segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Contraponto 12.326 - "Bomba! Justiça quebra sigilo de Matarazzo"

 

30/09/2013

 

Bomba! Justiça quebra sigilo de Matarazzo

 
Tijolaço - 30 de setembro de 2013 | 16:18
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Por: Miguel do Rosário
 
O trensalão tucano acaba de ser alimentado com um combustível altamente inflamável. A Justiça decidiu quebrar o sigilo de 11 nomes ligados ao PSDB, incluindo um dos nomes da elite do tucanato paulista, Andrea Matarazzo, que já ocupou inúmeras funções executivas importantes nas administrações do estado.
O furo é de Fausto Macedo, repórter do Estadão.

Justiça abre sigilo de 11 investigados do caso Alstom

No blog de Fausto Macedo, no Estadão.

A Justiça Federal decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal de 11 investigados do emblemático caso Alstom – investigação sobre suposto esquema de pagamento de propinas a servidores públicos e dirigentes de estatais da área de transportes públicos e energia, em São Paulo, nos anos 90.

O rastreamento de contas e evolução patrimonial alcança um período específico, de 1997 a 2000, e atende requerimento do Ministério Público Federal, datado de 19 de agosto. A ordem judicial foi dada 8 dias depois.

Em manifestação de 47 páginas e 119 tópicos, o procurador da República Rodrigo de Grandis cita relatório da Polícia Federal e o indiciamento dos 11 alvos. “Não obstante o indiciamento das pessoas supramencionadas, mostra-se necessário prosseguimento das investigações no âmbito policial”, assinala Rodrigo de Grandis.

O procurador destaca que o inquérito apura suposta prática dos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e operação de câmbio não autorizada para evasão de divisas (artigo 22 da Lei 7492/86), além de lavagem de dinheiro.

Rodrigo de Grandis pediu que fossem requisitadas da Delegacia da Receita “informações de que os indiciados, bem como das pessoas jurídicas a elas vinculadas, declararam, no período relativo aos anos-calendário 1997 a 2000, manter contas bancárias no exterior, indicando, se positiva a resposta, todas as contas e instituições financeiras identificadas no período em questão”.

Além da quebra do sigilo bancário e fiscal, o procurador pediu – e a Justiça deferiu – que seja oficiado à Embaixada da França no Brasil “com o objetivo de obter informações a respeito da qualificação e do paradeiro de Pierre Chazot e de Philippe Jaffré, apontados por Romeu Pinto Junior como supostos mandantes do pagamento de propinas pelo Grupo Alstom, confirmando, se for o caso, a notícia de óbito de Philippe”.

Romeu Pinto Junior foi procurador da offshore MCA Uruguay Ltd , desde 1993. Ao delegado Milton Fornazari Junior, da PF, ele declarou em 2 de abril de 2012 que “os verdadeiros donos” da MCA eram Philippe Jaffré e Pierre Chazot. Ele disse que assinou documentos de abertura de conta da offshore no Bank Audi (Luxemburgo) e no Union Bancaire Privee (Suíça).

Pinto Junior afirmou que Pierre Chazot “lhe ordenava entregar os pacotes com dinheiro em espécie a pessoas que desconhece a identidade”.

Ao relatar o inquérito, em 22 de agosto de 2012, o delegado Fornazari destacou que Philippe Jaffré era diretor financeiro do Grupo Alstom, na França. Pessoas indicadas por Jaffré recebiam pagamentos. Os valores eram entregues por motoboys.

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Contraponto 12.325 - "Mais 2 mil médicos cubanos chegam ao Brasil nesta semana"

 

30/09/2013

 

Mais 2 mil médicos cubanos chegam ao Brasil nesta semana 

 

Do Esquerdopata - segunda-feira, 30 de setembro de 2013

 

Profissionais participarão de cursos de adaptação no Distrito Federal, em Fortaleza, em Belo Horizonte de em Vitória



por Yara Aquino, da Agência Brasil
 
De hoje (30) até o final desta semana chegam ao Brasil mais 2 mil médicos cubanos para a segunda etapa do Programa Mais Médicos. Hoje, os primeiros 135 profissionais de Cuba desembarcam em Vitória. Na próxima segunda-feira (7), os 2 mil cubanos iniciam o módulo de avaliação que tem duração de três semanas com aulas sobre língua portuguesa e o sistema brasileiro de saúde pública. As informações são do Ministério da Saúde.

Além dos 2 mil cubanos, os 149 médicos com diploma do exterior que foram selecionados para a segunda fase do Mais Médicos iniciam o módulo de avaliação no dia 7. As aulas ocorrerão no Distrito Federal, em Fortaleza, Vitória e Belo Horizonte.

Na primeira fase do Programa Mais Médicos, 400 profissionais cubanos chegaram ao Brasil e passaram por curso de formação e avaliação. A previsão do Ministério da Saúde é trazer ao país, até o final do ano, 4 mil médicos cubanos. Esses profissionais vêm ao Brasil por meio de um acordo intermediado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Assim como os médicos com diploma do exterior que se inscreveram individualmente, os cubanos que vêm pelo acordo com a Opas não precisam passar pelo Revalida (Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior) e, por isso, terão registro provisório por três anos para atuar na atenção básica e com validade restrita ao local para onde forem designados.
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Contraponto 12.324 - " 'Vamos conversar fiado' ? O fiasco da cantada politica de 2ª categoria "

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30/09/2013

 

“Vamos conversar fiado”? O fiasco da cantada politica de 2ª categoria 

bommoco

Do Tijolaço 30 de setembro de 2013 | 14:19
Fernando Brito

Merval Pereira hoje, em O Globo, anuncia uma ofensiva de mídia de Aécio Neves.
Desta vez, pela internet.

A cara de pau de um “analista” político que sabe que a mídia – inclusive a de internet, os grandes portais – é toda ela oposicionista é tão grande que ele chega a dizer que Dilma está à frente das pesquisas por conta da internet.

“A assimetria do acesso aos meios de comunicação entre potenciais candidatos a presidente e a própria presidente tentando a reeleição tem sido salientada por Aécio Neves e outros, como o governador de Pernambuco Eduardo Campos, que atribuem a ela a dianteira que a presidente Dilma abre nas pesquisas de opinião.”

Ora, até uma miniatura mental como Merval Pereira sabe – e ele cansou de escrever – que “as redes sociais” eram as principais fomentadoras dos protestos e do oposicionismo revelado em parte das manifestações de junho. Como foram das pressões sobre Celso de Mello, como são e serão sempre que o debate for superficial e passional.

Claro que ser supérfluo ou passional nao é privilégio da oposição.

O problema é que quando não se é propositivo, isso é muito mais fácil.

E a oposição tucana não pode ser propositiva, porque suas propostas reais são, simplesmente, obscenas.

Ou será que alguém acha que se pode propor desnudamente coisas como aumentar os juros, entregar o petróleo, arrochar os salários, reduzir gastos sociais, acabar com uma política externa independente e outras tucanagens com o Brasil?

Essa é a razão de escolherem esta linha do “vamos conversar”, uma conversa fiada que, como falei antes, parece destas cantadas baratas de quem não tem com o que cativar ninguém.

O que Merval não suporta, isso sim, é o pingo de democracia que a internet nos dá de contraditar a “onda da mídia”.

Ele, com seus bigodes afetados e seu fardão bordado, ser desafiado por uns encardidinhos da plebe?

A ofensiva do “vamos conversar” vai deixar Aécio no celibato eleitoral, escrevam. Isso é apenas cobertura para a verdadeira campanha da direita na internet, que foi despudoradamente descrita pelo neoneoliberal Rodrigo Constantino, em seu espaço na 

Veja – poupo-me dos comentários sobre o autor, colega de merval no Millenium:
“Preencha esse vácuo, Aécio. Suba o tom, deixe claro que não apenas discorda do governo petista, mas abomina tudo aquilo que essa corja autoritária tem feito com nosso país. Fale abertamente que, com você, o Brasil não será a próxima Venezuela ou Argentina mas, ao contrário, voltará a abraçar o respeito à democracia republicana, e que os Estados Unidos devem ser amigos e aliados, não a ditadura cubana.” 

Essa vai ser a tônica da campanha na internet, não aquele “o que acha de irmos para um lugar mais tranquilo” do marqueteiro aecista.

Porque, deste jeito “macarrão sem sal e sem molho”, Aécio vai ficar estacionado no meio do salão e a direita pega o mesmo Serra cansado de guerra e diz, “vambora, meu velho, que esses meninos são muito sem graça”.

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Contraponto 12.323 - "O andar cambaleante de Aécio Neves"

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30/09/2013

O andar cambaleante de Aécio Neves 

 

Do Blog do Miro - segunda-feira, 30 de setembro de 2013


Por Altamiro Borges

Em seu artigo semanal de platitudes na Folha, o senador Aécio Neves escreveu nesta segunda-feira (30) que o governo Dilma está “andando para trás”. De forma infeliz, ele analisou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2012, divulgados pelo IBGE na semana passada. Para ele, o Pnad mostra “os limites do modelo de políticas sociais adotado no país a partir de 2003, com a chegada do PT ao poder”. O resultado da pesquisa, porém, revela exatamente o contrário – que o Brasil está avançando, mesmo que de forma tímida, no combate à miséria.


O artigo só confirma o andar cambaleante do presidenciável tucano, que continua desnorteado – como um ébrio. Aécio Neves destaca apenas os resultados preocupantes da pesquisa, como o número ainda alto de analfabetos no país. Ele esconde os dados positivos, como a drástica redução do desemprego e a melhoria do rendimento médio dos assalariados. Na maioria caradura, ele afirma que a desigualdade social ainda é elevada no Brasil, esquecendo-se de mencionar que ela bateu recordes do triste reinado neoliberal de FHC, o seu “guru”.

Ao final, o cambaleante tucano ainda dá mais uma derrapada – sorte que não há bafômetros na Folha. Ele afirma que “por mais que a atual administração federal tenha criado o mantra de que acabou com a miséria no país, os brasileiros sabem que isso não é verdade”. Ele bebeu? De quem ele está falando? Dos poucos brasileiros que afirmam que votarão nele nas eleições presidenciais, segundo as recentes pesquisas Ibope e Datafolha? Ou da maioria dos brasileiros que manifestam a sua intenção de voto em Dilma Rousseff em 2014?

Para ajudar nos próximos artigos de platitudes do senador mineiro, sugiro uma leitura mais sóbria – se for possível – dos números do Pnad. Eles mostram que a taxa de desemprego no Brasil no ano passado foi de 6,1% - inferior aos 6,7% de 2011 e bem inferior aos recordes de desemprego no governo FHC (de quase 20% da População Economicamente Ativa). Eles indicam também que os empregos com carteira assinada no setor privado cresceram 3,2%, ou seja, 1,1 milhão de postos de trabalho a mais – deixando para trás os dados alarmantes sobre informalidade no reinado neoliberal de FHC.

Já no que se refere ao rendimento médio mensal dos trabalhadores brasileiros, o Pnad aponta um ganho real de 5,8% em 2012. O salário médio passou de R$ 1.425 em 2011 para R$ 1.507 no ano passado. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram as que registaram maior alta no período. A pesquisa também indica – para desmoralizar de vez o senador mineiro – que os trabalhadores com salários mais baixos tiveram maiores ganhos proporcionais na comparação com os que possuem renda mais elevada. Há muito o que avançar no país, principalmente com realização de reforma estruturais, mas o tucano cambaleante não é a solução. 

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Contraponto 12.322 - "Escândalo! Governo está obrigando Petrobras a produzir petróleo! "

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30/09/2013 

 

Escândalo! Governo está obrigando Petrobras a produzir petróleo!

Do Tijolaço - 30 de setembro de 2013 | 10:51
 globpetro

por Fernando Brito

Ficamos sabendo, graças ao O Globo, que a “ingerência política” do Governo está obrigando a Petrobras a apressar a instalação de nove unidades de produção, vão representar um acréscimo de um milhão de barris de petróleo por dia de capacidade instalada no país a partir do ano que vem. Ou, “apenas” mais 50% em nossa produção de óleo cru.

Deu para perceber que coisa escandalosa? Uma empresa de petróleo produzir mais petróleo e mais rápido para ter recursos para procurar e extrair mais petróleo?

Ora, qualquer um sabe – até o “consultor” de O Globo, Adriano Pires – que empresas de petróleo, quando possuem condições técnicas e financeiras, buscam antecipar ao máximo a entrada em produção de seus campos. Exatamente porque o petróleo que sai dali gera caixa para fazer frente a novos investimentos.
É curioso que, em abril deste ano, o mesmo jornal anunciava, com grande destaque, que tudo na Petrobras estava atrasado, em matéria de produção

“(…)a estatal enfrenta atrasos na construção em seis de dez projetos de produção previstos para este ano e o próximo — elevando, assim, segundo analistas, os riscos de não cumprimento de suas metas. De acordo com o Plano de Negócios 2013/2017, a situação mais crítica ocorre nos sistemas planejados para 2013: dos sete, cinco estão fora do cronograma. Para 2014, um dos três previstos está atrasado”.

E aí, claro, começa a cantilena pelo aumento do preço dos combustíveis, que estão baratos demais, embora O Globo não pare de publicar matérias sobre como é cara a gasolina brasileira.
Tudo para ir dourando a pílula e chegar num ponto que não pode ser dito diretamente, e que é o central para essa gente.

“A outra opção seria o governo não exigir que a Petrobras tenha, no mínimo, 30% de participação na exploração do pré-sal. Caso contrário, segundo Ana, o desenvolvimento da indústria petrolífera terá seu ritmo ditado pela capacidade de investimentos limitada da Petrobras.”

Capacidade limitada de investimentos que, como se vê, foi capaz de acelerar a construção e equipagem de navios e sistemas para poder ampliar, em pouco mais de um ano, em 50% a produção. E falar em desenvolvimento da indústria petrolífera, você sabe, é igual àquela história da Vale: tudo lá fora.

Ou você leu sobre alguma petroleira que esteja encomendando um navio, uma plataforma, algum equipamento pesado aqui?

É por isso que esse onirismo de “deixa o petróleo lá” esperando que tudo seja um mar de rosas é, quando não é puerilidade, é irresponsabilidade.

Ou, pior, um ardil para que, amanhã, possam voltar ao esquema entreguista do passado, que está fazendo o possível para tentar passar a imagem de “fracasso” de nossa política de exploração de petróleo e de nossa petroleira, a maior ferramenta de progresso econômico do Brasil, a Petrobras.

Contraponto 12.321 - "Blogs atormentam Gilmar Mendes"

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30/09/2013

 

Blogs atormentam Gilmar Mendes 

  

Do Blog do Miro - sábado, 28 de setembro de 2013


http://william.com.br
Por Altamiro Borges


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve ter pesadelos diários com os chamados blogs progressistas – também rotulados por seu fiel amigo, José Serra, de “blogs sujos”. Ele já ingressou com processos contra blogueiros e jornalistas independentes e também tentou asfixiar financeiramente as páginas na internet que o criticam. Nesta semana, em matéria no sítio da revista Veja, ele voltou a explicitar o seu trauma.

Diante das críticas do ministro Celso de Mello ao assédio que sofreu da velha mídia por ocasião do seu voto favorável aos embargos infringentes, o truculento Gilmar Mendes se fez de vítima: “Muitos ministros ficaram sob um ataque fortíssimo de blogs e de órgãos da mídia que são vinculados a determinados réus. E nem por isso ninguém tem reclamado”. Ele e outro ministro do STF, Marco Aurélio Mello, também defenderam a cobertura da “grande imprensa” no midiático julgamento do chamado “mensalão do PT”.

Depois do ex-senador Demóstenes Torres, que foi chamado de “mosqueteiro da ética” pela Veja, o ministro Gilmar Mendes é hoje um dos principais ícones da mídia tradicional. Tudo o que ela fala é destaque nas revistonas, jornalões e emissoras de tevê. Até suas bravatas e besteiras! Quem patrocinou “ataque fortíssimo” no julgamento do STF foi exatamente a mídia monopolizada e manipuladora – que julgou, condenou e executou sumariamente os réus do “mensalão”. Gilmar Mendes sabe disto, mas se finge de inocente!

Ele teme as criticas na internet – na qual já foi batizado de “Gilmar Mentes” e “Gilmar Dantas”. Sabe que os “blogs sujos” fazem o contraponto às distorções do Partido da Imprensa Golpista (PIG). Mas o truculento ministro não tem como barrar os avanços no setor. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta semana, 83 milhões de pessoas, com 10 anos ou mais, declararam ter acessado a rede mundial de computadores no ano passado, o que corresponde a 49,2% da população nesta faixa de idade.

Na comparação com 2011, quando 77,7 milhões de brasileiros acessaram a internet, o crescimento foi de 6,8%. E o aumento do número de internautas se deu principalmente entre os mais jovens. Segundo reportagem da Agência Brasil, “no grupo de 15 a 17 anos, a proporção chega a 76,7%. Entre os que têm 50 anos ou mais, 20,5% acessam a internet”. Estes números devem atazanar os sonhos do ministro Gilmar Mendes. Se dependesse dele, a internet nem teria sido inventada ou seria censurada. Ela dá muitos pesadelos!
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Contraponto 12.320 - "A tragédia da civilização automotiva"

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30/09/2013 

A tragédia da civilização automotiva

Sugerido por Assis Ribeiro
Do Brasil de Fato
A tragédia da civilização do automóvel

O carro promete liberdade, mas se tornou uma espécie de cárcere privado. A tragédia da ‘civilização do automóvel’ é resultado das políticas do Estado que sempre foram generosas com a indústria automotiva
 
Cesar Sanson
 
Há exatos 40 anos, num ensaio considerado visionário, André Gorz publicou um texto intitulado ‘Le Sauvage’ [O Selvagem]. O ensaio, datado de 1973, é considerado pelos ambientalistas como o ‘Manifesto contra o carro’ por antecipar a tragédia da civilização do automóvel. No texto, Gorz afirma que “o carro fez a cidade grande inabitável, a fez fedorenta, barulhenta, sufocante, empoeirada, congestionada”.
 
O carro instaurou uma lógica e um estilo de vida que promete liberdade, mas no lugar de ir e vir se tornou uma espécie de cárcere privado. Paradoxalmente, promete agilidade, mas proporciona a lentidão dos tempos pré-industriais. Promete ganhar tempo, mas na realidade faz perder tempo.
 
Eles entopem os estacionamentos das universidades privadas e públicas, dos aeroportos, dos shoppings, dos supermercados. Estacionar já se tornou um drama. Ter uma vaga cativa – e gratuita – é um privilégio que se assemelha ao da casa própria. Nos grandes centros já é mais caro estacionar do que almoçar.
 
O estresse no trânsito é alto, os engarrafamentos enormes, a irritação é grande, mas ninguém quer abrir mão do carro. E ainda tem mais: quanto mais potente, belo e equipado, melhor. O sociólogo Richard Sennett, em seu livro A nova cultura do capitalismo, afirma que as pessoas se movem pela "paixão consumptiva" que assume as formas de "envolvimento em imagística e incitação pela potência", ou seja, as pessoas quando consomem não compram apenas produtos, mas prazer e poder.
 
O fantástico e maravilhoso mundo prometido pelo carro tem um outro lado menos edificante. O carro provoca o caos, confusão, barulho, estresse, poluição, perdas econômicas e, o pior, mata. E mata muito. As estatísticas dão conta de que mata em média mais de 50 mil pessoas por ano, apenas no Brasil.
 
A tragédia da ‘civilização do automóvel’ tem como um dos responsáveis as políticas do Estado que sempre foram generosas com a indústria automotiva. No caso brasileiro, o modelo de desenvolvimento ancorou nas montadoras a sua base crescimentista. Desde Juscelino Kubistchek, a indústria automotiva recebe incentivos, subsídios e isenções.
 
Erigimos o ‘Império do automóvel’ e agora - da prometida sociedade do bem-estar -, ele, o carro, nos empurra para um crescente mal-estar. A mobilidade prometida pelo carro aos indivíduos se tornou fonte de angústia, estresse e sofrimento.
 
Outra mobilidade e cidade são possíveis, porém é preciso superar a cultura carrocentrista e promover ousadas políticas públicas que invistam pesado no transporte coletivo.
 
 
 Cesar Sanson é professor de sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
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Contraponto 12.319 - "Franklin Martins fará parte da coordenação da campanha de Dilma"

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30/09/2013

 

Franklin Martins fará parte da coordenação da campanha de Dilma


Sugerido por Assis Ribeiro

Do Tijolaço

Franklin será um dos coordenadores da campanha de Dilma

Ótima notícia para os que defendem uma campanha mais politizada e menos marketeira. Segundo apurado pela Folha, o ministro Franklin Martins integrará o núcleo que irá coordenar a campanha de reeleição de Dilma Rousseff. Ele “atuará na agenda política e nas estratégias para redes sociais”.

Franklin Martins tem carisma no campo progressista por suas convicções corajosas quando o tema é a necessidade de regulamentar a mídia brasileira. Se participa da campanha, poderá vir a ser ministro de Estado na segunda gestão da presidenta, na área de comunicação, o que representará, sem dúvida, uma vitória para os movimentos sociais que lutam pela democratização da mídia no Brasil.


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Contraponto 12.318 - "Folha recorre ao tapetão contra Dilma 2014"

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 30/09/2013 

 

Folha recorre ao tapetão contra Dilma 2014





Eduardo Guimarães

A manchete principal da primeira página da última edição dominical do jornal Folha de São Paulo induz a crer que a grande mídia oposicionista já busca alternativas não-eleitorais para impedir a cada vez mais provável reeleição de Dilma Rousseff no ano que vem, conforme vêm mostrando as pesquisas eleitorais.

A reportagem “Cabos eleitorais de Dilma dizem ter recebido ‘por fora’” revela que está em curso uma busca desesperada da oposição midiática por algum mecanismo que possa melar a recandidatura da presidente da República.

O jornal afirma ter localizado “12 pessoas em Mato Grosso e no Piauí que dizem nunca ter atuado de graça, apesar de serem tratadas como prestadores de serviço sem remuneração nos papéis entregues pela campanha ao TSE”.  Mais adiante, confessa que “Identificou ao menos 43 ‘trabalhadores voluntários’ na prestação de contas da campanha” e que “No grupo, estão os 12 localizados pela reportagem”.

Que sentido haveria em pagar “por fora” a militantes “voluntários” e registrar os serviços deles na prestação de contas ao TSE? Não seria melhor a campanha de Dilma simplesmente não registrar que pessoas atuaram “voluntariamente”?

Pode uma campanha do porte da de Dilma ser tão ingênua? O gasto com “motociclistas” que passeavam pelas cidades portando bandeiras do PT não pode ter sido apenas reembolso de despesas e declarado de outra forma que não diretamente a cada voluntário?

Escreva aí, leitor: trabalho voluntário não significa pagar para trabalhar. Alguém pode não ganhar nada para trabalhar numa campanha, mas ter suas despesas pagas.

Surge, então, a primeira informação importante sobre essa matéria-militante do jornal paulista: a Folha anda esquadrinhando a campanha eleitoral que elegeu a presidente em busca de alguma coisa que possa comprometê-la.

Dessa informação, surge uma pergunta ainda mais relevante: trabalho tão meticuloso de busca de “furos” na prestação de contas da campanha que elegeu Dilma estaria sendo feito em relação a outras campanhas – a de José Serra, por exemplo – ou o jornal só se interessou pela campanha petista?

Sim, porque localizar uma incongruência de R$ 20 mil em uma campanha que declarou ao TSE gastos de R$ 153 milhões deve ter consumido um trabalho hercúleo do jornal. E como a matéria não diz que esquadrinhou todas as campanhas, pode-se supor que não houve preocupação com as campanhas dos adversários de Dilma.

Por que?

Alguém acredita que não se conseguiria localizar dúvidas semelhantes nas prestações de contas de campanha de outros candidatos e não só nas da presidente? Aliás, por que só pesquisar as contas de candidatos a presidente?

Nos próximos dias, é bem possível que apareçam incongruências nas prestações de contas dos adversários de Dilma na eleição de 2010. Um sabiá-laranjeira revelou ao Blog que, se se descer a tais detalhes, campanha nenhuma escapará de questionamentos.

O grande feito da matéria, portanto, foi revelar que começa a bater o desespero na oposição assumida e enrustida, que acredita cada vez menos em suas chances eleitorais. E que os grupos de mídia, mais uma vez, estarão a serviço da oposição ao governo do PT.

Talvez, porém, fosse bom a mídia tucana não ir tão fundo na busca por inviabilizar Dilma. Materializada a remota hipótese de que obtivesse êxito e a presidente não pudesse disputar a própria sucessão, os autores dessa estratégia poderiam ganhar de troco a candidatura de Lula a presidente, ano que vem.

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Contraponto 12.317 - "Governo vai ficar quieto diante de prisão de Claudia Trevisan? "

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30/09/2013 

 

Governo vai ficar quieto diante de prisão de Claudia Trevisan?


Todos os detalhes da prisão de Claudia Trevisan em Yale, onde ficou detida durante cinco horas, descrevem uma situação arbitrária, que pede uma reação imediata do governo brasileiro. Cabe ao Itamaraty pedir explicações, já que os direitos de uma cidadã brasileira foram atingidos.

Vamos lá: uma jornalista do Estado de S. Paulo, um dos maiores jornais do país, solicita uma entrevista a Joaquim Barbosa, presidente do STF, presente a um seminário na universidade. Barbosa recusa o pedido e Claudia decide comparecer ao local, do mesmo jeito. Normalíssimo. No Brasil, na China, na Bolívia, nos Estados Unidos, jornalistas agem assim mesmo.

Quando uma autoridade recusa um pedido formal de entrevista, o que sempre tem o direito de fazer, tenta-se uma aproximação direta para se obter um depoimento, o que os jornalistas também podem fazer. É a situação mais comum do mundo. Se não quisesse mesmo falar, Barbosa poderia recusar de novo. Se não quisesse nem responder diretamente, poderia valer-se de um assessor para impedir até uma aproximação ou, em caso extremo, pedir à segurança da universidade que mantivesse Claudia Trevisan a distância. Tudo isso faz parte do jogo universal entre repórteres que querem um depoimento e autoridades que não querem falar. Você já deve ter visto isso várias vezes nos filmes. 

O que não se pode aceitar é a entrada da polícia em ação. Ela não se limitou a impedir que Claudia fizesse a entrevista. Prendeu, algemou, manteve incomunicável por horas. Agiu como se estivesse querendo impedir um crime -- e não uma entrevista. 

Direitos fundamentais foram atingidos. É brutal e inaceitável. Cabe às autoridades norte-americanas esclarecer o que se fez e por que. 

Neste terreno, o Brasil deu um exemplo de civilidade que deveria ser seguido. No início de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou indignado diante de uma reportagem do New York Times, fazendo insinuações de que decisões de seu governo estariam sendo prejudicadas por seu costume de ingerir bebidas alcoólicas. A reportagem era muito ruim: não tinha fatos concretos para apontar nem testemunhas que dessem sustentação ao que disse. Indignado, Lula chegou a tomar uma decisão dramática -- expulsar o correspondente – mas voltou atrás. Em nenhum momento, contudo, o jornalista, Larry Rother, foi preso, algemado nem mantido incomunicável. E, como se pode imaginar, a reação de muitos brasileiros diante a arbitrariedade que não houve foi muito maior e explosiva do que agora, quando uma correspondente internacional é detida sem explicações nos EUA. 

O nome disso é complexo de vira lata?


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Comentário
  • Silvio Sabá Creio que esse caso seja para a Interpol. Reuniões secretas, tipo Ku Kuns Clan, devem ser abolidas do mundo democrático! 
     
    A pergunta que fica é: O que estava fazendo o CHEFE DA SUPREMA CORTE BRASILEIRA em Yale, o berço da extrema direita americana, numa "palestra" fechado ao público e à Imprensa? Se nossa Imprensa Investigativa é tão boa quanto dizem que são irão descobrir! Resta saber se irão divulgar!
     
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domingo, 29 de setembro de 2013

Contraponto 12.316 - "Jânio reforça denúncia de Celso de Mello "

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29/09/2013

Jânio reforça denúncia de Celso de Mello 

 

 Do Tijolaço - 29 de setembro de 2013 | 17:03

 


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por Miguel do Rosário

 
A mídia reagiu à denúncia de Celso de Mello, de que houve pressão indevida dos meios de comunicação para que ele rejeitasse a admissibilidade dos embargos infringentes, saindo pela tangente. Veja e Folha, por exemplo, se refugiram na “liberdade de expressão”. O Globo se calou.

Só que não.

Jornais tem liberdade para defender qualquer ideia, mas tem que ouvir críticas também. E a crítica de Celso de Mello foi pertinente. Houve publicidade opressiva sobre o STF, no caso da Ação Penal 470. A sociedade precisa discutir isso, porque se o STF se curvar aos poderes políticos por trás da mídia, então estaremos manietando a própria democracia

O caso adquire contornos escandalosos após o depoimento de vários juristas importantes, inclusive o antipetista radical Ives Gandra, segundo o qual José Dirceu foi condenado sem provas. 

Vai ficar por isso mesmo? O STF será convertido numa extensão do tribunal da mídia?

Sempre é bom lembrar que todo o barulho em torno da decisão de Celso de Mello aconteceu porque foi a primeira vez, durante todo o processo da Ação Penal 470, que um juiz se negou a obedecer aos barões da imprensa. Mas foi uma exceção. O julgamento foi todo conduzido, como descreveu um dos ministros, sob pressão brutal dos meios de comunicação. 

PRESSÕES E EXCEÇÕES

Por Janio de Freitas, na Folha.

(…) O jornalismo brasileiro atual volta a uma prática, em graus diferenciados segundo as numerosas publicações, que exigiu muito esforço em meados da minha geração profissional para reduzi-la até o limite do invencível. A opinião está deixando de restringir-se aos editoriais e aos comentaristas autorizados a opinar, sejam profissionais ou colaboradores.

A objetividade possível do noticiário, que, entre outros efeitos, trouxe aos meios de comunicação maior respeito ao leitor/ouvinte e maior fidelidade aos fatos, sofre crescente infiltração de meras opiniões. Muitos títulos são como editoriais sintetizados, parecem mesmo, por sua constância, contarem com o amparo ou indiferença das orientações de edição.

Nesse sentido, ainda se não houvesse comentários com cobranças, explícitas ou transversais, a Celso de Mello em seu voto decisivo, o fundo de mensagem imposto ao leitor/ouvinte, na quase totalidade dos meios de comunicação mais relevantes, de fato foi na linha da percepção do ministro. E ficou ainda mais perceptível com essa peculiaridade brasileira que são as cadeias multimídias, em que as mesmas pessoas dizem e escrevem as mesmas coisas várias vezes por dia, em jornal, em diversos horários de rádio, idem em televisão. Lembra o princípio da lavagem cerebral. (…)

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Contraponto 12.315 - " Lula: 'não foi julgamento, mas sim linchamento' "


247 – No escritório do Instituto que leva seu nome, Luiz Inácio Lula da Silva mantém uma agenda digna de presidente da República. Ele trabalha quase 10 horas por dia com um objetivo maior em mente: reeleger a presidente Dilma Rousseff. "Se houver alguém que se diz lulista e não dilmista, eu o dispenso de ser lulista", diz o ex-presidente. Em entrevista aos repórteres Tereza Cruvinel e Leonardo Cavalcanti, do Correio Braziliense, ele confessa com certa melancolia que sente falta de Brasília: "O nascer e o pôr do sol no Alvorada são inesquecíveis"; e que, para evitar a tentação de dar palpites sobre o novo governo, disse que decidiu visitar 32 países nos primeiros 10 primeiros meses de 2011, até que o câncer foi descoberto, no dia de seu aniversário, 27 de outubro.

Leia a íntegra da entrevista, que acaba de ser postada no blog da jornalista Tereza Cruvinel

Aqui

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Contraponto 12.314 - "Não é fácil ser Zé Dirceu"


29/09/2013

Não é fácil ser Zé Dirceu


Diário do Centro do Mundo - 29/09/2013

Marcação cerrada



Marcação cerrada

Não é fácil ser Zé Dirceu. E nem ter qualquer tipo de relação com ele. Namoradas, então, são um alvo constante.

Recebi logo pela manhã, pelo Facebook, o link de um artigo de Josias de Souza, blogueiro do UOL. Ele espalhava uma (suposta) informação que saíra na Veja: a (alegada) namorada de Dirceu conseguira um emprego no Senado.

Você pode imaginar os detalhes dados, do salário à carga horária: em suma, segundo a Veja e Josias, ela ganha muito e trabalha pouco.

Não vou discutir aqui a credibilidade da Veja. Mas não posso deixar de lembrar que, em sua louca cavalgada rumo à direita, a revista apresentou Maycon Freitas como “a voz que emergiu das ruas”, nos protestos de junho.

A credencial de Maycon, logo se veria, era falar exatamente o que a Veja queria que ele falasse. Sozinho, ele não mobilizava pessoas capazes de lotar uma padaria no domingo.

Mas volto ao caso em questão.

A funcionária do Senado apedrejada, Simone Patrícia Tristão Pereira, tem vida profissional anterior, como uma simples pesquisa no Google mostra.

Em 2011, o governador do Estado de Tocantins, Siqueira Campos, a nomeou assessora especial da Secretaria da Cultura.

O governador, apenas para registro, é do PSDB. Isto quer dizer o seguinte: a informação que você está lendo aqui, no DCM, não vai aparecer em nenhum lugar que quer atacar Simone e, por ela, Dirceu.

Também é bom lembrar que o “moralismo” impregnado na “denúncia” não se manifestou, jamais, quando Serra arrumou empregos para Soninha e familiares no governo paulista.

A mídia também jamais colocou em dúvida a competência do então genro de FHC, David Zylbersztajn, quando ele foi colocado à frente da Agência Nacional do Petróleo no governo do sogro.

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Ninguém questionou sua competência para o cargo


Antes da ANP, e já genro do FHC, o então governador Mário Covas deu a ele a Secretaria da Energia. Mas claro: aí era, para a mídia, talento, mérito, e não nepotismo.

Zylbersztajn deixou a ANP pouco depois de se separar da filha de FHC. Hoje, ele tem negócios da área de energia, e ninguém questiona a ética disso. Assim como ninguém cobra de Malan, ou de Gustavo Franco, posições pós-governo lucrativas.

Dirceu, em compensação, é constantemente massacrado por qualquer coisa que faça. Lembro de um Roda Viva em que ele fez a pergunta vital: “Não posso trabalhar?”

A Veja simplesmente ignorou a notícia do emprego que a Globo deu ao filho de Joaquim Barbosa. Cinicamente, alguém poderia dizer: mas é uma empresa.

Ora, quem acredita nessa desculpa acredita em tudo. É o chamado “nepotismo cruzado”. Emprego seu filho, mas você sabe que me deve um favor.

A Globo está no meio de um escândalo – não coberto pela mídia – de sonegação e trapaça fiscal. Neste caso apenas (há outros), deve em dinheiro de hoje 1 bilhão de reais.

O presidente do STF deve empregar o filho numa empresa em tal situação?

O Brasil tem que ser reformado, é verdade. Mas a reforma que a mídia propõe se centra na manutenção de todos os seus privilégios, acrescidos de mais alguns, se possível.

Para isso, vale tudo – a começar por dar ares de escândalo a qualquer coisa que possa atingir quem ela julga ser seus inimigos, como Dirceu.

Paulo Nogueira. Jornalista baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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Contraponto 12.313 - "Miguel do Rosário responde à The Economist"


29/09/2013 



Miguel do Rosário responde à The Economist



Do Escrivinhador - publicada sábado, 28/09/2013 às 01:46 e atualizada sábado, 28/09/2013 às 01:42


por Miguel do Rosário n’O Cafezinho


A última edição da britânica The Economist, trazendo uma capa duramente crítica ao Brasil, produziu grande euforia nas hostes coxinhas. No post anterior, eu dei uma resposta preliminar, com base apenas na capa e nas chamadas, que já prenunciavam o teor da matéria.

Agora, que tive a pachorra de ler os nove textos, mais a abertura, posso fazer uma crítica mais consistente.

Em primeiro lugar, baixemos as armas. Eu gosto da Economist. Acho uma revista elegante e bem redigida. Quer dizer, eu gostava. Mas não foi a capa ofensiva ao Rio e ao Brasil que me fez mudar de ideia. Não sou de ligar muito para essas coisas, e na verdade não sou tão ufanista como me “acusam” alguns. Também tenho milhares de críticas ao governo federal e ao PT, com os quais, sempre é bom deixar claro, não tenho nenhum elo ou obrigação.

O que me fez mudar de ideia em relação à Economist foi o último artigo de capa, um libelo sem-vergonha em favor de intervenções armadas dos EUA. É notório que o principal público consumidor da revista hoje em dia está nos Estados Unidos. A matéria favorável à indústria bélica mostra que, infelizmente, os patrocinadores também estão lá.

Voltando à matéria sobre o Brasil, juro que li os textos com máxima boa vontade. A jornalista Helen Joyce, como quase todos na Economist, é ótima redatora e me pareceu uma profissional disciplinada. Deram-lhe uma missão, escrever uma série de textos com um viés de oposição, e ela a cumpriu com dignidade. Respeito isso.

Entretanto, temos que entender as razões. A Economist tem um evento agendado no Brasil para outubro, cujos patrocinadores são os seguintes:



 
Os dois primeiros são fundos de investimento que vem perdendo bilhões com a decisão de Dilma de reduzir os juros, e o terceiro é uma petroleira americana que acaba de fugir do leilão de Libra com o rabo entre as pernas, soprando nos ouvidos da oposição a historinha de que o governo brasileiro é “intervencionista”.
Os palestrantes brasileiros conhecidos são os seguintes. Não riam.


 
Joaquim Barbosa,  por incrível que pareça, dará uma palestra sobre… reforma política, assunto que ele domina tanto quanto o ex-presidente, Ayres Brito, sabia de física quântica e hábitos alimentares de passarinhos. Ou seja, nada. Preparem-se para as bombas!
A estratégia empresarial da Economist, portanto, está clara como os olhos de Eduardo Campos. Ela quer seduzir a direita endinheirada de São Paulo. E nada melhor, neste sentido, do que falar mal do Brasil.
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Sobre a matéria em si, seguem algumas observações.
A reportagem abre com um tom ridiculamente professoral. Logo no subtítulo do primeiro texto, o leitor topa com o seguinte aviso:
“Tendo chegando tão perto de decolar, o Brasil travou. Helen Joyce explica o que deve ser feito para o país ganhar o espaço novamente”.

Com todo o respeito à competente Helen Joyce, se ela realmente tivesse as soluções para os problemas que assolam um país tão complexo como Brasil, ela não seria apenas uma repórter da Economist, mas uma consultora internacional que mereceria ganhar milhões de dólares por ano.

Ainda mais porque as “soluções” trazidas por Joyce não passam de clichês neoliberais, ou pior, ideias estapafúrdias e anti-povo de economistas tucanos. No texto que conclui a reportagem, Joyce confessa o viés partidário de toda a matéria:

“O país pode superar o alto e mal direcionado gasto público, através da limitação de qualquer aumento em no máximo metade da taxa de crescimento econômico, conforme economistas ligados ao oposicionista PSDB vem sugerindo.”

A ideia é socialmente criminosa e politicamente colonial. Além de idiota, claro. Se alguém sugerisse tal coisa na Inglaterra seria ridicularizado, inclusive pela Economist. Mas como é para o Brasil, e pode beneficiar os especuladores que patrocinam a Economist, então não é só válida, como apresentada como solução brilhante.

Os problemas listados pela matéria são reais. Há graves problemas de infra-estrutura. As obras demoram a terminar, e sempre ficam mais caras do que o acertado inicialmente. Os serviços públicos ainda deixam muito a desejar. Entretanto, eu fico imaginando como seria útil, a esta repórter, que ela entrasse numa máquina do tempo e voltasse ao Brasil de dez anos atrás. Desemprego altíssimo, dívida externa descontrolada, inflação alta, juros estratosféricos, crédito zero para pobres, situação de tragédia social em vasta regiões. E, sobretudo, uma criminosa falta de investimentos… em infra-estrutura.

A reportagem peca ao não fornecer ao leitor um balanço realista, com dados, sobre o universo de obras em andamento no país. O leitor certamente sairia menos pessimista se fosse informado de que entre as cem maiores obras de infra-estrutura em andamento no mundo, boa parte se encontra no Brasil.

Não podemos esquecer que as belas estradas inglesas, seu magnífico sistema ferroviário e seus portos e aeroportos modernos foram construídos com recursos e sangue oriundos da exploração colonial do terceiro mundo, incluindo o Brasil.

O Brasil está se auto-construindo com dinheiro próprio e trabalho duro; sem explorar e humilhar nenhuma colônia, sem fazer guerras. É claro que é um processo mais lento e mais difícil. Mas quando encerrarmos este ciclo, teremos uma dignidade que poucas nações poderão exibir.

A parte em que fala de política me pareceu leviana e hipócrita, como se fosse um problema só do Brasil, ou como se ela tivesse se baseado em informações colhidas na imprensa partidária. Independente dos problemas do sistema político brasileiro, que são inúmeros, na comparação com outras democracias ocidentais, exibimos um dos melhores índices de alternância política e produção legislativa. Em lugar nenhum do mundo, a democracia é um mar de rosas, nem os políticos, seja na Inglaterra, EUA, em qualquer lugar, são exemplos de idoneidade. Mas nos últimos anos testemunhamos no Brasil a criação de instâncias de controle administrativo e combate à corrupção, além das ferramentas e leis de transparência, que hoje são referência no mundo.

Me parece que os “protestos” de junho, ao afetarem a popularidade do governo, acenderam as esperanças da revista de uma vitória da direita em 2014, e isso a fez se aproximar da oposição. A bem da verdade, a Economist vem se aproximando da oposição há tempos, sobretudo desde que o governo decidiu acelerar a queda dos juros básicos, medida que afetou severamente a rentabilidade dos fundos de investimento que patrocinam a publicação. As matérias pedindo a cabeça de Guido Mantega serviram apenas para desmascarar a ridícula arrogância da publicação, e sua defesa de rentistas globais que, há décadas, chupam o sangue dos brasileiros.

A matéria, vista como um todo, é um retalho de contradições, porque louva a ascensão da nova classe média e o baixo desemprego, mas critica a universalização do sistema previdenciário, sem fazer a conexão entre as duas coisas, além de omitir que se trata de um avanço que a Inglaterra e toda Europa conquistou há décadas.

É lamentável constatar que a elegante e sóbria Economist tenta agradar os vira-latas medievais de Higienópolis às custas de vender soluções profundamente nocivas aos interesses populares e à nossa soberania política.
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