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26/08/2014
Marina pede “tempo necessário” para explicar jatinho(s). Necessário a quê?
Tijolaço - 25 de agosto de 2014 | 19:07 Autor: Fernando Brito
Fernando Brito
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Finalmente, hoje, depois de acossada pelos jornalistas, Marina Silva resolveu falar sobre o caso do jatinho que vitimou Eduardo Campos.
Falou e não disse nada. Ou melhor, disse que as explicações serão dadas não com os fatos, apenas os fatos, mas “com a devida base legal“.
— Nós queremos que sejam dadas as explicações de acordo com a materialidade dos fatos. E para termos a materialidade dos fatos é preciso que se tenha o tempo necessário para que essas explicações tenham a devida base legal
A senadora me perdoe, mas isso parece a história dos longos dias em que Aécio Neves esquivou-se de dar resposta à simples pergunta dobre se tinha usado o aeroporto – na prática privado – construído com o dinheiro público do Governo de Minas.
Afinal, senadora, há uma resposta simples, que não precisa de tempo algum: “eu não sabia de quem era o avião, Eduardo não me disse” ou “Eduardo me disse que pertencia a fulano”.
Pronto, assunto encerrado: a senhora poderia não saber ou ter apenas a informação que o cabeça de chapa lhe deu sobre o avião.
Ninguém esperaria que Marina fosse pedir a nota fiscal a ele antes de embarcar.
À medida, porém, que a nova candidata se esmera em que as explicações se adequem à “devida base legal” torna-se, irremediavelmente, solidária e partícipe daquilo que se possa achar como subterfúgio para algo que está evidente: o uso do avião era, do ponto de vista da legislação eleitoral, ilegal.
Aliás tem um dono legal que diz que não é dono porque transferiu e outro, informal, que nega de tido senão um flerte com a ideia de comprá-lo e que, antes, já emprestava outro jato ao candidato.
Mesmo que o partido não disponha de nenhum contrato de uso – e muito menos os de compra – do avião, alguém pagava o combustível, o hangar, os pilotos…Se era o PSB, bastaria dizer; se não era, bastaria dizer que não e, sabendo, apontar quem era…
Se a cessão do avião ou os pagamentos por seu uso tinham ou não a “devida base legal” é questão para advogados.
A verdade e a sinceridade, ao contrário, são para a candidata.
Se a candidata não quer dizer o que sabe – ou que não sabia – à espera dos arranjos dos senhores advogados é seu direito, desde que aceite o julgamento público de que é alguém que é capaz de esconder a verdade – ao menos durante “o tempo necessário” à construção de versões.
A senadora, como evangélica, bem deveria saber que a verdade liberta e a mentira acorrenta.
Permita-me, senhora, lembrar Efésios, 4:25.
“Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros.”
Marina Silva tornou-se prisioneira de uma versão que será construída com a profissional assessoria jurídica.
Desnecessária e, pior, comprometedora para quem a assume como subterfúgio.
Porque, afinal, Marina Silva de nada está sendo acusada mas, ao se acumpliciar a um arranjo falso, ao qual não importa a realidade mas “a devida base legal” .
E por ele responderá.
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