domingo, 31 de janeiro de 2016

Contraponto 18.702 - "A importância de defender Luiz Inácio Lula da Silva"

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31/01/2016


 

A importância de defender Luiz Inácio Lula da Silva







LULA MARQUES: <p>Brasília- DF 05-11-2015 Foto Lula Marques/Agência PT Ex- Presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da 5º Conferência nacional de segurança alimentar e nutricional.</p>

Paulo Moreira Leite

Num ano político que se inicia com a dupla  investigação contra Luiz Inácio Lula da Silva, começa a se construir uma reação mais ampla, por parte de setores da sociedade brasileira que já  compreenderam que a pressão sobre Lula está longe de atender qualquer finalidade jurídica. 

Apenas  busca retirar da cena política a principal liderança popular construída pelo país após a democratização. Pretende-se fazer isso pela destruição – com métodos covardes –  da imagem pública de Lula, através de uma conhecida combinação de espetáculos midiáticos que, sem demonstrar provas nem fatos, têm a finalidade de produzir na população aquele sentimento perverso de que: "aí tem tem coisa!"

Caso esta forma de ataque não venha a ser bem sucedida, é bom estar preparado até para a possibilidade de que uma fatia mais aventureira do poder judiciário seja capaz de uma iniciativa mais drástica – você sabe do que estou falando. 

Como parte desta reação, a bancada de senadores do PT divulgou uma nota veemente neste fim de semana, onde manifesta sua "inconformidade com a perversa agenda policial que foi introduzida no cotidiano dos brasileiros, gerando um ambiente de culpabilização sem apresentação de provas, que atinge várias forças políticas do país." Advertindo que a "pauta policial tem impedido o Brasil de enxergar seus reais problemas e  encontrar soluções," os senadores afirmam que "os ataques contra o ex-presidente Lula tem um único propósito: dilapidar seu patrimônio político e minar a confiança nele depositada por dezenas de milhões de brasileiros."Com frequência, manifestações dessa natureza são simples exercícios burocráticos. Neste caso, representa uma atitude positiva no universo parlamentar, onde a omissão diante de  temas relevantes são infinitamente mais comuns do que o protesto. Só cabe aguardar que a reação dos senadores do Partido dos Trabalhadores possa ir além do papel, e que eles tomem medidas efetivas para estimular uma mobilização necessária e decisiva.

A experiência recente dos brasileiros ensina que a justiça do espetáculo só pode ser confrontada pela mobilização popular, que permite manter a soberania de uma nação nas mãos de quem tem direito a escolher quem pode governar o país – o povo – e assegurar que o destino de cada homem público seja decidido por um instrumento insubstituível das democracias, o voto popular.

Desde 16 de dezembro, quando centenas de milhares de pessoas foram as ruas para denunciar uma tentativa de golpe contra Dilma Rousseff, nós sabemos que a luta em defesa da democracia deixou de ser uma conversa exclusiva de altos salões jurídicos para se tornar um assunto do povo.

Isso explica por que, em entrevista ao 247, Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade herdeira do movimento que enfrentou a ditadura e mudou a luta dos trabalhadores a partir da década de 1970, fez a denúncia da ameaça de substituição do Estado Democrático de Direito por um Estado Policial, como você pode ler em nota anterior neste espaço.

Foi da região do ABC paulista que partiu uma centena de ônibus lotados de trabalhadores que foram até a avenida Paulista no dia 16. No ABC também ocorreu uma vigília na casa de Lula e foi dali que saiu um grupo de operários para protestar contra a explosão de uma bomba no Instituto Lula. Isso não é produto de uma relação política e histórica, algumas vezes até sentimental, entre os trabalhadores e Luiz Inácio Lula da Silva. Há uma base material, também. 

Os prejuízos econômicos associados a Lava Jato – que produziu uma redução de R$ 45 bilhões na massa salarial, além de uma redução de 2 pontos no PIB – transformaram uma operação jurídica num pesadelo social para boa parte da população, em especial os trabalhadores e os mais pobres. Perderam emprego, salário, crédito, perspectiva. Mais do que prender políticos e empresários acusados de corrupção, a operação desmontou uma aliança em torno de um modelo que produziu crescimento e distribuição de renda.

É sintomático, assim, que se queira impedir, de qualquer maneira, qualquer iniciativa capaz de permitir um respiro a economia. Essa postura explica o combate absurdo aos acordos de leniência, que procuram preservar um patrimônio econômico-tecnológico que é obra do conjunto dos brasileiros, que, mais do que executivos e políticos acusados de corrupção, deram sangue e suor na construção da sétima economia do mundo. Faz parte dessa mesma estratégia nociva tratar com desprezo iniciativas como a recriação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, onde poderá ser  possível formar um ambiente favorável, mesmo nas difíceis condições atuais, ao debate para livrar o país da recessão. 
   
A defesa de Lula faz parte dessa resistência, e começa a se manifestar.

Com apoio do prefeito Luiz Marinho,  do sindicato dos metalúrgicos do ABC e outras entidades da região, ali funciona um Comitê de Mobilização que prepara novas atividades para as próximos dias, agora com a defesa de Lula como a maior prioridade.  

Ao transformar Lula em alvo, as investigações judiciais cumprem uma etapa previsível de um processo que tem natureza política desde o início. A ameaça a Lula deu urgência e gravidade absoluta a uma luta que terá um aspecto decisivo em relação ao futuro do país.  

É correto pensar em termos eleitorais, lembrando que o esforço para inviabilizar uma possível candidatura de Lula, em 2018, faz parte das tarefas necessárias a uma oposição que nunca teve votos para vencer eleições presidenciais desde 2002. Mesmo hoje, com uma crise de múltiplas faces e imensa profundidade, ela não consegue firmar uma candidatura capaz de falar a maioria dos brasileiros. Mas é preciso ir a além neste raciocínio.

O que está em jogo é a reversão de um processo histórico de conquistas e benefícios que, mesmo com limites e imperfeições, contribuíram para uma melhoria inegável na condição dos mais pobres e na ampliação dos direitos dos mais humildes. Não custa lembrar que um regime democrático prevê alternância de poder – o que deve ocorrer dentro das regras estabelecidas pela Constituição – e raramente produz governos eternamente invencíveis.

Convém pensar que uma eleição presidencial, dentro de dois anos e 9 meses, irá ocorrer num ambiente diferente do atual. Sem minimizar nenhuma nova dificuldade que poderá surgir no horizonte, cabe lembrar que em 2018 ambiente político será outro – a começar pelo horário político, que permite ao governo fazer uma disputa pelo eleitorado numa situação mais equilibrada, em comparação com o universo construído pelo monopólio dos meios de comunicação.

Mesmo quem enxerga uma grande dificuldade de vitória em 2018 deve reconhecer que o ataque a Lula tem a finalidade de eliminar o personagem que, em qualquer caso, terá a função de liderar a resistência popular a uma restauração reacionária.

Paulo Moreira Leite. Jornalista e escritor Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília

Contraponto 18.701 - "Lula é um gênio do crime, um Moriarty moderno, o Lex Luthor do ABC"





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31/01/2016

 

Lula é um gênio do crime, um Moriarty moderno, o Lex Luthor do ABC


São Paulo 27/01/2016 Ex Presidente Lula e Kailash Sathyarti – Premio Nobel da Paz de 2014 durante visita ao Instituto Lula. Foto Ricardo Stuckert/Instituto Lula


por Pablo Villaça, em sua página no Facebook


Depois de ser investigado continuamente por quase 40 anos - uma investigação sempre estampada nas capas de jornais e revistas interessados, como de hábito, em defender os interesses das corporações que os bancam -, este Blofeld do sindicalismo conseguiu, graças ao seu brilhantismo maquiavélico, evitar que qualquer prova acerca de suas décadas e décadas de malfeitos fosse descoberta. Nem o próprio Hercule Poirot conseguiria detê-lo, tamanho seu cuidado na concepção de seus milhares de esquemas.

Mas tudo chega ao fim. E Lula, enriquecido além do possível depois de tanto roubar, finalmente tropeçou ao desistir de comprar um apartamento (que tolamente havia declarado previamente à Receita), ao visitar o sítio de amigos (estupidamente às claras, sem esconder de ninguém) e, principalmente, ao permitir que sua esposa comprasse um barquinho de pesca de menos de 5 mil reais (e pateticamente com nota fiscal no próprio nome).

Por sorte, os Woodward-Bernsteins que compõem a equipe da Foxlha conseguiram descobrir esta compra (sorrateiramente feita com emissão de nota fiscal no nome verdadeiro de dona Marisa) e - ainda mais chocante - comprovaram que o caminhoneiro que entregou o barquinho tinha nada menos do que 25 anos de profissão (como destacaram na chocante matéria que renderá a eles o Pulitzer por terem derrubado o ex-presidente).

É um alívio saber que nossa imprensa sabe priorizar o que merece destaque: a revista Veja, que um dia será eternizada em sua própria versão de Spotlight (título provisório: Boimatlight), fez uma matéria fabulosa cuja manchete resume, por si so, o imenso apuro jornalístico do veículo: "Publicitária presa disse ter ouvido ‘zum-zum-zum’ sobre tríplex de Lula no Guarujá".

Ah, o "zum-zum-zum", esta prova que consta de todos os Códigos Penais como a mais inquestionável das evidências.

O ZumZumZumGate, como será conhecido pelas gerações futuras, acertadamente ganhou as páginas do jornalismo brasileiro no lugar de helicópteros com 500 kg de cocaína, de certos aviões dos Estados de SP e MG que foram usados para voos particulares de amigos e da esposa de certos governadores, de testemunhos repetidos sobre o mineiro "chato das propinas" e, claro, de contratos sem licitação feitos pela gestão de Alckmin para comprar 200 milhões anuais de merenda escolar.

Nossos barões da mídia sabem que tucanos são pré-anistiados e, portanto, não fazem o leitor perder tempo lendo notícias que não levarão a nada. São gentis assim.

Por outro lado, quando o roteirista dos clássicos modernos O Candidato Perfeito e Até que a Sorte os Separe 3 declara que o governo federal "cerceia críticas", ninguém aponta a aparente contradição: seus filmes tiveram captação de recursos aprovada pela Ancine. E ainda bem que não fazem isso, pois poderiam acabar levando o leitor a acreditar que o governo NÃO está implantando uma ditadura comunista no país. Sim, ela está sendo implantada há 14 anos, mas isto é apenas prova da incompetência de seus líderes.

Como apreciador do bom jornalismo, fico encantado ao perceber como a imprensa brasileira foi de “Lula era o cabeça do esquema na Petrobras” a “mulher de Lula comprou barquinho de pesca”. E fico esperando, ansioso, pelas manchetes que virão a seguir:

"Lula teria matado ao menos 200 minhocas ao longo dos anos; barquinho de pesca foi utilizado para atirar cadáveres na água."
"PF intima peixe para depor: “Lula matou e comeu minha família”; esposa teria ajudado a cozinhar os corpos."
"Esposa de Lula comprou vara de pescar; vendedor com 32 anos de profissão relembra: “Ela ainda pediu desconto”."

E aguardo, ansioso, pelo discurso que será feito pelo repórter da Foxlha ao receber seu segundo Pulitzer por sua matéria investigativa que provará que Lula mentiu ao afirmar ter pescado peixe de 18 kg.

É claro que poderia haver outra explicação para tudo isso, mas hesito em abraçá-la, já que implicaria em aceitar algo revoltante:
Que o jornalismo brasileiro virou fanfiction tucana.

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Contraponto 18.700 - " Fausto Macedo leva o prêmio 'Conexões Tigre' "

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31/01/2016 

 

Fausto Macedo leva o prêmio “Conexões Tigre”

Quem sabe não vaza alguma coisa do urinol do Coronel Aureliano Buendía?​


 
Conversa Afiada - publicado 31/01/2016
 
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De Luisk2017, no twitter

O Brasil está diante de um fenômeno inusitado.

Algo tão destrambelhado quanto a chuva em Macondo, que durou quatro anos, onze meses e dois dias !

É o notável repórter Fausto Macedo.

Ele é a única célula viva do Estadão, que, como se sabe, vive em comatoso estado, graças a generosa cumplicidade dos bancos credores.

Macedo publica um vazamento POR DIA !

Inacreditável, amigo navegante ?

Claro que não, se você admitir que o Sistema Moro trabalha num regime de organização pré-criminosa, em células ligadas mas quase-autônomas, como a Al Qaeda.

Um sistema de atividades tão conspícuas que até o Governo e o PT já começam a perceber.

 A partir do Fausto Macedo se desencadeia, com sequência e ritmo, uma sucessão de vazamentos que o PiG produz e os colonistas transformam em asnices pedantes.

Fausto Macedo deve receber um salário fabuloso, porque, sem dúvida, estará nos planos de todo diretor de redação do PiG !

Fausto Macedo deve ser protegido pela sacrossanta liberdade de imprensa.

Até que o PT endosse a Lei Wadih Damous, o Congresso a aprove e a “publicidade opressiva” de jornalistas – como o Ataulpho Merval- seja punida, como é na Europa.

Até lá, Fausto Macedo deve merecer tanta liberdade quanto o Aecím e o Tarja Preta !

Neste domingo, 31/1, ele publicou denuncia que “indica”, literalmente “indica”, que lobista preso cita “ligação” com Lula como facilitadora de negócio.

É a hipótese dentro da dúvida, adormecida na bolinha de papel do Cerra.

Isso, amigo navegante, na página A4.

Porque duas páginas adiante, ele tem outra bomba !

“Silvinho recebia 'cala a boca', diz delator”.

É uma produção em massa !

Linha de montagem.

No sábado – sim, porque a atividade é febril, incansável, - ele e sua equipe se dedicaram a reverberar a intimação do Lula e da D Marisa pelo bonitão do Ministério Tucano Público de São Paulo.

Fausto não trabalha por menos.

Tem sempre uma página – ou duas ! - do Estadão à sua espera.

Se o carro dele enguiçar numa poça da Marginal, a edição do Estadão não deveria rodar, tal a dependência  !

O Conversa Afiada deseja ao Fausto Macedo o mesmo sucesso que o ansioso blogueiro tem nas altas cortes – na aba “Não me calarão” - e sua liberdade de vazar seja preservada até o fim dos tempos (ou melhor, do Estadão).

Mas, quando a Presidenta trocar (se jamais vier a trocar) o Ministro da Justiça, o ansioso blogueiro repete a sugestão.

Botar uma mesinha em frente ao Estadão, na marginal (sic) do Cerra.

Uma barraquinha com proteção contra o sol e o mau cheiro.

E ponha na porta um oficial de gabinete do Ministro.

A observar o Fausto Macedo.

Não fazer nada.

Observar.

Não importuná-lo.

Deixar que sua sacrossanta liberdade de informar flua (ou vaze) com densidade e frequência.

Quem sabe, um dia,  cai da janela, ou sai pelo esgoto algum indicio de como funciona o Sistema Moro ?

Como os vazamentos são diários e longos, profícuos, alguma coisa pode verter para fora, como num urinol do Coronel Aureliano Buendía.

Fausto Macedo não receberá o Prêmio do Globo, aquele que coroou o Dr Moro.

Seria um reconhecimento a talento que não está (por agora …) nas Organizações (sic) Globo.

Mas, desde já, Macedo merece o Prêmio “Conexões Tigre” !

A solenidade de entrega do Prêmio poderia ser na própria marginal do Cerra.

Em dia de chuva, quando a água do rio sobe.

Paulo Henrique Amorim

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Contraponto 18.699 - "Com documentos, Lula desmonta farsa do triplex "




Maio de 2005 a setembro de 2009

Marisa Letícia paga a entrada de R$ 20 mil, as prestações mensais e intermediárias do carnê da Bancoop, até setembro de 2009. Naquela altura, a Bancoop passava por uma crise financeira e estava transferindo vários de seus projetos a empresas incorporadoras, entre as quais, a OAS.

Quando o empreendimento Mar Cantábrico foi incorporado pela OAS e passou a se chamar Solaris, os pagamentos foram suspensos, porque Marisa Letícia deixou de receber boletos da Bancoop e não aderiu ao contrato com a nova incorporadora.
O que isso significa?

1)  Que a família do ex-presidente investiu R$ 179.650,80 na aquisição de uma cota da Bancoop. Em setembro de 2009, este investimento, corrigido, era equivalente a R$ 209.119,73. Em valores de hoje, R$ 286.479,32. Portanto, a família do ex-presidente pagou dinheiro e não recebeu dinheiro da Bancoop.

2)  Que, mesmo não tendo aderido ao novo contrato com a incorporadora OAS, a família manteve o direito de solicitar a qualquer tempo o resgate da cota de participação na Bancoop e no empreendimento.

3)  Que, não havendo adesão ao novo contrato, no prazo estipulado pela assembleia de condôminos (até outubro de 2009), deixou de valer a reserva da unidade 141 (vendida mais tarde pela empresa a outra pessoa, conforme certidão no registro de imóveis).



Março de 2006 a março de 2015

Na condição de cônjuge em comunhão de bens, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ao Imposto de Renda regularmente a cota-parte do empreendimento adquirida por sua esposa Marisa Letícia, de acordo com os valores de pagamento acumulados a cada ano.

A cota-parte também consta da declaração de bens de Lula como candidato à reeleição, registrada no TSE em 2006, que é um documento público e já foi divulgado pela imprensa.

O que isso significa?

Que o ex-presidente jamais ocultou seu único e verdadeiro patrimônio no Guarujá: a cota-parte da Bancoop.


Site do TSE: http://www.tse.jus.br/sadEleicao2006DivCand/listaBens.jsp?sg_ue=BR&sq_cand=23


2014-2015

Um ano depois de concluída a obra do Edifício Solaris, o ex-presidente Lula e Marisa Letícia, visitam, junto com o então presidente da empresa incorporadora OAS, Léo Pinheiro, uma unidade disponível para venda no condomínio.

Era o apartamento tríplex 164-A, com 215 metros de área privativa: dois pavimentos de 82,5 metros quadrados e um de 50 metros quadrados. Por ser unidade não vendida, o 164-A estava (e está) registrado em nome da OAS Empreendimentos S.A, matrícula 104.801 do cartório de imóveis de Guarujá.

Lula e Marisa avaliaram que o imóvel não se adequava às necessidades e características da família, nas condições em que se encontrava.

Foi a única ocasião em que o ex-presidente Lula esteve no local.

Marisa Letícia e seu filho Fábio Luís Lula da Silva voltaram ao apartamento, quando este estava em obras. Em nenhum momento Lula ou seus familiares utilizaram o apartamento para qualquer finalidade.

A partir de dezembro de 2014, o apartamento do Guarujá tornou-se objeto de uma série de notícias na imprensa, a maior parte delas atribuindo informações a vizinhos ou funcionários do prédio, nem sempre identificados, além de boatos e ilações visando a associar Lula às investigações sobre a Bancoop no âmbito do Ministério Público de São Paulo.

Durante esse período, além de esclarecer que Marisa Letícia era dona apenas de uma cota da Bancoop, a Assessoria de Imprensa do Instituto Lula sempre  informou aos jornalistas que a família estava avaliando se iria ou não comprar o imóvel.

As falsas notícias chegam ao auge em 12 de agosto de 2015, quando O Globo, mesmo corretamente informado pela Assessoria do Instituto Lula, insiste em atribuir ao ex-presidente a propriedade do apartamento. Em evidente má-fé sensacionalista, O Globochamou o prédio de Edifício Lula na primeira página de 13 de agosto.

O jornal mentiu ao fazer uma falsa associação entre investimentos do doleiro Alberto Youssef numa corretora de valores e o contrato da OAS com o agente fiduciário do projeto Solaris, com a deliberada intenção de ligar o nome de Lula às investigações da Lava Jato. O editor-chefe do jornal e os repórteres que assinam a reportagem estão sendo processados por Lula em grau de recurso.
(http://www.institutolula.org/lula-entra-com-acao-contra-o-globo-por-conta-de-mentiras-sobre-triplex-no-guaruja)



26 de novembro de 2015

Marisa Letícia Lula da Silva assina o “Termo de Declaração, Compromisso e Requerimento de Demissão do Quadro de Sócios da Seccional Mar Cantábrico da Bancoop”.

Como se trata de um formulário padrão, criado na ocasião em que os associados foram chamados a optar entre requerer a cota ou aderir ao contrato com a OAS (setembro e outubro de 2009), ao final do documento consta o ano de 2009.

A decisão de não comprar o imóvel e pedir o resgate da cota já havia sido divulgada pela Assessoria de Imprensa do Instituto Lula, em mensagem à Folha de S. Paulo, no dia 6 de novembro.
O que isso significa?

Que a família do ex-presidente Lula solicitou à Bancoop a devolução do dinheiro aplicado na compra da cota-parte do empreendimento, em 36 parcelas, com um desconto de 10% do valor apurado, nas mesmas condições de todos os associados que não aderiram ao contrato com a OAS em 2009.
A devolução do dinheiro aplicado ainda não começou a ser feita.




Por que a família desistiu de comprar o apartamento?
Porque, mesmo tendo sido realizadas reformas e modificações no imóvel (que naturalmente seriam incorporadas ao valor final da compra), as notícias infundadas, boatos e ilações romperam a privacidade necessária ao uso familiar do apartamento.

A família do ex-presidente Lula lamenta que notícias falsas e ações sem fundamento de determinados agentes públicos tenham causado transtornos aos verdadeiros condôminos do Edifício Solaris.

Janeiro de 2016
A revista Veja publica entrevista do promotor Cássio Conserino, do MP de São Paulo, na qual ele afirma que vai denunciar Lula e Marisa Letícia pelos crimes de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro, no curso de uma ação movida contra a Bancoop.

Trata-se de um procedimento que se arrasta há quase dez anos, do qual Lula e sua família jamais foram parte, e que é sistematicamente ressuscitado na imprensa em momentos de disputa política envolvendo o PT.

Além de infundada, a acusação leviana do promotor desrespeitou todos os procedimentos do Ministério Público, pois Lula e Marisa sequer tinham sido ouvidos no processo. A intimação para depoimento só foi expedida e entregue na semana seguinte à entrevista.

No dia 27 de janeiro, a Polícia Federal deflagrou a Operação Triplo X, que busca estabelecer uma conexão entre o Edifício Solaris e as investigações da Lava Jato, reproduzindo dados da ação dos promotores de São Paulo.

Diferentemente do que fazem crer os pedidos de prisão e de busca apresentados ao juiz Sergio Moro pela força-tarefa da Lava Jato, as novidades do caso, alardeadas pela imprensa, já estavam disponíveis há meses para qualquer pessoa interessada em investigar esquemas de lavagem de dinheiro – seja policial, procurador ou jornalista "investigativo".

A existência de apartamentos tríplex registrados em nome da offshore Murray e a ligação desta com a empresa panamenha Mossack Fonseca constam, pelo menos desde agosto passado, da ação que corre em São Paulo. Foram anexadas por um escritório de advocacia que atua em favor de ex-cotistas da Bancoop.

O mesmo escritório de advocacia anexou a identificação e os endereços dos supostos representantes da Murray e da Mossack Fonseca no Brasil.
Mesmo que tenham vindo a público agora, em meio a um noticiário sensacionalista, estes fatos nada têm a ver com o ex-presidente Lula, sua família ou suas atividades, antes, durante ou depois de ter governado o País. Lula sequer é citado nos pedidos da Força-Tarefa e na decisão do juiz Moro.
O que isso significa?

1)  Que fracassaram todas as tentativas de envolver o nome do ex-presidente no processo da Lava Jato, apesar das expectativas criadas pela imprensa, pela oposição e por alguns agentes públicos partidarizados, ao longo dos últimos dois anos.

2)  Que fracassaram ou caminham para o fracasso outras tentativas de envolver o ex-presidente com denúncias levianas alimentadas pela imprensa, notoriamente a suposta “venda de Medidas Provisórias”, plantada pelo Estado de S. Paulo no âmbito da Operação Zelotes.

3)  Que aos adversários de Lula – duas vezes eleito presidente do Brasil, maior líder político do País, responsável pela maior ascensão social de toda a história – restou o patético recurso de procurar um crime num apartamento de 215 metros quadrados, que nunca pertenceu a Lula nem a sua família.

A mesquinhez dessa “denúncia”, que restará sepultada nos autos e perante a História, é o final inglório da maior campanha de perseguição que já se fez a um líder político neste País.

Sem ideias, sem propostas, sem rumo, a oposição acabou no Guarujá. Na mesma praia se expõem ao ridículo uma imprensa facciosa e seus agentes públicos partidarizados.

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sábado, 30 de janeiro de 2016

Contraponto 18.698 - "Requião manda Folha e os que caçam Lula à PQP "

"O crime de Marisa? Não os mandarei se lixar nas ostras! Mas vão à PQP", escreveu Requião, postando ainda a imagem da canoa de lata, comprada pela ex-primeira-dama por R$ 4,1 mil.

Neste sábado, a Folha noticiou, em sua manchete principal, que uma aquisição de Marisa Letícia – a canoa de lata – a aproximaria do sítio em Atibaia (SP), usado pelo ex-presidente e seus familiares (leia mais aqui). Ocorre que Lula jamais escondeu que frequenta a propriedade, registrada por Jonas Suassuna, sócio de seu filho.

Graças a esses escândalos, o governador paulista Geraldo Alckmin, que tem exonerado vários auxiliares graduados por suposto envolvimento na máfia que desviava dinheiro da merenda escolar, se julgou numa posição confortável para qualificar Lula como uma pessoa "sem limites" éticos (confira aqui), provocando reação imediata do ex-presidente (leia aqui).

A reportagem da Folha ao menos teve o mérito de revelar que Lula, que já alvo de várias montagens na internet como se estivesse passeando em iates de luxo, pesca numa canoa de lata (leia aqui).

Com denúncias como a de hoje, o objetivo óbvio é tentar inviabilizar a volta de Lula, que deixou a presidência como o líder político mais popular da história do País.

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Contraponto 18.697 - " O 'iate' do Lula e o jornalismo 'sem noção' "

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30/01/2016

 

O “iate” do Lula e o jornalismo “sem noção”

iate
A Folha hoje se supera.

Por

Apresenta como “prova” da ligação de Lula com o sítio que ele nunca negou frequentar, em Atibaia, um barco comprado por D. Mariza, sua mulher e mandado entregar lá.

A “embarcação”, como se vê no próprio jornal,  é um bote de lata comprado por R$ 4.100.

Presta para navegar num laguinho, com a mulher, dois amigos e o isopor, se ninguém fizer muita gracinha de se pigar em pé, fazendo graça.

É o “iate do Lula”, quase igual ao Lady Laura do Roberto Carlos e só um pouco mais modesto do que as dúzias de lanchas que você vê em qualquer destes iate clubes que existem em qualquer cidade praiana.

A pergunta, obvia, é: e daí que o Lula frequente o sítio? E daí que sua mulher tenha comprado um bote, sequer a motor, para pescar umas tilápias, agora que já não pedem, como nos velhos tempos, fazer isso na represa Billings?

Qual é a prova de que a reforma do sítio foi paga pela Odebrechet (segundo a Folha) ou pela OAS (segundo a Veja)?

E se o Lula frequentasse a mansão de um banqueiro? E se vivesse nos iates – os de verdade – da elite rica do país?

O que o barquinho mixuruca prova a não ser a absoluta modéstia do sujeito que, quatro anos atrás, escandalizava essa gente carregando um isopor para a praia?

Os jornais, a meganhagem e a turma do judiciário – que já não se separam nisso – estão dedicados a destruir o “perigo lulista”.

Esqueçam o barquinho: o que eles querem é ter de novo o leme do transatlântico.

Perderam até a noção do ridículo, convencidos de que já não há resistência a ele nas mentes lavadas do país.

E acabam revelando que, em suas mentes,  o grande pecado  de Lula, que ganha em  palestras pagas o suficiente para comprar uma “porquera” daquelas por minuto que passe falando, ou para alugar uma cobertura na Côte D’Azur do Guarujá  é continuar pensando como pobre:  querendo comprar apartamento em pombal e barquinho de lata para ficar de caniço, dando banho em minhoca.

É que ter nascido pobre é um crime que até se perdoa, imperdoável mesmo é continuar se identificando com eles.

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Contraponto 18.696 - " Lula: 'Alckmin deve explicar os desvios na merenda' "

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Contraponto 18.695 - "PT estoura esquema Moro-PSDB"

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30/01/2016 

 

PT estoura esquema Moro-PSDB

É só estudar o Fausto Macedo


Conversa Afiada - publicado 30/01/2016
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Do Fato Online:

Governo e PT já têm convicção de que Moro e auxiliares estão alinhados com oposição

Ex-presidente Lula convenceu Dilma e até o ministro da Justiça de que os movimentos do chamado "Grupo do Paraná" de procuradores e delegados são estrategicamente alinhados com a oposição ao PT e ao governo.

Tales Faria

Já é convicção na cúpula do PT e no governo que procuradores no Paraná, delegados da Polícia Federal e até o juiz Sérgio Moro estão alinhados com os partidos de oposição, especialmente o PSDB.

Essa análise tornou-se consensual depois da Operação Triplo X, que tem como alvo o condomínio no Guarujá (SP), em que o ex-presidente Lula seria proprietário de um triplex. O nome da operação foi considerado por Lula uma verdadeira provocação.

Lula, como se sabe, argumentou em nota que nunca foi proprietário do triplex, mas de uma cota do condomínio que lhe permitiria exercer o direito de compra, o que não se efetivou.

Mas as suspeitas do ex-presidente são anteriores a essa operação.

O ex-presidente já havia dito à presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de suas suspeitas de que o "Grupo do Paraná" - que é como delegados e procuradores comandados pelo juiz Moro são chamados - havia passado a trabalhar com uma estratégia política nas suas investigações.

Em suas conversas com Dilma, Cardozo e outros interlocutores, Lula tem dito que o Grupo do Paraná tem claramente uma estratégia de vazamento de informações, associada a momentos políticos e uso da mídia como antecipação de operações.

A diferença agora é que sua opinião tornou-se consenso entre os petistas.

Até mesmo o ministro José Eduardo Cardozo, que internamente vinha se opondo às avaliações de que haveria um movimento programado do Grupo do Paraná, já deu o braço a torcer.

Cardozo ficou especialmente convencido na virada do ano, quando policiais federais divulgaram que os cortes de verbas na PF atingiriam a Operação Lava Jato e que teria havido até ajuda financeira da Justiça do Paraná à PF - leia-se Sérgio Moro - para pagar a conta de luz da Superintendência.

No Palácio do Planalto, a luz vermelha contra o Grupo do Paraná acendeu-se com o vazamento de citações contra o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, na Operação Lava-Jato.

O vazamento ocorreu exatamente no momento em que Wagner havia crescido como negociador do governo junto ao Congresso e ao empresariado, esfriando as articulações pró-impeachment. Desde então, ele viu-se obrigado a sair um pouco de cena.

Essa convicção da cúpula petista - incluindo o ex-presidente Lula - e da cúpula do governo, incluindo a presidente Dilma, tem boas chances de se transformar em alguma atitude contra o chamado Grupo do Paraná.

Mas não se sabe ainda o que fazer, na medida em que o juiz Sérgio Moro e seus auxiliares estão fortalecidos pela mídia e pela opinião pública.
NAVALHA 

Contraponto 18.694 - "Maior doador de Aécio é a nova aposta do golpe "

 

30/01/2016

 

Maior doador de Aécio é a nova aposta do golpe 

 

Brasil 247 - 30 de Janeiro de 2016 às 09:29

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Delação premiada que vem sendo negociada na Lava Jato por Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, deve citar o ministro Edinho Silva e Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete da presidente Dilma Rousseff; pelo que se especula, Azevedo dirá que foi pressionado a doar recursos à campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2014, como se estivesse sendo "achacado"; naquele ano, no entanto, a Andrade foi a maior doadora da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG), com mais de R$ 20 milhões; mensagens de whatsapp também revelam que a Andrade apoiou fortemente Aécio, até porque a gestão do PSDB em Minas deu à empreiteira poder de controle sobre a Cemig, mesmo ela sendo minoritária na empresa; procuradores querem que Azevedo fale sobre os negócios da Oi com a Gamecorp, de Fábio Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula

Minas 247 – Os que torcem pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff têm uma nova esperança: a delação premiada de Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, que está preso há mais de seis meses, em Curitiba (PR).

Segundo reportagem publicada no site de Veja (leia aqui), Azevedo pretende dizer que foi achacado pelo ministro Edinho Silva, ex-tesoureiro de campanha do PT em 2014, e por Giles Azevedo, que foi chefe de gabinete da presidente Dilma Rousseff – se não doasse, seus negócios no governo federal seriam afetados.

Curiosamente, a Andrade Gutierrez é a empreiteira mais próxima ao senador Aécio Neves. Foi sua maior doadora, com mais de R$ 20 milhões e vários de seus executivos trocaram mensagens revelando a torcida da empresa pelo senador tucano (leia aqui).

Uma das razões para a proximidade é o fato de as gestões tucanas em Minas, com Aécio e Antonio Anastasia, terem dado poder de controle à empreiteira na Cemig – mesmo ela sendo acionista minoritária (leia mais aqui).

A tese do achaque já foi usada por Veja em relação a outro empreiteiro: Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. Ao tentar antecipar sua delação, Veja afirmou que Pessoa teria sido "achacado" por Edinho. Ao depor na Justiça, no entanto, Pessoa disse que, em nenhum momento, se sentiu nessa condição.

A delação de Azevedo, no entanto, ainda não saiu. Os procuradores querem que ele diga por que a Telemar (atual Oi) investiu cerca de R$ 5 milhões na Gamecorp, empresa de jogos eletrônicos de Fabio Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. Os procuradores suspeitam que o dinheiro da Telemar é a origem dos recursos usado por Jonas Suassuna, sócio de Fábio Luis, para a compra do sítio em Atibaia (SP), usado por Lula e seus familiares.
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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Contraponto 18.693 - "Mino Carta e os barões da mídia: Além do triplex que não é do Lula, vamos falar dos iates, dos jatinhos e do Rolls-Royce que ele não tem"

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29/01/2015

 

Mino Carta e os barões da mídia: Além do triplex que não é do Lula, vamos falar dos iates, dos jatinhos e do Rolls-Royce que ele não tem


Do Viomundo - publicado em 29 de janeiro de 2016 às 22:11


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Eles são sócios-fundadores do Instituto Millenium, o IPES/IBAD do século 21

Editorial

Isto não é jornalismo

O comportamento da mídia nativa é o sintoma mais preciso da decadência do Brasil

por Mino Carta — publicado 29/01/2016 10h36, na CartaCapital

Não é difícil entender que a casa-grande está apavorada com a possibilidade do retorno de Lula à Presidência


Incomodavam-me, em outros tempos, os sorrisos do sambista e do futebolista. Edulcorados pela condescendência de quem se crê habilitado à arrogância. Superior, com um toque de irônica tolerância. Ou, por outra: um sorriso vaidoso e gabola.

Agora me pergunto se ainda existem sambistas e futebolistas capazes daquele sorriso. Foi, aos meus olhos, por muito tempo, o sinal de desforra em relação ao resto do mundo, a afirmação de uma vantagem tida como indiscutível. Incomodou-me, explico, considerar que a vantagem do Brasil, enorme, está nos favores recebidos da natureza e atirados ao lixo pela chamada elite, que desmandou impunemente.

Quanto ao sambista e ao futebolista, não estavam ali por acaso. Achavam-se os tais, e os senhores batiam palmas. Enxergavam neles os melhores intérpretes do País e no Carnaval uma festa para deslumbrar o mundo.

O Brasil tinha outros méritos. Escritores, artistas, pensadores, respeitabilíssimos. Até políticos. Ocorre-me recordar a programação do quarto centenário de São Paulo, em 1954, representativa de uma metrópole de pouco mais de 2 milhões de habitantes e equipada para realizar um evento que durou o ano inteiro sem perder o brilho.

Lembro momentos extraordinários, a partir da presença de telas de Caravaggio em uma exposição do barroco italiano apresentada no Ibirapuera recém-inaugurado, até um festival de cinema com a participação de delegações dos principais países produtores.

A passar pela visita de William Faulkner disposto a trocar ideias com a inteligência nativa. Não prejudicaram a importância da presença do grande escritor noitadas em companhia de Errol Flynn encerradas ao menos uma vez pelo desabamento do primeiro Robin Hood de Hollywood na calçada do Hotel Esplanada.

A imprensa servia à casa-grande, mas nela militavam profissionais de muita qualidade, nem sempre para relatar a verdade factual, habilitados, contudo, a lidar desenvoltos com o vernáculo. Outra São Paulo, outro Brasil.

Este dos dias de hoje está nos antípodas, é o oposto daquele. A despeito da irritação que então me causava o sorriso do futebolista e do sambista, agora lamento a sua falta, tratava-se de titulares de talentos que se perderam.

Vivemos tempos de incompetência desbordante, de irresponsabilidade, de irracionalidade. De decadência moral, de descalabro crescente.

Falei em 1954: foi também o ano do suicídio de Getúlio Vargas, alvejado pelo ataque reacionário urdido contra quem dava os primeiros passos de uma industrialização capaz de gerar proletariado, ou seja, cidadãos conscientes de sua força, finalmente egressos da senzala.

Não cabe, porém, comparar Carlos Lacerda com os golpistas atuais, alojados na mídia, grilos falantes dos barões, a serviço do ódio de classe. Lacerda foi mestre na categoria vilão, excelente de fala e de escrita.

Os atuais tribunos de uma pretensa, grotesca aristocracia, são pobres-diabos a naufragar na mediocridade. Muitos deles, como Lacerda, começaram na vida adulta a se dizerem de esquerda, tal a única semelhança. Do meu lado, sempre temi quem parte da esquerda para acabar à direita.

Os sintomas do desvario reinante multiplicam-se, dia a dia. Alguns me chamam atenção. Leio, debaixo de títulos retumbantes de primeira página, que o ex-ministro Gilberto Carvalho admitiu ter recebido certo lobista.

Veicula-se a notícia como revelação estarrecedora, e só nas pregas do texto informa-se que Carvalho convidou o visitante a procurar outra freguesia. De todo modo, vale perguntar: quantos lobistas passam por gabinetes ministeriais ao praticar simplesmente seu mister? Mesmo porque, como diria aquela personagem de Chico Anysio, advogado advoga, médico medica, lobista faz lobby.

Outro indício, ainda mais grave, está na desesperada, obsessiva busca de envolver Lula em alguma mazela, qualquer uma serve. Tanto esforço é fenômeno único na história contemporânea de países civilizados e democráticos. Não é difícil entender que a casa-grande está apavorada com a possibilidade do retorno de Lula à Presidência em 2018, mesmo o mundo mineral percebe.

Mas até onde vai a prepotência insana, ao desenrolar o enredo de um apartamento triplex à beira-mar que Lula não comprou? A quem interessa a história de um imóvel anônimo? Que tal falarmos dos iates, dos jatinhos, das fazendas, dos Rolls-Royce que o ex-presidente não possui?

Este não é jornalismo. Falta o respeito à verdade factual e tudo é servido sob forma de acusação em falas e textos elaborados com transparente má-fé. Na forma e no conteúdo, a mídia nativa age como partido político.

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Contraponto 18.692 - "Tentativa de prender Lula tocará fogo no país"

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 29/01/2016

Tentativa de prender Lula tocará fogo no país


 
Não é preciso pensar muito para enxergar o lado ruim da operação marqueteira e golpista da Polícia Federal apelidada de “triplo x”, em alusão à instrumentalização golpista da compra não concretizada de um imóvel de três pisos pela família do ex-presidente Lula. Esse tipo de imóvel, como se sabe, é conhecido como “triplex”. Daí o nome da operação da PF.

A escolha do nome da operação escancara objetivos políticos de uma instituição que deveria primar pela circunspeção e pela objetividade, e isso é ruim. Apelidada de “operação triplo x”, a investigação da PF já apresenta conclusão antes mesmo de começar a atuar.

Como foi dito aqui outras vezes, o combate à corrupção deve, sim, ser comunicado à sociedade, pois é através do exemplo punitivo a quem delinque que se irá inibir planos delitivos futuros. Porém, só deve ter publicidade a investigação concluída.

Identificado o lado negativo da operação policial, vale refletir que ela tem um lado bom.
Mas como é possível que o uso de recursos públicos para guerra política possa ter um lado positivo? Bem, dentro do contexto, o que é bom é que a iniciativa da PF eliminou uma dúvida que remanescia, sobre se os que comandam a Lava Jato visam, mesmo, tão-somente destruir a carreira política de Lula.

Agora ficou claro, de uma vez por todas, que a captura de Lula e sua anulação política é o grande prêmio que buscam a Operação Lava Jato e seus mentores, os quais, claro, não estão dentro, mas fora da Polícia Federal, sendo agentes político-econômicos.

Essa realidade tornar-se conhecida foi bom, pois desencadeou planos de contra-ofensiva que grupos políticos do entorno de Lula, do PT e do governo Dilma julgavam precipitados, pois duvidavam de que a prisão de Lula fosse, mesmo, um objetivo.

Com o fim da dúvida, movimentos sociais, sindicatos, partidos, enfim, toda base social e institucional do projeto político que governa o país há quase uma década e meia já começa a se mobilizar porque, evidentemente, vão tentar prender Lula sem provas, com base em especulações, nem que seja para soltarem-no em seguida, após produzirem fotos que tentarão usar na campanha eleitoral de 2018.
Juridicamente, é impossível que condenem Lula por alguma coisa. Não existe lógica alguma na ideia que a PF tenta vender, a de que um homem com a história de Lula tenha se corrompido por um imóvel modesto, de classe média, na praia.

Essa história remete à tentativa que os mesmos grupos políticos levaram a cabo no ano eleitoral de 1998, de criminalizarem Lula pela compra de um automóvel. Desde que entrou na política, Lula é combatido por métodos como esse da operação “triplo x”.

Não conseguirão condenar Lula por mais esse factoide, mas em um momento em que órgãos policialescos estão usando instrumentos de exceção para coagir pessoas a fazerem denúncias políticas, uma prisão cenográfica é tudo de que a direita acha que precisa para destruir Lula.

A oposição tucano-midiática (PSDB, Globo, Folha, Estadão e Veja) almeja foto de Lula sendo preso para usar na campanha de 2018, razão pela qual começa a ser preparada uma reação muito maior ao golpe eleitoral contra Lula do que contra o golpe de Estado “branco” que tentaram contra Dilma.

Neste exato momento, toda a base política e social do PT, do governo Dilma e de Lula está sendo mobilizada Brasil afora. Constatos estão sendo feitos no exterior. A instrumentalização de recursos do Estado para um golpe político-eleitoral será denunciada ao mundo.

Os autores do plano de prender Lula acreditam que podem desmobilizar aos poucos a base política de Lula. Por isso as denúncias sem provas vão sendo feitas em doses homeopáticas, tentando primeiro minar o ex-presidente para que “não estranhem” quando ele for preso.

Há, porém, uma contra-ofensiva em preparação. Este país vai parar. Protestos em defesa de uma das maiores lideranças políticas do mundo serão muito maiores do que contra a ameaça ao mandato de Dilma.

Mesmo os grupos de esquerda que se opõem ao governo Dilma sabem que Lula não é o alvo, mas a esquerda. A ideia é vender ao Brasil a teoria de que corrupção e esquerda são sinônimos, de modo que a direita possa voltar a saquear o país sem ter quem lhe faça frente.

Há alguns grupos políticos que apostam no fim do PT, de Lula e do governo Dilma como caminho para que uma suposta “esquerda autêntica” ascenda no cenário político. Seria um fenômeno como os que ocorreram recentemente na Grécia ou na Espanha, onde partidos de esquerda mais radicais se fortaleceram muito.

Esses grupos “de esquerda” estão flertando com a pulverização da democracia acreditando que disso resultará seu fortalecimento político.

Porém, são grupos politicamente inexpressivos. Não colheriam benefício algum do golpe contra Dilma ou contra Lula. Não entendem que o brasileiro é muito mais conservador do que gregos e espanhóis. E que está sendo hipnotizado para associar esquerda com tudo que há de ruim.

Enfim, o fato é que já está aberto o caminho para mobilização. As suspeitas de que tentariam mesmo prender Lula a qualquer preço – mesmo sem provas – acabam de se materializar. Agora, ao menos, estamos lidando com um fato concreto.

Fontes do Blog dizem que a direita esperará a saída de Ricardo Lewandowski da Presidência do STF para encenar uma prisão espetaculosa de Lula. Nesse aspecto, a sucessora dele, Carmém Lúcia, já deu uma palhinha de sua atuação futura ao citar pejorativamente o bordão da campanha de Lula em 2002 (esperança venceu o medo) durante uma sentença.

O que está ocorrendo no Brasil, portanto, é um dos mais descarados golpes políticos de que se tem notícia. Recursos públicos estão sendo gastos aos borbotões para desgastarem um candidato a presidente em uma eleição que ocorrerá daqui a três longos anos.

Essa gente não faz ideia do que está fazendo. Não tem ideia da reação que será desencadeada. Se acha que o movimento sindical, os movimentos sociais, os partidos e própria militância ficarão passivos vendo a direita prender uma liderança política como Lula sem o amparo de provas incontestáveis, enlouqueceu. E tais provas não existem.

A pretendida prisão política de Lula vai tocar fogo neste país. Se eles quiserem pagar para ver, vão ver. E vão se arrepender. Precisarão pôr tanques na rua (de novo) para concretizar esse golpe. Aí terão materializado a ditadura que tantas vezes foram à rua pedir nos últimos dois anos e pouco. E, nesse momento, eles terão sido fragorosamente derrotados.


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PITACO DO ContrapontoPIG

Seria  ingenuidade demais esperar que o povo assista Lula ser preso, sem uma violenta reação enquanto 

- corruptos e entreguistas escancarados como  FHC, Serra, Aécio; 
- corruptos cínicos como Eduardo Cunha, Aloysio Nunes, e muitos membros do PSDB e DEM;
- uma mídia canalha, manipuladora entreguista e golpista, 
-  e um sem número de congressistas, juízes, promotores e policiais desonestos, fiquem rindo e fazendo o que bem entendem do País.

Eduardo Guimarães tem razão: haverá fogo nas ruas. 

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Contraponto 18.691 - "Brasília? Itaipu? Não. SUS é a maior obra da história do Brasil"

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29/01/2016

Brasília? Itaipu? Não. SUS é a maior obra da história do Brasil


Para recobrar o ânimo, lembre-se que esta terra meio atrapalhada foi pioneira, entre países grandes, a transformar saúde em direito fundamental.



Carta Maior - 29/01/2016

Jaelson Lucas SMCS

Leandro Beguoci - BBC Brasil

Um dia, no começo dos anos 1990, minha mãe atendeu o telefone e soube que o irmão mais velho estava com o coração por um fio. O rosto da minha mãe congelou, e ficou assim por um tempo, numa expressão dura de impotência e tristeza. Meu tio não tinha convênio médico.

Era uma situação tão difícil quanto previsível. No Jaraguá, bairro da periferia de São Paulo onde meu tio vivia, as pessoas morriam cedo. E não era só lá. Em Pirituba, onde meus avós e algumas tias moravam, a situação era a mesma.

Lembro bem das vizinhas que foram viúvas quase a vida inteira e das pessoas que tinham dois nomes – o segundo era uma homenagem a um irmão morto logo depois do parto. A morte estava por perto. Era só esperar um pouquinho que ela chegaria depois de uma gripe ou de uma festa de domingo.

Essas pessoas – pedreiros, eletricistas, donos de bar, sapateiros – não tinham renda o suficiente para bancar essa despesa nem um pedaço do Estado para pedir ajuda. Plano de saúde era coisa de funcionário público ou de região com muita fábrica, região desenvolvida, coisa do admirado ABC Paulista, onde vivia outra parte da família. Aquele pedaço industrial de São Paulo, na minha cabeça de criança, era intocado por velórios.

Para sorte da família do eixo Jaraguá-Pirituba, o Brasil criou o SUS (Sistema Único de Saúde) em 1988. Como lembra o doutor Drauzio Varella, "nós nos tornamos o único país com mais de 100 milhões de habitantes que ousou oferecer saúde para todos".

Tivemos essa coragem nos anos 1980. Naqueles anos difíceis, uma série de heróis anônimos, de diferentes correntes políticas, criou um consenso. Não é uma questão de políticas do MDB ou da Arena, do PT, PSDB, PMDB ou DEM. O Brasil chegou à conclusão de que saúde era direito de todo mundo e de que a conta deveria ser rateada entre a população – tanto que colocou isso na Constituição.

Futuros engenheiros

Foi uma das obras mais grandiosas da nossa história – maior do que Brasília, maior do que Itaipu. Essas obras são importantes, claro. Mas a existência do SUS permite que futuros engenheiros sobrevivam ao primeiro ano de vida.

Entre 1990 e 2015, o Brasil derrubou drasticamente a taxa de crianças que morrem com poucos anos de vida. Os médicos da família chegam a milhões de pessoas. A vacinação, o transplante de órgãos e o combate à Aids se transformaram em referências internacionais. Recentemente, foi uma médica do SUS quem descobriu a relação entre zika vírus e microcefalia.

O SUS também salvou algumas vidas familiares. Meu tio com o coração frágil, graças ao sistema público, está vivo e bem até hoje – apesar da sua situação ainda ser preocupante.

O SUS é inspirado nos sistemas de saúde dos países da Europa Ocidental, como o NHS (National Health System) inglês. Admirado e respeitado, foi até homenageado na abertura da Olimpíada de 2012, em Londres.

Para criar um sistema assim, é preciso que o país, em algum momento da sua história, tenha chegado a uma conclusão: saúde não é apenas responsabilidade individual. É direito das pessoas e, portanto, obrigação do Estado.

Parece um jogo de conceitos, mas não é. Nos EUA, sempre foi muito difícil criar um sistema público de saúde. Para muita gente, é uma interferência enorme do governo na vida das pessoas e esse problema é mais bem resolvido por operadoras privadas de saúde, com incentivos para competir e oferecer melhores serviços.

Isso tem consequências. As pessoas têm acesso a muitos medicamentos e tratamentos modernos nos EUA. Ao mesmo tempo, têm contas gigantescas para pagar e muitas famílias quebram – ou não tem acesso a serviços básicos. Na Europa ocidental, o tratamento é publico e gratuito. Pode ser mais demorado, nem sempre é de ponta, mas ninguém precisa se preocupar com contas milionárias.

Claro, há uma enorme zona cinza entre esses dois pontos, e é muito raro encontrar um país que seja apenas público ou apenas privado. Há variações sobre o tamanho do Estado tanto em investimento quanto em regulação – afinal, o que você vai fazer caso seu plano não te atenda? Não importa o modelo. Ele sempre pede escolhas, e elas não são fáceis. Não tem exatamente certo ou errado. Tem o que funciona e o que não funciona para cada país, de acordo com as escolhas que cada um faz em determinado momento da sua história.

Deficiências

O SUS é um avanço gigantesco, mas é impossível ignorar os casos de corrupção, o descaso com hospitais e postos de saúde, além da demora de meses para agendar consultas em muitos Estados e municípios. Na média, ainda temos menos médicos a disposição das pessoas do que a média dos países mais desenvolvidos do mundo – e ainda temos de ver Estados, como o Rio de Janeiro, em situação de calamidade.

Até a médica que descobriu o elo entre zika e microcefalia, na Paraíba, vive longe do paraíso – ela precisa de muito mais dinheiro para tocar suas pesquisas.

O complexo sistema de financiamento do SUS, dividido entre União, Estados e municípios, não ajuda. Muitos governadores e prefeitos não investem o mínimo necessário para o sistema funcionar. Na prática, os gastos de todos os governos com saúde não chegam a 4% do PIB. É pouco.

Se somarmos todos os gastos com saúde no Brasil, o setor privado é responsável por 60% dele. Os outros 40% são de dinheiro público. Porém, o setor privado atende apenas 25% das pessoas. A maior parte dos brasileiros depende de um dinheiro escasso, picotado e, muitas vezes, mal administrado.

Para piorar, o setor privado está longe da sua melhor forma. Mesmo os brasileiros que podem pagar não estão seguros. As reclamações são gigantescas. Dados recentes revelam que cerca de 100 mil pessoas fizeram queixas formais dos serviços dos convênios em um ano.

Além disso, em muitos casos o setor privado repassa a conta ao governo. Os planos usam brechas jurídicas para mandar seus consumidores ao SUS, economizando alguns milhões em repasses a médicos e hospitais. Além da canibalização de recursos escassos, há uma malandragem desagradável.

A conta do SUS é difícil. Afinal, dinheiro público não é dinheiro gratuito – ele vem dos nossos impostos e das nossas escolhas. Saúde é uma questão de vida e morte – e mesmo o melhor plano não garante um tratamento caríssimo de câncer. Não há um consenso de que só Estado ou só o mercado possam resolver o problema. Saúde é um desafio gigantesco, concreto e imediato. Mas é uma questão que vale a pena encarar.

Nesse Brasil polarizado, muitas vezes em torno de questões vazias, é sempre bom lembrar dos tios que foram salvos pelo SUS e de quantos mais poderiam ter sido salvos, se o sistema fosse melhor.

Temos de ter orgulho das coisas que dão certo e espírito crítico para resolver, sem histeria, os nossos problemas. Um SUS poderoso não é bom apenas para quem usa o sistema público – ele também obriga o setor privado a puxar sua régua lá pra cima.
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Contraponto 18.690 - "O vexame terminal de uma imprensa decadente e golpista"









29/01/2016

 

O vexame terminal de uma imprensa decadente e golpista

Do Cafezinho - 29/01/2016


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Análise Diária de Conjuntura - Manhã - 29/01/2016
[Atenção! Vou liberar o acesso desta Análise, porque ela ficou "política" demais, e por isso precisa ser aberta a todos, mas não esqueçam que, sem a sua assinatura, o Cafezinho não poderá continuar!]

Inacreditável.

I-NA-CRE-DI-TÁ-VEL!

A gente fica pensando até onde chegará o provincianismo golpista e sabotador da mídia e de seus aliados em setores autoritários do Estado.

No dia seguinte à realização do primeiro encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, após mais de dois anos sem se reunir, e que contou com a presença dos principais empresários, dirigentes políticos e intelectuais do país, a manchete da Folha é sobre um sítio que Lula "frequentou", e que teria sido reformado pela Odebrecht.

A informação é dada por uma ex-dona de uma loja de material de construção, que não se lembra de nada exatamente, nem dos valores exatos (não deu nota), nem das empresas fornecedoras (diz que achava que eram todas da Odebrecht), nem do que foi comprado.

Qual a tese em questão?

Ora, é muito claro.

O objetivo é sabotar o país.

Não vai ter impeachment, tudo bem. Os golpistas já aceitaram isso. Também parecem ter aceitado que não haverá tapetão no TSE.

Mas o clima de instabilidade não pode ser debelado.

Nesta manhã, a manchete dos portais é que Lula e dona Marisa terão que dar depoimento como "investigados" ao Ministério Público de São Paulo.

A Lava Jato agiu rápido. Alguns dias depois do promotor passar por um aperto ao anunciar para mídia, antes que o ex-presidente pudesse se defender, antes mesmo de abrir o inquérito (o que é ilegal), quais eram as suas intenções, a República do Paraná lhe prestou um socorro à jato.

Desviando o foco de todas as suas investigações anteriores, dirige suas atenções para o mesmo prédio onde Lula havia tentado comprar um apartamento.

As manchetes sobre o apartamento são originais, quase engraçadas.

"Apartamento que seria de Lula"...

E agora, com a história do sítio de Atibaia, temos uma nova figura no código penal: o sítio "usado".
Sítio usado por Lula...

Ou seja, Lula esteve lá, bebeu cerveja, comeu churrasco e foi embora.

É um sítio, é bom repetir, "usado" por Lula!

A gente fica especulando o que historiadores e analistas de mídia, quando as paixões políticas amainarem, pensarão disso tudo.

A mídia está apostando alto dessa vez.

A queda brutal na circulação de jornais, seja no meio impresso, seja no meio digital, o despenhadeiro que a Globo enfrenta em matéria de audiência, não deixam dúvidas que é preciso agir rápido.

No site da Folha ao celular, simplesmente não há menção à reunião do Conselho, um assunto de interesse de todo o país, e que reuniu a nata do PIB, a cúpula sindical, governo, movimentos sociais e artistas.

Não interessa.

O que interessa é "pegar" Lula e gerar crise, independentemente do sofrimento social que isso possa provocar.
Esse é o jornal no qual Dilma decidiu publicar o seu primeiro artigo do ano...

A agenda política na grande mídia, que sempre foi estreita, estreitou-se ainda mais. Não se pode falar de outra coisa. Todas as baterias estão voltadas contra Lula.

Por que o ódio contra Lula?

O Brasil não cresceu em seu governo? Os bancos não ganharam dinheiro? A dívida pública não caiu?

O Brasil não conseguiu se tornar, mais que em nenhum momento de sua história, um respeitado "player" global? Não foram iniciadas obras de infra-estrutura necessárias ao desenvolvimento econômico? Não há consenso de que, em seu governo, houve um inédito processo de libertação social, convertido em modelo para o mundo inteiro?

Depois de décadas de vida pública, depois de ter sua vida devassada, seus sigilos quebrados, o máximo que encontram contra Lula é que a Odebrecht reformou um sítio que ele frequentou?

O que isso significa? Que Lula se vendeu, maliciosamente, pensando em "usar" o sítio reformado pela Odebrecht?

A história do apartamento é igualmente ridícula.

Ambas as histórias são prenhes de intrigas e fofocas, histórias de vizinhos.

A mesma imprensa que esquece Eduardo Cunha, que tem contas comprovadas e não declaradas no exterior, de milhões de dólares, persegue Lula porque ele "usou" um sítio?

Francamente!

O campo progressista não pode se deixar intimidar por esse tipo de perseguição. O desespero da mídia e de seus tentáculos no Estado é sinal de derrota!

Ainda temos o caso de José Dirceu, em que um delator delata, deslata, e delata de novo. E o Ministério Público, oportunamente, diz que não há gravação do depoimento que poderia ajudar em sua defesa. Que esculhambação!

A conspiração midiática-judicial se embaralha, ganha ares mafiosos. Impulsionada pela ansiedade em cumprir logo seus objetivos, envereda cada vez mais abertamente para a perseguição política.

Todos parecem ter mordido a isca lançada por Lula. Querem me perseguir, parece ter dito o ex-presidente. Então o façam logo! Vamos para o pau agora!

As pessoas se perguntam: Lula será preso? Por que razão? Por ter "usado" um sítio? Por NÃO ter comprado um apartamento num prédio chinfrim de Guarujá?

Em outros países, ex-presidentes corruptos adquirem imóveis em Nova York, Miami, Paris. Compram fazendas. Juntam milhões no exterior.

No caso de Lula, ele adquire, a prestação, uma cota num condomínio, e a revende mais tarde, sem comprar o apartamento.

E "usa" um sítio...

A conspiração entrou numa espiral sem saída, e arrasta a mídia para um abismo sem fim. Afinal, o que esperam?

Das duas, uma.

Ou prenderão Lula sem provas, desmoralizando-se, criando um enorme desconforto político que se refletirá obviamente no exterior, provocando uma onda de denúncias contra a emergência de um Estado policial delinquente, uma ditadura instalada, uma doença, um obsesso cheio de pus, dentro do Estado democrático.

Ou então não prenderão Lula e lhe darão o maior atestado de idoneidade que um político jamais teve.
Sim, porque quebrar o sigilo de Lula não podem mais, porque já o fizeram.

Fazer uma devassa em sua vida e na de seus familiares também não podem mais, porque já o fizeram.
Claro que são criativos.

Venceram, até certo ponto, a batalha da opinião pública. Um parte expressiva do povo, inclusive pessoas simples, querem ver a caveira do Lula.

Essa é uma opinião volátil, manipulada, que pode virar pelo avesso em alguns anos, transformando o vilão em herói - é o que vai acontecer.

Mas e a opinião dos intelectuais, dos sindicalistas, dos movimentos sociais, de toda a vanguarda progressista da sociedade?

Assim como ocorreu quando tentaram aplicar o impeachment em Dilma, a perseguição a Lula amplia a sua popularidade em setores essenciais da luta política.

Lula já foi o herói do povo. Voltará a sê-lo, em seu devido tempo.

No momento, Lula volta a ser o herói dos intelectuais e dos sindicalistas, e de todos que entenderam o jogo sujo da mídia, e desconfiam que investigações policiais foram transformadas em conspirações políticas.

É angustiante e emocionante.

A mídia aposta na virada conservadora, só que vai com sede demais ao pote, com risco de entornar o caldo.

Conservadores e progressistas assistem, tensos, a bolinha rodar e rodar no casino da história, sem saber onde ela vai cair: no vermelho ou no preto?

Lula será visto como bandido ou heroi?

Os conservadores têm, é claro, um problema sério: eles precisam de crise para ganhar. Por isso a aposta no caos econômico e político. Nenhuma iniciativa de recuperação econômica lhes interessa.
Os progressistas também tem um problema: é muito difícil se posicionar contra o judiciário. É extremamente difícil mostrar à opinião pública que, por trás da toga, se desvelam interesses nocivos, partidários, obscuros.

Entretanto, podemos afirmar, desde já: o povo brasileiro vencerá, cedo ou tarde, porque não se pode enganá-lo por muito tempo.

O que Lula proporcionou ao povo brasileiro não pode mais ser apagado da história. Ao tentar pintá-lo como bandido, a mídia completa a sua lenda, conferindo-lhe um ar de mito político, visto que todas as grandes lideranças populares da história passaram por essa etapa, sempre foram perseguidas pelos poderes dominantes de sua época.

Os grupos de mídia, por sua vez, não podem apagar o rastro sujo que deixaram na história política do país: a sua hostilidade constante à democracia, apoiando golpes, ontem, hoje e sempre.

A história, moça irônica, trabalha secretamente, rindo no escuro.

Os perseguidores de Lula serão apagados da história, ou tratados como tristes vilões num país ainda vítima do racismo, do preconceito político, do mais profundo egoísmo social.

Num país sem herois, envergonhado de si mesmo, com um problema grave de baixa autoestima coletiva, o histerismo, o ódio, o preconceito, que permeiam toda essa perseguição a Lula, são o esterco com que a história cultiva o florescimento de uma coisa nova, grande, algo que poderá exercer poderosa influência em nosso futuro, que poderá derrubar, por fim, séculos de intolerância, viralatismo e manipulação.

A história, como sempre, transformará lixo em ouro, e fará nascer algo que nunca tivemos: um símbolo.

Dessa vez, porém, não será um símbolo enforcado, esquartejado, humilhado, como Tiradentes, um símbolo que nunca obteve, em sua vida, uma mísera vitória.

Não, agora teremos o símbolo de um homem que venceu, que governou o país, que lutou pelo povo.
Em sua campanha de ódio, a mídia e seus cúmplices estão esculpindo, sem o saber, o símbolo que os irá destruir.

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