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28/12/2014
Petrobras
Belluzzo critica ação dos cartéis da construção e da informação na crise
Economista, diz que Dilma é uma das poucas pessoas por quem põe ‘a mão no fogo’. Para ele, presidenta é ‘atormentada’ por cartéis e o que ‘estão fazendo com a Petrobras é imperdoável’
Reprodução/TVT
'Defendo as empresas, não seus donos: os que cometeram malfeitos têm de cumprir o que a lei manda'
São Paulo – “A economia brasileira
tem os seus cartéis, dentre os quais os mais importantes são as empresas
de construção”, diz o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da
Unicamp. Em entrevista ao Seu Jornal, da TVT,
Belluzo afirma que a importância do setor de construção da economia –
junto com a Petrobras responde por sete a nove pontos percentuais da
taxa de investimentos no país – não exime os empresários do setor de
serem punidos com o rigor da lei. “Estou defendendo as empresas, e não
os empresários, os que cometeram malfeitos têm de cumprir o que a lei
manda.”
Ele vê no entanto, que a crise da Petrobras envolve,
além os casos de corrupção – que têm de ser investigados e solucionados
para que a empresa se recupere –, questões geopolíticas externas e
interesse internos: “Está lá no Congresso o senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP) clamando pela mudança do modelo de partilha para o
modelo de concessão. Concessão é adequado para quando você vai descobrir
as reservas de petróleo. Você não pode aplicar isso a reservas já
descobertas, seria uma impropriedade. Isso envolve uma questão
geopolítica, de interesse, no fundo, de se privatizar ao máximo a
exploração do petróleo e tirar do controle da Petrobras”, observa. “Por
isso o caso da Petrobras é muito grave. Isso que foi feito é
imperdoável, porque fragiliza muito a empresa.”
O economista se solidariza com a presidenta Dilma
Rousseff: “É uma das poucas pessoas pelas quais eu ponho a mão no fogo.
Eu sei que ela deve estar atormentada e é inacreditável que tentem
imputar a ela alguma coisa parecida com corrupção”, diz. E faz uma
referência à atuação da imprensa brasileira. “A imprensa brasileira é um
cartel. Um cartel da informação, o que é grave para um país que quer
avançar na democracia, na melhoria dos padrões de convivência. É preciso
diversificar os meios de comunicação e não permitir que o cartel
continue operando. E o cartel está operando.”
Assista à entrevista concedida a Talita Galli, da TVT.
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