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18/09/2013
Brasil homenageia seis cidadãos do mundo
Mário Augusto Jakobskind
Há praticamente uma unanimidade mundial segundo a qual figuras como o
ex-agente de inteligência dos Estados Unidos, Edward Snowden, Julian
Assange, um dos responsáveis pelo site WikiLeaks, bem como o soldado
Bradley Manning, que agora prefere ser Chelsea Elizabeth, e o jornalista
Glen Greenwald prestaram relevantes serviços de utilidade pública com a
revelação de informações sobre ações secretas dos serviços de
inteligência norte-americano.
Claro que toda regra tem exceções e estas no caso ficam por conta dos
defensores de ações militares dos Estados Unidos em países que não
rezem pela cartilha da indústria petrolífera e do complexo industrial
militar.
Tendo em vista tudo isso e muito mais, inclusive o reconhecimento que
essas figuras fortaleceram um tipo de jornalismo voltado para a defesa
dos direitos humanos e da cidadania, a Comissão de Defesa da Liberdade
de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa
(ABI), juntamente com os Sindicatos de Jornalistas do Município e do
Estado do Rio de Janeiro, além do Sindicato dos Petroleiros do Rio de
Janeiro e o Instituto Mais Democracia, o Grupo Tortura Nunca Mais e o
MST decidiram prestar homenagem aos cidadãos do mundo mencionados
concedendo o Prêmio Internacional de Direitos Humanos.
Além de Snowden, Assange, Greenwald e Manning vão ser agraciados
Aaron Swartz e Mordechai Vanunu. É possível que a história de alguns dos
mencionados seja desconhecida do público brasileiro em função do quase
total silêncio dos meios de comunicação sobre eles.
Aaron Swartz, era um ativista contra o controle da informação e da
privatização do conhecimento. Ajudou a criar, entre outros, o Creative
Commons, que possibilitou acesso a milhões de arquivos públicos do
judiciário norte-americano, além de textos acadêmicos de bancos de
dados.
Acusado de fraude eletrônica e obtenção ilegal de informações, não
resistiu as pressões do sistema autoritário. O jovem de 26 anos
suicidou-se no último mês de janeiro. Se fosse vivo Swartz poderia pegar
a mesma pena que Bradley Manning. Não pode ser esquecido.
O sexto homenageado será Mordechai Vanunu. Este personagem, um
técnico e militante israelense, revelou ter o seu país um programa
nuclear que possibilita armazenar bombas atômicas. Foi sequestrado em
Londres por agentes do Mossad, o serviço secreto israelenses, e
condenado a 18 anos de prisão sendo 11 em regime de solitária. Mesmo
solto em 2004 depois de cumprir a pena segue vigiado e está aguardando
julgamento em novo processo. O sistema inventa o que quiser, pois Vanunu
é persona non grata em Israel.
Os representantes das entidades que promovem a homenagem endereçam
uma carta ao embaixador de Israel no Brasil, Rafael Eldad, pedindo que a
representação diplomática informasse as autoridades do seu país sobre a
homenagem e que fosse permitido a Vanunu vir ao Brasil. O pedido não
foi sequer respondido até a elaboração desta nota. Possivelmente será
impedido de viajar, o que se caracteriza como violação dos direitos
humanos.
Como se trata de um considerado desafeto do establishment israelense,
o caso Vanunu não aparece praticamente no noticiário. O silêncio das
autoridades israelenses, como demonstra o procedimento do embaixador, é
sintomático.
É importante a comunidade internacional ser informada a respeito do
sofrimento que está sendo imposto por Israel a Mordechai Vanunu, que
poderia pedir asilo político em qualquer país que se disponha a
recebê-lo, porque não tem condições de continuar em Israel. Quem sabe o
Brasil em algum momento aceite o pedido de asilo? Com a palavra o
Itamaraty.
Em suma, todos os que estiverem de acordo com a homenagem aos seis
cidadãos do mundo mencionados devem comparecer na solenidade de entrega
do prêmio internacional de direitos humanos, a ser realizada nesta
próxima sexta-feira, dia 20 de setembro, no auditório do 7o. andar da
Associação Brasileira de Imprensa, na rua Araújo Porto Alegre, 71, a
partir das 18 horas.
Enquanto isso, o mundo segue acompanhando com o máximo interesse as
tratativas da Rússia para evitar que os Estados Unidos bombardeiem a
Síria, Em um primeiro momento houve um acordo que prevê a Síria
colocando suas armas químicas sob controle internacional e ainda o país
subscrevendo a tratado de proliferação desse tipo de armamento.
Espera-se também que não se crie obstáculos para justificar um
eventual bombardeio, que é defendido pelo complexo industrial militar e
figuras como o senador republicano John McCain.
Mário Augusto Jakobskind. É
correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador
do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da
Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de
Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia,
Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE.
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