segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Contraponto 12.226 - "Gilberto Maringoni: Black Blocs, cobrir o rosto é o de menos"

.

16/07/2013

 

Gilberto Maringoni: Black Blocs, cobrir o rosto é o de menos

 


Do Viomundo - publicado em 15 de setembro de 2013 às 16:22






Black Blocs concentrados em frente à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão/ABr

 

por Gilberto Maringoni

 

A esquerda não pode, em hipótese alguma, ser condescendente com as ações dos Black Blocs.

Assim como é imperativa a condenação da violência policial, deve-se igualmente negar qualquer aprovação a táticas individualistas, desagregadoras e isolacionistas de grupelhos que se valem de manifestações para desatar sua bílis colérica sobre orelhões, lixeiras e vitrines de lojas.

Qual o programa dito radical dos Black Blocs?

Nenhum, pois os Black Blocs não são radicais. Fazem ações epidérmicas, levianas e superficiais.

Radical quer dizer ir à raiz das questões. Qual a radicalidade de se juntar meia dúzia de garotos hidrófobos e depredar a fachada de um banco? Em que isso penaliza o sistema financeiro?

Baixar em um ponto as taxas de juros é algo muito mais eficiente e danoso à especulação do que as travessuras de meninos e meninas pretensamente rebeldes que cobrem os rostos para parecerem malvados ou misteriosos.

Aliás, qual a finalidade de máscaras e rostos ocultos, além do desejo infantil de um dia ser Batman, Zorro ou National Kid e sair por aí saltando sobre prédios e vivendo aventuras espetaculares? De se ter uma identidade secreta, na qual de dia enfrenta-se uma vidinha besta e à noite, na calada, devolve-se anonimamente à sociedade o mal que se esconde nos corações humanos, como dizia o Sombra em voz gutural?

O pior é que as peripécias dos blocos de blaques isolam os protestos da população que a eles poderia aderir e reduz o ímpeto das mobilizações à idéia de baderna pura e simples. Que acaba sendo complementar à violência policial. Ambas se justificam e se explicam.
Trotsky tem um texto admirável chamado “Porque os marxistas se opõem ao terrorismo individual”, escrito em 1911 e que está no link do pé da página. Ali, o revolucionário russo opõe a consequente manifestação coletiva a ações estrepitosas de poucos indivíduos tomados de fúria aleatória.

O seguinte trecho tem a precisão de um compasso:

Para nós o terror individual é inadmissível precisamente porque apequena o papel das massas em sua própria consciência, as faz aceitar sua impotência e volta seus olhos e esperanças para o grande vingador e libertador que algum dia virá cumprir sua missão.
E mais adiante, completa:

Nos opomos aos atentados terroristas porque a vingança individual não nos satisfaz.

Os Black Blocs têm uma ação deletéria. Acabam justificando a violência policial para um grande número de potenciais participantes de mobilizações de protesto. Exacerbam o reacionarismo existente na sociedade e transformam movimentos sociais em sinônimo de vandalismo. Animam pit bulls existentes nos aparelhos de segurança, como o boçal que atende pelo nome de capitão Bruno, da tropa de choque de Brasília.
Os Black Blocs não organizam nada, não querem nada.
E podem fazer com que manifestações maciças virem nada.

(http://www.marxists.org/portugues/trotsky/1911/11/terrorismo.htm).


Leia também:

Caetano concorda: Limitação a uso de máscaras é “ditatorial”
Igor Buys: O Bloco Negro e as fantasias fascistas ocultas
Wladimir Pomar: A quem interessa a baderna nos protestos de rua?
Lincoln Secco: Vandalismo é tudo o que destoa da mensagem da mídia
Kátia Baggio: Black Bloc e a destruição do capitalismo


Nenhum comentário :

Postar um comentário

Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista