quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Nº 25.232 - Até quando abusarão da nossa paciência?, por Izaías Almada


28/02/2019

'Até quando abusarão da nossa paciência?', por Izaías Almada

Dois meses já não foram suficientes para provar a incompetência do grupo que chegou ao poder sem plano de governo?

Do Jordnal GGN  - 28/02/2019


Até quando abusarão da nossa paciência?

por Izaías Almada

Como é possível, no início de seu mandato, um presidente da república passar quinze dias dentro de um hospital e mais cinco dias de chinelos e camisa de um time de futebol em reuniões fajutas no palácio da Alvorada, ter uma avaliação considera “boa” por muitos analistas políticos da mídia tradicional?

Só mesmo num país como o Brasil, país onde urubu voa de costas e o de baixo ainda caga no de cima.

Como é possível um Ministro da Educação, nascido e “educado” na Colômbia chamar os brasileiros de ladrões e canibais e não ser interpelado judicialmente nem mesmo por algum militar. Ou os nossos militares não são brasileiros, não viajam para o exterior? Como é possível esse mesmo ministro mandar filmar os alunos das escolas brasileiras cantando o hino nacional, desconhecendo a afrontando a constituição do país que o adotou?


Como é possível apoiar um agente da CIA em seu voo de galinha, que se autoproclama presidente de uma nação democrática e provoca uma crise de proporções graves na America do Sul e, com isso, jogando na lata do lixo a tradicional diplomacia de paz e não interferência na política de outras nações?

O número de atos e palavras de vários outros ministros desse surrealista, para dizer o menos, governo que mal começou a governar, como o das Relações Exteriores, o da “Justiça”, a da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos, do Meio Ambiente, da Agricultura, é tal, que o motivo das “pedaladas fiscais” para tirar a presidente Dilma do governo para o qual foi eleita democraticamente, soa como um conto da carochinha.

A direita, tão logo conheceu o resultado das eleições de 2014, iniciou um processo de não reconhecimento da eleição da presidente Dilma Rousseff, processo esse iniciado pelo PSDB e que em poucos meses ganhou a simpatia não só dos reacionários e conservadores do país, mas – sobretudo – da bandidagem encastelada à margem do respeito à democracia e à constituição. O PT era o inimigo a abater.

A porta do manicômio institucional foi então aberta à visitação pública onde, aproveitando-se de falta total da segurança jurídica, visitantes e internos se deram as mãos e foram escapando sorrateiramente pela entrada principal, onde um governo popular sucumbiu à falta de quem o apoiasse e o defendesse.  

Agora temos aí quase que um cenário de filme de terror: crime de peculato, milícias, reconhecimento ilegal de um autoproclamado presidente estrangeiro, laranjas, uso de fake news na campanha eleitoral, uma reforma da previdência criminosa, apoio à tortura e a cavalos, perdão, ditadores paraguaios, etc, etc, etc… A lista não para de crescer semanalmente.

E agora vem a pergunta que não quer calar: ninguém, absolutamente ninguém, nenhum partido de oposição, a OAB, sindicatos, militares de orientação constitucionalista e democrática, universidades e escolas secundárias, movimentos sociais nas cidades e nos campos, será que não vai surgir quem entre ou protocole um pedido de impeachment contra o presidente Jair Messias?

Dois meses já não foram suficientes para provar a incompetência do grupo que chegou ao poder sem plano de governo, sem qualquer ideia minimamente consistente, com o desemprego em alta e a economia do país caminhando para o caos?

A massa do bolo já desandou e só não vê quem não quer…
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Nº 25.231- "Desmoralizado, Guaidó tenta se pendurar justo em Bolsonaro. Por José Cássio"

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28/02/2019

Desmoralizado, Guaidó tenta se pendurar justo em Bolsonaro. Por José Cássio

Do DCM -  28/02/2019

Guaidó é um líder sem prestígio e sem moral, tido como palhaço no Brasil e no mundo 

 por José Cássio

Deixando de lado o mico histórico, o encontro de Jair Bolsonaro com o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, previsto para às 14h desta quinta, é mais um indício do quanto o presidente e seus filhos viraram fator de instabilidade política e institucional no pais.

Guaidó vem ao Brasil agradecer pelo apoio de Bolsonaro na sua tentativa de tomada do poder na Venezuela.

Para bom entendedor, uma única palavra basta: golpe.

Independentemente de você concordar ou não com o regime de Nicolás Maduro, o que autoproclamado tentou, com apoio do governo de Bolsonaro, foi tomar na mão grande o poder no país vizinho.

Com exceção de Jair, filhos e do chanceler Ernesto Araújo, nem a ala militar do governo embarcou na palhaçada.

O vice-presidente, por exemplo, defendeu uma solução civilizada após encontro na Colômbia com o Grupo de Lima e Estados Unidos.

“O Brasil sempre defende as soluções pacíficas de qualquer problema. Sem aventuras”, afirmou Mourão, acalmando o ímpeto intervencionista de Jair e sua turma num momento crucial do conflito.

Enquanto Jair e Colômbia esfregavam as mãos esperando uma ordem de comando dos EUA, o mundo civilizado se articulava.

A Assembleia Internacional dos Povos (AIP), com 500 representantes de 87 países, reafirmou a “defesa da soberania e da autodeterminação da Venezuela” e o reconhecimento de Nicolás Maduro como “presidente legítimo e constitucional do país”.

Da Europa, quem mandou recado foi o ministro das Relações Exteriores do Espanha, Josep Borrell.

“Nós claramente advertimos que não apoiaremos – e condenamos veementemente – qualquer intervenção estrangeira, o que é algo que esperamos que não aconteça”, afirmou.

“A solução na Venezuela só pode ser alcançada através de uma solução democrática acordada pelos venezuelanos”.

Quando ainda estava no Einstein se recuperando da cirurgia para a retirada da bolsa de colonoscopia, Bolsonaro se juntou ao filho Carlos e incendiou o noticiário.

Gravou um vídeo irresponsável cobrando da Polícia Federal iniciativas para encontrar e punir representantes do PSOL que, segundo ele, orquestraram o ataque que sofreu de Adélio Bispo em Juiz de Fora.

Calou-se diante da resposta da PF. “Perdeu uma boa oportunidade de ficar calado”, disseram os policiais. Segundo eles, não há indícios que possam levar à conclusão de que Adélio não tenha agido sozinho.

Não satisfeitos, Jair e Carlos puseram em marcha a louca estratégia para desestabilizar o secretário-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, tentando forçar a sua demissão.

Noves fora a nova crise, entrou na agenda a possível intervenção na Venezuela e agora o encontro com um líder sem prestígio e sem moral, tido como palhaço no Brasil e no mundo.

Augustin Saint-Hilaire foi um botânico e naturalista francês que viajou pelo Brasil no século 19.

Cunhou uma frase que entrou para os anais da nossa história: “Ou o Brasil acaba com as saúvas ou as saúvas acabam com o Brasil”.

Talvez seja o caso de reeditar a fala, adequando-a à nossa conjuntura sócio-política.

“Ou o Brasil acaba com Bolsonaro e filhos ou Bolsonaro e filhos acabam com o Brasil”.

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Jose Cassio
Jose Cassio. JC é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo.


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Nº 25.230 - "INTERVENÇÃO MILITAR NA VENEZUELA NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU"


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28/02/2019

INTERVENÇÃO MILITAR NA VENEZUELA NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU

Do 247 - 28/02/2019

Sputinik

Com duplo veto de Rússia e China, proposta intervencionista dos Estados Unidos não prosperou na sessão extraordinária ocorrida no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quinta-feira (28), e intervenção militar na Venezuela apresentada pelos Estados Unidos é vetada.

Telesur - Os Estados membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniram nesta quinta-feira (28) para votar os projetos de resolução apresentados pelas delegações dos Estados Unidos e da Rússia à Venezuela.

A proposta dos Estados Unidos obteve nove votos a favor, três contra e três abstenções. O duplo veto de Rússia e China definiu que a proposta intervencionista não prosperou.

Por sua vez, a resolução russa obteve quatro votos a favor, sete contra e quatro abstenções, e também não foi aprovada.

A votação ocorreu após a segunda sessão extraordinária convocada pelos EUA na terça-feira (26) para discutir a situação política na Venezuela, na qual a rejeição pela maioria de uma intervenção militar na nação sul-americana foi reiterada.

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Nº 25.229 - "DOIS MESES DE BOLSONARO: DELÍRIOS, FRACASSOS E A VOLTA DO 'DÁ OU DESCE' "

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28/02/2019  

DOIS MESES DE BOLSONARO: DELÍRIOS, FRACASSOS E A VOLTA DO “DÁ OU DESCE”

Do Balaio do Kotscho - 28/02/2019  


“O governo roda em torno de si mesmo e do nada(…) Acabrunha, irrita, revolta” (Miriam Leitão, hoje no Globo, resumindo a ópera bufa bolsonariana).

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por Ricardo Kotscho

No mesmo dia em que Jair Bolsonaro completa dois meses de governo, o noticiário político dá conta de que ele, eleito em nome da “nova política” e do combate à corrupção, já cedeu à chantagem do “dá ou desce” do Centrão velho de guerra dos tempos de Eduardo Cunha.

A mesma “velha política”, criminalizada pelo capitão durante a campanha eleitoral, que levou Dilma ao impeachment, agora ameaça detonar a reforma da Previdência, o pau da barraca do governo, se não forem atendidas suas demandas.

Em nome da pátria, pedem o mesmo de sempre: verbas das emendas parlamentares à vista (fala-se em R$ 10 milhões por cabeça) e cargos no segundo escalão do governo federal em seus estados.

Mesmo fazendo cara feia, Bolsonaro foi negociar o apoio dos partidos do centrão e, já meio no desespero, convocou o filho Carlucho, o Zero Dois, para deflagrar uma campanha nas redes sociais em favor da aprovação da reforma.

Só vamos saber o resultado dessa ofensiva depois do Carnaval porque as excelências já deixaram Brasília e só voltam na segunda semana de março.

Até lá, a reforma da Previdência, o pacote do Moro, e o resto vão ter que esperar.

Sem ter conseguido até agora montar uma articulação política que preste no Congresso, sem uma base aliada confiável, sem um projeto de governo definido, com um ministério esquizofrênico, Bolsonaro atravessou este primeiro período de governo entre fracassos e delírios, a cada dia mais perdido na cadeira presidencial.

A chamada “lua de mel” de início de mandato foi um completo desastre.

Frondosos pomares de laranjais, variadas denúncias de corrupção de membros do governo, chantagens, barganhas, bateção de cabeças no Planalto, atritos com importantes parceiros comerciais, não teve um dia sem crise com a “nova política”.

Até os bolsominions que o elegeram já estão perdendo a paciência, como Carlucho constatou na reação às suas mensagens em defesa do pacote de Paulo Guedes, o Robin Wood ao contrário formado na escola de Chicago.

“Votei no 17 mas nem ferrando eu concordo com a Previdência”, reagiu um internauta ao comentar o vídeo postado pelo Zero Dois com Bolsonaro defendendo as mudanças, como relata Monica Bergamo em sua coluna na Folha.

“Seu pai podia fazer uma `live´explicando como se aposentar aos 33 anos de idade”, escreveu outro, lembrando o fato de Bolsonaro ter sido reformado (aposentado) pelo Exército, ao final de um processo por indisciplina.

Fake news no twitter e no zap-zap podem servir para ganhar uma eleição fraudada, mas não se mostram muito úteis para governar, tanto que os Bolsonaros estão saindo fininho das redes sociais nos últimos dias.

Os deuses do mercado também parecem já não botar fé nos poderes do capitão: o Índice de Confiança Empresarial caiu 0,7 ponto em fevereiro, segundo a Fundação Getúlio Vargas.

E até o PSL do laranjeiro Luciano Bivar, o partido franqueado ao presidente para disputar a eleição, já está dividido, com seus cacarecos disputando o butim do poder indo com muita sede ao pote.

De prático, só tivemos até agora o envio dos pacotes de Guedes e Moro à Câmara, onde estão empacados.

Até onde o desgoverno bolsonariano vai resistir?

E até onde o país aguenta tantos desvarios de ministros, elogios a ditadores e torturadores, ameaças aos direitos humanos e às conquistas sociais, agressões ao bom senso e à mínima civilidade nos modos?

Com o poder dividido entre os filhos do capitão e os generais de pijama que o tutelam, tudo pode acontecer, inclusive nada.

Por enquanto, eles estão mais preocupados com o destino da Venezuela de Maduro e o muro do Trump na fronteira do México do que com o dos 12,7 milhões de desempregados brasileiros, segundo o último levantamento do IBGE.

Parece ficção, e é tudo real. Foram só dois meses, mas já parece uma eternidade.

Vida que segue.

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Nº 25.228 - "DIRETO DE CARACAS, CAIO CLÍMACO DESMASCARA MENTIRAS DA MÍDIA SOBRE VENEZUELA"

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27/02/2019


DIRETO DE CARACAS, CAIO CLÍMACO DESMASCARA MENTIRAS DA MÍDIA SOBRE VENEZUELA

Do Cafezinho - 25/02/2019


Por Miguel do Rosário

Diretamente de Caracas, o jornalista Caio Clímaco, mestrando em Desenvolvimento Estratégico na Universidade Bolivariana da Venezuela (UBV), faz uma análise sobre a situação política na Venezuela, com exclusividade para o Cafezinho.

Sigam Clímaco no Twitter (@caioclimaco) e no Instagram (caioclimac0).

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Nº 25.227 - "Globo acha o Serra no Caixa 2 da OAS !"

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27/02/2019

Globo acha o Serra no Caixa 2 da OAS!

R$ 125 milhões a 21 políticos! Ôba, diz o Mineirinho!

Do Conversa Afiada - 27/02/2019

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O Conversa Afiada reproduz trecho de reportagem de Aguirre Talento no Globo Overseas (empresa que tem sede na Holanda para lavar dinheiro e subornar agentes da FIFA com objetivo de ter a exclusividade para transmitir os jogos da seleção):

EXCLUSIVO: Executivos da OAS delatam pagamentos de R$ 125 milhões a 21 políticos



Uma das maiores empreiteiras do país, com contratos bilionários no Brasil e no exterior, a OAS distribuiu entre 2010 e 2014 cerca de R$ 125 milhões em propinas e repasses de caixa dois a pelo menos 21 políticos de oito partidos. A revelação foi feita por oito ex-funcionários que atuavam na "Controladoria de Projetos Estruturados", o departamento clandestino da empreiteira, em delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado e que era mantida até agora em sigilo.

O GLOBO teve acesso a um relatório de 73 páginas da Procuradoria-Geral da República (PGR) em que a procuradora-geral, Raquel Dodge, resume as revelações dos ex-executivos, contidas em 217 depoimentos, e pede providências ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo. Os funcionários do setor revelaram os nomes dos políticos, as campanhas financiadas irregularmente, as obras superfaturadas para alimentar o caixa clandestino da empreiteira e o método de funcionamento do esquema.

A lista de beneficiários elencada pelos delatores é multipartidária e reuniria alguns dos mais proeminentes políticos do país no período. Entre os acusados de receber propina estão o senador Jaques Wagner (PT) e o ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União (TCU), além do ex-governador Fernando Pimentel (PT-MG), do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e do ex-ministro Edison Lobão (MDB-MA). Vários outros teriam recebido caixa dois, entre eles o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o senador José Serra (PSDB-SP), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral (...) Procurados, eles refutaram as acusações ou negaram-se a comentá-las.

Há ainda uma longa lista de burocratas de estatais, integrantes de fundos de pensão, empresários e doleiros que também são citados como beneficiários de dinheiro do setor. É a primeira vez que integrantes da OAS explicam como funcionava o sistema de propinas da empreiteira. O esquema ilegal da construtora envolvia o superfaturamento de obras emblemáticas, como estádios da Copa de 2014, a transposição do Rio São Francisco, o Porto Maravilha, no Rio, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, além de empreendimentos no exterior. Uma parte desses recursos extras seria posteriormente repassada aos políticos.

De acordo com a delação, a OAS assinava contratos frios com empresas de fachada, no Brasil e no exterior, para esquentar o dinheiro. Um dos principais operadores desse caixa era Alberto Youssef, doleiro preso pela Operação Lava-Jato, que fechou delação em 2014 e começou a revelar a extensão das relações criminosas da empreiteira com o universo político.

No relatório enviado ao Supremo, a procuradora-geral, Raquel Dodge, pede o envio de depoimentos da delação dos ex-executivos para até nove estados onde a Justiça de primeira instância investiga políticos que receberam dinheiro sujo da OAS. A procuradora-geral também solicita que as acusações dos ex-funcionários sejam anexadas a inquéritos que tramitam no Supremo e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) de modo a embasar investigações contra políticos com foro privilegiado.

"Nestes autos, há narrativa de diversos fatos que podem constituir infrações penais, dentre eles o pagamento de vantagens indevidas a parlamentares federais. Para facilitar a análise dos documentos coligidos e a definição de competência do Supremo Tribunal Federal ou de outros órgãos da jurisdição, segue o resumo de cada termo de declaração e da providência ora solicitada", escreve Raquel Dodge.

(...)
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Nº 25.226 - "OTÁRIOS"

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27/02/2019
OTÁRIOS

Do Tijolaço 27/02/2019


POR FERNANDO BRITO


Na Folha, hoje, Nélson de Sá repercute o que já há alguns dias vem saindo na imprensa econômica internacional.


A China está a um passo de um acordo comercial – as estimativas variam em torno de US$ 30 bilhões por ano - com os Estados Unidos.

Suas exportações de manufaturados e importações de semimanufaturados ficariam livres ou aliviadas de sobretaxas.

O Financial Times, diz Nélson, diz que a compensação seria “a importação maior, por parte dos chineses, de produtos agropecuários como soja, carne bovina e aves”.

A compra de US$ 10 bilhões em soja já foi comemorada pelo Secretário de Agricultura de Trump, Sonny Perdue.

Mesmo que você não seja um Chicago Boy de Paulo Guedes deve saber quem vende soja para a China, não é?

Idem carne bovina e aves.

O título resume tudo: “China oferece comprar dos EUA o que hoje compra do Brasil”.

O mix de cegueira ideológica e estupidez geopolítica fizeram este governo (governo?) começar chacoalhando as relações com a China, nosso maior parceiro comercial  e fonte imensa dos capitais que eles dizem tanto querer atrair, para puxar saco, escandalosamente da administração Trump.

Claro que os idiotas vão ganhar uns jantares em churrascaria e um tablados, para nos exibir como aqueles latinos bonzinhos, que abanam a cabeça, o rabo, e se comprometem a ser fiéis aliados dos EUA nestas terras selvagens do Sul.

Mas business, mesmo, vão fazer com quem tem dinheiro e fome de compras.

Os chineses, com seus milênios de paciência e determinação, não fazem barulho, fazem negócios.

E os nossos ruralistas – que enriqueceram com a ação do Estado brasileiro – ocupação do cerrado, terras baratas, subsídios governamentais, isenções de impostos, tecnologia da Embrapa, investimento em rodovias e ferrovias – usam a cabeça para colocar chapéu de cowboy e sonhar com o dia em que possam andar com o coldre à mostra.

E vociferando contra quem lhes compra a produção.

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Nº 25.225 - "Delações revelam pagamentos milionários a Cabral, Paes, Aécio, Serra e mais 17 políticos"

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27/02/2019

Delações revelam pagamentos milionários a Cabral, Paes, Aécio, Serra e mais 17 políticos

Do Blog da Cidadania - 27/02/2019


A construtora OAS distribuiu entre 2010 e 2014 cerca de R$ 125 milhões em propinas e repasses de caixa dois a pelo menos 21 políticos de oito partidos .

A revelação é parte da delação premiada feita por oito ex-funcionários que atuavam na “Controladoria de Projetos Estruturados”, o departamento clandestino da empreiteira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado e que era mantida até agora em sigilo.

O GLOBO teve acesso a um relatório de 73 páginas da Procuradoria-Geral da República (PGR) em que a procuradora-geral, Raquel Dodge, resume as revelações dos ex-executivos, contidas em 217 depoimentos, e pede providências ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo.

Os funcionários do setor revelaram os nomes dos políticos, as campanhas financiadas irregularmente, as obras superfaturadas para alimentar o caixa clandestino da empreiteira e o método de funcionamento do esquema.

A lista de beneficiários elencada pelos delatores é multipartidária e reuniria alguns dos mais proeminentes políticos do país no período.

Entre os acusados de receber propina estão o senador José Serra (PSDB-SP), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral. Procurados, eles refutaram as acusações ou negaram-se a comentá-las.

Há ainda uma longa lista de burocratas de estatais, integrantes de fundos de pensão, empresários e doleiros que também são citados como beneficiários de dinheiro do setor.

É a primeira vez que integrantes da OAS explicam como funcionava o sistema de propinas da empreiteira. O esquema ilegal da construtora envolvia ainda o superfaturamento de obras emblemáticas, como estádios da Copa de 2014, a transposição do Rio São Francisco, o Porto Maravilha, no Rio, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, além de empreendimentos no exterior.

De O Globo

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PITACO DO ContrapontoPIG

Será que mais uma vez ... não vem ao caso?

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Nº 25.224 - "Bolsonaro se esconde no debate da reforma da Previdência e escala Carlos para defender o projeto"

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 27/02/2019 

Bolsonaro se esconde no debate da reforma da Previdência e escala Carlos para defender o projeto

Do DCM - 27/02/2019 

                          .......................................................................Carlos Bolsonaro. Foto: Reprodução/Instagran


O presidente Jair Bolsonaro se comprometeu com os líderes dos partidos que podem votar a favor da reforma da Previdência a fazer uma defesa mais enfática do tema em suas redes sociais, inclusive utilizando a ajuda do seu filho, Carlos Bolsonaro.

A falta de envolvimento dele com o tema irritou aliados que não querem herdar o ônus da proposta sozinhos, segundo a  Exame.

A cobrança foi feita na noite desta terça-feira, 26, durante uma reunião com as lideranças no Palácio da Alvorada.

Os deputados reclamaram que Bolsonaro está “mudo” sobre o assunto nas suas páginas.

Um deles chegou a, inclusive, checar o Twitter do presidente na sua frente e dizer que não encontrava qualquer referência à proposta.

Em resposta, Bolsonaro afirmou que gravará mais vídeos para as redes e se comprometeu a fazer “lives”, as transmissões ao vivo pela internet, para tratar do tema diretamente com a população.

A ideia é que ele endosse os argumentos que os próprios parlamentares usarão para convencer a população sobre a necessidade da aprovação de novas regras para a aposentadoria.

De acordo com deputados que participaram da reunião, Bolsonaro chegou a dizer que seu filho Carlos irá ajudá-lo neste trabalho.

(…)
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Nº 25.223 - "AO DIZER 'ESQUERDA NUNCA MAIS', BOLSONARO SE MANTÉM EM GUERRA IDEOLÓGICA"

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27/02/2019

AO DIZER 'ESQUERDA NUNCA MAIS', BOLSONARO SE MANTÉM EM GUERRA IDEOLÓGICA

Do 247 - 27/02/2019

..............Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
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Ao elogiar o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner e dizer 'esquerda nunca mais' na cerimônia de nomeação de autoridades na Usina Binacional de Itaipu, Jair Bolsonaro deixa claro que continua em guerra ideológica permanente e que não sabe habitar um mundo fora dela; a insistência na narrativa polarizada, inflamada e ressentida explica o isolamento crescente de um presidente que passa ao largo da ação conciliatória característica de todo início de governo; Bolsonaro 'forra' sua bolha de apoio residual que, segundo as últimas pesquisas, tende a estourar, devido à queda de adesão ao seu projeto, ao seu discurso, às suas ações e aos seus ministros


247 - Ao elogiar o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner e dizer 'esquerda nunca mais' na cerimônia de nomeação de autoridades na Usina Binacional de Itaipu, Jair Bolsonaro deixa claro que continua em guerra ideológica permanente e que não sabe habitar um mundo fora dela. A insistência na narrativa polarizada, inflamada e ressentida explica o isolamento crescente de um presidente que passa ao largo da ação conciliatória característica de todo início de governo. Bolsonaro 'forra' sua bolha de apoio residual que, segundo as últimas pesquisas, tende a estourar, devido à queda de adesão ao seu projeto, ao seu discurso, às suas ações e aos seus ministros. 

A teimosia de Bolsonaro - em não acenar para um discurso mais próximo de seu vice, o general Hamilton Mourão, que enxerga a necessidade de 'somar' e não de dividir - pode custar caro. Já está custando, na verdade. O Congresso acusa a ausência de articulação do governo, que patina nos dois meses sem oferecer qualquer espécie de parâmetro político de negociação. 

Com a popularidade em queda, filhos em estado de permanente tensão, protagonismo de seu vice, derretimento das exportações para a China (que começa a comprar dos EUA com mais voracidade) e declarações cada vez mais infelizes, Bolsonaro caminha impávido para o cadafalso da história.

O carnaval também chega para espremer sua rotina de fuga: o grito de desabafo político do Bloco Baixo Augusta (Bolsonaro, vai tomar no c...), com mais de um milhão de pessoas nas ruas de São Paulo tende a dar o tom deste carnaval por todo o Brasil, com denúncias a laranjas, desvios, favorecimentos e corrupção em geral, traço que dilacera um governo que mal começou.

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Nº 25.222 - "NO CARNAVAL DOS GENERAIS DE PIJAMA, MINISTROS OLAVETES BATEM PALMAS PARA VER LOUCO DANÇAR"

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26/02/2019

NO CARNAVAL DOS GENERAIS DE PIJAMA, MINISTROS OLAVETES BATEM PALMAS PARA VER LOUCO DANÇAR

Do Balaio do Kotscho - 26/02/2019  

por Ricardo Kotscho

No grande picadeiro federal, os ministros olavetes endoidaram de vez.

Ficam batendo palmas para ver louco dançar, enquanto os generais do Planalto não se entendem sobre o que fazer com a Venezuela.

A porta-bandeira Dalmares e o mestre-sala colombiano evoluem com garbo pela avenida da insensatez, trocando o samba pelo Hino Nacional ao pé da goiabeira.

O chanceler aloprado quer guerra a qualquer preço e, sem saber o que fazer, o capitão sumiu até das redes sociais.

Tudo bem que é tempo de folia, os blocos tomam conta das ruas, a cerveja corre solta, mas esse ano parece que estão exagerando na dose.

Já não dá para separar o noticiário de Brasília da cobertura de Carnaval, a fantasia da realidade, as crasy news da ordem do dia do general porta-voz.

Virou tudo um pacote só, misturando Previdência do Guedes com Lava Jato do Moro e comissão de frente com laranjais de caixa dois.

Nunca se falou tanto de “Deus acima de todos!”, mas o Brasil está ficando é do jeito que o diabo gosta, com vaca estranhando bezerro e poste mijando em cachorro.

Stanislaw Ponte Preta e Nelson Rodrigues não sabem o que estão perdendo.

Só mesmo um Gabriel Garcia Marquez para descrever o que se passa neste verão brasileiro, que supera qualquer realismo mágico.

Apresentado pelo jornal como “precursor do humor jornalístico”, José Simão, o Macaco Simão da Folha, virou o melhor comentarista político da imprensa brasileira.

É tudo tão trágico que acaba virando comédia, mas ninguém deveria achar graça nas legiões de deserdados jogados nas calçadas das grandes cidades, atrapalhando o trânsito de pedestres.

A cada dia, um escândalo supera o outro, o festival de hipocrisia e cinismo se alastra, com dirigentes da Vale e do Flamengo mangando das vítimas.

“Vamos salvar a Previdência”, clama Nizan Guanaes, anunciando a salvação da lavoura: “Já se calcula que US$ 100 bilhões estão para serem investidos no Brasil, mas esperam a aprovação das mudanças”. De onde o amigo tirou isso?

Vão esperar sentados, se depender das grandes corporações do funcionalismo público civil e militar, que mandam no Brasil e já avisaram que não aceitam reforma nenhuma, como já aconteceu tantas outras vezes, desde o século passado.

Antes diziam que era só derrubar a Dilma e prender o Lula que tudo se resolveria, choveria dinheiro nos céus do Brasil, todos os nossos problemas estariam resolvidos, como anunciavam os tabajaras do Casseta & Planeta.

“Sou do Mato Grosso. Lá a gente lida com chantagista assim: é matar ou morrer”, reagiu o grande jurista Gilmar Mendes, ao saber que caiu na malha-fina da Receita Federal.

Como as armas agora estão sendo liberadas, e há muita gente graúda nesta malha, corremos o risco do Carnaval 2019 virar um grande bangue-bangue, que não vai respeitar nem mulher pelada.

Para não ficar fora da folia, o governador paulista João Doria já lançou a doidivanas Joice Hasselmann, uma bolsonarista de raiz, para candidata a prefeita de São Paulo em 2020, dando um chega para lá no tucano Bruno Covas, seu herdeiro político.

Já tinha feito o mesmo para trair seu padrinho Geraldo Alckmin para apoiar Bolsonaro na eleição passada.

Como nos velhos carnavais do lança-perfume e da serpentina, ninguém é de ninguém, acabaram-se os partidos e as lealdades. É o salve-se quem puder.

Agora, nos folguedos momescos desta cabulosa era da nova ordem, com os generais de pijama disputando espaço com os filhos do capitão, nem tudo vai acabar na Quarta-feira de Cinzas.

O pior é isso: pode estar só começando…

Vida que segue.

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Nº 25.221 - Blog do Rovai, direto de Caracas: Maduro não cai tão cedo

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26/02/2019


Blog do Rovai, direto de Caracas: 
Maduro não cai tão cedo

Se há alguma solução para a crise na Venezuela, terá de passar por Maduro. O país não é um filme de Hollywood. E não tem um povo tão tonto quanto a "inteligência" americana imaginava. E isso a despeito de todas as dificuldades que não são poucas por aqui

Maduro discursa no ato que ocorreu no sábado (23) e levou milhões de pessoas às ruas (Revista Forum)

Por Renato Rovai
   
Desde domingo (24) estou na Venezuela. Ou seja, é pouco tempo para fazer uma leitura mais qualificada do país, a despeito de ser esta a quarta vez que estou aqui. As outras três se deram entre 2002 e 2007, quando Chávez era presidente. Em tempos de Maduro, esta é a primeira.

Faz quase 12 anos que não botava o pé em Caracas e por isso seria leviano em tão pouco tempo sair fazendo muitas afirmações. Mas vida de jornalista é assim. Se observa, conversa com especialistas, ouve quem está vivendo a realidade, estuda um pouco a história e às vezes, quando acha conveniente, emite opiniões.

Pois bem, os relatos jornalísticos vou fazer depois com mais calma, inclusive para sustentar essa opinião que corre o risco de ser derrotada pelos fatos subsequentes. Esse risco sempre existe.

Mas depois de algumas conversas e do que já foi possível observar nas ruas, não parece próxima, como a propaganda americana faz crer, uma queda de Nicolás Maduro.

Ele está longe de ser o líder carismático e popular que Chávez foi. Mas é, por exemplo, mais respeitado por populares que Juan Guaidó, considerado hoje um traidor do país por estimular a guerra e uma invasão americana.

Muito provavelmente se houvesse hoje uma eleição entre ambos, Maduro levaria. O que não significa que ganharia de outros líderes oposicionistas. Mas de Guaidó tudo leva a crer que sim. E talvez com uma boa margem.

Ou seja, a estratégia dos EUA de radicalizar e transformar o presidente do Congresso Nacional em um Rambo, deu ruim.

Fortaleceu o governo e uma demonstração inequívoca disso foi a marcha convocada por Maduro e realizada no sábado (23) em defesa da soberania venezuelana. As imagens produzidas por uma brasileira residente na França e que preferiu não ter seu trabalho creditado confirmam os depoimentos de que foi a maior dos últimos tempos no país.

Maduro fez do limão de ameaças americanas uma limonada. E, ao invés de perder força, rearticulou setores do chavismo que lhe são críticos.

Isso lhe dá fôlego para tentar melhorar a situação do país e ao mesmo tempo permite negociar uma saída política para o atual conflito em condições melhores.

É quase impossível reverter a atual crise econômica enfrentando um bloqueio americano. Por isso, passando este momento mais duro, provavelmente o próprio Maduro vai buscar a negociação.

Contando com apoio dos militares, de boa parte do sistema jurídico e político e agora com a determinação do povo em não aceitar uma ocupação americana, que seria a única forma de tirá-lo do poder no momento, Maduro não cairá de podre (com o perdão do trocadilho) como previram alguns desavisados.


E se há alguma solução para a crise na Venezuela, terá de passar por ele. O país não é um filme de Hollywood. E não tem um povo tão tonto quanto a “inteligência” americana imaginava. E isso a despeito de todas as dificuldades que não são poucas por aqui.


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Nº 25.220 - "A Lava Jato e o desmonte do país"

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26/02/2019

por Luis Nassif

A Lava Jato e o desmonte do país




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Nº 25.219 - "CONTRA ITAMARATY, MILITARES IMPEDIRAM GUERRA COM VENEZUELA, DIZ AMORIM"

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26/02/2019


CONTRA ITAMARATY, MILITARES IMPEDIRAM GUERRA COM VENEZUELA, DIZ AMORIM

Do 247 - 26/02/2019

247 | Itamaraty

O ex-chanceler e ex-ministro da Defesa Celso Amorim faz uma análise multilateral da crise na Venezuela e do comportamento dos principais atores externos, em entrevista ao jornal Valor Econômico; indica que "os militares (...) veem com muita restrição a maneira como o Itamaraty está agindo" e "graças a eles, o Brasil não se precipitou nesse conflito"; critica os EUA por utilizar a doação de "ajuda humanitária" como pretexto para uma ação militar contra o país sul-americano e defende uma solução política, com a convicção de que "a página do diálogo nunca devia estar virada"

247 - O ex-chanceler e ex-ministro da Defesa Celso Amorim faz uma análise multilateral da crise na Venezuela e do comportamento dos principais atores externos, em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada nesta terça-feira (26). Indica que "os militares (...) veem com muita restrição a maneira como o Itamaraty está agindo" e "graças a eles, o Brasil não se precipitou nesse conflito". Critica os Estados Unidos por utilizar a doação de "ajuda humanitária" como pretexto para desencadear uma ação militar intervencionista contra o país sul-americano. "Tudo vinha sendo feito para colocar uma eventual ação armada sob a capa de intervenção humanitária, que poderia dar alguma legitimidade à intervenção". Defende uma solução política, com a convicção de que "a página do diálogo nunca devia estar virada".

Amorim relata fatos importantes da relação entre os governos de Lula e Chávez. Discorre sobre as relações contraditórias entre o Itamaraty e as Forças Armadas sob o governo Bolsonaro, indicando que a depender do Itamaraty o Brasil já tinha se envolvido no conflito. "Os militares são mais cautelosos e veem com muita restrição a maneira como o Itamaraty está agindo", diz.

Experiente, responsável pela política externa "altiva e ativa" do governo Lula e tendo lidado com a inserção internacional do Brasil no mundo globalizado, defensor do multilateralismo como método de exercício da política externa, o ex-chanceler não poupa críticas ao atual Ministério das Relações Exteriores. "Hoje no Itamaraty o conceito não é mais o de soberania frente aos Estados Unidos, ou frente à China. É a soberania frente aos organismos multinacionais, o que é a mesma visão dos Estados Unidos. Você pode entender que o país mais poderoso do mundo não queira amarras, mas não é o caso do Brasil. Não pode atacar o sistema multilateral como ataca".

Amorim analisa as circunstâncias objetivas da crise econômica venezuelana, sem poupar críticas ao governo bolivariano. "Eles enfrentaram a queda do preço do petróleo e o boicote internacional. Quando o petróleo cai, a Arábia Saudita tem condições de manter o nível de vida porque tem crédito internacional sem ser, exatamente, uma democracia. Mas a Venezuela cometeu muitos erros. Quantas vezes não vi Lula dizer a Chávez que eles tinham que governar para todos? Era uma sociedade muito dividida. Não é verdade que era um país rico que foi destroçado por Chávez. Estive lá no final da década de 1970, no governo Rafael Caldera, e vi o que para mim era a maior favela do mundo, do aeroporto até Caracas. Quando voltei lá no governo Itamar Franco [1992-1994], tinha crescido enormemente".

O ex-chanceler adverte que se os EUA atacarem a Venezuela militarmente "seria a primeira intervenção armada dos Estados Unidos na história da América do Sul". Enfatiza que "nem sequer essa campanha aberta pela mudança de regime" tem paralelos na história política da América Latina. "Claro que os Estados Unidos tiveram um papel fundamental na mudança de regime no Brasil em 1964, no Chile em 1973, na Argentina, no Uruguai e em vários momentos. Mas não proclamavam isso como objetivo. E havia a desculpa do comunismo. Mas hoje só um espírito totalmente fora da realidade pode achar que a Venezuela é uma ameaça comunista".

A política externa brasileira agrava o conflito com a Venezuela, opina Amorim: "O embaixador Rubens Ricupero, que nunca poderá ser acusado de ter ligação com o PT, disse que a nota do Itamaraty de que o governo Maduro é formado por narcotraficantes teria provocado guerra se tivesse sido feita décadas atrás e causou uma "mácula eterna" na nossa política externa". E acrescenta: "Quando chega a esse ponto, é guerra. Não se faz uma coisa dessas. Não concordo com a política externa do [ex-chanceler] Aloysio Nunes, mas ele disse uma coisa que é verdade: o Brasil não pode mediar, porque tem partido. Jamais deveria ter partido, mas uma vez que tem, realmente se desqualificou para mediar. E é o único país da região que tem dez vizinhos e está há quase um século e meio sem guerra. É parte do poder brando do Brasil que hoje está ameaçado. Mas a essa altura, o melhor que o Brasil pode fazer é não atrapalhar uma mediação conduzida pelo México e Uruguai, com participação do secretário-geral da ONU, e talvez a Igreja também. O Papa deu a entender que não queira, mas quem sabe? É a única solução. O que não pode ser dito e foi dito é que 'a página do diálogo está virada'. Nunca deve estar".

Leia aqui a íntegra da entrevista.

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Nº 25.218 - "Convinente com corrupção em seu governo, leniente com caixa dois: alguém ainda tem dúvidas da máscara de Sérgio Moro?"

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.26/02/2019


Convinente com corrupção em seu governo, leniente com caixa dois: alguém ainda tem dúvidas da máscara de Sérgio Moro?

Da Carta Capital - 26/02/2019

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Por Gustavo Freire Barbosa

A notícia da última semana foi a adesão de Moro ao time de complacentes com corruptos. Isso em razão de em menos de dois anos após a afirmação de que a prática de caixa 2 era pior que a de corrupção, tirou-a de seu “pacote anticrime” por não a considerar tão grave quanto a corrupção. Esse cavalo de pau lhe garantiu, inclusive, alguns segundos de sarro no Fantástico do último domingo[1].

Mas essa suposta contradição representa muito mais do que um sincericídio.

Moro construiu seu capital pessoal como implacável caçador de corruptos. Tudo em cima de uma liturgia incompatível com a magistratura da qual até pouco tempo fez parte. Se os fins justificam os meios, viu-se, como um Raskólnikov togado, moralmente autorizado a massacrar a lei e a Constituição – este abjeto bunker de malfeitores – em nome de sua cruzada desinfetante.

O salvo-conduto para o ex-juiz trocar a lei por seus códigos morais – algo que se vem tentando evitar ao menos desde a edição da Magna Carta em 1215 – o levou a ser emoldurado em capas de jornais e revistas como o adversário de seu mais ilustre réu: o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, cuja prisão era considerada por ele e pela turma de Dallagnol uma espécie de troféu.

Lula já possui duas condenações em processos oriundos da lava jato. Ambas completamente fora das regras convencionais previstas em lei. Por exemplo: quando o ex-juiz se abraçou à delação de Léo Pinheiro, sócio da OAS, que incriminava o ex-mandatário, “ignorou” que, em 2016, o mesmo delator afirmara que as obras que a OAS fez no apartamento tríplex do Guarujá e no sítio de Atibaia não foram contrapartidas a algum benefício que o grupo tenha recebido de Lula.


Por não ter dito o que os procuradores queriam ouvir, estes puxaram o freio de mão da delação – ainda não homologada – e resolveram dar a Pinheiro mais alguns meses de cana para refletir melhor[2]. Sem saber o que Lula fez em favor da OAS no caso do tríplex, Moro o condenou por ter cometido um “ato de ofício indeterminado”. Qual? Não se sabe. Eis exatamente a função do “indeterminado”.

Essa é apenas uma das incontáveis evidências de como o ex-juiz colonizou a lei de acordo com o seu (suposto) propósito messiânico de limpar o país da corrupção.

Mais do que uma bala de prata na imagem de salvador, conforme demonstramos na semana passada[3], seu cavalo-de-pau quanto à gravidade do caixa 2 demonstra que o ministro já não faz mais questão de esconder que suas principais intenções nunca incluíram o combate à corrupção como um arcanjo que desce dos céus varrendo a terra de suas verrugas purulentas ao brandir sua espada flamejante.

O Moro ministro dá a cada dia mais provas de que o que de fato queria quando usava a toga era, no mínimo, inviabilizar o programa representado por Lula e pelas esquerdas de modo geral.

Vamos lembrar que Moro aceitou sem titubear o convite de Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça. Em outro momento, tascou no seu novo chefe as características mais improváveis de “moderado” e “sensato”. É óbvio que tamanho deslumbre deixa claro que compactua pelo menos com boa parte dos valores anti-iluministas e de extrema direita representados pelo bolsonarismo, sem falar no antipetismo.

O iluminismo de Montesquieu, a propósito, nasceu para que juízes não tivessem poderes absolutos.

Livrar-se dessa lembrança inconveniente certamente contribuiu para que fizesse suas trouxas e se despedisse da 13ª Vara Federal de Curitiba.

No final das contas, Moro se encontra muito mais à vontade ao lado de seu colega e amigo Onyx Lorenzoni e do clã familiar que hoje se equilibra diante dos escancarados sinais de que durante anos se amparou eleitoralmente em esquemas obscenos envolvendo laranjas e milicianos.


De algoz da presunção de inocência, Moro considerou as desculpas pedidas por Onyx, confesso praticante de caixa 2, e passou a mão na cabeça de Bebianno e do ministro Marcelo Álvaro Antonio ao ser questionado sobre o laranjal no qual estão envolvidos até o pescoço[4].

Só com uma olhadela bem superficial sobre o ministro é capaz de ainda vê-lo como combatente de práticas de malversação do dinheiro público, pois ele mesmo vem fazendo questão de não deixar dúvidas de que esse enfrentamento, com muita timidez, era secundário diante de suas antes inconfessáveis intenções.

MORO PARTICIPOU DECISIVAMENTE ENQUANTO JUIZ NA ELEIÇÃO DE BOLSONARO, O QUAL O CONVIDOU EM SEGUIDA PARA SER MINISTRO. FOTO: AGÊNCIA BRASIL.

Dilma caiu quando era presidenta. Lula foi condenado quando liderava a pesquisa presidencial. Cunha foi poupado até a semana seguinte da aprovação do impeachment”, observa Celso de Rocha Barros[5], o qual, mesmo defendendo a neutralidade na lava jato, reconhece que seus efeitos na luta política pendularam claramente para a direita[6] (como se esse pêndulo não tivesse a ver com a politização da operação): “a direita conseguiu segurar os seus no poder até eles perderem importância. A esquerda perdeu uma presidente e um candidato favorito”.

Barros conclui que “isso é poder, meu amigo, poder em estado puro. Aqui já não tem mais norma, não tem mais instituição. E esse exercício descarado de poder é um sintoma claro de que nossa democracia anda bastante doente”. Alguns meses depois da publicação do artigo, Lula seria preso após um inusitado alinhamento do poder judiciário com o calendário eleitoral e teria sua candidatura indeferida pelo TSE, ainda que, com base no artigo 26-C da própria Lei da Ficha Limpa, já existisse jurisprudência amplamente favorável à sua participação no pleito. À época, estava com 39% das intenções de voto. Bolsonaro, com 19%.

A forcinha eleitoral de Moro foi devidamente reconhecida pelo presidente. “O trabalho dele foi muito bem feito”[7], disse. O convite para o Ministério da Justiça surgiu durante a própria campanha, segundo revelou o vice Hamilton Mourão[8]. Foi também no decorrer da campanha que Moro, ainda juiz, levantou cirurgicamente o sigilo da delação de Palocci[9] na qual repetira as mesmas coisas que dissera em delação anterior a qual nem o Ministério Público Federal levou a sério[10].

Assim como a liberação dos áudios da conversa entre Lula e Dilma minou a última estratégia de sobrevivência do governo petista, o fim do sigilo da delação de Palocci deu munição para o principal adversário de Fernando Haddad (adivinhem quem).

O ex-magistrado deve dormir com a tranquilidade de quem fez o trabalho “muito bem feito”, cumprindo o papel de pôr areia na candidatura de Lula e assim pavimentar o caminho para a ascensão triunfante do bolsonarismo – tudo às custas da sua imagem de paladino.  Mas com essa imagem nem ele se importa mais.

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