quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Contraponto 15.747 - "Altman: encruzilhada do PT exige novas reformas"

Os partidos políticos, na tradição conservadora brasileira, dificilmente passam de máquinas ou legendas eleitorais, cuja vinculação com o Estado é ditada pela relação de troca, entre apoio parlamentar aos governantes que elege e condições de reprodução, tanto políticas quanto materiais, para as próprias agremiações e seus chefes.

A burguesia brasileira, particularmente no período posterior à ditadura, foi construindo ou ocupando outros espaços para disputar a direção programática dos governos, os valores predominantes na sociedade e o comando das operações políticas de envergadura.

O principal destes instrumentos, sem dúvida, é a rede de comunicação, controlada por monopólios de imagem, som e escrita. A interface entre esses veículos e as grandes corporações empresariais, ao mesmo tempo principais anunciantes da mídia e maiores financiadoras de campanhas eleitorais, constituem o núcleo duro da hegemonia burguesa, ao redor do qual orbitam partidos e políticos da classe.

A vitória do Partido dos Trabalhadores, em 2002, poderia ter representado um triplo desafio a esse sistema de poder.

A primeira perna deste possível enfrentamento estava – e continua – na possibilidade de mudar drasticamente o modelo eleitoral. Sem doações empresariais e com voto em lista, poderia haver elevação da densidade político-ideológica e fortalecimento dos partidos.

Poucas seriam as chances de sobrevivência para organizações sem células mobilizadas no país, incapazes de fazer o confronto de projetos e desprovidas de canais para representar interesses sociais consolidados.

Democratização dos meios de comunicação

O segundo termo desta oportunidade histórica vislumbrava-se na democratização dos meios de comunicação, através de sua regulação econômica, de caráter antimonopolista.

A expansão dos instrumentos de imprensa, demolindo o poderio das oligarquias familiares, criaria outro ambiente para a batalha de ideias e informações, marcado pela diversidade, ao contrário da pasteurização atual, de natureza classista e autoritária.

O terceiro e último elemento seria a emergência, como partido governista, de uma associação capaz de formular propostas, organizar o embate por sua legitimação e mobilizar os setores desejosos de efetivá-las.

O PT poderia ter virado de avesso o destino manifesto dos partidos oficialistas, qual seja, a concorrência por cotas de poder nas entranhas do Estado.

A verdade é que, a princípio, nenhum destes passos foi tentado.

Antes de mais nada, porque a reforma política e a regulamentação da mídia foram claramente colocadas em segundo ou terceiro plano, quando não simplesmente em algum arquivo morto.

Mas também o cotidiano petista esteve regido pelo tradicionalismo.

Aceitou-se que a articulação e a vocalização da política deveria ser feita quase exclusivamente pelo governo. Ao partido caberia, fora dos períodos eleitorais, garantir a unidade e a disciplina de suas bancadas, a defesa pública incondicional dos atos administrativos e o convencimento de segmentos eventualmente descontentes.

Braço parlamentar

O PT era, neste desenho, uma espécie de braço parlamentar do poder executivo.

Tal fórmula, de estatização do partido, já seria custosa em uma administração monocolor. Distintas experiências históricas nos ensinam que essa receita leva ao esvaziamento do debate interno, ao distanciamento dos movimentos populares, ao desprestígio junto à intelectualidade e à burocratização geral da vida partidária.

O cenário piora, contudo, quando estamos tratando de gestão multipartidária, especialmente quando os demais sócios não respeitam a mesma disciplina do partido ao qual pertence o presidente da República.

O PT, enclausurado no governo, viu-se em situação passiva diante de agremiações coligadas, que se jogavam abertamente na defesa de medidas que atendiam às frações sociais que representam, articulando-se com os poderes fáticos da república.

Sem vida autônoma, o partido aguardava, nas questões mais relevantes, que o Palácio do Planalto ou a Esplanada dos Ministérios tomassem posição, para adotá-la imediatamente como invenção coletiva e cerrar fileiras a seu favor.

Parecia haver acordo tácito, pelo qual os petistas renunciavam a qualquer pugna pública na determinação de políticas estatais.

Formatava-se, assim, dinâmica de negociação na qual o governo estipulava proposições ou encaminhamentos a partir da sondagem de qual seria o mínimo denominador comum com aliados políticos, empresariais ou até religiosos.

Raramente o conflito precedia a formação de consenso. Abdicava-se de  aproximar a concertação de concepções historicamente advogadas pela esquerda, o que somente seria possível através de disputa mobilizada na sociedade.

Importante exceção, e vitoriosa, foi a discussão sobre o marco civil na internet. Mas poucas foram as vezes que se estabeleceu o enfrentamento como conduto para pactos mais corajosos entre os agrupamentos que compõem o gabinete e as classes ali representadas.

Hábitos e vícios das legendas burguesas

Engolido pela engrenagem institucional, o PT perdeu muito de sua seiva. Adquiriu vários dos hábitos e vícios das legendas burguesas, além de ter feito opção preferencial pela retaguarda.

Os efeitos mais sensíveis foram o descolamento em relação à vida e às lutas das massas, o atrofiamento da capacidade formuladora, a renúncia à formação de quadros para além de tarefas estatais e o predomínio do cretinismo parlamentar como cultura política.

Não se pode esconder que este enfraquecimento político-ideológico também relaxou o controle interno sobre práticas financeiras, afetando a imagem pública do petismo.

A boa notícia é que o partido vem concluindo, devagar e sempre, sobre o fracasso desta receita de funcionamento. Ainda que sem clara linguagem autocrítica, o que seria mais pedagógico, várias resoluções partidárias têm sugerido a adoção de outra forma de relacionamento com o governo.
A partir das manifestações ocorridas em junho de 2013 e da última campanha presidencial, ficaram evidentes os problemas da opção político-organizativa que prevaleceu desde 2003, mas cujas origens poderiam ser rastreadas em tempos anteriores.

Natureza política

Esta situação, no entanto, não deve ser encarada por viés administrativo, pois é política sua natureza.
Durante longo tempo foi possível a convivência entre um partido de bastidores e reformas baseadas no reordenamento orçamentário, alavanca para um modelo de desenvolvimento amparado na inclusão social e na ampliação do mercado interno.

Quando a luta de classes evolui em ambiente de baixo atrito, expressando conflito distributivo que não afeta diretamente a renda do capital, lastreado pelo crescimento da economia, pode-se imaginar estratégia que evite tensões eventualmente arriscadas.

Associada à necessidade de alianças parlamentares fora do campo popular e até com grupos conservadores, esta orientação de moderação dos conflitos ganhou mais corpo, tendendo à redução da política como arte da negociação.

Concorde-se ou não com esta concepção, deve-se reconhecer certa harmonia entre a linha geral na direção do Estado e o papel desempenhado pelo PT.

Claro que o partido poderia ter agido de maneira distinta, patrocinando agenda mais avançada sem violar a estratégia estabelecida, inclusive com resultados melhores, mas definitivamente não foi o caso.

O segundo governo da presidente Dilma Rousseff, porém, desponta sob o esgotamento deste primeiro e bem-sucedido ciclo de reformas, cujos sinais passaram a ser politicamente visíveis nos últimos quinze meses.

Mudanças estruturais

Novos e importantes avanços passaram a depender de mudanças estruturais.

O processo inaugurado em 2003 pode ser paralisado ou mesmo regredir sem a democratização do Estado, o enxugamento da renda financeira dos fundos privados, a consolidação do regime de partilha do pré-sal, a aceleração da integração latino-americana e a adoção de um sistema tributário progressivo, entre outras medidas de fundo.

Tais modificações são indispensáveis para que se possa destravar o desenvolvimento e financiar a melhoria e ampliação dos serviços públicos, a conquista de mais direitos sociais e o aprofundamento dos programas distributivos.

O reposicionamento das relações do PT com o governo, portanto, deveria ser procedido à luz da contradição entre as reformas imprescindíveis para relançar o projeto democrático-popular e a correlação desfavorável de forças nas instituições do Estado.

Muitos militantes e dirigentes abordam esta disfunção através da aritmética: se não temos forças suficientes, particularmente no parlamento, só nos resta resistir ou mesmo recuar, para preservar conquistas anteriores.

Abordagem um pouco menos assustada chegaria a outra conclusão.

Se as realizações dos últimos doze anos não são mais suficientes para expandir a base do petismo, como se pode concluir a partir das últimas eleições, é fácil prever o que ocorreria se hipóteses como o congelamento ou o retrocesso fossem levadas à prática.

Reinvenção

Ainda que a liderança presidencial seja decisiva para forjar condições políticas que permitam o nascimento de uma nova maioria, capaz de implementar as mudanças elencadas, a reinvenção do PT seria fundamental para ultrapassar obstáculos próprios de um bloco histórico que é governo, mas sem hegemonia no Estado e na sociedade.

O partido precisaria extrair as devidas consequências do que vem a ser uma política de coalizão pluripartidária e policlassista. Não deveria conceber como sua incumbência primordial a arbitragem de interesses, mas o esforço para elaborar propostas, estabelecer alianças e conquistar apoio público que viabilizem posições de esquerda dentro do gabinete e do Congresso.

A superação da governabilidade estritamente institucional, que tranca as iniciativas mais audaciosas e restringe a ação política ao veto de aliados, pressupõe a ressurreição da pressão social organizada como ferramenta de poder.

Um dos requisitos desta renascença é a reconversão do PT em partido orgânico dos pobres da cidade e do campo, dos intelectuais, da juventude, das camadas médias favoráveis à transformação do país.
Obviamente isso não significa abandonar ou subestimar as atividades de governo, legislativas ou administrativas. Mas indica a necessidade de recuperar elaboração programática autônoma, refazer vínculos com o mundo da cultura e do trabalho, reintegrar a luta institucional com as batalhas sociais.
O epicentro desta movida está em estabelecer um novo programa, vertebrado pela reforma política e a regulação econômica dos meios de comunicação, mas apontando também soluções para outros graves problemas do país.

O fomento de uma agenda para o presente e o futuro talvez seja a principal via de renovação da frente popular que veio sendo forjada desde os anos oitenta. Deve-se admitir que a absorção do PT pela institucionalidade foi decisiva para a fragmentação e o esvaziamento desta aliança estratégica.
A reconstituição de um bloco progressista, formado por partidos e movimentos, com capacidade de ação comum e plataforma unificada, tem valor estruturante para defender as reformas e inverter a correlação de forças.

Mas seu vigor tem na autonomia relativa diante do governo um dos principais pilares.

Não se trata apenas de criar uma corrente de opinião que sirva de alicerce à administração federal diante da escalada conservadora. Ainda que essa tarefa não deva ser subestimada, a esquerda precisa de instrumentos que também permitam disputar os rumos do próprio governo.

Encruzilhada

Para estar a altura destes desafios, o PT precisa se resolver diante da mais delicada encruzilhada de sua existência.

Curiosamente a equação pode ser colocada de forma semelhante à que se fazia nos primórdios petistas: o partido é tático ou estratégico?

Um partido tático pode se limitar a projeto de melhorias sociais, nos marcos de uma organização política e econômica que permaneça imutável, da qual se apresenta e atua como ala esquerda, mas constrangido por um pacto de conservação.

Um partido estratégico incorpora as tarefas de governo, determinadas por realidades concretas, a um plano de transformação da ordem, enraizado no objetivo de constituir as classes populares como direção do Estado e da sociedade.

A frase vem das origens do movimento socialista e esteve presente no congresso fundacional do PT, mas mantém seu poder de síntese:
A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores.


(*) Artigo publicado originalmente na revista Esquerda Petista

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Contraponto 15.746 - "Refinaria Abreu e Lima! Que beleza!"

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31/12/2014


Refinaria Abreu e Lima!
Que beleza!



Dr Moro vai achar ai as impressões digitais do Eduardo Campos ? 





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Contraponto 15.745 - "Com o aumento do número de ateus, as religiões vão sumir no futuro?"

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31/12/2014

Com o aumento do número de ateus, as religiões vão sumir no futuro?



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Publicado na BBC Brasil.
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Um número cada vez maior de pessoas – milhões delas, em todo o mundo – diz acreditar que a vida definitivamente acaba depois da morte e que não existe Deus nem um plano divino. Esse movimento parece estar ganhando força. Aliás, em alguns países, o ateísmo assumido nunca foi tão popular.

“Há muito mais ateus no mundo hoje do que jamais houve, tanto em números absolutos quanto em porcentagem da humanidade”, diz Phil Zuckerman, professor de sociologia e estudos seculares no Pitzer College, na Califórnia, e autor de Living the Secular Life (“Vivendo uma vida secular”, em tradução livre).

Segundo uma pesquisa do instituto Gallup International, que entrevistou mais de 50 mil pessoas em 57 países, o número de indivíduos que se dizem religiosos caiu de 77% para 68% entre 2005 e 2011, enquanto aqueles que se identificaram como ateus subiram 3%, elevando a 13% a proporção dessa parcela.

Acadêmicos ainda estão tentando destrinchar os fatores complexos que levam um indivíduo ou uma nação ao ateísmo, mas existem alguns pontos em comum. Parte do apelo das religiões está na segurança que ela oferece em um mundo de incertezas.

Por isso, não por acaso, nações que registram maiores taxas de ateísmo tendem a ser aquelas que oferecem a seus cidadãos uma estabilidade econômica, política e existencial relativamente alta. Para Zuckerman, o capitalismo e o acesso à tecnologia e à educação também parecem ter relação com o declínio da religiosidade em algumas populações.

Sentido ao sofrimento

Japão, Grã-Bretanha, Canadá, Coreia do Sul, Holanda, República Tcheca, Estônia, Alemanha, França e Uruguai (onde a maioria dos cidadãos tem raízes europeias) são países onde a religião era importante há apenas um século, mas que agora mostram os menores índices de crença religiosa no mundo.

Mesmo assim, o declínio da fé parece ser global, inclusive em países que ainda são fortemente religiosos, como o Brasil, a Jamaica e a Irlanda.

Já os Estados Unidos estão entre os países mais ricos do mundo, mas também apresentam altas taxas de religiosidade. (Ainda assim, uma pesquisa recente da Pew revelou que, entre 2007 e 2012, o número de americanos que se declararam ateus subiu de 1,6% para 2,4%.)

“Declínio, no entanto, não quer dizer desaparecimento”, argumenta Ara Norenzayan, psicólogo social da Universidade da Columbia Britânica em Vancouver, no Canadá, e autor de Big Gods (“Grandes Deuses”, em tradução livre).

Para ele, a segurança existencial é mais vulnerável do que parece. E conforme as mudanças climáticas trouxerem destruição e os recursos naturais forem escasseando, o sofrimento e as dificuldades podem inflamar a religiosidade. “Por alguma razão, a religião parece dar um sentido ao sofrimento, muito mais do que qualquer ideal secular”, diz o especialista.

Instinto religioso

Mas mesmo se os problemas do mundo fossem milagrosamente resolvidos e todos nós vivêssemos em paz e igualdade, as religiões ainda estariam entre nós. Isso porque um “buraco na forma de Deus” parece existir na neuropsicologia da nossa espécie, graças a uma falha na nossa evolução.

Para entender isso, é preciso investigar a teoria que estabelece que o homem tem duas formas de pensamento básicas: o Sistema 1 e o Sistema 2. O Sistema 2 evoluiu recentemente. É a voz na nossa cabeça que nos permite planejar e pensar logicamente.

O Sistema 1, por outro lado, é intuitivo, instintivo e automático. Essas capacidades se desenvolvem regularmente nos seres humanos, independentemente de onde nascerem. São mecanismos de sobrevivência.

O Sistema 1 nos faz buscar padrões para entender melhor o mundo e procurar o sentido de eventos aparentemente aleatórios, como desastres naturais ou a morte de um ente querido.

Além de nos ajudar a evitar os perigos e a encontrar um parceiro, alguns acadêmicos acreditam que o Sistema 1 também permitiu que as religiões surgissem e se perpetuassem.

Ele nos prepara para instintivamente notar forças naturais, mesmo quando elas não estão ali.

Milênios atrás, isso provavelmente ajudou o homem a evitar alguns perigos, como um leão escondido atrás de um arbusto. Mas isso nos tornou vulneráveis a supor a existência de agentes invisíveis –
como um Deus benevolente olhando por nós.

 

Superstições e derivados

Ateus têm que lutar contra toda essa bagagem cultural e evolucionária. Seres humanos querem naturalmente acreditar que fazem parte de algo maior, que a vida não é completamente inútil. Nossas mentes têm fome de propósito e de justificativas.

Da mesma maneira, em todo o mundo, muitas das pessoas que dizem não acreditar em Deus ainda têm algum tipo de crença supersticiosa, como fantasmas, astrologia, karma, reencarnação ou telepatia.

Outros, para guiar seus valores, tendem a se apoiar no que pode ser interpretado como “representações religiosas”, como a ioga, os esportes de equipe, a natureza e outros elementos. Um exemplo disso é o fato de a bruxaria estar ganhando popularidade nos Estados Unidos, enquanto o paganismo ser a religião que mais cresce na Grã-Bretanha.

As experiências religiosas também têm se manifestado das maneiras mais estranhas.

O antropólogo Ryan Honrbeck, do Fuller Theological Seminary, em Pasadena, na Califórnia, descobriu indícios de que o videogame online World of Warcraft está assumindo uma importância espiritual para alguns jogadores na China. “O game parece oferecer oportunidades de desenvolver alguns traços morais que a vida comum na sociedade contemporânea não consegue”, afirma.

 

Medo ou adoração

Além disso, a religião promove coesão e cooperação em grupo.

A ameaça de um Deus todo-poderoso observando qualquer pessoa que sair da linha ajudou a manter a ordem em sociedades antigas. E, novamente, insegurança e sofrimento podem ter ajudado a incentivar a consolidação de religiões com códigos morais mais rígidos.

Há ainda uma explicação puramente matemática por trás da aptidão das religiões para prevalecerem.

Em várias culturas, as pessoas que são mais religiosas tendem a ter mais filhos. Acrescente a isso o fato de que, normalmente, as crianças seguem o exemplo dos pais em sua decisão sobre a religião, e um mundo completamente secular parece cada vez mais impossível.

Por todos esses motivos – psicológicos, neurológicos, históricos, culturais e logísticos -, especialistas acreditam que as religiões provavelmente nunca desaparecerão.

Sejam elas mantidas pelo medo ou pela adoração, as religiões conseguem muito bem se perpetuar.

Senão, não estariam mais entre nós.


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Contraponto 15.744 - "Escândalo: Senador Álvaro Dias lucrou R$ 37 milhões com propina da CPI da Petrobras"


31/12/2014

 

Escândalo: Senador Álvaro Dias lucrou R$ 37 milhões com propina da CPI da Petrobras


Jornal I9 -29/12/2014 18h13 - Atualizado em 29/12/2014 18h13

O falecido, ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra e o Senador Londrinense (PR), Álvaro Dias O falecido, ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra e o Senador Londrinense (PR), Álvaro Dias
Segundo informações vazadas por fontes próximas a procuradores que conduzem a Operação Lava Jato, o senador Álvaro Dias está sendo investigado, pela compra de uma área no Rio de Janeiro por R$ 3 milhões e, meses depois, vendeu à Petrobrás pelo incrível valor de R$ 40 milhões. O Fato está sendo investigado em segredo de justiça, pelo fato do parlamentar ter foro especial por prerrogativa de função - conhecido coloquialmente como foro privilegiado.

Segundo o que foi repassado o falecido senador Sérgio Guerra (PE), ex-presidente do PSDB, e "um tucano de Londrina" enterraram a CPI do Senado sobre a estatal em 2009, em troca da propina de R$ 10 milhões de reais. Ambos deixaram a CPI de forma surpreendente, em protesto contra o que seria um "jogo de cartas marcadas". Sem a presença deles, a CPI não foi adiante.

Dinheiro da Propina

Com os R$ 10 milhões a dupla "racharam" a propina, e segundo informações, dos R$ 5 milhões repassados ao Senador Álvaro Dias, R$ 3 milhões foram aplicados em uma área no Rio de Janeiro que esta sendo investigado pelo MPF. Segundo que foi levantado o preço foi superfaturado em 13 vezes, e vendido a Petrobrás na época que o diretor de abastecimento da estatal era Paulo Roberto Costa, pivô da Operação Lava Jato.

Espólio do ex-presidente do PSDB

O espólio de Sérgio Guerra deve entrar no alvo de investigação do a atuação do Ministério Público e da Polícia Federal. A confirmação do recebimento de propina já leva a direção da Petrobras a estudar um pedido de bloqueio de bens como forma de ser ressarcida.

Um dos mais ricos haras do país, o haras Pedra Verde, em Limoeiro (PE), é um dos bens deixados pelo tucano, com mais de 200 cavalos de raça, inclusive campeões nacionais da racha Manga-Larga Marchador. Veterinários, geneticistas e 40 outros funcionários trabalham no Haras Pedra Verde. Para os investigadores da Lava Jato, o Pedra Verde também seria uma sofisticada lavanderia de comissões, inclusive por meio de vultosas transações de exportação e importação de cavalos.

Palco de refinadas apresentações de produtos premiados e de leilões milionários, o Haras Pedra Verde valeria perto de R$ 200 milhões (cavalos, laboratório, instalações e fazenda), mas foi omitido da declaração de Imposto de Renda de Sérgio Guerra ao eleger-se senador, em 2002, atribuindo à Pedra Verde um valor irrisório de R$ 22 mil, além de declará-la como "terra nua", ou seja, sem qualquer tipo de benfeitorias ou construções.

A coleção de arte contemporânea do falecido presidente do PSDB também chamou atenção do MPF e da PF. Alí estão obras de Cícero Dias, Cândido Portinari, Vicente do Rêgo Monteiro, Di Cavalcanti, Gilvan Samico, Carybé, Manabu Mabe, Djanira e Tarsila do Amaral, em valores que chegariam à casa dos R$ 20 milhões e que teriam sido, na maioria das vezes, compradas em galerias do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. Haveria pelo menos um caso, em que uma tela de Ismael Nery, orçada em quase R$ 2 milhões, teria sido adquirida por uma empreiteira baiana para adornar as paredes do apartamento de cobertura da família Guerra na orla do Recife.

Há, também, dezenas de imóveis, uma frota de automóveis de luxo, entre eles vários modelos BMW, além de jóias, aplicações financeiras em bancos e prováveis contas já sendo rastreadas em paraísos fiscais, como Liechtenstein e Suíça. Com a morte de Guerra, seus herdeiros deverão enfrentar a ação indenizatória da União movida pelo Ministério Público Federal.

Falecido em 6 de março deste ano, o ex-presidente do PSDB foi um dos mais radicais opositores dos governos Lula e Dilma. Nos anos 1980, Guerra, porém, foi apontado como um dos integrantes da quadrilha que desviava recursos públicos e beneficiava empreiteiras, na Comissão do Orçamento do Congresso Nacional. Relator do Orçamento da União também no final dos anos 80, Sérgio Guerra chegou a viajar num jato Dassault Falcon da Construtora Camargo Correia para Londres, onde teria se hospedado em uma luxuosa propriedade do falecido empreiteiro Sebastião Camargo. Ele estava acompanhado de toda família e por duas semanas teria frequentado restaurantes e lojas de grifes de luxo na capital inglesa. Guerra foi o único parlamentar a escapar da guilhotina que vitimou parlamentares influentes como Genebaldo Correia, Manoel Moreira, Cid Carvalho e Pinheiro Landim, além do líder do grupo, João Alves.

Dias segurando seu cão da raça Dias segurando seu cão da raça "Poodle".
#### Álvaro Dias

O tucano Álvaro Dias do Paraná foi escolhido por José Serra (PSDB) em 2010 para ser o vice na chapa para presidência. Detalhe: Álvaro Dias está sendo processado por usar cavalaria da PM contra professores e ainda é acusado de crime contra a administração pública. Conheça um pouco a ficha do senador:
O senador Álvaro Dias é acusado de crime contra a administração pública, movidas pelo Supremo Tribunal Federal. (Veja a petição: Pet/4316 - Veja no STF. Situação atual: 09/02/2009 - Baixa dos autos em diligência, Guia nº 276/2009, Ofício nº 215/SEJ, à Superintendência Regional do Departamento de Policia Federal no Distrito Federal.

A operação Castelo de Areia tem documento em que mostra que, as construtoras Camargo Corrêa e a Norberto Odebrecht doou R$50 mil para o tucano Álvaro Dias (PSDB-PR).

Álvaro Dias (PSDB-PR) não declarou R$ 6 milhões à Justiça Eleitoral... Já prestou contas?
A revista Época mostrou que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) omitiu de sua declaração de bens à Justiça Eleitoral R$ 6 milhões em aplicações financeiras.

Em 2006, Dias informou que tinha um patrimônio de R$ 1,9 milhão dividido em 15 imóveis: apartamentos, fazendas e lotes em Brasília e no Paraná. O patrimônio dele, porém, era pelo menos quatro vezes maior.

A omissão desses dados à Justiça Eleitoral é questionável, mas não é ilegal. A lei determina apenas que o candidato declare "bens". Na interpretação conveniente, a lei não exige que o candidato declare "direitos", como contas bancárias e aplicações em fundos de investimento.
Álvaro Dias diz que o dinheiro não consta em sua declaração porque queria se preservar. "Não houve má intenção", afirma.

O dinheiro não declarado seria fruto da venda de uma fazenda de 36 hectares em Maringá (PR) por R$ 5,3 milhões. As terras, presente de seu pai, foram vendidas em 2002. O dinheiro rendeu em aplicações, até que, em 2007, Álvaro Dias comprou um terreno no Setor de Mansões Dom Bosco, em Brasília, uma das áreas mais valorizadas da capital. No local, estão sendo construídas cinco casas, cada uma avaliada em cerca de R$ 3 milhões.

Quem se lembra do assessor de Álvaro Dias, André Eduardo da Silva Fernandes?

Foi o receptador de informações furtadas da Casa Civil da Presidência da República, entregue à revista Veja, para forjar um falso dossiê de despesas de FHC, com o objetivo de derrubar a ministra Dilma Rousseff.

Pois André Fernandes, além de assessorar Álvaro Dias, também servia ao Governo de José Roberto Arruda (ex-DEM/DF). Em 2007, foi nomeado pelo Governo do Distrito Federal, membro do conselho fiscal da CEB (Companhia Energética de Brasília), estatal do Governo do Distrito Federal. Álvaro Dias, igual a José Serra: Mandam bater em professores.

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Contraponto 15.743 - "Governo anuncia corte de verbas á Editora Abril e a Rede Globo"

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31/12/2014

 

Governo anuncia corte de verbas á Editora Abril e a Rede Globo


Após um 2014 repleto de lutas, a presidente Dilma anunciou o corte de verbas á editora Abril responsável pela revista VEJA e a Rede Globo com o Jornal Nacional, agora elas deixaram de receber mais de 6,1 milhões reais, economia para os cofres públicos

Parece que o governo não se esqueceu da matéria da Revista Veja baseada em fofocas e tem cortado o mal pelas pontas. Anúncios da Petrobrás, Caixa Econômica e Banco do Brasil serão cancelados com a representante-mor do golpismo midiático brasileiro. Só com a petrolífera, a revista da “suposta matéria baseada em fofoca de WhatsApp” vai deixar de arrecadar 6.1 milhões de reais. E parece que não para por aí, os cortes vão se estender à revista Época, que hoje em dia, mais parece uma área de lazer tucana.

Não compactuamos com mentirosos, disse a presidente Dilma.

A guerra política está chegando ao cool financeiro. Cortes dessa magnitude (nessas revistas que estão sendo usadas como marionetes da direita) podem ser um tiro certeiro naquilo que chamamos hoje em dia de “mídia golpista”.

A editora Abril e a Globo vão começar a se preocupar com outros meios de comunicação do grupo, que podem ser atingidos com essa restrição de anúncios. O Partido dos Trabalhadores já deixou bem claro que a revolta não é pelas denuncias, mas sim por divulgá-las sem aval da Policia Federal e sem provas concretas.

Três grandes estatais colocaram mais de 250 milhões de reais inserções na Globosat no ano de 2013. Se o governo federal cortar “por ai” , a oposição midiática vai perceber que essa historia de malhar a Dilma Rousseff é um horrendo e amargo negócio. Ops, ainda falta os Correios…esse vai fazer falta no caixa da Platinada…


Com informações de Diário do Brasil
 


Confira o artigo original no Portal Metrópole: http://www.portalmetropole.com/2014/12/governo-anuncia-corte-de-verbas-editora.html#ixzz3NUV4Q093


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PITACO DO ContrapontoPIG
 
 
..."Vamos lá rapaziada,
Tá na hora da virada
Vamos dar o troco "...

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Contraponto 15.742 - "Petrobras diz à Justiça: muito bem, querem punir os corruptores?"


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31/12/2014

 

Petrobras diz à Justiça: muito bem, querem punir os corruptores?

 

Tijolaço - 30 de dezembro de 2014 | 06:06 Autor: Fernando Brito
corruptor


O anúncio feito pela Petrobras de que suspendeu o direito de praticamente todas as empresas de construção pesada de participarem de licitações e, por consequência, serem contratadas pela empresa tem um sentido político que vai além, muito além, do óbvio significado administrativo.

São 23 empresas – praticamente todo o ranking  da construção pesada –  atingidas: Alusa, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Carioca Engenharia, Construcap, Egesa, Engevix, Fidens, Galvão Engenharia, GDK, Iesa, Jaraguá Equipamentos, Mendes Junior, MPE, OAS, Odebrecht, Promon, Queiroz Galvão, Setal, Skanska, Techint, Tomé Engenharia e UTC.

É obvio que elas irão à Justiça – e neste caso, à Justiça Federal – para contestar a decisão da estatal.
Que vai decidir se, por conta das denúncias da Operação Lava-Jato, elas podem ser punidas com o impedimento de licitar, isto é, se todos os contratos que viessem a firmar, a partir de agora, estariam sob “suspeição prévia”.

Ou seja, se devem ser impedidas de trabalhar num setor onde a grande maioria das obras é, direta ou indiretamente, contratada pelo setor público.

E se, portanto, o Brasil terá de apelar para empreiteiras estrangeiras, que passam a ser a quase única alternativa para fazê-las.

Não parece improvável que o ato administrativo da Petrobras será derrubado no Judiciário, talvez até por liminar.

Mas a empresa, então, passa ao Judiciário a questão essencial: a corrupção parte de quem se corrompe no setor público ou de quem, no mundo dos negócios privados, onde não se presta conta do que se ganha ou do que se gasta, os corrompe?

Paulo Roberto Costa e os outros “ladrões de carreira”, que subiram nas estruturas da Petrobras se associando à carreira de ladrões muito abundante nos negócios privados não são os únicos vilões.

Vamos ver se a Justiça tem, em relação aos corruptores, a mesma coragem que tem – e deve ter – em relação aos corruptos.

A Petrobras, como se vê, está tendo.

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Contraponto 15.741 - "O ponto onde convergem Venina e o MH17 derrubado na Ucrânia "

 

31/12/2014 

 

O ponto onde convergem Venina e o MH17 derrubado na Ucrânia 

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Sabe-se agora, com certeza, que o MH17 foi derrubado por forças de Kiev. Sabe-se agora que Venina, antes de ser denunciante, foi ela própria denunciada. 

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Carta Maior 29/12/2014 

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J. Carlos de Assis*
 
Há uma coisa em comum entre a denúncia norte-americana de que o voo MH17 da Malásia foi derrubado por insurgentes ucranianos ligados a Moscou e a denúncia de Venina de que a presidente da Petrobras, Graça Foster, não deu ouvidos a suas denúncias de irregularidades na empresa: nos dois casos, a uma campanha maciça da imprensa para validar as denúncias sucedeu, em poucos dias, o mais estrondoso silêncio. No caso de Venina, só falam agora no assunto os que a ridicularizam, com razão. No caso do MH17, o silêncio é total.

Esses dois casos ilustram muito bem o papel que a “liberdade” de imprensa vem exercendo em nosso tempo. É um instrumento sobretudo de manipulação da opinião pública. Os manipuladores contam com a falta de espírito crítico da sociedade, o que, por sua vez, justifica-se exatamente pela ausência de noticiário imparcial sobre acontecimentos com valor político e estratégico. Sabe-se agora, com certeza, que o MH17 foi derrubado por forças de Kiev. Sabe-se agora que Venina, antes de ser denunciante, foi ela própria denunciada.

A ausência recente na imprensa ocidental de notícias sobre o monstruoso ataque ao MH17, um avião civil derrubado provavelmente por um míssil ou por um caça de Kiev sobre o Leste da Ucrânia, é a maior evidência do esgotamento da estratégia de exaustão de uma versão destinada a cobrir os fatos reais com uma máscara favorável. Eu costumava ouvir de um grande manipulador da imprensa brasileira a observação de que “o importante é a versão, não o fato”. Assim, para “plantar uma versão”, era necessário divulgá-la antes dos fatos.

Putin atribuiu formalmente a Kiev a responsabilidade pelo crime numa reunião com personalidades estrangeiras na Rússia, mas a imprensa ocidental praticamente o ignorou. Uma vez estabelecida a versão é extremamente difícil retificá-la. Mesmo porque, no caso do MH17, estão envolvidos aspectos técnicos de difícil aferição por internautas. Os internautas, que são hoje a consciência crítica da grande mídia, não tem como penetrar em alguns de seus segredos, exceto numa situação em que interfere o gênio de um Wikileaks.

O desmascaramento de Venina tem sido uma operação relativamente mais fácil. Os internautas se lançaram a investigações próprias, independentes dos grandes jornais e tevês, para descobrir que a moça estava sendo processada pela Petrobras por incompetência ou má fé no acompanhamento de contratos na construção de Abreu e Lima; que tinha feito contratos sem licitação com o então marido ou namorado, algo que nem o jornal Valor, nem a TV Globo cuidaram de revelar em suas bombásticas entrevistas na versão original.

Sim, houve uma denúncia de Venina fundamentada. Relacionava-se com contratos superfaturados na área de comunicação, mas em 2008. A denúncia gerou uma comissão de inquérito da qual resultou a comprovação do superfaturamento e a demissão do responsável. Na interpretação de um jornalista da Globo, isso lhe dava credibilidade para fazer as outras denúncias. Mas quais denúncias? Tudo o que ela disse no Valor, e repetido na Globo, eram ilações vagas, inclusive a alegação de que exortara Graça Foster das irregularidades.

Se a Lava Jato seguir o curso retilíneo que vem seguindo até aqui, não se admirem se Venina vier a ser condenada por irregularidades na Abreu e Lima, das quais há indícios fortes no relatório da comissão de inquérito da própria Petrobras sobre o assunto, já entregue ao Ministério Público. Ela disse insistentemente que ia “até o fim”.  Estamos aguardando que fim é esse. O fato é que até mesmo os jornalões e a Globo perceberam que deram um tiro na água. Daí seu significativo silêncio. Não é nada diferente do silêncio da imprensa ocidental sobre o avião derrubado no Leste da Ucrânia. E esse é o preço que a gente tem que pagar pelo valor supremo da liberdade de imprensa, agora felizmente vigiado pelos internautas.

*Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.

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Contraponto 15.740 - "Macura e o homem branco, uma lenda cearense"

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 31/12/2014

 

Cultura 

Macura e o homem branco, uma lenda cearense


Enviado por JNS

Macura e o homem branco - Uma lenda cearense


Do Jornal da Besta Fubana

Imagens da cidade de Aracati-CE e da Ponta Grossa 

Segundo o historiador Tomás Pompeu de Sousa Brasil, os primeiros habitantes das terras de Aracati, os índios Potyguara, teriam entrado em contato com os europeus quando o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón, aportara no local denominado Ponta Grossa ou Jabarana, no litoral do Ceará.

O povo conta há muito tempo que foi nessa época que se deu essa história. Naquele tempo, o acesso a praia de Ponta Grossa não era fácil ou até mesmo quase impossível.  Para se chegar até aquela remota localidade só era possível vindo pela praia do Retiro Grande ou Areia Branca, no Rio Grande do Norte.
Não se sabe surgido de onde, um náufrago de pele branca aportou ali, sozinho e doente em busca de água potável e de abrigo. Viu que o lugar era completamente deserto, mas percebeu que havia rastros de pessoas. Mais tarde, para sua derrota,  descobriria que se tratava de uma tribo de índios chamada de Jabaranas.
O náufrago, passados uns dias, conheceu uma nativa  que frequentemente vinha buscar água que brotava nos olheiros no sopé das falésias.
Foi o inicio de uma grande paixão entre o náufrago branco e a nativa que se chamava Macura. Mesmo sem entender o idioma do náufrago, ela  sempre lhe advertia do grande perigo que ele corria em se aproximar de sua tribo. No entanto, certo dia, Macura foi seguida por outra índia e o destino do homem branco naquele instante foi terrivelmente traçado.
Ele já estava muito doente e as idas e vindas de Macura até o local onde se encontrava aquele homem, na ânsia de tratá-lo, chamou a atenção da tribo. Quando o Pajé viu aquele homem misterioso de pele branca, cabelos dourados e olhos azuis com um  linguajar incompreensível, imediatamente o acusou de ser um “Anhanguera” e foi morto impiedosamente.
O destino, porém, reservava uma surpresa para a Tribo. Macura estava grávida do homem branco. Apesar de a gravidez não ser bem-vinda, Macura pariu o menino que passou a viver como se fosse um curumin Jabarana.
Quando da invasão Holandesa no Brasil no ano de 1599, ao travarem contato com os  Jabaranas para a surpresa de todos, encontraram, vivendo como um índio, um homem, já centenário, de calelos dourados, pele branca e de olhos azuis que falava somente a língua nativa tupi-guarani.
Diz-se também que José de Alencar baseou-se nessa lenda para escrever o romance Iracema.

Texto: Besta Fubana

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PITACO DO ContrapontoPIG 
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O Descobrimento do Brasil por Vicente Pinzón. 
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"[...] Raimundo Girão acha que a Proto-História Cearense, de Tomás Pompeu Sobrinho, convence pela verdade de sua proposição: um autêntico e sério revisionismo deste ponto de vista da história brasileira. [...] Um detalhe a acrescentar é que Pompeu e Girão apontam não apenas uma, mas duas expedições espanholas chegadas ao Brasil antes de Pedro Álvares Cabral. A primeira foi a frota chefiada por Vicente Yanes Pinzón, que aportou no Ceará e desembarcou duas vezes em fevereiro de 1500, após mais de dois meses da viagem iniciada em porto de Palos. 


A segunda expedição pré-cabralina foi a de Diogo de Lepe, que saiu do mesmo porte de Palos um mês depois de Vicente Pinzón, com duas caravelas. Ele (Lepe) aportou nas águas do Rio Grande do Norte, seguindo depois até a ponta do calcanhar. Posteriormente, seguiu na direção norte, onde foi encontrar a cruz fincada por Pinzón. Diogo de Lepe denominou de Rostro Hermoso o local, referência a Santa Verônica, homenageada neste dia pelo calendário. Era exatamente a ponta do Mucuripe, local do segundo desembarque de Pinzón, para onde viera após chegada na Ponta Grossa, cuja terra achara “árida e os índios hostis" ( Reportagem do Jornal do Brasil, RJ, ed.de 24.11.1968.).


Segundo Pompeu Sobrinho, Vicente Pinzón fez duas paradas ou estações nas costas cearenses. A primeira, no cabo de Santa Maria - na Ponta Grossa ou da Jabarana - no litoral do município de Aracati e a segunda no Rostro Hermoso - o Mucuripe- em Fortaleza, no início de fevereiro de 1500, um pouco mais de dois meses, portanto, antes de Cabral chegar à Bahia.

Fonte: aqui
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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Contraponto 15.740 - "Armando Boito: Quem é contra a corrupção?"

 

30/12/2014

 

Armando Boito: Quem é contra a corrupção?


Por Da redação dezembro 23, 2014 12:50 

Armando Boito: Quem é contra a corrupção?
 

Por Armando Boito Jr., professor de Ciência Política da Unicamp
 

Especial para Escrevinhador

As motivações e os objetivos das campanhas contra a corrupção que nos últimos anos têm sido a bandeira de guerra do PSDB e da grande imprensa são vários e nenhum deles é nobre. O motivo mais óbvio é obter o desgaste político e eleitoral dos governos do PT. Mas, a coisa não para por aí. Para entender melhor tais campanhas é preciso fazer uma espécie de sociologia política do discurso e da prática das cruzadas contra a corrupção, tratá-los como um fenômeno ideológico que deforma de maneira interessada a realidade política – o que não significa que o faça de modo consciente.
Temos de seguir algumas pistas e a primeira delas é a seletividade da indignação moral tucana: nem toda corrupção é denunciada e combatida. Essa seletividade opera com dois filtros.

Moral e interesses

O primeiro filtro, e o mais óbvio, consiste em denunciar apenas e tão-somente os casos de corrupção que envolvem os partidos adversários, principalmente o PT. A corrupção tucana é varrida por esses campeões da moralidade pública para debaixo do tapete. Esse comportamento nos obriga a descartar, de saída, toda e qualquer motivação ética na ação tucana, se entendermos a ética, tal qual eles próprios propalam, como um conjunto de valores morais imperativos desvinculados de interesses materiais “menores”. Não é verdade, portanto, que os tucanos sejam contra a corrupção.

O segundo filtro, esse raramente notado, consiste em denunciar os casos de corrupção que envolvem empresas, instituições e lideranças que desempenham um papel importante na política neodesenvolmentista dos governos do PT. Não se trata apenas de desgastar o PT para vencer eleições. Trata-se, na verdade, de eleger como alvo as instituições que têm sido um instrumento importante da política econômica e social dos governos do PT.

De fato, a julgar pelos casos rumorosos de corrupção investigados com sanha que atropela o próprio direito – como ficou patente no julgamento da Ação Penal 470 pelo STF – e divulgados com persistência e detalhes inauditos pela grande imprensa, instituições como o Banco Central, onde imperam os interesses do grande capital financeiro, seriam verdadeiras vestais do Estado brasileiro, a despeito das relações incestuosas das sucessivas diretorias do BC com as diretorias de instituições financeiras privadas, enquanto a Petrobrás, instrumento central da política neodesenvolvimentista, seria um antro de larápios.

A oposição tucana, como todos sabem, manifesta-se, há tempo, na voz de seus mais autorizados dirigentes, contra o regime de partilha na exploração do petróleo e contra a legislação que obriga a presença da estatal em todos os poços em exploração. Os tucanos querem abrir mais a exploração ao capital estrangeiro.

Outro resultado muito apreciado pelo PSDB de um eventual recuo na posição da Petrobrás na exploração do petróleo seria o fato de que a redução dos investimentos produtivos da petroleira brasileira liberaria mais capital para a distribuição de dividendos aos acionistas privados da Petrobrás.

Em reportagens do jornal Valor Econômico, as vozes das finanças têm deixado clara sua insatisfação com o programa “muito ambicioso” de investimentos (produtivos) da Petrobrás que desviam a receita da empresa da nobre tarefa de encher o bolso dos acionistas privados. As finanças preferem o modelo tucano de gestão da Sabesp: farto na distribuição de dividendos aos acionistas privados e minimalista no investimento para captação, conservação, tratamento e uso racional da água.

Ademais, os tucanos têm se manifestado, e de modo insistente, contra a política de conteúdo local nas compras da petroleira brasileira. A Petrobrás tem a obrigação de adquirir e contratar 65% dos produtos e serviços junto a empresas locais. Essa política praticamente ressuscitou a indústria naval brasileira. Fernando Henrique Cardoso jogara a indústria naval na lona.

Após uma sucessão de medidas de abertura comercial, restrição de financiamento e outras, Cardoso entregou o governo com o setor naval empregando diretamente apenas 4.000 trabalhadores. Hoje, os antigos estaleiros brasileiros foram recuperados, criaram-se estaleiros novos, e o setor oferece 80.000 postos de trabalho.

A política de conteúdo local incomoda muito o PSDB, esse procurador dos interesses do capital estrangeiro e das empresas brasileiras integradas esse capital. Seus economistas mais credenciados contam-nos a seguinte fábula. O objetivo declarado da política de conteúdo local é estimular a produção brasileira de navios, plataformas, sondas, equipamentos, serviços de engenharia etc. Contudo, dizem-nos, o efeito obtido será, num futuro próximo, o contrário do desejado.

Com a proteção da produção brasileira no sistema de compras da Petrobrás, as empresas ficam a salvo da concorrência internacional, perdem o estímulo para inovar e, no médio prazo, tornam-se obsoletas, sendo levadas ao declínio econômico. Que felicidade descobrir que a corrupção contaminara justamente o sistema de compras da Petrobrás, isto é, a política de conteúdo local!

Os tucanos e a grande imprensa estão, agora, na fase mais importante da operação política que se assenhorou da Operação Lava a Jato. Reportagens e editoriais dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo já estão propondo como solução para a “crise de Petrobrás” o fim do regime de partilha, o fim da política de conteúdo local e até a completa privatização da estatal. Com a Petrobrás exangue em decorrência da “campanha contra a corrupção”, as petroleiras estrangeiras poderão voltar a reinar e a indústria naval da Ásia, Europa e Estados Unidos voltará a ter livre acesso ao mercado brasileiro.

No segmento da construção pesada, o capital europeu almeja um objetivo semelhante. Em reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo, a Comissária de Comércio da União Europeia, Cecilia Malmstrom, após rápidas considerações de ordem moral criticando a corrupção no mercado brasileiro de obras públicas, afirmou que a União Europeia exige, para fechar um acordo de comércio com o Mercosul, maior abertura às empresas europeias no processo de contratação de obras públicas.

A Comissária Cecilia Malomstrom nada disse sobre as empresas europeias Siemens e Alstom que são rés confessas em processo que apura a prática de corrupção no sistema de trens e no metrô de São Paulo sob governos tucanos. O que importa mesmo é que em 2013 o mercado de obras públicas no Brasil movimentou mais do que movimentaram os mercados da Índia e da Argentina somados. Se o judiciário declarar inidôneas as grandes empreiteiras brasileiras, impedindo sua participação na contratação de obras públicas, seja qual for o sentimento ou a ideia que anime procuradores e juízes que vierem a concorrer para essa decisão, a Comissária Cecilia Malomstrom lhes será grata.

A Petrobrás é um instrumento chave do neodesenvolvimentismo. Ela é uma empresa estatal gigante que dá ao Estado capacidade para fazer política industrial e de crescimento. Em torno dela, giram a indústria da construção naval, a construção pesada e outros segmentos importantes da burguesia interna brasileira. O PSDB, como representante do capital internacional e da burguesia a ele integrada, não escolheu a Petrobrás como alvo por acaso.
Seguindo essa linha de raciocínio, uma hipótese plausível é que, depois da Petrobrás, chegará a vez do BNDES.

Política e ideologia

Se o que desejam o capital internacional, as empresas brasileiras a ele integradas, o PSDB e a grande imprensa é a destruição de um instrumento chave da política neodesenvolvimentista, porque, então, não vão direto ao assunto? Por que o longo desvio da “luta contra a corrupção”?

Porque os tucanos estão às voltas com a dificuldade – típica das forças políticas que representam interesses minoritários – que consiste em ter de obter apoio popular para bandeiras impopulares. Eles são obrigados a esconder seus verdadeiros objetivos e a agitar o programa retórico da ética na política para poder obter um mínimo de aceitação. Não é uma tarefa fácil convencer a massa da população de que o melhor a se fazer seria abrir mão do controle nacional sobre a riqueza do pré-sal, reduzir a receita da Petrobrás, desidratar o Fundo Social da Educação e da Saúde proveniente da exploração do pré-sal e cortar emprego na construção naval.

Para chegar a esses objetivos impopulares são obrigados a escondê-los, a dar voltas, animando a cruzada contra a corrupção. A favor dos tucanos só podemos dizer uma coisa. No geral, eles não fazem isso apenas com o cinismo. É certo que mentem conscientemente em público e urdem intrigas nos bastidores. Porém, fazem isso no varejo.

No atacado, eles “acreditam crer” nos grandes princípios que alardeiam e se deixam iludir pelos personagens aos quais dão vida na cena pública – o político ético, o gestor competente, o condottiere da mudança e outros. O fato é que os tucanos lograram confiscar a justa indignação popular com os criminosos de colarinho branco para atingir um objetivo que não interessa aos setores populares, mas, sim, ao grande capital financeiro internacional e a seus aliados internos.

Para uma análise segura desse caso da Petrobrás seria preciso estar de posse de muitas informações que não temos. Dentro de alguns anos, talvez venhamos saber com segurança como é que foi tomada a decisão de se iniciar a operação que a Política Federal e a grande imprensa denominam “Lava Jato” (sic). Na falta de informações, podemos fazer algumas conjecturas.

Algo que não deve ser descartado é a ideia de que tenha ocorrido uma conspiração orientada por um centro – a crítica à teoria da conspiração não deve nos levar a negar a ideia de que há conspirações na história. Por exemplo, um lobby das petroleiras ou da indústria naval estrangeira obteve apoio de embaixadas estrangeiras no Brasil para, em festas regadas a champanhe na capital federal, soprar nos ouvidos de procuradores do Ministério Público, de juízes ou de delegados da Política Federal a ideia de criar a operação “Lava Jato” (sic). Podem ter oferecido também algum estímulo material para convencer esses ilibados senhores da importância da empreitada. A cruzada contra a corrupção pode conter na sua origem a própria corrupção

Outra possibilidade é que a operação tenha uma história mais complexa e tortuosa. Altos funcionários do Estado, movidos pelo ódio de classe que os indivíduos pertencentes à classe média abastada nutrem pelos governos do PT, decidem desencadear a operação.

O trabalho entusiasma juízes, procuradores do Ministério Público e delegados da Política Federal, todos emulando Joaquim Barbosa. A animação é tanto maior quando percebem o apoio amplo e firme que a operação recebe da grande imprensa – que age como representante do grande capital internacional e das empresas brasileiras e ele ligadas. Ato contínuo, os tucanos vêm na operação a oportunidade de ganhar votos e ferir de morte um dos principais instrumentos da política neodesenvolvimentista do PT.

Terceira possibilidade, os dois caminhos anteriormente descritos misturam-se de forma complexa.
Conjecturas à parte, algumas coisas são certas. Primeiro, o PSDB não está preocupado, ao contrário do que afirmam seus dirigentes, com uma suposta “ética republicana”. Tanto é assim, que condenam apenas seletivamente a corrupção. Segundo, o objetivo oculto desse discurso opaco é, ao menos para as forças mais poderosas envolvidas na cruzada contra a corrupção, desregulamentar, abrir e privatizar ainda mais a economia brasileira.

Luta popular e corrupção

Dirigentes, parlamentares, ocupantes de cargos executivos do Partido dos Trabalhadores estão ou estiveram envolvidos com corrupção – aliás, isso não representa novidade na história dos partidos de tipo socialdemocrata. O movimento democrático e popular não deve se calar diante desse fato; deve assumir, sem hesitação, a luta contra a corrupção. Mas, deve fazê-lo a seu modo.

Em primeiro lugar, ao contrário do que dizem os moralistas, a corrupção não é o único elemento a ser considerado na avaliação de um governo ou de um partido político. O movimento popular não pode descartar a possibilidade de ter de garantir apoio a um partido que abriga corruptos – os moralistas da cruzada contra a corrupção também fazem esse tipo de cálculo, embora não o digam abertamente.

Em segundo lugar, o movimento popular deve saber que a corrupção é uma prática endêmica na sociedade capitalista em decorrência de elementos definidores do próprio capitalismo: a disputa econômica entre as empresas, a concentração da propriedade e da renda – concentração que pode ser convertida em influência política –, da concentração do poder político – que, por sua vez, pode ser convertida em vantagens econômicas – e em decorrência, também, do segredo que protege a burocracia de Estado. Deve saber, portanto, que ao combater a corrupção combate por leis e instituições que a inibam, mas que não vão erradicá-la. A corrupção não decorre da mera desonestidade dos ocupantes de cargos públicos e dos diretores de empresas privadas.

Por último, deve ter claro que o discurso contra a corrupção e a política que ele estimula estão ligados a interesses de classe que, no caso dos interesses do capital internacional e do PSDB, permanecem ocultos. O movimento popular tem interesse em que sejam investigados e punidos os crimes de colarinho branco praticados por funcionários da Petrobrás e por diretores de empresas.

Mas, não pode ignorar que o PSDB e a grande imprensa estão usando a cruzada contra a corrupção para suprimir leis e instituições que protegem a economia nacional e para inviabilizar o apoio crítico que o movimento popular tem dispensado ao Governo Dilma. O declínio do voto popular em Dilma Rousseff na eleição de 2014 em São Paulo indica que o PSDB alcançou em parte esse objetivo.

É preciso tirar outras lições desse caso. Ele evoca a luta por uma Constituinte exclusiva e soberana para reformar o sistema político. A reforma política, oriunda dessa Constituinte, poderia, além de proibir a contribuição financeira de empresas a candidaturas, prever a organização de Conselhos Populares para supervisionar os processos de licitações e de compras públicas.

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