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28/12/2014
Lobão, Marina Silva, Gilmar Mendes… Os 10 piores casos de complexo de messias em 2014
Diário do Centro do Mundo - Postado em 25 dez 2014
O fim do ano é o momento em que nos lembramos do messias JC, mas é impossível deixar de lado os malas sem alça que possuem o complexo de messias. O ano de 2014 foi pródigo em megalomaníacos com fórmulas infalíveis para a salvação do Brasil e, em última análise, do universo.
Alguns tentaram nos livrar de uma ditadura comunista, outros ameaçaram seus discípulos se não seguissem seu voto — em comum, todos incapazes de admitir qualquer erro e eternamente tentando encaixar os fatos em sua visão de mundo. O tipo de gente que estraga qualquer festa de réveillon.
Lobão
O velho cantor já vinha há alguns anos num ritmo pesado e intenso de paranoia, trocando Herbert Viana pelo PT em sua doideira. Na sequencia da eleição de Dilma, adotou uma longa barba de profeta, copiada do bispo Edir Macedo, e resolveu incorporar o papel de líder revolucionário. Ficou chateado quando tomou um cano de Aécio numa manifestação com 15 pessoas, rompeu com outros colegas de extrema direita, foi até o Congresso com aloprados. Junto com seu guru Olavo de Carvalho e o brucutu Marcello Reis, do grupo Revoltados Online, alertou os brasileiros sobre o socialismo. Sua grande vitória política foi tomar um café com Marco Feliciano.
Gilmar Mendes
O ministro do STF é o Palpiteiro Oficial da República. Denunciou o perigo do Supremo se converter “numa corte bolivariana”, disse que Lula não passaria no teste do bafômetro, suspeitou de lavagem de dinheiro nas doações para pagar as multas de petistas condenados no mensalão, culpou Dilma pelas suspeitas de fraude nas eleições etc etc. Com exceção, talvez, do futebol, não houve assunto em que Gilmar não tenha emprestado um átimo de sua sabedoria. “Os fatos são chocantes. Há uma cleptocracia instalada”, diz ele. Dependendo do ângulo, Gilmar dá saudade de Joaquim Barbosa.
Joaquim Barbosa
JB saiu da história para cair na vida, mas não deixa o posto de
Batman nem sob decreto. Ninguém mais se importa com o menino pobre que
mudou o Brasil, mas no Twitter ele continua trovejando. Entre uma saída e
outra para ir ao teatro com a atriz Antônia Fontenelle — ninguém é de
ferro — , JB dita os rumos da nação, eventualmente em inglês e francês.
“The ousting of a congressman by his peers for his involvement in this
disgusting scheme. A new check for the Brazilian political system?”,
mandou. “Min Público é órgão de contenção do poder político. Existe para
controlar-lhe os desvios, investigá-lo, não p assessorá-lo. Du jamais
vu!”. “Du jamais vu” é sua releitura pedante do bordão lulista “nunca
antes” etc. Dependendo do ângulo, Barbosa dá saudade de Gilmar Mendes.
Silas Malafaia
O pastor mais sem noção da América Latina gritou suas excentricidades
ao longo do ano, guiando seu povo contra o PT. Mostrou-se um pé frio.
Primeiro apoiou Marina Silva, evangélica como ele. Quando Marina beijou a
lona, inclusive por causa de seu apoio, pulou para o barco de Aécio.
Quando se trata de Malafaia, tudo assume ares de histeria e convocação
divina. Conclamou seus fieis para “tuitaços” que micaram, ameaçou com o
fogo do inferno os que votassem em Dilma, mentiu, ofendeu — e perdeu.
Malafaia deu voz à estupidez da extrema direita religiosa.
Marina Silva
Felipão
O ex-técnico da seleção jamais assumiu qualquer erro na condução da seleção brasileira. Jogadores choravam antes de bater o escanteio, mas o time não tinha problema de desequilíbrio emocional. Neymar se machuca, os atletas têm um chilique, mas e daí? Até acontecer o inolvidável 7 a 1 diante da Alemanha e, na partida seguinte da Copa, os 3 a 0 para a Holanda. Na coletiva, a casa já em escombros, Felipão deu declarações como “desde 2002 não chegávamos às semifinais”, “disputei três Copas do Mundo e fiquei entre os quatro em todas”, “não jogamos mal” e “tivemos momentos muito bons”. Felipão foi visto no Grêmio.
O juiz da Lei Seca
Uma agente da Lei Seca dirimiu uma dúvida ancestral: se juízes achavam, mesmo, que eram Deus. Ela cumpriu sua função ao tentar multar o juiz João Carlos de Souza Correa, que dirigia um Land Rover preto sem placa e estava sem a carteira de habilitação no momento da abordagem. (Depois se descobriu que Correa, titular da 1ª Vara de Búzios, é protagonista de uma coleção de imbróglios jurídicos). Mas o doutor Correa não precisa cumprir a lei porque, afinal, está acima de você. “Imagina eu, que faço Justiça, sendo injustiçado. Ela disse: ‘Ele é juiz, não é Deus’. Foi desacato”, afirmou.
Fernão Lara Mesquita e os editoriais do Estadão
Edir Macedo
Arnaldo Jabor
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