29/01/2016
Dilma consegue voto de confiança na reunião do Conselhão
Jornal GGN - sex, 29/01/2016 - 11:46
Jornal GGN - A
presidente Dilma Rousseff conseguiu um voto de confiança de empresário e
trabalhadores após o retorno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social, o Conselhão, no Palácio do Planalto. A percepção foi de que
Dilma foi "humilde" e mostrou disposição em ouvir sugestões. Agora, a
expectativa é se a fala da presidente será transformada em ações
concretas.
Empresários como Benjamim Steinbruch,
presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, concordam que o momento
atual pede ações. "Não adianta mais discurso. Tem muito trabalho a ser
feito e por causa da crise, tem de ser tudo muito rápido", disse Carlos
Pastoriza, presidente da Associação Brasileira de Máquinas e
Equipamentos.
Trabalhadores e empresários do Conselho
também concordaram na resistência ao retorno da CPMF, esperando que o
tributo seja temporário e que primeiro, o governo realize seus próprios
cortes.
Do Estadão
Percepção de empresários e trabalhadores
foi de que presidente foi ‘humilde’; participantes, no entanto,
rejeitam uso político da mobilização a favor das medidas anunciadas pelo
governo
Apesar das inúmeras ressalvas, , a
presidente Dilma Rousseff conseguiu obter um voto de confiança de
empresários e trabalhadores que participaram da primeira reunião do novo
Conselhão, no Palácio do Planalto. O entendimento de vários
conselheiros ouvidos pelo Estado é que a presidente foi “humilde” ao
pedir “encarecidamente” apoio para a CPMF, para o diálogo e demonstrou
disposição em ouvir sugestões, para ajudar o País a sair da crise. Mas o
momento é de expectativa se as palavras de Dilma vão ser, de fato,
traduzidas em ações.
“A iniciativa foi boa, a gente tem de
acreditar, o governo está sabendo quais são os problemas e isso é
superpositivo. Agora, falta agir e isso é uma questão de querer”, disse o
presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, Benjamim Steinbruch. O
presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, Carlos
Pastoriza, foi na mesma linha. “Chegou um momento de atuar. Não adianta
mais discurso. Tem muito trabalho a ser feito e por causa da crise, tem
de ser tudo muito rápido. Se o governo não fizer nada, por paralisia ou
encenação, vai se arrebentar este ano.”
Empresários e trabalhadores rejeitaram a
possibilidade de o governo usar essa mobilização de todos em favor de
apoio político à presidente Dilma, para ajudar a enfraquecer a tese do
impeachment no Congresso. “O impeachment está exaurido, mas não acredito
que esta situação aqui seja para subsidiar a presidente porque, senão,
muitos de nós não estaríamos aqui, inclusive eu”, desabafou o presidente
da central sindical UGT, Ricardo Patah. “Trazer todos aqui tem efeito
colateral positivo para ela, demonstrando um respaldo político indireto.
Mas se quiserem fazer isso mesmo, será um tiro no pé”, comentou
Pastoriza.
Apesar do apelo, houve muitas
resistências ao pedido de volta da CPMF, pois empresários e
trabalhadores querem, primeiro, mais “corte na carne” do governo. O
presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, disse que o retorno da CPMF
é uma das possibilidades, mas considera que ela deve ser “transitória”
porque a carga tributária no País é muito elevada. Trabuco foi o
primeiro a falar no Conselhão, em seu discurso afirmou que com a
recessão, “somos todos perdedores”.
O presidente da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção, José Carlos Martins, avisou que faz “objeção à
CPMF sem cortar gasto público”. E emendou: “O gasto cresceu tanto que
não há CPMF que aguente”, avisou.
FGTS. A decisão do governo de anunciar a
liberação de R$ 17 bilhões do FGTS para usar no consumo dividiu os
representantes dos trabalhadores. O presidente da CUT, Wagner Freitas, e
do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, Rafael Marques, ambos
próximos ao expresidente Lula e ao governo, defenderam a medida. “Vejo
com bons olhos”, disse Freitas. Marques acha que a medida ajudará o
trabalhador a diminuir o custo de sua dívida, pois, ao usar o FGTS como
garantia, o risco do empréstimo e, consequentemente, os juros, diminuem.
Já o presidente da UGT, Ricardo Patah, foi contra. “Como trabalhador
não acho que é adequado pegar recursos do Fundo para estimular o
crédito”, desabafou Patah, acrescentando que considerava “mais adequado
reduzir compulsório dos bancos de 33% para 20%”.
Sobre a questão da reforma da
Previdência, que os trabalhadores são contra, eles dizem que o local
correto para essa discussão não é o Conselhão, mas o fórum que está
funcionando no Ministério do Trabalho.
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