.
16/09/2013
Justiça ou marketing
Do Facebook 16/09/2013
Mesmo sem argumentos consistentes, procura-se evitar a aplicação do
regimento interno do STF, que reconhece os embargos infringentes, na
ação penal 470. A explicação é conhecida: qualquer medida que possa
beneficiar os condenados, mesmo que esteja certíssima, pode dar a
impressão de vivemos num país onde “ricos e poderosos” tem meios
eficientes para escapar da Justiça.
Vamos combinar duas coisas:
a) no Brasil, nos Estados Unidos, no Paquistão, na China Comunista e na
Islândia, os “ricos e poderosos “ sempre terão meios de garantir seus
direitos, evitar decisões injustas e também escapar de punições
adequadas; aonde houver capitalismo, “ricos e poderosos “ sempre
poderão mais do que os “pobres e oprimidos “na saúde, na educação, nos
restaurantes, no shopping certo e na Justiça, certo?
b) isso
não tem relação alguma com o julgamento do mensalão, que envolveu um
método de investigação dirigido para arrancar penas duríssimas e
concluiu com sentenças fortes, e mesmo artificialmente elevadas, como
foi demonstrado com números por Ricardo Lewandovski; um balanço honesto
do julgamento mostrará um evento desequilibrado entre uma acusação
poderosa e uma defesa acuada;
O debate, na verdade, procura
confundir, deliberadamente, justiça e marketing -- em prejuízo da
Justiça. É inaceitável e demagógico.
Quem subordina a Justiça
ao marketing quer autorizar uma ação arbitrária. A mensagem é esta: não
importa cumprir o que dizem as leis nem o que sustenta o Direito. O
que importa é usar as leis e o Direito para fazer propaganda.
Com um descaramento espantoso, mas que sinaliza para o ambiente que se
vive em determinadas esferas do mundo social brasileiro, procura-se
defender uma ideia absurda: a de que será possível construir uma Justiça
melhor a partir de decisões que podem ser injustas e erradas – mas que a
população pode será levada a entender como certas e justas.
Nós garantimos a mentira – nos dizem, sem ruborizar.
É vergonhoso. Um tribunal trabalha com a realidade das pessoas, a
começar por sua liberdade e sua dignidade. É por isso suas decisões
devem ser pesadas e medidas. O marketing trabalha com campanhas e
interesses e, no limite, sua ética peculiar aceita que veicule mentiras
sob determinadas condições, o que seria inaceitável numa decisão
judicial.
Vamos voltar, por exemplo, ao debate sobre
embargos infringentes. Submetido a uma ideia falsa, de que a legislação
era omissa quanto aos embargos infringentes, o país passou os últimos
dias discutindo se os anjos têm sexo, isto é, se os embargos poderiam ou
não serem aplicados na ação penal 470.
Mas, depois que o repórter
Paulo Celso Pereira, do Globo, revelou que em 1998 a Câmara de
Deputados rejeitou uma mensagem do presidente Fernando Henrique Cardoso,
que pretendia declarar a extinção dos embargos, não há muito o que
discutir – do ponto de vista legal. O Congresso, que tem a primazia de
definir as leis em vigor no país, diz que os embargos estão em vigor e
foram mantidos de forma explícita pelos parlamentares. Num país onde a
Constituição diz que o poder emana do povo, que o exerce através de seus
representantes eleitos, o caso deveria estar resolvido e bem
encaminhado.
Mas procura-se questionar a decisão – do ponto de
vista do marketing. Vale mentir, para dizer que os embargos podem levar
a um “novo julgamento” e que logo teremos um “embargo do embargo do
embargo”.
São inverdades e fantasias, veiculadas num esforço para
pretende emparedar o Supremo e transformar seus integrantes em
garotos-propaganda de interesses alheios a Justiça.
São atos baixos e condenáveis. Nenhum país progrediu através de golpes na sua legislação e na sua democracia.
.
Justiça ou marketing
Vamos combinar duas coisas:
a) no Brasil, nos Estados Unidos, no Paquistão, na China Comunista e na Islândia, os “ricos e poderosos “ sempre terão meios de garantir seus direitos, evitar decisões injustas e também escapar de punições adequadas; aonde houver capitalismo, “ricos e poderosos “ sempre poderão mais do que os “pobres e oprimidos “na saúde, na educação, nos restaurantes, no shopping certo e na Justiça, certo?
b) isso não tem relação alguma com o julgamento do mensalão, que envolveu um método de investigação dirigido para arrancar penas duríssimas e concluiu com sentenças fortes, e mesmo artificialmente elevadas, como foi demonstrado com números por Ricardo Lewandovski; um balanço honesto do julgamento mostrará um evento desequilibrado entre uma acusação poderosa e uma defesa acuada;
O debate, na verdade, procura confundir, deliberadamente, justiça e marketing -- em prejuízo da Justiça. É inaceitável e demagógico.
Quem subordina a Justiça ao marketing quer autorizar uma ação arbitrária. A mensagem é esta: não importa cumprir o que dizem as leis nem o que sustenta o Direito. O que importa é usar as leis e o Direito para fazer propaganda.
Com um descaramento espantoso, mas que sinaliza para o ambiente que se vive em determinadas esferas do mundo social brasileiro, procura-se defender uma ideia absurda: a de que será possível construir uma Justiça melhor a partir de decisões que podem ser injustas e erradas – mas que a população pode será levada a entender como certas e justas.
Nós garantimos a mentira – nos dizem, sem ruborizar.
É vergonhoso. Um tribunal trabalha com a realidade das pessoas, a começar por sua liberdade e sua dignidade. É por isso suas decisões devem ser pesadas e medidas. O marketing trabalha com campanhas e interesses e, no limite, sua ética peculiar aceita que veicule mentiras sob determinadas condições, o que seria inaceitável numa decisão judicial.
Vamos voltar, por exemplo, ao debate sobre embargos infringentes. Submetido a uma ideia falsa, de que a legislação era omissa quanto aos embargos infringentes, o país passou os últimos dias discutindo se os anjos têm sexo, isto é, se os embargos poderiam ou não serem aplicados na ação penal 470.
Mas, depois que o repórter Paulo Celso Pereira, do Globo, revelou que em 1998 a Câmara de Deputados rejeitou uma mensagem do presidente Fernando Henrique Cardoso, que pretendia declarar a extinção dos embargos, não há muito o que discutir – do ponto de vista legal. O Congresso, que tem a primazia de definir as leis em vigor no país, diz que os embargos estão em vigor e foram mantidos de forma explícita pelos parlamentares. Num país onde a Constituição diz que o poder emana do povo, que o exerce através de seus representantes eleitos, o caso deveria estar resolvido e bem encaminhado.
Mas procura-se questionar a decisão – do ponto de vista do marketing. Vale mentir, para dizer que os embargos podem levar a um “novo julgamento” e que logo teremos um “embargo do embargo do embargo”.
São inverdades e fantasias, veiculadas num esforço para pretende emparedar o Supremo e transformar seus integrantes em garotos-propaganda de interesses alheios a Justiça.
São atos baixos e condenáveis. Nenhum país progrediu através de golpes na sua legislação e na sua democracia.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista