domingo, 31 de agosto de 2014

Contraponto 14.663 - "Dilma ainda pode ganhar?"

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31/08/2014

Dilma ainda pode ganhar?


Do Cafezinho - 31/08/2014 

Por Miguel do Rosário, postado em agosto 31st, 2014


Se conselho valesse grande coisa, muito vagabundo estaria rico. Mesmo assim, darei um aos amigos leitores e às queridas leitoras, que estão preocupados com a possibilidade de um novo Collor ganhar as eleições, interrompendo o processo de avanço sócio-econômico que estamos vivendo. É o mesmo conselho que Lula deu a Evo Morales, num dos momentos mais difíceis vividos pelo presidente da Bolívia, há alguns anos: “paciência, paciência, paciência”.

Eu acrescentaria outra palavra: serenidade.

Não acho que Marina Silva ganhe as eleições. O povo brasileiro, num segundo turno, não irá embarcar numa aventura que tem cheiro, cara e sabor de plano B da direita retrógrada para reassumir o poder. (Os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)

Mas quem pode prever o que virá?

Nesses tempos de redes sociais, tudo pode acontecer. O “zeitgeist”, o espírito do tempo, tem andado um tanto arisco e imprevisível.

Tocqueville já ensinava, na primeira metade do século XIX, que eleições são sempre um momento de crise nacional, porque todas as forças sociais, econômicas, políticas, entram em estado de tensão máxima.

Num país tão complexo como o Brasil, com tantos interesses contraditórios em jogo, com tantas disparidades regionais, econômicas e sociais, a tensão chega às vezes a nível insuportável.

Mas isso é democracia, uma conquista da nossa sociedade. E o que estamos assistindo é a eclosão do que existe de mais emocionante num regime democrático: o entrechoque de ideias e projetos.

Até mesmo a “despolitização” da maioria da população, em especial da juventude, tão denunciada por todos, inclusive por este blog, é um conceito relativo, porque, em verdade, somente a experiência ensina.

Na introdução de sua Crítica da Razão Pura, Kant ensina que “nenhum conhecimento precede a experiência, todos começam por ela.”

Isso vale para tudo, e logo também para nossa juventude e para o processo político. Se a história de nossa democracia quiser que ela – a juventude – experimente um governo de Marina Silva, para que possa entender melhor os erros e acertos do PT, então será isso que acontecerá.

A despolitização, portanto, seria apenas um outro nome para um processo massivo de politização dos jovens e da nova classe média.

O Brasil não vai acabar com a vitória de Marina.

Nem acho que haverá o “desmantelamento” de todas as nossas conquistas. Pode haver retrocessos, mas não brutais. Não exatamente por causa de Marina, em quem não confio, mas porque a população hoje tem mais voz, através das redes sociais, tem mais força de rua, após as “jornadas de junho”, e o Congresso Nacional saberia impor resistência importante a qualquer loucura da presidente.

O governo Marina deverá exercer um neoliberalismo moderado. A mídia tucana já começou a pressionar Marina Silva, para ela governar em aliança com o PSDB. De fato, como o embate no segundo turno será sangrento, haverá pressão insuportável para que o PSB assuma compromissos políticos com o PSDB, o partido mais estruturado e orgânico da oposição.

Mas não se pode esquecer que o esvaziamento de Aécio, o candidato do PSDB, reflete justamente a hostilidade da população contra o neoliberalismo não disfarçado e radical deste partido. Marina pagará um preço altíssimo se entregar fatias do governo em mãos tucanas. Ou seja, fortalecerá o PT, que por sua vez voltará a se aproximar da juventude.

A principal força de Marina, o que a torna realmente uma ameaça à eleição de Dilma, é a adesão a ela de uma significativa parcela da esquerda juvenil, não-partidária. Uma juventude que, a bem da verdade, ainda nem sabe que é de esquerda. Mas é.

O maior problema de Dilma se encontra em sua baixa aprovação numa juventude que nunca viveu sob outro governo que não o PT. Não tem como fazer a comparação, portanto, entre o atual estado de coisas e o inferno tucano.

A juventude pensa no futuro, e por isso a campanha de Dilma, se quiser conquistar ao menos um parcela deste eleitorado, terá que falar mais do que pretende fazer daqui para frente do que apenas relatar o que já fez.

As realizações do governo já deveriam ser de conhecimento público. É absurdo que o Brasil tenha tido que esperar o início do horário eleitoral para conhecê-las. O horário político deveria ser usado para focar nas propostas para a próxima gestão, e não para fazer um balanço do passado.
De qualquer forma, duvido que um eventual governo Marina tenha força para “deixar o pré-sal em segundo plano”, conforme prometeu a ex-petista, embora seja absolutamente aterrorizante que uma candidata com chances de ganhar as eleições fale uma coisa dessas.

O Brasil, para se desenvolver, precisa continuar construindo hidrelétricas. Dezenas ou mesmo centenas delas. Algumas usinas nucleares a mais também seriam bem-vindas. Dilma tem consciência disso e está fazendo várias hidrelétricas e tem um bom programa nuclear, sem esquecer de nenhuma alternativa: eólica, biomassa, solar, etc.

Com Marina, esses projetos correriam grave risco. Seriam, no mínimo, atrasados em quatro anos.

O maior perigo, num governo Marina, é a instabilidade decorrente de um governo fraco e ideologicamente confuso, feito dessa mistura esquisitíssima entre o ambientalismo radical e o neoliberalismo do banco Itaú, do Giannetti e do André Lara Resende, economistas ultratucanos.

Lara Resende, não devemos esquecer, foi o economista que convenceu Collor a confiscar a poupança dos brasileiros.

A blogosfera também não irá acabar, conforme acusam nossos adversários, e temem alguns de nossos amigos. Durante as eras Lula e Dilma, o Cafezinho viveu sem dinheiro de governo ou partido e poderá continuar assim num governo Marina. Nenhuma diferença. Continuaremos crescendo e nos fortalecendo. Na verdade, talvez seja até mais fácil obter anúncios privados e públicos num governo Marina, porque ninguém poderá mais nos acusar de “governistas” ou “chapa-branca”, esse estigma que a grande imprensa colou nos blogs como se fosse crime político defender um governo.

Quanto aos blogs que recebem anúncio estatal, eu quero ver cair a máscara democrática da oposição.
Os governos do PT introduziram uma mídia técnica que, ao cabo, beneficiou muito mais os veículos de direita. Eu sempre critiquei um parâmetro que se revelou totalmente desconectado do nosso contexto histórico, e na contramão da política do governo de promover a desconcentração de renda. Nesse sentido, não foi democrático. Ninguém pode negar, contudo, que tenha sido um critério absolutamente apartidário e técnico. Por isso será instrutivo assistir ao que fará a oposição no poder. Será republicana e generosa como foi o PT, ou cortará até mesmo as migalhinhas que iam para dois ou três blogs, apenas porque não gostam deles?

Bem, a vitória de Marina significará poder para Roberto Freire, supra-sumo da hidrofobia e do rancor partidário, então não tenho esperanças de nenhuma magnanimidade por parte do governo.

Não sou do PT, não tenho sequer nenhum amigo mais próximo trabalhando no governo federal, nem mesmo nenhum parente, que eu me lembre, então minha vida continuará rigorosamente a mesma. O blog tem quase 500 assinantes e continuarei trabalhando duro para prosseguir colhendo mais assinaturas e sobreviver. Aliás, se quiser assinar, clique aqui.

Mas também já entendi que o ambiente de criminalização da política nos força, sobretudo jornalistas e comunicadores, a uma postura reativa e pusilânime, como que tentando provar a todo momento que não somos partidários. Eu vivo numa democracia e defendo quem eu quiser, da maneira que eu quiser, e acho um absurdo que alguém seja discriminado ou ofendido por votar ou defender um governo ou partido, como acontece tantas vezes no Brasil, onde nossa mídia vive a lançar calúnias contra os blogs apenas porque eles não são hipócritas e demonstram, transparentemente, que tem lado.

Ter lado é bom, e talvez um dia os jornalistas da grande imprensa, num futuro distante, desfrutem da liberdade de expressão que eles tanto fingem defender para o país, mas que seus patrões lhes proíbem. Espero que eles conquistem, algum dia, a maravilhosa liberdade política de defender um candidato, um governo, um partido, sem que isso implique no desprestígio de seu trabalho e de sua seriedade profissional.

*
Ao longo da minha carreira, sofri apenas três processos: um do Ali Kamel, que perdi em primeira instância, mas com o valor reduzido de R$ 41 mil para R$ 15 mil, e que espero vencer na segunda instância ou no STF; outro de um marketeiro do finado Eduardo Campos (esqueci o nome do sujeito), uma besteira insossa repleto de asserções incrivelmente reacionárias, que tenho certeza que irei ganhar, em primeira instância ou no recurso; e outro de uns servidores de uma estatal paulista, que eu venci absolutamente (já transitou em julgado, eles não recorreram).

Neste sentido, as coisas estão sob controle. Estou em paz com a Justiça brasileira.

Também não acho que os blogs serão “massacrados” num governo Marina. Por que eles fariam isso? Qualquer ataque aos blogs só lhes dariam mais cartaz.

Ao contrário, os blogs ganhariam importância política, porque para eles convergiriam as forças de esquerda derrotadas: sindicais, partidárias e sociais.

Não é por interesse pessoal, portanto, que defendo um voto em Dilma Rousseff. Nem por algum tipo de visão desesperada de mundo, segundo a qual o Brasil iria pelos ares se o PT fosse alijado do poder.

Eu defendo o voto em Dilma e faço o bom combate político ao projeto de Marina Silva porque acho a presidenta, pese todos os seus defeitos, representa o projeto que tem mais condições de terminar as grandes obras de infra-estrutura e mobilidade urbana que estão sendo conduzidas no Brasil.

Tenho uma série de críticas políticas ao governo, aos partidos no poder, à presidenta. Elas são públicas porque eu já as repeti várias vezes aqui no blog, e podem ser resumidas numa só: faltou debate político, faltou comunicação. Um governo e uma presidenta nunca podem fugir do debate.

Tem corrupção no Brasil? Tem. Há problemas graves na saúde e na educação. Há. As cidades estão à beira de um colapso urbanístico? Estão. O governo deveria ser o primeiro a admitir isso, na TV, em entrevistas, e convocar a população a participar do debate de como superar esses problemas. Pintar um mundo cor de rosa foi o grande erro do governo. Isso faz as pessoas se sentirem enganadas. As pessoas são seduzidas pela sinceridade, pela informação, pelo debate onde elas mesmos participam, não pela propaganda. O mundo nunca será cor de rosa.

Além disso, no mundo contemporâneo, e nas circunstâncias específicas do nosso país, que tem a mídia mais concentrada, mais reacionária e mais golpista de todo o mundo democrático, era obrigação do governo ter promovido um grande debate nacional sobre o nosso sistema de informação.

E o que tivemos? Paulo Bernardo, de um lado. Helena Chagas, de outro.

Se não tinham segurança de que a correlação de forças permitiria propor uma regulamentação constitucional dos meios de comunicação, poderiam ao menos elaborar políticas de fomento à criação de centros independentes de produção de conteúdo. O tamanho do Brasil – e a gravidade do problema – pedia projetos de comunicação da envergadura de um Pronatec. Alguma coisa para criar dezenas de milhares de espaços digitais, que refletissem a incrível e maravilhosa diversidade do povo brasileiro, e que constituíssem uma força orgânica, autônoma, sustentável, que pudesse enfrentar os períodos em que a esquerda passasse para a oposição. Não fizeram nada, e agora, se a direita voltar ao poder, teremos que construir uma resistência praticamente do zero.

Só que esses erros, e outros, não são suficientes, nem de longe, para eu desistir do projeto. Os acertos foram imensos. Sigo apoiando a eleição da nossa Dilminha, guerreira de coração valente, uma das pessoas mais honradas que já ocuparam o seu cargo, com otimismo e esperança de vitória!

Até porque, como diziam os anarquistas do século XIX, que sacrificavam suas vidas por lutas às vezes completamente utópicas: a única luta que se perde é a que se abandona!

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Dilma ainda pode ganhar?

Se conselho valesse grande coisa, muito vagabundo estaria rico. Mesmo assim, darei um aos amigos leitores e às queridas leitoras, que estão preocupados com a possibilidade de um novo Collor ganhar as eleições, interrompendo o processo de avanço sócio-econômico que estamos vivendo. É o mesmo conselho que Lula deu a Evo Morales, num dos momentos mais difíceis vividos pelo presidente da Bolívia, há alguns anos: “paciência, paciência, paciência”.
Eu acrescentaria outra palavra: serenidade.
Não acho que Marina Silva ganhe as eleições. O povo brasileiro, num segundo turno, não irá embarcar numa aventura que tem cheiro, cara e sabor de plano B da direita retrógrada para reassumir o poder.
Mas quem pode prever o que virá?
Nesses tempos de redes sociais, tudo pode acontecer. O “zeitgeist”, o espírito do tempo, tem andado um tanto arisco e imprevisível.
Tocqueville já ensinava, na primeira metade do século XIX, que eleições são sempre um momento de crise nacional, porque todas as forças sociais, econômicas, políticas, entram em estado de tensão máxima.
Num país tão complexo como o Brasil, com tantos interesses contraditórios em jogo, com tantas disparidades regionais, econômicas e sociais, a tensão chega às vezes a nível insuportável.
Mas isso é democracia, uma conquista da nossa sociedade. E o que estamos assistindo é a eclosão do que existe de mais emocionante num regime democrático: o entrechoque de ideias e projetos.
Até mesmo a “despolitização” da maioria da população, em especial da juventude, tão denunciada por todos, inclusive por este blog, é um conceito relativo, porque, em verdade, somente a experiência ensina.
Na introdução de sua Crítica da Razão Pura, Kant ensina que “nenhum conhecimento precede a experiência, todos começam por ela.”
Isso vale para tudo, e logo também para nossa juventude e para o processo político. Se a história de nossa democracia quiser que ela – a juventude – experimente um governo de Marina Silva, para que possa entender melhor os erros e acertos do PT, então será isso que acontecerá.
A despolitização, portanto, seria apenas um outro nome para um processo massivo de politização dos jovens e da nova classe média.
O Brasil não vai acabar com a vitória de Marina.
Nem acho que haverá o “desmantelamento” de todas as nossas conquistas. Pode haver retrocessos, mas não brutais. Não exatamente por causa de Marina, em quem não confio, mas porque a população hoje tem mais voz, através das redes sociais, tem mais força de rua, após as “jornadas de junho”, e o Congresso Nacional saberia impor resistência importante a qualquer loucura da presidente.
O governo Marina deverá exercer um neoliberalismo moderado. A mídia tucana já começou a pressionar Marina Silva, para ela governar em aliança com o PSDB. De fato, como o embate no segundo turno será sangrento, haverá pressão insuportável para que o PSB assuma compromissos políticos com o PSDB, o partido mais estruturado e orgânico da oposição.
Mas não se pode esquecer que o esvaziamento de Aécio, o candidato do PSDB, reflete justamente a hostilidade da população contra o neoliberalismo não disfarçado e radical deste partido. Marina pagará um preço altíssimo se entregar fatias do governo em mãos tucanas. Ou seja, fortalecerá o PT, que por sua vez voltará a se aproximar da juventude.
A principal força de Marina, o que a torna realmente uma ameaça à eleição de Dilma, é a adesão a ela de uma significativa parcela da esquerda juvenil, não-partidária. Uma juventude que, a bem da verdade, ainda nem sabe que é de esquerda. Mas é.
O maior problema de Dilma se encontra em sua baixa aprovação numa juventude que nunca viveu sob outro governo que não o PT. Não tem como fazer a comparação, portanto, entre o atual estado de coisas e o inferno tucano.
A juventude pensa no futuro, e por isso a campanha de Dilma, se quiser conquistar ao menos um parcela deste eleitorado, terá que falar mais do que pretende fazer daqui para frente do que apenas relatar o que já fez.
As realizações do governo já deveriam ser de conhecimento público. É absurdo que o Brasil tenha tido que esperar o início do horário eleitoral para conhecê-las. O horário político deveria ser usado para focar nas propostas para a próxima gestão, e não para fazer um balanço do passado.
De qualquer forma, duvido que um eventual governo Marina tenha força para “deixar o pré-sal em segundo plano”, conforme prometeu a ex-petista, embora seja absolutamente aterrorizante que uma candidata com chances de ganhar as eleições fale uma coisa dessas.
O Brasil, para se desenvolver, precisa continuar construindo hidrelétricas. Dezenas ou mesmo centenas delas. Algumas usinas nucleares a mais também seriam bem-vindas. Dilma tem consciência disso e está fazendo várias hidrelétricas e tem um bom programa nuclear, sem esquecer de nenhuma alternativa: eólica, biomassa, solar, etc.
Com Marina, esses projetos correriam grave risco. Seriam, no mínimo, atrasados em quatro anos.
O maior perigo, num governo Marina, é a instabilidade decorrente de um governo fraco e ideologicamente confuso, feito dessa mistura esquisitíssima entre o ambientalismo radical e o neoliberalismo do banco Itaú, do Giannetti e do André Lara Resende, economistas ultratucanos.
Lara Resende, não devemos esquecer, foi o economista que convenceu Collor a confiscar a poupança dos brasileiros.
A blogosfera também não irá acabar, conforme acusam nossos adversários, e temem alguns de nossos amigos. Durante as eras Lula e Dilma, o Cafezinho viveu sem dinheiro de governo ou partido e poderá continuar assim num governo Marina. Nenhuma diferença. Continuaremos crescendo e nos fortalecendo. Na verdade, talvez seja até mais fácil obter anúncios privados e públicos num governo Marina, porque ninguém poderá mais nos acusar de “governistas” ou “chapa-branca”, esse estigma que a grande imprensa colou nos blogs como se fosse crime político defender um governo.
Quanto aos blogs que recebem anúncio estatal, eu quero ver cair a máscara democrática da oposição. Os governos do PT introduziram uma mídia técnica que, ao cabo, beneficiou muito mais os veículos de direita. Eu sempre critiquei um parâmetro que se revelou totalmente desconectado do nosso contexto histórico, e na contramão da política do governo de promover a desconcentração de renda. Nesse sentido, não foi democrático. Ninguém pode negar, contudo, que tenha sido um critério absolutamente apartidário e técnico. Por isso será instrutivo assistir ao que fará a oposição no poder. Será republicana e generosa como foi o PT, ou cortará até mesmo as migalhinhas que iam para dois ou três blogs, apenas porque não gostam deles?
Bem, a vitória de Marina significará poder para Roberto Freire, supra-sumo da hidrofobia e do rancor partidário, então não tenho esperanças de nenhuma magnanimidade por parte do governo.
Não sou do PT, não tenho sequer nenhum amigo mais próximo trabalhando no governo federal, nem mesmo nenhum parente, que eu me lembre, então minha vida continuará rigorosamente a mesma. O blog tem quase 500 assinantes e continuarei trabalhando duro para prosseguir colhendo mais assinaturas e sobreviver. Aliás, se quiser assinar, clique aqui.
Mas também já entendi que o ambiente de criminalização da política nos força, sobretudo jornalistas e comunicadores, a uma postura reativa e pusilânime, como que tentando provar a todo momento que não somos partidários. Eu vivo numa democracia e defendo quem eu quiser, da maneira que eu quiser, e acho um absurdo que alguém seja discriminado ou ofendido por votar ou defender um governo ou partido, como acontece tantas vezes no Brasil, onde nossa mídia vive a lançar calúnias contra os blogs apenas porque eles não são hipócritas e demonstram, transparentemente, que tem lado.
Ter lado é bom, e talvez um dia os jornalistas da grande imprensa, num futuro distante, desfrutem da liberdade de expressão que eles tanto fingem defender para o país, mas que seus patrões lhes proíbem. Espero que eles conquistem, algum dia, a maravilhosa liberdade política de defender um candidato, um governo, um partido, sem que isso implique no desprestígio de seu trabalho e de sua seriedade profissional.
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Ao longo da minha carreira, sofri apenas três processos: um do Ali Kamel, que perdi em primeira instância, mas com o valor reduzido de R$ 41 mil para R$ 15 mil, e que espero vencer na segunda instância ou no STF; outro de um marketeiro do finado Eduardo Campos (esqueci o nome do sujeito), uma besteira insossa repleto de asserções incrivelmente reacionárias, que tenho certeza que irei ganhar, em primeira instância ou no recurso; e outro de uns servidores de uma estatal paulista, que eu venci absolutamente (já transitou em julgado, eles não recorreram).
Neste sentido, as coisas estão sob controle. Estou em paz com a Justiça brasileira.
Também não acho que os blogs serão “massacrados” num governo Marina. Por que eles fariam isso? Qualquer ataque aos blogs só lhes dariam mais cartaz.
Ao contrário, os blogs ganhariam importância política, porque para eles convergiriam as forças de esquerda derrotadas: sindicais, partidárias e sociais.
Não é por interesse pessoal, portanto, que defendo um voto em Dilma Rousseff. Nem por algum tipo de visão desesperada de mundo, segundo a qual o Brasil iria pelos ares se o PT fosse alijado do poder.
Eu defendo o voto em Dilma e faço o bom combate político ao projeto de Marina Silva porque acho a presidenta, pese todos os seus defeitos, representa o projeto que tem mais condições de terminar as grandes obras de infra-estrutura e mobilidade urbana que estão sendo conduzidas no Brasil.
Tenho uma série de críticas políticas ao governo, aos partidos no poder, à presidenta. Elas são públicas porque eu já as repeti várias vezes aqui no blog, e podem ser resumidas numa só: faltou debate político, faltou comunicação. Um governo e uma presidenta nunca podem fugir do debate. Tem corrupção no Brasil? Tem. Há problemas graves na saúde e na educação. Há. As cidades estão à beira de um colapso urbanístico? Estão. O governo deveria ser o primeiro a admitir isso, na TV, em entrevistas, e convocar a população a participar do debate de como superar esses problemas. Pintar um mundo cor de rosa foi o grande erro do governo. Isso faz as pessoas se sentirem enganadas. As pessoas são seduzidas pela sinceridade, pela informação, pelo debate onde elas mesmos participam, não pela propaganda. O mundo nunca será cor de rosa.
Além disso, no mundo contemporâneo, e nas circunstâncias específicas do nosso país, que tem a mídia mais concentrada, mais reacionária e mais golpista de todo o mundo democrático, era obrigação do governo ter promovido um grande debate nacional sobre o nosso sistema de informação.
E o que tivemos? Paulo Bernardo, de um lado. Helena Chagas, de outro.
Se não tinham segurança de que a correlação de forças permitiria propor uma regulamentação constitucional dos meios de comunicação, poderiam ao menos elaborar políticas de fomento à criação de centros independentes de produção de conteúdo. O tamanho do Brasil – e a gravidade do problema – pedia projetos de comunicação da envergadura de um Pronatec. Alguma coisa para criar dezenas de milhares de espaços digitais, que refletissem a incrível e maravilhosa diversidade do povo brasileiro, e que constituíssem uma força orgânica, autônoma, sustentável, que pudesse enfrentar os períodos em que a esquerda passasse para a oposição. Não fizeram nada, e agora, se a direita voltar ao poder, teremos que construir uma resistência praticamente do zero.
Só que esses erros, e outros, não são suficientes, nem de longe, para eu desistir do projeto. Os acertos foram imensos. Sigo apoiando a eleição da nossa Dilminha, guerreira de coração valente, uma das pessoas mais honradas que já ocuparam o seu cargo, com otimismo e esperança de vitória!
Até porque, como diziam os anarquistas do século XIX, que sacrificavam suas vidas por lutas às vezes completamente utópicas: a única luta que se perde é a que se abandona!
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Contraponto 14.663 - "Gadelha: Marina vai decolar ou pousar?"

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 31/08/2014

 

Gadelha: Marina vai decolar ou pousar?

 

Tijolaço - 31 de agosto de 2014 | 13:30 Autor: Fernando Brito

marinainflada
Fernando Brito 

Já disse diversas vezes aqui que gosto e, em geral, concordo com as análises de pesquisa feitas pelo publicitário – e marqueteiro eleitoral – Hayle  Gadelha.

Gosto porque, apesar de sempre ter tido lado político, Gadelha é sempre muito frio e objetivo ao fazer este trabalho, o que só em parte consigo.

Trouxe, por isso, a avaliação que ele faz, em seu blog, da ascensão de  Marina Silva- de novo: creio que não é tanta como lhe dão algumas pesquisas, mas certamente foi muito grande.

Ao que diz Gadelha, acrescento um dado que só hoje saiu – e ainda sem detalhamento – sobre o interesse despertado pelos programas de televisão, segundo o Datafolha

Embora já tenha sido maior, está longe de ser nenhum: 53% têm muito ou algum interesse em assisti-los. E um terço acha que são muito importantes para definir o voto.

Ao contrário do que acha muita gente da classe média, com acesso a TV paga e distante dos programas de TV, eles são um terreno precioso para a definição do voto.

Terreno onde Dilma tem, pelo tempo e pela qualidade dos programas, tudo para avançar.

Atenção, senhores eleitores: apertem os cintos!

 Hayle Gadelha 

Será que a candidatura Marina alçou voo de tal forma que ninguém mais pode acompanhar? Nem tanto.

Claro que houve o “voto-comoção” (que ajudou muito na apresentação de Marina como sucessora de Eduardo Campos) e também o voto-hay-gobierno?-soy-contra, incrustrado no rótulo de Não-Voto, responsável pelo grande impulso que Marina teve nessas últimas pesquisas Ibope e Datafolha. Mas será que a eleição presidencial já vive um voo sem volta?

É claro que os números das pesquisas são desesperadores para Aécio e preocupantes para a candidatura Dilma. Mais preocupantes ainda para quem, independente do partido, não quer ver o Brasil mergulhado outra vez no vácuo do Consenso de Washington. Mas, calma, dá para recuperar o controle. Neste sábado, por exemplo, tanto André Singer quanto o próprio Mauro Paulino, do Datafolha, escrevem artigos com bons corretivos para esse frenesi da esquadrilha midiática.

André Singer (Rumo ao desconhecido) alerta que “há muito em aberto na candidatura pessebista”. Quais são os rumos que se pretende para uma suposta relação com o agronegócio? O programa social vai ficar solto no ar? E a base de apoio para governar, no caso de Marina eleger-se, será firme? André Singer lembra que, ao se comprometer com a independência do Banco Central, Marina aponta para um governo de “juros altos, recessão bem mais que técnica, corte de gastos públicos e desemprego”. Mais ou menos um “apertem os cintos, o piloto sumiu”.

Já Mauro Paulino (Sucesso de ex-senadora depende da cristalização do eleitorado) destaca que Marina superou o clima de “comoção”, superou o recall de 2010, abriu vantagem sobre Aécio em território exclusivo do tucano e cresceu significativamente entre os eleitores de “menor renda e baixa escolaridade, grupos onde Dilma e o governo sempre demonstraram grande força”. Mas alerta que “propostas concretas e claro programa de governo” serão decisivos. E conclui que a “ênfase exclusiva no discurso da ‘nova política’ pode, com o tempo, afastar parte dos recém-conquistados eleitores”.

Os índices estratosféricos de Marina dispararam em velocidade supersônica. Ela soube muito bem representar os que estavam insatisfeitos tanto com os vácuos do governo petista quanto com a insipidez da tentativa de voo tucano (que rapidamente virou pó). Mas até agora não conseguimos perceber um quod erat demonstrandun em suas propostas. É tudo muito frágil, contraditório, oportunista, rancoroso, tudo muito eólico e ao mesmo tempo uma guinada brutal rumo ao pior do nosso passado.

O Brasil não pode voltar a apertar o cinto e ficar eternamente preso a um mundo sem futuro. O que o Brasil precisa é de um voo tranquilo para dar asas à imaginação.
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Contraponto 14.662 - "Janio e a Petrobrax. Bláblá = Arrocho"

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31/08/2014

Janio e a Petrobrax.
Bláblá = Arrocho


Ir para a porta da Petrobras denunciar os entreguistas e mostrar no horário eleitoral !


Conversa Afiada - 01/09/2014





Na Fel-lha (*) deste domingo (31), Janio de Freitas presta relevante serviço ao debate eleitoral.


Demonstra de forma inequívoca que as propostas de Arrocho Neves e da Bláblárina para a Petrobras e o pré-sal são a mesma: destruir a Petrobras e entrega-la e o pré-sal aos estrangeiros.

No fundo, Arrocho quer mudar o regime de partilha para o de concessão, o que equivale a fazer o que o Padim Pade Cerra prometeu na eleição de 2010: dar o pré-sal à Chevron.

E quando a Bláblárina diz que vai “tirar a prioridade do pré-sal”, porque tem pavor de petróleo, é bazófia.

O que ela quer mesmo é sufocar a Petrobras e soltar as amarras dos estrangeiros – da Chevron – no pré-sal.

“Sufocar” a Petrobras, aliás, foi o que FHC fez em oito anos de Governo (sic).

Só não conseguiu fatiá-la completamente para vender mais barato.

Como disse o ansioso blogueiro, essa eleição é sobre a Petrobras.

A tarefa dos tucanos e marineiros socialistas – Malafaia e Caetano, que entraram recentemente na Big House pela porta dos fundos – é voltar a desconstruir a Petrobras.

Fernando Henrique começou o trabalho, quando ainda candidato, e prometeu a Michel Camdessus, diretor-gerente do FMI, uma “privatização forte”, a começar pela Petrobras.

O ansioso blogueiro é testemunha disso.

Presidente, com as bençãos do FMI, foi o que FHC fez.

Vendeu pedaço da Petrobras a preço de Vale na Bolsa de Nova York.

E de pires na mão foi ao FMI três vezes. (Clique aqui para ler sobre “os idiotas do tripé”.)

Lula, Gabrielli, Haroldo Lima, Dilma e Graça retomaram a Petrobras para seu legítimo dono, o povo brasileiro, quando se descobriu o pré-sal e instituiu o regime de partilha.

A tarefa da oposição, agora, é desconstruir essa obra magistral.

Essa a sua principal tarefa, como foi a de Assis Chateaubriand.

Fazer o que o Peña Nieto acaba de fazer no México.

Desconstruiu a obra revolucionária da Pemex para entregar o Golfo do México às Chevron da vida.

O PRI lá voltou ao poder.

Aqui, voltará, com a Bláblá ou com o Arrocho.

Janio conta episódio marcante, extraído do excelente “Agosto-1954”, da trilogia “A Era Vargas”, em edição agora enriquecida pelo (excelente) jornalista – não-udenista -, José Augusto Ribeiro.

Chateaubriand entregou a TV Tupi a Carlos Lacerda, assim como, hoje, a Globo serve aos mais despudorados interesses da Big House – e dos americanos -, através de seus múltiplos “colonistas”(**).

(Janio, óbvio, não usa essa linguagem despudorada.)

O general Mozart Dornelles, da Casa Civil da Presidência (pai do senador Dornelles, pelo Rio), foi a Chateaubriand.

Chateaubriand disse que, se Vargas desistisse da Petrobras, Vargas indicaria quem iria para o lugar de Lacerda no programa …

Dá pra entender, ou é preciso desenhar ?

Clique aqui para ler “Fazer política + Lula. Números não bastam !”.

Em tempo: se a Dilma se concentrar no tema do “entreguismo” e na defesa da Petrobras, convocar o Lula e os petroleiros para um comício na porta da Petrobras para defendê-la dos agentes do Imperialismo Yankee e meter o no horário eleitoral, vai ser interessante assistir à desconstrução da bolha criada pelo casamento do PiG (***) com SEUS (de sua propriedade) instrumentos de “pesquisa” eleitoral.

Em tempo: em quem votam os “donos” da Datafalha e do Globope ? E os funcionários que saem a campo para fazer as “pesquisas” conhecem suas preferências … eleitorais ?


Paulo Henrique Amorim
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Contraponto 14.661 - "O FRACASSO DE MARINA NO DESMATAMENTO"

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  31/08/2014

O FRACASSO DE MARINA NO DESMATAMENTO 

Paulo Moreira Leite - 31/08/2014
 
 Paulo Moreira Leite 

Paulo Moreira LeiteConfesso que não gostei quando Marina Silva insinuou que o Brasil não precisa de “gerentes” mas “estrategistas.” É óbvio que ela queria se colocar na posição de “estrategista”, supostamente mais elevada e relevante, colocando Dilma Rousseff na condição de “gerente.” 

Achei esnobismo. Falta de humildade. O motivo você pode ver na comparação que mostra os números consolidados do desmatamento no Brasil. Olha o desempenho da “estrategista.”

Olhando ano a ano, você vai perceber o tempo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o tempo que Marina passou no Ministério do Meio Ambiente (2003-2007), o período de seu substituto Carlos Minc (2009-2010) e os anos de Izabela Teixeira, já no governo Dilma (1011-2013).

Os dados consolidados são estes.

A estrategista do meio ambiente Marina administrou, em média, 18 000 quilômetros quadrados de desmatamento. Com Carlos Minc, a média caiu para menos da metade: 7000. Com Izabela, encontra-se em 5560, menos de um terço do desempenho de Marina.

Sabe aquela conversa de que o adversário não “está preparado” para governar o país? Pensa “pequeno?” Olha “baixo”? Pois é.

Marina tenta alvejar Dilma com o mesmo preconceito que já foi jogado contra Lula — e também era usado contra ela, no tempo em que não recebia R$ 50 000 mensais por palestras, não era amiga de Neca Setúbal nem fazia “nova política” a bordo de jatinho sem dono conhecido nem prestação de contas.

Vamos combinar: você pode lembrar que Marina Silva criou inúmeros obstáculos à construção das usinas de Santo Antonio, Jirau e Belo Monte — e hoje adora dizer que precisamos de mais energia. Chegou a alegar — erradamente — que as obras poderiam ameaçar uma espécie de bagre do rio Madeira. Também pode lembrar que ela combateu a soja transgênica.

É claro que, para criar a fantasia da “nova política”, Marina precisa passar uma borracha no passado e tenta inventar uma novíssima candidata — que é a favor de energia elétrica e disse no Jornal Nacional que “nunca” foi contra transgênicos.

A menos que em sua fase “novíssima” ela decida revelar que “nunca” foi contra desmatamentos, este é um bom termômetro de avaliação, vamos combinar. Mesmo em seu terreno ela demonstrou mais blá-blá-blá do que competência.

Que falta faz um gerente, não?



Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa". 
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Contraponto 14.660 - "O programa de governo da candidata da "nova política" propõe a 'autonomia do Banco Central'. Isso significa colocar as raposas para tomar conta do galinheiro. "

 

31/08/2014 

 

 O programa de governo da candidata da "nova política" propõe a 'autonomia do Banco Central'. Isso significa colocar as raposas para tomar conta do galinheiro

O programa de governo da candidata da "nova política" propõe a "autonomia do Banco Central". Isso significa colocar as raposas para tomar conta do galinheiro. A "nova política" da Blablarina promete nos levar de novo ao tempo dos juros na casa dos quarenta e tantos por cento. Elevação dos juros significa aumento da dívida pública do país. Elevação dos juros significa fuga de capital do setor produtivo para o setor financeiro. Elevação dos juros significa encarecimento do crédito ao consumidor. Com menor oferta de capital para o setor produtivo e menos crédito para o consumidor, há retração da produção industrial e diminuição do consumo. Isso significa DESEMPREGO!!! A "nova política" da Blablarina Silva é a ameaça de retorno da recessão econômica que nos massacrava há uma década e meia atrás.

Também no programa de governo da candidata da "nova política" está expressa a intenção de priorizar as relações comerciais com Estados Unidos e União Europeia, em detrimento do Mercosul e do BRICS. Justamente no momento em que as parcerias alternativas que o Brasil vem estabelecendo nos últimos anos começam a dar seus melhores frutos (vide o Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS), a "nova política" da Blablarina ameaça nos transportar de volta aos tempos da subserviência ao FMI e ao Banco Mundial... Ao invés de afirmarmos nosso protagonismo num mundo multipolar, a "nova política" da Blablarina Silva colocaria o Brasil novamente na condição de capacho do imperialismo estadunidense. Ao invés de contribuirmos para a consolidação das bases de uma nova ordem mundial, a "nova política" da Blablarina Silva culminaria no restabelecimento da velha ingerência dos Estados Unidos nas decisões sobre os rumos das nossas vidas.

Eu não quero ver meu país rifar as conquistas da última década. Voto Dilma porque quero MAIS MUDANÇA E MAIS FUTURO.

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Brasil, México, Cuba e Blablarina Silva.

Rafael Patto do Facebook -01/09/2014

Esses dias em Cuba, eu estive pensando no Brasil e no México.

Explico: toda vez que alguém me perguntava de onde eu sou e eu dizia "do Brasil", todos reagiam com admiração: "Brasil!!!".

Perdi a conta do número de cubanos que vi com a camisa do Brasil. O interesse deles pelo nosso país é impressionante. Era só me referir ao Brasil e imediatamente eles já começavam puxar conversa. Eles sabem muito sobre nós. O Brasil é visto como uma potência próspera, uma liderança continental respeitável e cativante justamente porque não fala fino com Washington e grosso com os demais países.

E onde o México entra nessa história? Diferentemente do Brasil, eu não vi nenhum cubano usando camisa do México. Então eu pensei no quanto, apesar da distância, o Brasil está tão presente na Ilha (e não só lá, mas em todo o continente).

Esse lugar poderia ser ocupado pelo México. Mas, para isso, teria sido preciso que o México tivesse feito a opção por um desenvolvimento mais autônomo em relação aos Estados Unidos. Seria ótimo se a América Latina contasse com duas potências regionais robustas como Brasil e México. Mas o México preferiu ser uma cucaracha latino-americana.

Se, ao invés de rezar a cartilha de Washington, o México tivesse optado por uma política de integração regional com a América Latina, se ao invés de uma política fiscal neoliberal, o México tivesse posto em prática uma política de distribuição de renda, hoje sua população, ao invés do processo de pauperização progressiva que vem sofrendo, poderia estar muito mais fortalecida como mercado de consumo interno.

Pela distância em relação a Cuba, seria natural que fosse o México - e não o Brasil - o país a exercer fascínio e admiração sobre a população local. Mas não. O México hoje é um país de moletas. Aliás, repito, seria ótimo para a América Latina se tivéssemos duas potências (uma ao Norte e outra ao Sul) irradiando liderança sobre os países mais próximos. Mas a escolha do México não foi esta.

E onde a Blablarina Silva entra nessa história? Ao dizer que interromperá a exploração do pré-sal, Blablarina Silva simplesmente ameaça acabar com a maior plataforma de desenvolvimento nacional. Trilhões de dólares que serão extraídos do fundo das nossas águas oceânicas e destinados à saúde (25%) e educação (75%) simplesmente ficariam ali, sob as patas da cobiça das petroleiras estrangeiras. O pré-sal é uma realidade. Ele foi descoberto porque a sociedade brasileira investiu em pesquisas e vem investindo em logística para a sua captação. Não existe a possibilidade de alguém fingir que nada disso existe. Jogar o pré-sal para escanteio servirá apenas para que as petroleiras internacionais cresçam pra cima do governo e exerçam sua influência para que essa vastidão de recursos energéticos seja "terceirizada"... Blablarina Silva suportaria essa pressão? O petróleo do pré-sal será extraído, quer Blablarina queira quer não queira. Ou será pelo regime de partilha do Lula e da Dilma, com a Petrobras no controle, ou será por uma petroleira qualquer. Ou o dinheiro irá para a saúde e educação públicas do nosso país, ou irá direto para Wall Street. Ou continuaremos sendo o Brasil que cada vez mais encanta o mundo, ou nos tornaremos um México, sem vida própria.
Esse é o risco que a candidatura da Blablarina Silva representa: interromper o salto de desenvolvimento que está em pleno curso no nosso país. Não cometamos esse suicídio coletivo!
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Contraponto 14.659 - " Alguns pontos devem ser esclarecidos para os eleitores mais jovens."


31/09/2014

 Alguns pontos devem ser esclarecidos para os eleitores mais jovens.

Gilson Caroni

Acabo de ler o programa econômico de Marina da Silva que, como todos sabem, foi escolhida pela " providência divina". Alguns pontos devem ser esclarecidos para os eleitores mais jovens.
 


1) Marina pretende dar autonomia para o BC. O que significa isso? Entregar o banco para o mercado financeiro. Não por acaso conta com o apoio de banqueiros em sua campanha.
 

2) No documento consta que políticas fiscais e monetárias serão instrumentos de controle de inflação de curto prazo. Como podemos ler este ponto? Arrocho salarial e aumento nas taxas de desemprego.
 

3) O programa ainda menciona a diminuição de normas para o setor produtivo. Os mais açodados podem pensar em menos carga tributária e burocracia para as empresas. Não, trata-se de reduzir encargos trabalhistas com a supressão de direitos que facilitem as demissões. Há muito que a burguesia patrimonialista pede o fim da multa rescisória de 40% a ser paga a todo trabalhador demitido sem justa causa. O capital agradece.
 

4) Redução das prioridades de investimento da Petrobrás no pré-sal. O que significa? Abrir mão de uma decisão estratégica de obter investimentos para aplicar na Saúde e na Educação. Isso, meus amigos mais jovens, é música para hospitais privados, planos de saúde e conglomerados estrangeiros que atuam na educação. O que o grupo Galileo fez com a Gama Filho e Universidade , aqui no Rio, é fichinha perto do que está por vir. Era com uma coisa desse tipo que vocês sonhavam quando foram às ruas em junho do ano passado?
 

5) Em vez do fortalecimento do Mercosul, o programa da candidata, que " quer fazer a nova política," prega o fortalecimento das relações bilaterais com os Estados Unidos e União Européia. Vamos retroceder vinte anos e assistir a um aumento da desnacionalização da economia latino-americana. É isso que vocês querem?
 

6) Meus amiguinhos, não sei se foi a providência divina quem derrubou o avião em que viajava Eduardo Campos. Mas o que a vice dele, uma candidata que está à direita de Aécio Neves, lhes oferece é o pão que o diabo amassou. Gosto da vida, gosto da juventude,mas, agora, cabe a vocês escolher o que desejam enfiar goela adentro. Não há mais ninguém inocente. Um bom fim de semana a todos.( Gilson Caroni)
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Contraponto 14.658 - "Kotscho: Marina não é Lula, mas Jânio e Collor"

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Kotscho: Marina não é Lula, mas Jânio e Collor 

 

Brasil 247 - 30 de Agosto de 2014 às 14:01

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Com a advertência de que não se trata de uma comparação entre pessoas e suas trajetórias de vida, mas entre fenômenos políticos, o jornalista Ricardo Kotscho escreve que Jânio, Collor e Marina têm um ponto em comum: lançaram-se candidatos com discursos contra a "velha política", à margem dos grandes partidos, prometendo nas campanhas criar um "novo Brasil" e uma "nova política", baseados unicamente em suas vontades e carismas, como se isso fosse possível

247 – Dilmista assumido, o jornalista Ricardo Kotsho diz em artigo no seu Balaio que Marina, embora tenha vencido sobre as dificuldades próprias daqueles de origem humilde, definitivamente não se assemelha a Lula. Para ele, sua trajetória política (não a história de vida, ressalva) lembra aos caminhos trilhados por Jânio Quadros e Fernando Collor, pregadores de um novo Brasil e de uma nova política. “Os três lançaram candidaturas mais simbólicas do que reais: Jânio era o ‘homem da vassoura’ e Collor o ‘caçador de marajás’, ambos tendo como bandeira o combate à corrupção, a bordo do velho mantra udenista, moralista e hipócrita. Na mesma linha, Marina também aparece como a candidata ‘contra tudo isto que está aí’".

Leia, abaixo, a íntegra:

Advertência necessária: quero deixar bem claro, antes de começar a escrever este texto, no qual venho pensando desde que Marina Silva explodiu como candidata favorita a presidente da República, após a tragédia aérea que matou Eduardo Campos, para que ninguém entenda errado o título: não se trata de uma comparação entre pessoas e suas trajetórias de vida, mas entre fenômenos políticos.

Nos últimos dias, apareceram muitos comentários na mídia comparando Marina a Lula, ambos com origens bem humildes e histórias de vida comoventes, que acabaram construindo seus próprios caminhos, os dois fundadores do PT e vitoriosos em suas caminhadas. Por diferentes caminhos, eles agora se encontram frente a frente em mais uma disputa pela Presidência da República do Brasil, e há quem chame Marina de "Lula de saias", a mulher que desafia Dilma Rousseff, candidata de Lula.

A única vantagem de ficar velho, trabalhando no mesmo ofício, é ser testemunha de tantas histórias acontecidas ao longo deste enredo político dos últimos 50 anos. Conheci e convivi com os quatro personagens citados no título deste artigo e tenho condições de escrever sobre as coincidências e as diferenças entre eles.

Chamar Marina de "Lula de saias" é um grande equívoco. O professor mato-grossense Jânio Quadros, o playboy alagoano Fernando Collor, o metalúrgico pernambucano Lula, criado no ABC paulista, e a ambientalista acreana Marina da Silva chegaram onde chegaram por caminhos muito diferentes.

Embora os quatro sejam um retrato da diversidade social brasileira, com algumas semelhanças no surgimento do fenômeno político, há enormes abismos entre as motivações e os apoiadores das suas candidaturas. Jânio, Collor e Marina têm um ponto em comum: lançaram-se candidatos com discursos contra a "velha política", à margem dos grandes partidos, prometendo nas campanhas criar um "novo Brasil" e uma "nova política", baseados unicamente em suas vontades e carismas, como se isso fosse possível. Pelos exemplos do passado, sabemos que isso não dá muito certo.

Os três lançaram candidaturas mais simbólicas do que reais: Jânio era o "homem da vassoura" e Collor o "caçador de marajás", ambos tendo como bandeira o combate à corrupção, a bordo do velho mantra udenista, moralista e hipócrita.  Na mesma linha, Marina também aparece como a candidata "contra tudo isto que está aí", a bordo das manifestações de protesto de junho de 2013, candidata provisoriamente abrigada no PSB, partido do falecido Eduardo Campos que, até meados do ano passado, estava na base aliada do governo petista.

Ao contrário destes três fenômenos eleitorais anteriores, bancados todos pela grana gorda do empresariado paulista, sempre  em busca de um candidato viável que atenda aos seus interesses,  Lula só foi eleito presidente da República em 2002, depois de três campanhas presidenciais fracassadas, e da longa construção de um amplo apoio na sociedade civil, que começou pelos sindicatos, passou pelos meios acadêmicos e culturais, e conquistou a juventude, combatendo justamente estes grandes barões paulistas aboletados na Fiesp e na Febraban, que financiaram Jânio, Collor e, agora, Marina, para evitar que seus inimigos de classe chegassem ao poder central.

Não tenhamos ilusões neste momento: é exatamente isto que está em jogo, não as personalidades de Marina e Dilma, os seus defeitos e virtudes pessoais, que são subjetivos. O mais importante é saber quem está de que lado, quais os interesses de classe que estão em disputa, quem apoia quem e por qual motivo.

Eu nunca escondi de que lado estou: diante deste quadro, apoio Dilma Rousseff, com certeza.
 
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Contraponto 14.657 - "O pacote reacionário de Marina, por Ricardo Amaral"

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01/09/2014

O pacote reacionário de Marina, por Ricardo Amaral

 


Nada é mais antigo e reacionário nessa campanha eleitoral do que as propostas de Marina Silva, do PSB, para “uma nova política”. São seis pontos apresentados no primeiro capítulo do programa de governo divulgado sexta-feira. Cinco deles formam um conjunto de retrocessos democráticos e casuísmos. A agenda da direita está toda lá, do voto distrital ao financiamento privado de campanhas. O sexto ponto, em contradição, copia propostas do PT.

Marina “inova” a agenda da direita com a proposta de só realizar eleições a cada cinco anos, para todos os cargos de uma vez. Nem a ditadura militar calou a voz das urnas por períodos tão longos.  É uma ideia típica de quem tem um conceito “gerencial” do Estado e do processo democrático. É como dizer: “Não perturbem o país com eleições de dois em dois anos; isso atrapalha o governo dos bons e dos eficientes”.

As propostas reacionárias da “nova politica” vêm embrulhadas num texto de chavões “modernos”: “Estado e Democracia de Alta Intensidade”. Democracia não combina com adjetivos. Houve um tempo em que o Brasil era uma “democracia relativa”, e não passava de uma ditadura. Democracia é algo substantivo; ou se pratica ou não se pratica. No Brasil, custou vidas, lágrimas e luta. Não é pra brincar.

Assim como o título, o texto é vazado em embromation castiço. Aqui vão as seis propostas da candidata, traduzidas para o mundo real:

Proposta 1: “Unificação do calendário geral das eleições, o fim da reeleição e a adoção dos mandatos de 5 anos”.
Tradução: Fazer menos eleições (e não perturbar o governo dos bons)
Durante 5 anos o eleitorado simplesmente não se pronuncia sobre nada. E de uma só vez troca o executivo em todos os níveis (pois não há reeleição), ao mesmo tempo em que elege vereador, deputado estadual, deputado federal e senador.  Nem na ditadura o Brasil passou cinco anos seguidos sem ter eleições em algum nível; sem ouvir a voz das urnas.

A fórmula Marina implica necessariamente em alguma prorrogação de mandatos (dos atuais prefeitos e vereadores, ou dos parlamentares governadores e presidente eleitos este ano). Só a ditadura fez isso, ao prorrogar por dois anos os mandatos de prefeitos e vereadores, quando adiou as eleições municipais de 1980.

O fim da reeleição é hoje uma bandeira do PSDB, que a implantou corrompendo o Congresso em 1997. O argumento para extingui-la é que o governante cuidaria apenas da administração, sem desvirtuá-la com o propósito de buscar a reeleição. E o que o impediria de “desvirtuá-la” para eleger o sucessor?  Marketagem reversa de tucano. Demagogia de sonhático.

Proposta 2: “Fortalecimento dos mecanismos de transparência nas doações para campanhas eleitorais”.
Tradução: Financiamento privado de campanhas (inclusive por empresas)
O documento original da campanha (as “Diretrizes” do PSB) dizia que tais mecanismos seriam necessários para “baratear as campanhas”. A expressão grosseira saiu do texto, mas o caráter da proposta não mudou: Marina é contra o financiamento público de campanhas, uma proposta do PT, e a favor das doações de empresas.

O financiamento público de campanha é a proposta mais radical e eficaz para reduzir a influência do poder econômico no processo eleitoral. Marina rejeita doações da indústria bélica e de bebidas, mas não vê problema em ser financiada por um grande banco e por uma indústria de cosméticos com interesses diretos na administração federal.

Em abril deste ano, seis ministros do STF (a maioria) votaram favoravelmente à proibição de doações de empresas. Mesmo com o placar definido, o julgamento foi suspenso por um pedido de vistas de Gilmar Mendes, ministro indicado pelo PSDB, partido que é contra a proibição e contra o financiamento público. O vice de Marina, Beto Albuquerque, também se manifestou em abril contra a proibição.

Ao longo da última década, o TSE vem apertando os mecanismos de controle das campanhas, com as prestações de contas antecipadas e registro on-line de doações. São esses mecanismos que ameaçam o registro da candidatura do PSB, por não ter declarado à Justiça Eleitoral o uso (Por empréstimo? Doação irregular? Aluguel no fiado?) do avião que caiu em Santos. Antes de propor “mais transparência” seria melhor esclarecer esse caso.

Proposta 3: “Novos critérios na ordem dos eleitos para cargos proporcionais, buscando aproximação da “Verdade Eleitoral”, conceito segundo o qual os candidatos mais votados são os eleitos”.
TraduçãoAdotar o Voto Distrital Puro (e despolitizar o Legislativo)

“Verdade Eleitoral” é o nome falso para voto distrital puro, que o programa de Marina não tem coragem de mencionar.

O voto distrital é o único sistema que permite a eleição do candidato mais votado, sem levar em conta a votação de seu partido ou coligação. É o modelo do “ganhador leva tudo”, típico da cultura política dos EUA e matriz de seu Congresso paroquial e reacionário, com representantes altamente vulneráveis ao poder econômico.

É uma proposta francamente despolitizadora, defendida no Brasil pelo PSDB e pela direita.  Um retrocesso que rebaixa a disputa politica geral ao nível das questões locais.
O programa da candidata sequer  apresenta o argumento (legítimo) dos que defendem o voto distrital:  este modelo  supostamente aproxima representantes de representados, o que não ocorreria com o voto proporcional, adotado no Brasil..

Proposta 4: “Inscrição de candidaturas avulsas aos cargos proporcionais, mediante requisitos a definir”.
Tradução: Enfraquecer os partidos (e fortalecer candidatos antipolíticos).
Na versão original do programa, as “Diretrizes” do PSB, não estava limitada às eleições proporcionais. Houve um recuo aí. O argumento a favor da candidatura avulsa é “quebrar o monopólio dos partidos na representação política”.

Idealmente, permite a eleição  de candidatos apoiados por movimentos e setores sociais. Na prática, favorece candidatos com alta exposição pública, grande poder econômico, ou  representantes de “causas”, que hoje se elegem dentro da estrutura partidária. A diferença é que seus votos não contribuiriam mais para a formação do quociente eleitoral dos partidos, não somariam para eleger candidatos menos votados.

A candidatura avulsa existe na maioria dos países, normalmente limitada ao Legislativo. Não é uma ideia antidemocrática em si, mas é uma resposta enganosa e despolitizada à questão da representatividade do Legislativo.

Proposta 5: “Redefinir o tempo de propaganda eleitoral com base em novos critérios, visando a melhorar a representatividade da sociedade brasileira nos parlamentos”.
Tradução: Tratar igualmente os desiguais (e valorizar o mercado de TV).
O critério hoje é: parte do tempo de propaganda eleitoral é distribuída igualmente entre os partidos com funcionamento na Câmara. Ao tempo mínimo de cada um acrescenta-se um tempo proporcional ao tamanho das bancadas e coligações.

Pode-se rediscutir a proporção entre o tempo mínimo e o tempo  proporcional ao tamanho das bancadas, mas não há critério mais democrático do que o vigente.

Mudar o critério só pode levar a dois caminhos:
1)    Distribuir todo o tempo de acordo com o tamanho das bancadas.
2)    Distribuir o tempo em fatias iguais, desde o PPL até o PMDB.

Ambos são menos democráticos que o critério atual, e nenhum deles nos levaria a “melhorar a representatividade da sociedade brasileira nos parlamentos”.

É  lícito supor que Marina se incline pelo segundo caminho.  Nesse caso, estaria igualando os desiguais, desrespeitando a representatividade conquistada por cada partido nas urnas.  O PT, que é o alvo implícito da proposta, já foi um partido pequeno, com pouco tempo de TV, da mesma forma que DEM e PSDB foram grandes um dia. Quem definiu o tamanho das bancadas atuais foi o eleitor.
Na prática, a proposta beneficiaria as pequenas legendas, tanto as ideológicas quanto as legendas de aluguel, que teriam seu capital muito valorizado.

Em Português dos tempos da luta contra a ditadura:  é um casuísmo.

Proposta 6: “Permitir a convocação de plebiscitos e referendos pelo povo e facilitar a iniciativa popular de leis, mediante a redução de assinaturas necessárias e da possibilidade de registro das assinaturas eletrônicas.”
Tradução: Enfeitar o pacote conservador (com propostas copiadas do PT)
Plebiscitos e referendos são instrumentos históricos da democracia, previstos na Constituição, porém raramente praticados no Brasil. Hoje, quem tem poder convocá-los é o Congresso. A ideia de convocá-los por iniciativa popular consta do programa do PT desde os tempos em que Marina era filiada ao partido. O PT também propõe incentivar a proposição de leis por iniciativa popular.
Na campanha de 2010, Marina Silva recorreu ao plebiscito para se livrar de questões embaraçosas, como a descriminalização do aborto. Cuidado: plebiscito não é Doril, que se toma pra qualquer dor-de-cabeça. É para decidir sobre grandes questões nacionais, e não para lavar as mãos do governante que não tem coragem de assumir suas posições.

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sábado, 30 de agosto de 2014

Contraponto 14.656 - "Marina topa tudo. O PT topa ousar ou vai se render?"

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30/08/2014
 

Marina topa tudo. O PT topa ousar ou vai se render?


Programa de Marina pode ser resumido em uma linha: nova política reserva 20% do orçamento para educação e saúde, mas entrega comando fiscal à agenda do arrocho.


por: Saul Leblon


O programa de Marina Silva, lançado na mesma sexta-feira em que o Datafolha lhe dava uma vantagem de 10 pontos sobre Dilma Rousseff no segundo turno --ao qual se credenciou depois de crescer nada menos que 13 pontos em 11 dias-- tem 242 páginas.

É um livro.

Mas poderia ser resumido em uma linha: a ‘nova política’ da novíssima Marina Silva é ortodoxa nas questões econômicas que condicionam o destino da sociedade, e liberal nos costumes que já romperam as amarras do presente.

Assim: o Brasil de Marina Silva entrega a moeda, os juros, o câmbio, os salários, a política externa e a fiscal à supremacia dos mercados financeiros.

Em resumo, o país renuncia ao comando do seu destino e ao destino do seu desenvolvimento.

Mas acolhe o que já é um fato reconhecido até pela Justiça: o justo pleito da união civil entre homossexuais e o direito à adoção de crianças por casais gays, por exemplo.

Se do ponto de vista da evangélica Marina Silva isso pode criar algum ruído junto a apoios prometidos –como o do pastor Silas Malafaia , um cruzado da homofobia (leia ‘Ousar e vencer ou entregar o Brasil aos mercados passivamente?’; nesta pág) ; de outro lado, essa concessão é mais que compensada pela abrangência de interesses contemplados por outras diretrizes de superlativo impacto na repartição do poder e da renda.

Por exemplo, rebaixar o espaço estratégico do pré-sal na política de desenvolvimento e resgatar o da energia nuclear.

Mas também fragilizar o Mercosul em benefício de acordos bilaterais –leia-se subordinar a diplomacia brasileira à agenda hegemônica dos livres mercados numa restauração da lógica da Alca sepultada desde 2003 (leia mais no blog do Emir; nesta pág.)

Marina Silva se oferece assim às elites e aos endinheirados como uma espécie de ‘topa tudo’. Um candidatura desfrutável como um Bom Bril, que se presta a mil e uma utilidades.

Não é pouco .E não surpreende que amplas parcelas do PSDB --e da mídia que apoiava seu candidato, já tenham cristianizado Aécio Neves, para embarcar no meteórico ônibus da ‘nova política’, rumo à Brasília.

Repita-se aqui o que disse Carta Maior em nota anterior. A oportunidade representada por Marina Silva contempla aspirações de poder que invariavelmente, desde 2002, encontraram dificuldade de se expressar através de um palanque que emprestasse carisma popular a um projeto de raízes tão excludentes.

Agora não mais, graças à ascensão desse super-bond chamado ‘nova política.

De novo, vale repetir: trata-se de um retrofit político e ideológico.

Retro, do latim “movimentar-se para trás” e fit do inglês, adaptação, ajuste.

Termo originado da arquitetura, o retrofit é recomendável quando um edifício chega ao fim de sua vida útil.

É uma opção para corrigir o desgaste e a decadência do uso sem, todavia, alterar seus alicerces e estruturas de sustentação. Fica mais barato e é funcional.

O programa de Marina Silva é um retrofit do neoliberalismo .

O desafio de vida ou morte do campo progressista nesse momento é restaurar a transparência dos dois polos em confronto na sociedade brasileira, dissimulados sob a aparência de uma ‘nova política’.

O calcanhar de aquiles do retrofit conservador é o antagonismo entre a maquiagem da fachada e de alguns equipamentos e a rigidez dos pilares e colunas estruturais.

Num edifício isso é contornável com algum jogo de decoração.

Numa sociedade pode ser insuportável.

A participação soberana e democrática da população nas decisões sobre o desenvolvimento frequentemente evoca mudanças estruturais que colidem com os interesses calcificados que a ‘nova política’ visa preservar.

Um exemplo resume todos os demais.

O programa de Marina Silva afirma que vai destinar 10% do orçamento à educação em seu mandato –antes, portanto, do ciclo de dez anos previsto pelo governo Dilma, que ancora sua projeção em ganhos com os royalties do pré-sal, cuja centralidade será descartada em um governo do PSB.

Diz, ainda, que assentará 85 mil famílias de sem terra (em 2012 foram assentadas 23 mil).

E sinaliza que destinará outros 10% do orçamento à saúde.

Uma pergunta: fará tudo isso ao mesmo tempo em que entrega aos centuriões do mercado o comando da política fiscal para procederem ao arrocho no gasto público?

Não só.

Marina afirma apoiar o decreto de Dilma, demonizado pela elite que a festeja, da Política Nacional de Participação Social.

É justo perguntar: participação em que, quando se terceiriza aos operadores do mercado a prerrogativa de fixar os principais preços da economia, entre eles a taxa de juros, delegada a um Banco Central independente? (Leia esclarecedor artigo de Paulo Kliass sobre esse tema; nesta pág).

Marina e seus formuladores defendem a mesma autonomia em relação a outros preços estratégicos.

O câmbio, segundo eles, deverá flutuar livremente.

Quanto aos ao salários (o terceiro preço decisivo no capitalismo) , já se antecipou que a política de valorização do salário mínimo adotada pelos governos petistas será revertida.

É justo repetir a pergunta: assim encapsulada a economia nas mãos do mercado, o que sobra à participação social endossada por Marina Silva?

Visto desse prisma da dinâmica econômica e social, o programa de 242 páginas resume-se a um embrulho vistoso que guarda uma única determinação implacável: devolver a agenda do desenvolvimento à supremacia dos mercados.

A um custo social não mencionado, mas implícito.

Dizer que manterá o Bolsa Família , como o faz o calhamaço, mas sinalizar com o arrocho do salário mínimo, implica devolver à miséria milhões de famílias assalariadas.

Prometer assentar 85 mil sem terra e praticar uma política cambial, monetária e tarifária como querem os operadores de mercado é enxugar o chão com a torneira aberta: centenas de milhares de famílias serão cuspidas de seus lugares e de seus empregos.

Por tudo isso, é pertinente dizer que o endosso de Marina à política de participação social lançada por Dilma significa pouco mais que um retrofit na palavra simulacro.

O conjunto, porém, envolve uma operação de potencial lucrativo tão elevado que ao mercado compensa tolerar os penduricalhos da ‘professora que veio dos seringais’ –desde que a cozinha econômica fique, como já se definiu que ficará, nas mãos experientes dos açougueiros do mercado financeiro.

Não é só uma sucessão presidencial, portanto, o que está em jogo.

É uma mutação histórica do desenvolvimento brasileiro que se for implementada marcará funestamente a vida desta e de futuras gerações.

Diante da gravidade do que se avizinha, Carta Maior reitera seu editorial anterior:

Ao aluvião de interesses graúdos -- e de descontentamento difuso, seduzido pelo glamour da ‘nova política’, não basta contrapor o exaustivo balancete publicitário do que se conquistou e se incorporou à rotina do país nestes últimos 12 anos.

É importante, mas não é suficiente.

É forçoso contrapor à ‘nova política’ aquilo que a desnuda e afronta.

É urgente dizer pelo que se luta; e contra quem se trava a batalha dos próximos dias e noites.

 Essa é uma batalha entre a democracia social e as forças regressivas mobilizadas pelos interesses globais que acossam a economia brasileira.

É preciso escancarar a contradição entre o retrofit messiânico que as expressa e as estruturas calcificadas que ele maquia.

É preciso contrapor a isso um salto efetivo da democracia participativa que devolva à sociedade o poder reordenador que agora se pretende terceirizar aos mercados.

Tornar esse salto palpável aos olhos da população requer um símbolo de magnetismo equivalente às tarefas que essa agenda encerra em termos de repactuação de metas, concessões, salvaguardas e organização política.

Um novo governo estruturado em torno dessa renegociação do desenvolvimento requer um chefe de Casa Civil dotado, ao mesmo tempo, de inexcedível sintonia com a Presidenta Dilma , e de incontrastável representatividade popular.

Essa referência existe; já funciona de fato como líder político do campo progressista; deveria ser oficializado desde já no anúncio antecipado da composição de um segundo governo Dilma.

Seu nome é Lula.
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Contraponto 14.655 - "Dilma: propostas da Bláblá são demagógicas"

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30/08/2014

Dilma: propostas da Bláblá
são demagógicas

Presidenta detona discurso da Bláblá.


Conversa Afiada - 30/08/2014



Em visita a Jales, no interior paulista, a Presidenta Dilma Rousseff não poupou críticas às propostas dos adversários na corrida presidencial. “Numa democracia, quem não governa com partidos está flertando com o autoritarismo”, disse a candidata à reeleição neste sábado (30), em referência ao discurso de Marina Silva, do PSB, de que governará “só com os melhores”.

“Sem ajuda do parlamento, nós não tínhamos aprovado a destinação dos royalties para educação e saúde”, completou Dilma para plateia de prefeitos do Estado.

Ao reforçar o papel da Petrobras no desenvolvimento do país, a Presidenta reprovou os planos dos concorrentes para a empresa. “Tem candidato querendo acabar com a possibilidade de transformar petróleo em educação, que quer diminuir o papel da Petrobras. Quanto significa dos royalties do petróleo para educação e saúde? Mais de R$ 1 trilhão”, lembrou.

Sem citá-lo, Dilma comentou o programa de governo de Marina Silva, que defende mudança na política de crédito. “Querem acabar com o subsídio. O subsídio ajuda as pessoas a comprarem um casa. Não só a Petrobras vai perder importância, como colocaram na pauta a restrição ao BNDES, a Caixa e ao Banco Central”, esclareceu, para continuar: “Se diminuir o crédito do banco público, acaba o Minha Casa Minha Vida. “Então, vocês começam a ver a gravidade das propostas que estão aí. O mais grave é que não vai ter Plano Safra para o agronegócio e nem pra agricultura familiar”.

A Presidenta prosseguiu: “Sem subsídio do governo federal não tem nenhum investimento no desenvolvimento do Brasil”, discursou. “Sabe o que significa essas propostas obscurantistas, aparentemente avançadas? São demagógicas”. E finalizou: “Não há financiamento no Brasil acima de 10 anos sem o governo federal subsidiar. Estou afirmando isso e gostaria que alguém me desmentisse”.


Alisson Matos, editor do Conversa Afiada

Contraponto 14.654 - "Requião: 'Votar na Marina e entregar tudo ao Itaú?' "

Paraná 247 - Com discurso e propostas contraditórios, a candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva, começa a perder apoio de seus admiradores. Um deles é o senador Roberto Requião.

Em entrevista à OTV neste sábado (30), o peemedebista criticou amizade da socialista com Neca Setúbal, herdeira do Itaú e coordenadora de sua campanha, e sua proposta de dar autonomia ao Banco Central. "Pra que votar na Marina? Para entregar tudo ao Itaú?".

Requião declarou voto à presidente Dilma Rousseff, que tenta se reeleger.
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Contraponto 14.653 - "Dilma diz que posição de Marina sobre o pré-sal é 'obscurantista’ "

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 30/09/2014

 

Dilma diz que posição de Marina sobre o pré-sal é 'obscurantista’


Presidente parte para o ataque após críticas da candidata do PSB à política energética do governo federal


O Globo - 29/08/2014 17:48 / Atualizado 29/08/2014 21:27






por BIAGGIO TALENTO, da Agência A Tarde


SALVADOR – A presidente da República e candidata à reeleição Dilma Rousseff partiu para o ataque após Marina Silva (PSB) criticar a política energética do governo federal e propor o incentivo a fontes alternativas de energia. Nesta sexta-feira, em Salvador, na Bahia, Dilma disse, sem citar a adversária, que a intenção do programa de governo de Marina de colocar o pré-sal em segundo plano é “fundamentalista, retrógrada e obscurantista”.

— Quem acha que o pré-sal tem que ser reduzido, não tem uma verdadeira visão do Brasil. Isso é um retrocesso, uma visão obscurantista. O pré-sal, dependendo da política que você faça, transforma uma riqueza finita num passaporte para o futuro — disse, referindo-se ao fato de 75% dos royalties e 50% do fundo social pré-sal serem destinados à Educação — o que, em 35 anos, pode render recursos de R$ 1,3 trilhão.

A presidente ressaltou que, em 35 anos, o pré-sal pode render recursos de R$ 1,3 trilhão. Ela criticou a candidata do PSB logo após visitar o Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec).

— Não sei se é um desconhecimento da realidade supor que haja, hoje, entre as várias fontes de energia alternativas, alguma para substituir o petróleo no campo da matriz de combustíveis que move os transportes. Nesse (campo) temos algumas alternativas como o etanol, mas ele dá conta da gasolina, já o diesel (do transporte carga) quem dá conta é o biodiesel. No Brasil, a fonte do biodiesel é a soja. Nem o etanol nem o biodiesel são alternativas de fato, concretas ao uso do petróleo. Não substitui, complementa — afirmou.

Os dois tipos de matriz defendida pela candidata do PSB, a energia eólica e a solar seriam apenas “alternativas” e também complementares na “matriz elétrica”. Dilma defendeu outro alvo de críticas de Marina, as hidroelétricas.

— No Brasil, quem não investir na hidroelétrica está alienando uma das fontes de competitividade do País, porque a alternativa à energia hidroelétrica não é a solar e a eólica, que são complementares — declarou, insistindo: — Não existe essa hipótese de um país que precisa de 70 mil megawatts nos próximos vinte anos fornecer essa energia dominantemente com energia solar e eólica. Isso é uma fantasia, uma irresponsabilidade com o país. Até porque o Brasil precisa de energia para crescer.

Para Dilma, só mesmo uma posição fundamentalista explicaria a não exploração da energia hidroelétrica no País.

A presidente chegou a desdenhar das ideias de Marina.

— Não olhar o petróleo como uma das riquezas importantes para o Brasil, não olhar o pré-sal como sendo um grande ganho que esse país teve e essa história de que 'eu vou acabar com o petróleo' primeiro que eu acho que não é real. Esse País não aguenta isso. E mais, além disso, acredito que isso é fruto de uma má compreensão ou de um grande retrocesso e obscurantismo..
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Contraponto 14.652 - "Dilma assume liderança isolada em Minas"

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30/08/2014

 

Dilma assume liderança isolada em Minas

Tijolaço - 30 de agosto de 2014 | 12:54
datatempo





Miguel do Rosário 

Finalmente, uma notícia boa para Dilma Rousseff. Segundo pesquisa do instituto Datatempo, feita entre os dias 21 e 25 de agosto, e devidamente registrada na justiça eleitoral, a presidenta assumiu liderança isolada em Minas Gerais.

Os dados servem de contraponto aos números do Datafolha, pois mostram a petista extremamente consolidada junto ao segundo maior eleitorado do país. Se Dilma lidera em Minas (com 36%), e também no Rio de Janeiro (38%, segundo o Ibope, em pesquisa realizada entre os dias 23 e 25 de agosto), então o eleitorado de Marina estaria concentrado em São Paulo.

A queda de Aécio em Minas, além disso, abre caminho para a consolidação da candidatura do petista Fernando Pimentel, fortalecendo o palanque da petista no estado.

A queda de Aécio em Minas é impressionante: um declínio de 15 pontos, deixando o tucano em terceiro lugar, seis pontos atrás de Marina, que tem 26,5 pontos.

Num eventual segundo turno entre Dilma e Marina, a petista ganharia em Minas Gerais por 43% a 38%.

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Leia artigo publicado hoje no jornal O Tempo.

Dilma passa Aécio Neves em Minas com 9 pontos de frente 

Petista registra 36,1% das intenções de voto contra 26,5% do tucano e 20,5% de Marina Silva
PUBLICADO EM 30/08/14 – 11h00

CARLA KREEFFT


Pesquisa de intenção de voto para presidente em Minas Gerais, realizada pelo DataTempo/CP2, entre os dias 21 e 25 de agosto, mostra uma reviravolta no quadro eleitoral na comparação com o levantamento publicado em 9 de agosto. A presidente Dilma Rousseff (PT) cresceu 2,3 pontos percentuais, pulando de 33,8% para 36,1% da preferência do eleitorado – o crescimento ocorre muito próximo à margem de erro, que é de 2,16 pontos percentuais. Apesar do pequeno crescimento, a petista assume a liderança da disputa, ajudada pela acentuada queda nas intenções de voto do senador Aécio Neves (PSDB), que passou de 41,2% para 26,5%. São 9,6 pontos percentuais de diferença entre os dois.

Marina Silva (PSB), que substitui Eduardo Campos, morto em 13 de agosto em um acidente aéreo, aparece na terceira colocação com 20,5% da preferência do eleitorado. O percentual é muito superior ao registrado por Campos (4,8%) na pesquisa publicada em 9 de agosto. O candidato do PSC, Pastor Everaldo, tem 0,5%, enquanto Eduardo Jorge (PV) e Rui Pimenta (PCO) registram, cada um, 0,1%. Os outros candidatos não pontuaram.

Segundo a pesquisa, 8,9% estão indecisos, e outros 6% não pretendem votar em ninguém.
Segundo turno. A presidente Dilma Rousseff vence seus adversários na simulação de segundo turno. No confronto direto com Aécio Neves, ela registra 42,8% das intenções de voto contra 37,1% do tucano. Na pesquisa anterior, Aécio vencia Dilma com 44,8% contra 36,1%.

No embate entre Dilma Rousseff e Marina Silva, a petista tem 43,1% da preferência do eleitorado contra 38,1% da candidata do PSB.

Já na simulação de segundo turno entre Aécio Neves e Marina Silva acontece um empate técnico. O tucano registra 39,1% das intenções de voto, enquanto a substituta de Eduardo Campos contabiliza 38,6%. A margem de erro é de 2,16 pontos percentuais.

Espontânea. Quando não é apresentada aos entrevistados a lista com os nomes de todos os postulantes ao cargo de presidente, Dilma Rousseff também fica na liderança. A candidata petista é lembrada por 32,6% dos pesquisados. Aécio Neves aparece em seguida com 20,6% de preferência do eleitorado. A ex-senadora Marina Silva é a referida para o cargo de 14,9%.

Afirmam que estão indecisos 20,6%. Dizem que não pretendem votar em ninguém 6,4%. Outros 2,6% não conhecem os candidatos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não concorre nesta eleição, também é citado por 0,5%.

Rejeição. De acordo com o atual levantamento, 26,1% não votam em Dilma Rousseff enquanto 22,5% não escolhem Aécio Neves para o cargo de presidente. No levantamento anterior, a petista tinha 32,3%, e o tucano 17,7%.

Dos entrevistados, 7,6% não votam em Marina Silva. Outros 5,1% rejeitam o Pastor Everaldo (PSC), enquanto 4% não votam no candidato do PSTU, Zé Maria.

Registro. A pesquisa, realizada pelo CP2, foi encomendada pela Sempre Editora e tem registro na Justiça Eleitoral com o protocolo BR 00409/2014. Foram realizadas 2.066 entrevistas.
Maioria não sofre influência

A pesquisa DataTempo ouviu os entrevistados sobre a mudança no voto que a entrada da ex-senadora Marina Silva na disputa eleitoral pode ter causado. Ela substitui o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 13 de agosto, em Santos.

Para a maioria, 76,3%, não ouve influência na definição de voto. Para outros 13,8%, a substituição de candidatos influenciou muito no voto. Para 7,5% a tragédia e a substituição do candidato tiveram alguma influência.

Análise: Voto de protesto é dividido

A inversão do quadro eleitoral em Minas Gerais, com o crescimento das intenções de voto em Dilma Rousseff e a queda do percentual de Aécio Neves no primeiro levantamento após a troca de candidatos do PSB, permite fazer algumas análises.

A primeira delas é que o número de intenções de voto que estava depositado em Aécio Neves guardava a chamada opção de protesto, ou seja, ali estavam os votos de quem não queria, de forma alguma, escolher Dilma Rousseff. Com a entrada de Marina, criou-se uma segunda alternativa para esse segmento. Ao que parece, quem não quer votar em Dilma, agora, se divide entre o eleitorado de Marina e de Aécio Neves.

Uma segunda vertente de interpretação desses dados é a tradicional. A campanha de Dilma Rousseff estaria sendo mais bem-sucedida do que a de Aécio Neves no Estado. Essa é uma possibilidade, ainda que mais remota. É importante observar que a petista não cresceu mais do que a margem de erro. A diferença de 9,6 pontos entre ela e o rival deve-se à queda do tucano.

Carla Kreefft
Editora de Política