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domingo, 8 de agosto de 2010

Contraponto 2968 - "José Dirceu: Soberania e beligerância"

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08/08/2010

José Dirceu: Soberania e beligerância

Portal Vermelho - 7 de Agosto de 2010 - 20h46

Nas últimas semanas, a América Latina viveu um momento delicado: a retomada de um conflito diplomático entre Colômbia e Venezuela, causado pelas acusações feitas pelo presidente Álvaro Uribe contra seu homólogo venezuelano, Hugo Chávez, é uma demonstração da delicada correlação de forças que têm se equilibrado no continente nesta década e seu complexo jogo de interesses.

Por José Dirceu*

O contexto escolhido por Uribe para anunciar supostas evidências —que, ao menos por enquanto, não se sustentam— de que Chávez estaria abrigando guerrilheiros das Farc e do ELN em seu território é emblemático. Dias antes, seu sucessor, Juan Manuel Santos, indicou que iniciaria um processo de reaproximação com o país vizinho: um abandono do processo de tensionamento permanente que Uribe manteve ao longo de seus mandatos, com o apoio incondicional do governo dos EUA.

Santos, filho das elites econômicas colombianas tradicionais, segue o raciocínio da economia. O rompimento das relações com a Venezuela despencou a balança comercial da Colômbia, reduziu o lucro das empresas e elevou a taxa de desemprego. Já Uribe não abre mão da militância política que o levou a ser o braço direito da hegemonia política de Washington na América do Sul. Tenta forçar o presidente eleito a seguir o mesmo caminho, ou ao menos retardar o desmonte de anos de hostilidade institucional ao governo Chávez.

Linha semelhante tem adotado o candidato tucano à Presidência da República, José Serra, que, ainda em campanha, já criou desconforto ao acusar o presidente da Bolívia, Evo Morales, de ser leniente com o tráfico de cocaína e agora aproveitou o surto beligerante de Uribe para tentar atingir o PT e a candidata Dilma Rousseff. Serra e Uribe parecem compartilhar de uma diplomacia alinhada com os EUA acima de qualquer compromisso com a América Latina, suas instituições e seus povos.

Diante desse quadro, não poderia ter sido melhor a decisão dos países integrantes da Unasul, liderados por Brasil e Argentina, de retirar as negociações de paz do âmbito da OEA —onde os norte-americanos impõem as regras do jogo— para negociar, de acordo com a autodeterminação dos Estados sul-americanos, um plano que seja capaz de encerrar os conflitos internos que assolam a Colômbia há mais de 60 anos.

O diálogo e a independência são os grandes diferenciais de uma boa diplomacia. A Colômbia aponta o dedo contra a Venezuela e exige a formação de uma comissão internacional (que envolveria até países de fora da América Latina) para averiguar a existência de acampamentos da guerrilha que seriam protegidos por Hugo Chávez, um processo invasivo e que poderia influenciar as eleições pelas quais passará a Venezuela em setembro.

Mas a proposta que se revela mais positiva, e está sob análise da Unasul, é a de adotar, em solo colombiano e com o empenho do governo, uma nova política de pacificação, que passe por negociar com as forças hoje instaladas no interior da Colômbia. Trata-se de uma proposta que muda o paradigma e afasta a constante sombra da presença militar norte-americana na região —é necessário admitir, afinal, o fracasso do Plano Colômbia.

A questão das bases militares dos EUA na Colômbia consta também da proposta de diálogo e paz que as Farcs apresentaram ao novo presidente colombiano. Pela proposta, o movimento depõe as armas e abre-se ao diálogo com o governo em torno de cinco pontos-chave: as bases norte-americanas, os direitos humanos, a posse da terra, o regime político e o modelo econômico. É um sinal claro de que a estratégia de Uribe e seu grupo não terá sucesso.
Será necessário acompanhar de perto os desdobramentos do diálogo no âmbito da Unasul e trabalhar para que se alcance esse consenso, pelo bem da paz e da segurança na região. O recado a Uribe e aos EUA deve ser claro: na América do Sul, não há espaços para uma diplomacia beligerante, nem violação dos princípios de autodeterminação e soberania.

*José Dirceu é advogado e ex-ministro da Casa Civil
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sábado, 13 de março de 2010

Contraponto 1620 - Uribe e o crime organizado

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13/03/2010

Cerca de 80 candidatos ao Congresso ligados a Uribe



O Outro lado da notícia - Postado em 13 de março de 2010 por osvaldobertolino

Pelo menos 80 candidatos ao Congresso colombiano nas eleições de domingo são investigados por ligações com paramilitares de ultradireita ou por serem testas de ferro de representantes políticos acusados por esse crime, denunciou uma organização não-governamental.

“Entre os atuais aspirantes à nova composição do Congresso verificamos que pelo menos cerca de 80 deles mantêm relações com grupos paramilitares”, assegurou o investigador Ariel Ávila, membro da organização Movimento de Observação Eleitoral (MOE).

Segundo o investigador, as ligações desses candidatos com os esquadrões ocorrem de duas formas: “Ou os candidatos estão sendo investigados por ligações com esses grupos ou são candidatos indicados por políticos julgados por isso e que tentam legislar com um testa de ferro”.

Em declarações à rádio Caracol, Ávila disse que a maioria dos candidatos com supostos vínculos com grupos armados ilegais apresentam as suas candidaturas por partidos políticos da coligação do governo de Alvaro Uribe, entre eles o Partido da Integração Nacional (PIN).

No domingo 14, os colombianos elegerão 102 senadores e 166 representantes na Câmara para o período 2010-2014.

Além disso, serão escolhidos cinco deputados para o Parlamento Andino, e os partidos Conservador (no poder) e Verde realizarão consultas internas para definir seu candidato presidencial.

Com agências
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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Contraponto 1502 - Colômbia: Justiça veta terceiro mandato de Uribe

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27/02/2010
Colômbia: Justiça veta terceiro mandato de Uribe

Heil Uribe ?

Vermelho
27/02/2010

A Corte Constitucional da Colômbia rejeitou nesta sexta-feira (26), por 7 votos a 2, a lei do referendo que permitiria à população do país decidir sobre a possibilidade de o presidente Álvaro Uribe tentar se reeleger para um terceiro mandato nas eleições de 30 de maio. Ou seja, uma grande derrota para Uribe, que viu naufragar o sonho de permanecer no poder até 2014 e terá que deixar o cargo este ano.
O presidente do tribunal, Mauricio González, comunicou que foram alegadas inúmeras violações no processo. Segundo ele, durante o trâmite da lei, houve "um conjunto de irregularidades" vinculadas ao financiamento da campanha de coleta de assinaturas entre os cidadãos, além de outras anomalias que "configuram uma grave violação aos princípios de um sistema democrático".

De acordo com o tribunal, os defensores do referendo gastaram "mais de seis vezes o autorizado pelas autoridades eleitorais e receberam doações até 30 vezes a mais do que o permitido".

Logo após divulgada a decisão, Uribe disse acatar o posicionamento. "Aceito e respeito a decisão da Corte Constitucional. Espero prosseguir servindo à Colômbia em qualquer trincheira", declarou ele, que, nesta semana, defendeu que a escolha final sobre sua reeleição deveria ser tomada pelos "colombianos", não pela Justiça.

Cenário eleitoral

A decisão da corte, considerada a mais importante dos últimos anos na política colombiana, marca o início de uma difícil campanha para os adversários que buscam substituir Uribe e sua política conservadora e subserviente aos Estados Unidos. Em quase oito anos de governo, ele se converteu em um dos presidentes com maior apoio popular, graças à sua estratégia de força para combater as guerrilhas esquerdistas.

Uribe, o aliado mais importante dos EUA na América Latina, em um momento em que vários governos progressistas assumem um papel protagonista na região, chegou ao poder em 2002 com a promessa de derrotar militarmente a guerrilha. Mudando a Constituição, ele foi reeleito em 2006, sem que até o presente momento tenha conseguido selar a paz em seu país.

Agora, com Uribe e seu favoritismo fora da disputa, a Colômbia pode ter um pleito um pouco mais equilibrado. No momento, há sete nomes colocados para a disputa. Os mais bem cotados são o ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, muito próximo do presidente, e o ex-prefeito de Medellín, Sergio Fajardo, que se diz "nem uribista, nem não uribista".

Uma candidatura de Santos, contudo, disputaria a preferência de Uribe com o ex-ministro da Agriculura, Andrés Felipe Arias, que pela semelhança com o atual presidente foi batizado de "Uribito".

Na oposição, estão colocados os nomes do ex-ministro da defesa, do Partido Liberal, Rafael Porto, e o senador pelo Polo Democrático Alternativo, Gustavo Petro.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Contraponto 854 - "Uribe, rei da salsa"


01/12/2009

Uribe, rei da salsa


Carta Maior - Emir Sader* 01/12/2009

A Colômbia é um país anestesiado. Ou, pior, dependente de um mecanismo diabólico. Com a Operação Colômbia, os EUA exportaram maciçamente não apenas armas, tropas, aviões, mas também seu mecanismo clássico de buscar responsáveis pelos seus problemas nos outros.

No próprio tema das drogas, o país que detém o maior mercado consumidor do mundo e a sociedade que depende das drogas, acusa os países produtores como responsáveis de atender à sua milionária demanda. Ao mesmo tempo, nenhum grande traficante está preso nos EUA, em condições que o comércio de drogas movimenta cifras incalculáveis nesse país.

No caso da Colômbia, o uribismo é o mecanismo pelo qual se busca a culpa pelos problemas do país não na miséria, na desigualdade, na injustiça, na corrupção, no narcotráfico, nas políticas neoliberais, na violência, mas nas Farc, primeiro, na Venezuela, depois.

A senadora Piedad Córdoba, que tem uma notável atividade de busca de soluções políticas aos conflitos internos, tendo sido a responsável pela liberação de vários presos e segue empenhada nessa louvável ação, é diabolizada pelo governo e pela imprensa, ao invés de ter apoiada sua candidatura ao Prêmio Nobel da Paz – de que é merecedora, mesmo se não fosse em comparação com o presidente dos EUA, Obama, cujo governo, além da continuação da invasão e das guerras no Iraque e no Afeganistão, está instalando 8 bases militares na Colômbia, elevando a militarização do país.

Piedad Córdoba vive agredida pelo governo e pela imprensa, por vários setores da sociedade que não conseguem aceitar que há uma via política, pacífica, de negociação, para os problemas do país. O país se tornou uribedependente, viciado nos argumentos de que a violência só se combate com mais violência, de que os problemas da Colômbia estão na existência das Farc e em países vizinhos que ameaçariam o país. Mesmo com a instalação de bases militares norteamericanas no país, em que documento oficial dos EUA afirma que, pelo menos uma delas – a de Palanquero – servirá para operações militares sobre o conjunto da região -, fecham-se os olhos para a violação da soberania nacional e para o fato de que isso representa o perigo para a convivência pacífica na região.

Ameaçam não apenas a Venezuela, a Bolívia, o Equador, mas o Brasil, a Argentina, o Paraguai, o Uruguai e o Chile – todos os países que detêm riquezas cobiçadas pelos EUA e que desenvolvem políticas que não obedecem a Washington da maneira subserviente que o faz Colômbia.

Uribe sobrevive, apesar dos escândalos ligados à violência, ao paramilitarismo, ao narcotráfico, que seguem sendo revelados, porque submeteu o país à chantagem da “segurança democrática”, em que supostamente somente ele poderia garantir a paz no país. Como? Com mais violência, com a militarização da Colômbia, tornando-se uma base militar nortemaericana, fortalecendo ainda mais os paramilitares e os narcotraficantes. (Grifo do ContrapontoPIG)

Se Berlusconi foi eleito o rei do rock pela Rolling Stones italiana, Uribe merece ser eleito o rei da salsa. Pelo poder de representação que desenvolve, pelo ritmo frenético com leva a Colômbia no caminho da sua perdição, pelas formas farsantes com que atua, tornando-se um artista do incentivo à violência, ao ódio, um enganador. Não um governante, que defenda os interesses do país, que coloque em prática as políticas que façam com que a Colômbia deixe de ser um país em que a economia cresce, mas os índices sociais continuam piorando.

Uma Colômbia pacífica, que se concentre na ação contra os seus reais problemas, precisa de outro tipo de governo. Da mesma forma que a América Latina integrada, soberana, justa, solidária, precisa de uma Colômbia democrática, justa, pacífica, amiga e não inimiga dos seus vizinhos. Uma Colômbia de vallenato, cumbia, salsa, dançadas e cantadas pelo seu povo musical e hospitaleiro e não pela farsa de governantes que a mantêm no limite da guerra, para tentarem se perpetuar no poder.

*Emir Sader,
sociólogo e cientista político.
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domingo, 8 de novembro de 2009

Contraponto 654 - Uribe perde força no Congresso


08/11/2009
Uribe perde força no Congresso para um terceiro mandato


Texto: Prensa Latina / Postado em 15/06/2009 ás 22:20

Bogotá (Prensa Latina) Um projeto de referendo que busca habilitar o presidente Álvaro Uribe para um terceiro mandato, perde apoio no Congresso colombiano, segundo uma enquete divulgada nesta segunda.

De acordo com um estudo do diário O Tempo, se a conciliação entre os textos aprovados pelo Senado e a Câmara de Representantes fosse no imediato, provavelmente se afundaria.

O projeto já superou no Congresso os quatro debates necessários para seu trâmite, mas falta um passo, devido a que em ambos entes legislativos se ratificaram textos diferentes.

Na Câmara aprovou-se a reeleição para 2014 e no Senado para 2010, pelo que uma comissão interparlamentária de conciliação deverá unificar o documento da iniciativa.

Ante este panorama, O Tempo sustenta que de 166 membros da Câmara, se pôde estabelecer que 100 estariam dispostos a apoiar o referendo em 2010, mas a indagação preliminar da Côrte desenquadra as contas.

Nesse sentido, afirma a fonte, dos 86 congressistas pesquisados supostamente por incurrir no delito de prevaricato, oito manifestaram que se declararão impedidos, em tanto 26 não tem decidido ainda se participarão na votação.

Dessa maneira, sem esses 34 congressistas à bancada do uribismo (de Uribe) não lhe atingiria para chegar ao mínimo de 84 votos que requer a conciliación do projeto, e teria problemas para conseguir o quórum.

O Partido Liberal, o Pólo Democrático Alternativo, Mudança Radical, Aliança Social Afro-colombiana, Huila e Novo Liberalismo e Pelo País que Sonhamos somam 66 votos que são a grande oposição à reeleição em 2010.

A isso, se soma a escassa margem de tempo que resta para conciliar a iniciativa, pois no próximo sábado conclui a legislatura, ante o qual a coalizão uribista prentende aprovar a iniciativa nesta semana.

Neste contexto, o presidente da Câmara, Germán Varão, considera que se deve citar a sessões extras para conseguir.

No entanto, O Tempo adverte que nem as horas extras, nem esperar ao 20 de julho, quando o Partido Social de Unidade Nacional (da U) assuma a presidência da Câmara, serviria de antídoto contra o medo dos congressistas, que temem perder suas investiduras se votam a conciliação, dado que são pesquisados pela Côrte.

Em tanto, de acordo com um reporte de Caracol Rádio, partidários do uribismo reunidos em Cartágena (Bolívar) discretamente e respaldados pela organização política Primeiro Colômbia, expressaram sua preocupação de que o projeto do referendo se afunde no Congresso.
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Contraponto 395 - Movimento contra reeleição de Uribe


01/10/2009
Movimento rechaça referendo que permitirá a reeleição de Uribe

Portal Vermelho - 1 de Outubro de 2009 - 12h05

Ante o avanço para o referendo que permitirá a reeleição do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, o Movimento de Vítimas de Crimes de Estado - Movice exige que a Corte Constitucional realize uma revisão rigorosa da Constituição Política e encerre este projeto governamental. O Movimento também solicita que o presidente seja julgado por ter "usurpado" o poder no período de 2006 a 2010 e por querer cometer o mesmo ato novamente.
A situação desencadeou a inconformidade de muitos setores sociais e políticos, e não apenas dos opositores, mas também dos chamados "uribistas anti reeleicionistas", que compartilham com algumas decisões do Presidente mesmo sabendo que o referendo atenta contra a democracia e fomenta a corrupção.

Dia 29 de setembro, o Movice lançou um manifesto que fundamenta em cinco aspectos seu repúdio à aprovação do referendo. Em linhas gerais, o documento explana sobre o autoritarismo e a negação da democracia constitucional que representam a segunda reeleição. A atitude do presidente beneficia unicamente a ele, que poderá continuar a controlar os diversos poderes públicos e a nomear as mesmas pessoas expondo a população a um sistema ditatorial sem controle.

Segundo o manifesto do Movimento, Uribe deverá se utilizar de várias artimanhas para conseguir a aprovação da reeleição, entre elas introduzir um artigo para baixar o número de votos necessários para a aprovação do Referendo. Atualmente é preciso que entre 7,35 e 7,75 milhões de pessoas votem, no entanto, uma jogada jurídica do governo deverá baixar esse número para quatro ou cinco milhões. Outra estratégia será colocar no mesmo dia do referendo reeleicionista um referendo pelo direito da água e o que pede a pena de morte contra violadores promovendo assim um efeito de engano.

Fonte: Adital

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PITACO DO ContrapontoPIG

Interessante: O PIG estrebucha contra um terceiro mandato para Morales, Chávez, Zelaya e Lula.

Em relação a Uribe ... um silêncio !
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Contraponto 51 - O medo agora é do Chávez


Saudades do comunismo



BUUUUUUU!

por Leandro Fortes em 03/08/2009


Não deixa de ser engraçado – e emblemático – o pavor físico que a presença de Hugo Chávez na presidência da Venezuela provoca numa quantidade razoável de colunistas e analistas de aleatoriedades políticas que abundam na imprensa brasileira. De certa forma, o chavismo veio suprir a lacuna deixada pelo comunismo como doutrina do medo, expediente muito caro à direita no mundo todo, mas que no Brasil sempre oscilou entre o infantilismo ideológico e o mau caratismo. Antes do fim dos regimes comunistas da União Soviética e de seus países satélites, no final dos anos 1980, era fácil compor um bicho-papão guloso por criancinhas, ateu e cruel, prestes a ocupar condomínios de luxo com gente grosseira e sem modos, a mijar nas piscinas e sujar o mármore dos lavabos com graxa e estrume roubado a latifúndios expropriados. Ao longo dos anos 1990, muita gente ainda conseguiu sobreviver falando disso, embora fosse um discurso maluco sobre um mundo que não mais existia. Entende-se: certos vícios, sobretudo os bem remunerados, são difíceis de largar.

No vasto império da América do Norte, onde o fim do comunismo também foi comemorado como o fim da História, os falcões republicanos perceberam de cara que seria inviável continuar a assustar os eleitores com o fantasma débil e inacabado da ditadura de Fidel Castro, esse sujeito que, incrivelmente, ainda faz sujar as calças dos ruralistas brasileiros e de suas penas de aluguel. Por essa razão, e para manter azeitado o bilionário negócio de venda de armas, os americanos inventaram a tal guerra contra as drogas, cujo resultado prático, duas décadas depois, vem a ser o aumento planetário da produção e do consumo de todo tipo de entorpecente, da maconha às super anfetaminas. O Brasil, claro, embarcou na mesma canoa furada, quando, assim como no resto da América Latina de então, o presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu militarizar o comando do combate às drogas no país – o que, aliás, não mudou muito. Na Secretaria Nacional de Políticas Antidrogas (Senad), da Presidência da República, reina soberano, desde o governo FHC, o general Paulo Roberto Uchoa.

Georg W. Bush usou o medo do terrorismo para também suprir a ausência da ameaça comunista, embora não tenha sequer tido o cuidado de mudar os métodos, baseados na mentira e na tortura, nem sempre nessa ordem. Assim foi, desde os atentados de 11 de setembro de 2001, com as invencionices sobre as armas de destruição de massa do Iraque e a prisão de Guantánamo, em Cuba, uma espécie de Auschwitz hightech. Ao sul do Equador, consolidou o tal Plano Colômbia, um desaguadouro de dólares cujo pretexto é o combate às drogas, embora qualquer índio isolado da fronteira saiba que o país de Gabriel García Márquez se tornou um estado preposto dos EUA, um Israel sulamericano. No fim das contas, uma estratégia para se opor ao “perigo chavista”, embora não haja nenhum argumento realmente sério que sustente essa novíssima e encomendada paranóia tão bem nutrida pelas elites locais.

O mote agora, replicado aqui e acolá por analistas apavorados, é a sombra de Hugo Chávez sobre Honduras, onde um golpe de Estado passou a ser descaradamente justificado nesse contexto. Graças aos golpistas, visivelmente uma elite branca e desesperada, como aquela que faz manifestações trajando jogging em Caracas, o chavismo teria sido abortado em Honduras, antes que virasse coisa como a Bolívia, o Equador e o Paraguai – ou seja, repúblicas perigosamente dominadas por governos populares. São os novos comunistas, revolucionários da pior espécie porque, justamente, abriram mão das revoluções para tomar o poder pela via do voto, da democracia. E, pior, muitos são cristãos.

Quando tucanos e pefelistas se mobilizaram, inclusive à custa de compra de votos, para aprovar o projeto de reeleição de FHC, em 1997, os editoriais e colunas da mídia nacional se desmancharam em elogios e rapapés. Saudaram a quebra da regra eleitoral como um alento à democracia e condição essencial à continuidade do desmonte do Estado e à privatização dos setores estratégicos da economia, a qualquer custo. Quando o assunto é Chávez, no entanto, qualquer movimento institucional, todos previstos nas regras constitucionais da Venezuela, é golpe. Reeleição? É golpe. Plebiscito? É golpe. TV pública? É golpe. Usar o dinheiro do petróleo em projetos populares? Isso, então nem se fala: é mais do que golpe, é covardia.

As tentativas de re-reeleição de Álvaro Uribe, na Colômbia, contudo, ainda passeiam no noticiário brasileiro como “nova reeleição” do corajoso cruzado contra os narcoguerrilheiros das Farc. No Brasil, a simples insinuação de que Lula pudesse querer o mesmo virou o “golpe do terceiro mandato”. Em Honduras, as multidões contrárias ao golpe contra o presidente Zelaya são chamadas de “manifestantes contrários ao governo interino”. Mais ou menos o que acontece com a resistência iraquiana à invasão das tropas americanas, cujos membros foram singelamente apelidados de “insurgentes” pelo jornalismo nacional.

Os tempos do anticomunismo eram estúpidos, mas pelo menos a gente sabia do que os idiotas tinham medo, de verdade.
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