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20/09/2013
Dilma não tirou o sapato, mas o arremessou no Obama
Blog Palavra Livre 19/09/2013
Por Davis Sena Filho
A
presidenta Dilma Rousseff disse não ao presidente bisbilhoteiro dos Estados
Unidos, Barack Obama, e suspendeu sua viagem programada para outubro ao império
belicoso, cuja política externa é a do porrete, mas mesmo assim e apesar de
tudo tal mandatário yankee recebeu da academia sueca, em 2009, o Prêmio Nobel
da Paz. Realmente, a premiação foi um acinte ao bom senso, bem como um deboche
à inteligência alheia.
Por
sua vez, Dilma arremessou o sapato no Obama. Em atitude antagônica a de Celso
Lafer, chanceler de FHC — o Neoliberal I —, a mandatária não tirou os sapatos,
como o fez Lafer em aeroporto de Nova York, a mando de um agente subalterno. A
atitude do chanceler tucano demonstrou, simbolicamente, o quão o governo de FHC
foi subserviente, pois alinhado automaticamente aos interesses
norte-americanos, ao ponto de seu governo entreguista desmantelar o estado
brasileiro e, por conseguinte, atender à nova ordem mundial da época, que
implicava em implantar teoria que, na verdade, privilegiava os interesses
econômicos de países ricos em detrimento do povo brasileiro, que tinha
dificuldade até para ter acesso ao emprego.
A
potência militarista do norte da América, além de invadir armada até os dentes
os países que não rezam por sua cartilha política e econômica, também é useira
e vezeira em cometer outros desatinos, como, por exemplo, derramar bilhões de
dólares no mercado mundial de forma artificial e, consequentemente, enfraquecer
a economia de países concorrentes, a fim de fortalecer a sua economia, que
desde a crise internacional de 2008 enfrenta graves problemas, que afligem
parte representativa de sua população, cerca de 40 milhões de pessoas, que
necessitam dos conhecidos bônus de alimentação, que com o passar do tempo
tiveram o poder de compra diminuído comparado a anos anteriores.
Contudo,
voltemos à Dilma Rousseff. A mandatária brasileira, diferentemente do tucano
Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I — comanda a política externa
brasileira. A partir do Governo Lula, à
frente do Itamaraty o ministro Celso Amorim, estabeleceram-se novas diretrizes
para o Brasil, no que concerne à independência e à autonomia do País em
viabilizar novas parcerias, concretizar a efetivação de novos blocos políticos
e econômicos, além de dar maior atenção às relações Sul-Sul, porém, sem
esquecer a importância que têm os países europeus, o Japão e os Estados Unidos
em termos comerciais.
Além
disso, o Mercosul se fortaleceu com o ingresso da Venezuela, bem como o
processo de adesão da Bolívia está a tramitar pelos escaninhos do bloco, que já
conta com a volta do Paraguai, país que foi punido por causa do golpe de estado
de caráter “jurídico”, que apeou do poder o presidente Fernando Lugo. O
fortalecimento do Mercosul enterrou de vez a Alca, controlada pelos EUA, que na
verdade apenas queriam inundar o poderoso mercado interno brasileiro com seus
produtos isentos de taxas e tarifas.
A
verdade é que a Alca foi um fracasso e um dos responsáveis por tal bloco não
vicejar nas Américas foi o presidente Lula, que implementou um política externa
ousada, não alinhada aos EUA, como nos tempos de FHC, e aberta a novos
parceiros e mercados, a exemplo dos países africanos, asiáticos, a ser a China
atualmente o principal parceiro do Brasil, a superar os Estados Unidos.
Outra
solução importante foi a criação, ainda no governo Lula, dos BRICS, bloco
econômico poderoso, com mercados internos gigantescos e populações que estão a
experimentar a ascensão social, porque milhões de pessoas ingressaram na classe
média. Lula e Celso Amorim e muitos de seus principais assessores, a exemplo de
Dilma Rousseff, na época chefe da Casa Civil, perceberam que se o mercado
consumidor brasileiro não fosse fortalecido e o consumo incentivado o Brasil
poderia afundar a sua economia juntamente com os europeus e os estadunidenses,
países que, como um abraço de afogado, tentaram, em vão, escapar de uma crise financeira
e imobiliária que puxava todos para o fundo.
A
busca por novos parceiros comerciais, o fortalecimento do mercado interno, a
criação de blocos para fazer contraponto à União Europeia e à economia
norte-americana fez com que também o Brasil fosse um dos principais signatários
da criação do G-20, grupo que engloba as maiores economias do mundo. Com a
dívida externa paga, um PIB de US$ 2,253 trilhões (2012), reservas
internacionais de US$ 374,417 bilhões, o Brasil se tornou a sexta maior
economia do mundo, a superar países como a Itália, a Inglaterra e a Rússia, mas
necessita acelerar a distribuição de renda e riqueza, além de realizar uma
profunda reforma agrária, para que a sociedade brasileira se torne menos
violenta, estanque as migrações e dê condições de vida àqueles que, porventura,
optaram em viver no campo. E isto tudo pode ser feito, com vontade política e
determinação para enfrentar a reação das “elites” e a desinformação da classe
média, tradicional aliada das classes sociais dominantes.
Entretanto,
desde a implementação de uma política externa ousada e voltada para a conquista
de novos mercados comerciais, os governos trabalhistas de Lula e de Dilma
sofreram pressões contrárias à nova forma de se enxergar o mundo por parte da
imprensa de mercado e de setores conservadores das universidades e do próprio
Itamaraty, por intermédio de alguns diplomatas da ativa que desejam a volta da
diplomacia de punhos de renda, a exemplo do diplomata que trouxe às escondidas
um senador boliviano, e das vozes de embaixadores aposentados, que fazem da
Globo News, do Instituto Millenium, da Folha, do Globo, da Época e da Veja
tribunas oposicionistas à diplomacia oficial efetivada pelos trabalhistas desde
2003, e que se tornou uma realidade vitoriosa.
Esses
órgãos de comunicação privados são verdadeiras tribunas de ataques e
contestações às estratégias de relações exteriores entre o Brasil e o mundo
efetivadas há 11 anos, tempo em que os trabalhistas estão no poder. Os barões
da imprensa, porta-vozes dos setores mais conservadores e reacionários da
sociedade brasileira, estão acostumados há séculos a serem subservientes aos
ditames dos países imperialistas, que são tratados por essa “elite” colonizada
e com um imenso complexo de vira-lata como suas cortes — os “sonhos dourados”,
inoculados em seus corações e mentes no decorrer de gerações. O provinciano que
se considera cosmopolita, porque foi visitar o Mickey para se comportar como um
pateta, ao tempo em que reage contra e desaprova a ascensão social de milhões
de brasileiros. Trata-se do cretino sem espelho.
Dilma
Rousseff não adiou a visita aos EUA, como quer fazer crer o colunista “imortal”
de O Globo e 12º juiz derrotado do STF, Merval Pereira. A presidenta
simplesmente suspendeu o encontro com Barack Obama, porque não ficou satisfeita
com as desculpas esfarrapadas do mandatário yankee quanto às arapongagens
perpetradas contra o Brasil, o Governo trabalhista e a Petrobras. Vale lembrar
que cidadãos brasileiros também foram bisbilhotados. Os EUA têm uma dívida
moral com a humanidade, porque, além de ser o berço de um capitalismo de exploração
sem fim aos países pobres e militarmente mais fracos, é também o maior
responsável e culpado pela maioria dos conflitos armados, políticos e
econômicos deste planeta.
O
motivo disso tudo é que os EUA bombardeiam e invadem países, cometem dupings
comerciais, controlam o mercado de capitais e de armas, em âmbito mundial, e
depois de todas essas atrocidades e perversidades resolvem recrudescer sua
vocação policialesca, e, por seu turno, impõem a todas as nações uma paranoia e
neurose de segurança que remonta ao livro 1984, de George Orwell. As
torres gêmeas foram postas abaixo e o mundo até hoje paga por este ato de guerra dos
inimigos dos EUA
No
decorrer desse tempo, as pessoas são vítimas de uma sociedade exageradamente
espionada e fisicamente controlada pelo Grande Irmão (Big Brother), opressor de
uma sociedade que fica à mercê daqueles que detêm o poder político e econômico,
para edificar um estado totalitário, que são os EUA em relação ao mundo, e
que beneficia as camadas sociais privilegiadas e as grandes corporações. Os
Estados Unidos não são uma nação, mas, sim, um conjunto de corporações
empresariais poderosas, que exploram e oprimem o mundo por intermédio da força
do dinheiro e de ações de guerra no exterior.
O
Brasil é um país poderoso. A sexta maior economia do mundo, mas os EUA ainda são
muito mais fortes, e se valem disso. Espiona o governo brasileiro e suas empresas
estatais e privadas, porque, como sempre, comportou-se dessa forma desde sua
independência. O grande satã, como os EUA são considerados pelos árabes, ou Tio
Sam, como é conhecido pelos seus cidadãos, não se faz de rogado e tergiversa,
dissimula e distorce os fatos e as realidades para não assumir suas culpas e
responsabilidades, retratadas, neste caso, quanto à sua espionagem.
O
Brasil fez a sua parte. Reclamou e vai fazer uma queixa oficial na ONU e outros
fóruns legais. Não tem jeito. Só se pode fazer isso, pois a bisbilhotice foi
feita. Dilma não tinha outra saída, apesar do deboche e das críticas açodadas
da direita partidária, da imprensa de negócios privados e dos coxinhas
reacionários de classe média. Mas o caminho diplomático está a ser sedimentado,
no sentido de marcar posição, que redundou na suspensão do encontro entre a brasileira
e o norte-americano. Dilma não tirou os sapatos, mas o lançou em direção ao
Obama. Ela não é subserviente, colonizada e muito menos tucana. É isso aí.
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