornais dizem que primeiro ponto da pauta será a Venezuela. Se tiverem o mínimo de responsabilidade com a paz, a ordem e a boa convivência dos países e povos latino-americanos, proporão diálogo com as partes venezuelanas. Caso contrário, só vamos acelerar a crise. Uma intervenção lá sobrará para todos nós.

Os democratas brasileiros, que se preocupam sinceramente com o destino de nossos povos, sabem que a intervenção, de qualquer espécie, não é a saída para a crise da Venezuela. E não é preciso estar de acordo com Nicolás Maduro, com seu governo ou com os processos institucionais venezuelanos para entender que, no caso de uma intervenção militar, o papel do Brasil, infelizmente, será de bucha-de-canhão.


Gleisi Hoffmann e senadora (PT-PR) e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores

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