domingo, 31 de maio de 2015

Contraponto 16.875 - "A ‘revelação’ de Mariana Godoy sobre os apresentadores da Globo. Por Paulo Nogueira"

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31/05/2015


A ‘revelação’ de Mariana Godoy sobre os apresentadores da Globo. Por Paulo Nogueira


Agora ela pode fazer perguntas


Paulo NogueiraAs pessoas pareceram surpresas, nas redes sociais, com uma declaração da jornalista Mariana Godoy, ex-Globo, sobre os apresentadores da emissora.

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Numa entrevista, ela se disse feliz com seu novo emprego na Rede TV porque, finalmente, pode fazer perguntas, e não simplesmente ler as que os outros fazem por ela.

Outros não. Outro: Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo.

As pessoas achavam que os apresentadores da Globo tinham luz própria para fazer alguma coisa além de declamar.

Não.

Mariana fez questão de incluir Bonner na lista dos que são papagaios de Kamel.

Numa discussão entre jornalistas no Twitter, alguém ponderou que, a rigor, não havia novidade.
Mas outro notou que era a primeira vez que alguém, com autoridade, dizia tão cruamente isso.

A primeira constatação é que Kamel não é um grande perguntador, dado o nível de entrevistas da Globo.

A segunda é que ele é um centralizador doentio. Um chefe inspirador recruta ou forma apresentadores capazes de fazer perguntas a quem quer que seja.

Se seus comandados não são capazes de conduzir uma conversa, o problema está em você, e não neles.

Ensine-os a pescar, em vez de dar-lhes os peixes.

Outra coisa é como é ruim trabalhar na Globo. A emissora dá visibilidade, mas não oferece as coisas que realmente tornam atraente uma atividade, a começar por autonomia.

Você pode miseravelmente pouco quando não é um Marinho na Globo, ou alguém de seu círculo mais próximo.

O que Mariana não disse, por ir além do que ela via, é que as perguntas de Kamel são devidamente aprovadas previamente por João Roberto Marinho, o irmão que cuida do conteúdo da Globo.

Não me refiro, obviamente, às perguntas triviais, mas às que verdadeiramente contam.

Por exemplo, as que foram feitas no Jornal Nacional aos candidatos à presidência.

O que os apresentadores devem saber fazer é lidar com as respostas. Patrícia Poeta, pelo que se noticiou, não foi aprovada na maneira como encaminhou, ou desencaminhou, a entrevista com Marina, e foi tirada do JN.

Mas o mais relevante, no debate, é que o que ocorre na Globo é um lugar comum nas corporações de mídia. Só quem manda são os donos.

Na Veja, o diretor de redação Eurípides Alcântara executa, apenas, as vontades dos Civitas.

Em outros tempos, você tinha um certo equilíbrio no jornalismo brasileiro. Os donos, compreensivelmente, eram de direita. Mas as redações eram, também compreensivelmente, progressistas.

Na Folha, Claudio Abramo puxava o jornal para um lado e Octavio Frias para o outro, e o resultado era um conteúdo frequentemente instigante.

O equilíbrio se perdeu a partir de 2003, com a ascensão de Lula.

Os donos buscaram obsessivamente chefes de redação afinados com eles, ou ao menos completamente submissos, como Eurípides na Veja ou Kamel na Globo.

Para facilitar seu trabalho, estes também se cercaram de replicantes.

Na Globo, ascenderam, por essa lógica, jornalistas como Erick Bretas, diretor de mídias digitais da empresa – e com um viés antipetista tão intenso que, em março, ele convocou seus seguidores no Facebook para uma manifestação contra o governo. Avisou, é claro, que estaria na rua.

Ainda na Globo, outro jornalista que cresceu sob tal ambiente é Diego Escosteguy, que fez da Época uma Veja, como se uma não bastasse.

Semanalmente, sob Escosteguy, a Época, como a Veja, se dedica a semear denúncias “bombásticas” contra Lula e o PT que não dão em nada.

A Época não se detém diante de nada. Na campanha presidencial, publicou uma pesquisa de um certo Instituto Paraná pela qual Aécio hoje estaria na presidência, tamanha a vantagem que lhe davam.

Mais recentemente, o mesmo instituto foi usado pela revista para dizer que, se fossem hoje as eleições, Aécio levaria. O leitor poderia responder: se fosse pelo instituto e pela revista, Aécio já teria sido eleito em outubro.

Esta, enfim, é a mídia brasileira. Se não é a pior do mundo, disputa esse título acirradamente.
Mariana Godoy apenas mostrou, para os iludidos, como é o ambiente dentro das redações: péssimo, como o jornalismo que sai delas.

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Sobre o Autor
 Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Contraponto 16.874 - "Bomba! As ligações entre a Globo e a máfia da Fifa"

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30/05/2015


Bomba! As ligações entre a Globo e a máfia da Fifa


Cafezinho - 30/05/2015

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(Na foto acima, Galvão Bueno e J.Hawilla)



O Cafezinho teve acesso, com exclusividade, a documentos que ilustram as relações comerciais íntimas, societárias, entre a Globo e J. Hawilla, o bandidão confesso preso pelo FBI no recente escândalo de corrupção da Fifa.

Os nomes da família global são João Roberto Marinho e Flávia Daudt Marinho, filha de José Roberto Marinho.

Os irmãos Marinho tem usado seus filhos para burlar o decreto lei 236, que limita o número de emissoras em mãos de um proprietário.

A própria Traffic, empresa diretamente ligada aos esquemas de corrupção da Fifa, traz fortes ligações com a Globo, na pessoa de José Geraldo Góes, um dos sócios da Traffic.

Góes aparece em todas as listas de membros societários nas empresas onde os J. Hawilla (ele ou seus filhos) tem participação, incluindo a TV Aliança Paulista e TV Bauru, da qual os Marinho também são sócios.

As tvs dos Hawilla em São Paulo retransmitem o sinal da Globo. São duplamente, portanto, controladas pela Globo: via conteúdo, que é dela, e via participação societária.

A TV Tem, também do interior de São Paulo, reúne a turma toda na lista de sócios: João Roberto Marinho, dois filhos de J.Hawilla, o onipresente José Geraldo Góes, e a empresa Bonanza.

As empresas Bonanza e Lunar aparecem sempre associadas aos Marinho; são usadas para controlar afiliadas da Globo no interior de São Paulo.

José Geraldo Góes é também presidente do Desportivo, um clube de futebol administrado pela Traffic.

Quer dizer, não só administrado. O Traffic é dono do Desportivo, através da empresa T

Desenvolvimento, que possui uma participação na sociedade no valor de R$ 102 milhões.

Sempre que você olha para as empresas de J. Hawilla, esbarra com o nome de José Geraldo Góes, em posição superior, como diretor, secretário ou acionista. Góes também é sócio de várias tvs controladas pela Globo.

(TV TEM, do interior de SP: lista de sócios, segundo o site Donos da Mídia).






(TV TEM, do interior de SP: lista de sócios, segundo o site Donos da Mídia).
A mídia não vai investigar isso? Não vai sequer dar a informação de que os Hawilla e os Marinho são sócios diretos em várias empresas no Brasil?

E que, através de Góes, todos eles, Hawilla e Marinho também tem ligações uns com outros em paraísos fiscais?

Ou será que a mídia brasileira continuará insistindo em qualquer factóide barato contra o PT, inventado às pressas, em conluio com setores políticos da PF, para abafar investigações que liguem Hawilla aos negócios da Globo?

Há muitos detalhes picantes e mal explicados. Por exemplo, José Geraldo Góes, que nessa história toda aparece como um laranja oficial de todos esses empreendimentos, é sócio da Continental Sports Marketing, com sede nas ilhas Cayman, uma das empresas que aparecem como sócias da Traffic.

Aliás, é incrível a velocidade como as empresas da Globo vivem mudando seus quadros, fundindo-se, mudando de nome, transferindo valores para outras, sempre com intuito de não pagar impostos.
É preciso entender uma coisa: o poder da Globo, que é excessivo e prejudica a democracia, além de ter nascido de uma ditadura, tem como principal fonte de renda o futebol brasileiro, que a emissora vampiriza há décadas.

Os clubes ficam cada vez mais endividados, e a Globo cada vez mais rica. A cartolagem de José Maria Marin, Ricardo Teixeira, J. Hawilla, entre outros, responde por essa situação. São todos aliados da Globo.

O esporte que os brasileiros mais amam é exibido em horários antipáticos ao trabalhador, porque a Globo não quer perder audiência de suas novelas.

E ainda temos o esquema de venda de jogadores, outro negócio milionário explorado por Hawilla e, portanto, também pela Globo.

Não podemos esquecer que o esquema de sonegação da Globo nas Ilhas Virgens Britâncias, que lhe valeu multa de R$ 615 milhões da Receita Federal (a qual até agora a Globo não provou que pagou), envolveu também o futebol. A emissora tentou comprar, sem pagar impostos, os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.

Esses direitos de transmissão são o núcleo da corrupção da Fifa.

Tem mais: nos documentos vazados, contendo o processo de sonegação da Globo, há listas com as transferências milionárias da Globo para o clube dos 13, que durante anos controlou os direitos de transmissão dos campeonatos brasileiros. São valores impressionantes, bem maiores, inclusive, que aqueles relacionados à Copa do Mundo, mostrando a importância essencial do futebol para o orçamento da Globo. Procurem lá.

Mas sobre isso falaremos depois.

Essa história espalha pontas incandescentes de manipulação, corrupção, sonegação, para todos os lados. Todos vão tem que ajudar a examinar esses documentos e entendê-los, já que a Polícia Federal do Zé está ocupada demais fabricando factoides anti-PT para a Globo…

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Abaixo, os documentos que embasam esta matéria.


Contrato da T Desenvolvimento.



sábado, 30 de maio de 2015

Contraponto 16.873 - "Globo esconde que J. Hawilla é sócio de filho de João Roberto Marinho"

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30/05/2015    
       

Globo esconde que J. Hawilla é sócio de filho de João Roberto Marinho


Conseguirá a 'vênus platinada' convencer o público – e a Justiça – de que 'não sabia' que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão de jogos de futebol?


Rede Brasil Atual - publicado 29/05/2015 11:46, última modificação     29/05/2015 14:04

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Acusações ainda não foram feitas, mas sobram suspeitas de irregularidades no futebol da Globo


por Helena Sthephanowitz



Ao noticiar o escândalo de corrupção internacional de subornos no futebol que levou à prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, o Jornal Nacional da TV Globo omitiu informações relevantes ao telespectador.

A começar pelo fato de J. Hawilla ter sido diretor de esportes da própria Rede Globo em São Paulo – tendo sido antes repórter de campo – e já nessa época, começou paralelamente a comercializar placas de publicidade em estádios. Ali nascia o empresário com forte ligação com a emissora.

Em 2003 J. Hawilla fundou a TV TEM, sigla de Traffic Entertainment and Marketing, que forma uma cadeia de TVs afiliadas da Rede Globo no interior de São Paulo. As TVs de Hawilla cobrem quase metade do estado de São Paulo: 318 municípios e 7,8 milhões de habitantes, alcançando 49% do interior paulista. Entre as cidades cobertas estão, São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba e Jundiaí.

A dobradinha Hawilla-Globo não para por ai. Foi também do Grupo Globo que o empresário comprou, em 2009, o Diário de São Paulo. Ele já era dono da Rede Bom Dia, de jornais em cidades da área coberta pela TV TEM.

Faltou também o JN noticiar que os negócios da Globo com Hawilla que fazem parte da programação nacional da emissora. A produtora TV 7, que é da Traffic, faz os programas Auto Esporte e o Pequenas Empresas, Grandes Negócios, apresentados na Globo aos domingos, já há alguns anos.
Mas o que ninguém sabe e nem a Globo conta é que J. Hawilla é sócio de Paulo Daudt Marinho, filho e herdeiro de João Roberto Marinho, na TV TEM de São José do Rio Preto (SP).

João Roberto Marinho é um dos três filhos de Roberto Marinho que herdou o império da Rede Globo. O próprio João Roberto é sócio de dois filhos de J. Hawilla (Stefano e Renata) na TV TEM de Sorocaba (SP). Aliás a avenida em São José do Rio Preto onde fica a TV TEM ganhou o nome de Avenida Jornalista Roberto Marinho, em homenagem ao fundador da 'vênus platinada'.

No Jornal Nacional de quarta feira (27) , muito brevemente, William Bonner citou a Globo, como se quisesse dizer aos espectadores: "Não temos nada com isso". O jornalista leu: "A TV Globo, que compra os direitos de muitas dessas competições, só tem a desejar que as investigações cheguem a bom termo e que o ambiente de negócios do futebol seja honesto". Assim seco, sem entrar em detalhes.

reprodução

J. Hawilla foi condenado nos Estados Unidos por extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Os crimes foram cometidos na intermediação de subornos para cartolas da Fifa, da CBF e outras confederações de futebol por contratos de direitos televisivos e de marketing. Ele admitiu os crimes e, para não ir para a cadeia, delatou quem recebia propinas e negociou pagar multa de quase meio bilhão de reais.

Entre suas operações mais comuns estão propinas pagas à cartolagem dos clubes para intermediar a comercialização com emissoras de TV, como a TV Globo, dos direitos televisivos de transmissão dos jogos.

Segundo o departamento de Justiça dos Estados Unidos, as empresas de TV e de outras mídias pagavam à empresa de marketing de J. Hawilla, que conseguia os direitos de comercializar as transmissões, e depois repassava uma "comissão" aos cartolas.

As propinas acontecem há pelo menos 24 anos e envolveram jogos da Copa América, da Libertadores da América e do torneio Copa do Brasil, segundo os investigadores dos EUA.

Ao longo dos anos a maioria destes jogos no Brasil foram transmitidos com exclusividade pela TV Globo, que cedia alguns jogos para a TV Bandeirantes – mas sob limites rígidos – para livrar-se de acusações de concentração econômica e práticas anti-concorrenciais.

Se até o momento de fato não há acusações contra emissoras de TVs que tenham chegado ao conhecimento público, também é difícil afirmar que não pesam suspeitas. A Justiça dos Estados Unidos e o FBI disseram que as investigações estão apenas no começo.

Todo mundo tem direito à presunção de inocência e ao benefício da dúvida, mas depois de passar anos fazendo jornalismo na base da pré-condenação, testes de hipóteses, "domínio do fato" e do "ele não sabia?" para tentar fazer política demotucana, será difícil convencer o telespectador de que a Globo "não sabia" que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão dos jogos que a emissora transmitiu.

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Contraponto 16.872 - "Globo pode demitir rei do futebol na emissora"

Contraponto 16.871 - "Urubóloga, pibinho é o americano!"

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30/05/2015

Urubóloga, 
pibinho é o americano!


A crise americana é tão grave que vao revogar o Buy American Act, de 1933 !




Liga o Vasco, navegante de longo curso, que está na Barra da Tijuca, no Rio, em frente à sede da CBF, pra ver se o diretor da Globo, o Marcelo vai lá procurar o Marco Polo.

Marcelo Campos Pinto chora quando fala no Marín…

Diz o Vasco:

- O PIG tá tão preocupado com a queda de 0,2 do PIB brasileiro que se esqueceu da queda de um PIB muitíssimo maior: o norte-americano, que caiu 0,7 no trimestre. Este comeco de ano caiu até o PIB da Suíça. Mas isso, como diz voce, não vem ao caso.



Capa da seção de Economia do Globo:
“Ainda vai ficar pior”.

Titulo da colona da Urubóloga:

“Um PIB que cai”.

A Urubóloga deve achar que o Obama vai cair por causa do pibinho.

Que os Estados Unidos vão ter que vender a Estátua da Liberdade !

Que a crise é tão grave, mas tão grave e os americanos precisam tanto de capitais e tecnologia da Europa, do Japão, da China, que o Obama devia revogar o “Buy American Act”, de 1933 !, e jamais revogado.

Ele estabelece a regra do Conteúdo Local – “buy American !” – nas compras do Governo, especialmente as do Pentágono.

Experimenta vender um lápis chines à Boeing, à McDonnel Douglas, à GE

E o Pentágono, como se sabe, é o maior BNDES do mundo !

Urubóloga, vai ler o Piketty, Urubóloga !

Já saiu a traduçao em portugues.

Paulo Henrique Amorim


Contraponto 16.870 - "Espanha e Argentina dão uma banana para a direita"

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30/05/2015 


Espanha e Argentina dão uma banana para a direita


Na Espanha, o Podemos, desbancou o bipartidarismo dos carcomidos PP e PSOE. Na Argentina, Kirchner levou 800 mil pessoas à histórica Plaza de Mayo.



Carta Maior - 29/05/2015

reprodução

FC Lei Filho - Pátria Latina

Na Espanha, o partido Podemos, de menos de dois anos de existência e perfil progressista-popular, desbancou o bipartidarismo dos carcomidos  PP e PSOE. Também elegeu as maiorias parlamentares das duas grandes cidades - Madri e Barcelona -, na eleição de domingo, 24, credenciando-se, dessa forma, como a força política mais consistente para ganhar o governo nacional no pleito de dezembro.

Na Argentina, a presidenta Cristina Kirchner levou ontem 800 mil pessoas  à histórica Plaza de Mayo, demonstrando que tem poencial para eleger seu sucessor, em outubro. Ela ainda desafiou em seu discurso daquele dia comemorando o 205 anos da independência: "Não tenham medo do que vai acontecer (depois que ela deixar o governo), porque (vocês) são os verdadeiros donos de seu destino".

Por isso, se mostrou convicta de que o país seguirá "o rumo da mudança e da transformação, pois ninguém vota para trás".

Esses dois exemplos são muito ilustrativos da capacidade desses dois países em superar, através de lideranças afinadas com a maioria social, a arremetida neoliberal que destroçou sua economia e as conquistas da população: a Espanha, ainda afundada desde a crise de 2008 na recessão, no desemprego e na expulsão de milhares de espanhóis de suas casas, por não mais conseguirem pagar a hipoteca; e a Argentina, egressa da implosão de 2001 e agora no rumo do desenvolvimento com inclusão, que corre o risco de perder as conquistas ao longo dos últimos 12 anos, em face da mudança de governo.

Como agora no Brasil, onde a recém reeleita presidenta progressista Dilma Rousseff, enfrenta a maior campanha de descrédito promovida pela elite econômica, Espanha e Argentina, sofreram pesado bombardeio midiático, tentando reprimir suas forças sociais. Mas, cada qual a seu modo, estas vão derrotando em eleições limpas e democráticas, o modelo do Consenso de Washington, formulado pelos bancos e empresas transnacionais com o FMI e o Tesouro dos Estados Unidos, em 1989.

Tal modelo, que chegou a implantar uma ditadura neoliberal durante a década de 90 na América Latina, com a privatização e o desmantelamento das infraestruturas nacionais, foi depois subsituído pelos programas nacionais de inclusão iniciados com Hugo Chávez, na Venezuela, Lula, no Brasil, os Kirchner, na Argentina, Evo Morales, na Bolívia, RAfael Correa, no Equador, e DAniel Ortega, na Nicarágua.

Depois se transplantou, a partir de 2008, para a Europa, arrasando as economias de países como a Espanha, Grécia, Portugal, Irlanda e afetando seriamente a Itália e a própria França, considerado o segundo país mais rico do continente.

Na Grécia, cujo governo, como o da Itália, foi deposto por maiorias parlamentares financiadas pela chamada troika - FMI, Banco Europeu e Comunidade Europeia -, a população rebelou-se e elegeu o Partido Syriza, em janeiro deste ano, para rejeitar a política do arrocho, implatada pelo governo dessa troika, e repudiar a dívida externa. Esta provocava 35% de desemprego e o colapso quase total das empresas e instituições governamentais. O Syriza já sinalizou que poderá até retirar o país da zona do Euro, caso não obtenha um entendimento, de preferência, com base no modelo adotado pelo governo Kirchner, da Argentina, a partir de 2003.

Agora, é a vez da Espanha, cujas forças de vanguarda organizaram-se politicamente com os protestos de rua dos Indignados, que redundaram na grande manifestação de 15 de maio de 2011, o chamado  15-M, em Madri, seguido da ocupação de vários locais estratégicos, em movimentos de massa convocados pela internet . Do 15-M, surgiram o Podemos e outros partidos progressistas, que já sinalizaram sua força com a vitória na eleição europeia de 2014, e, agora, com seu crescimento nas eleições municipais e autonômicas de domingo, 24 de maio.

Pablo Iglesias, de 37 anos, ungido líder do Podemos, através de u processo horizontal, do qual participaram a cidadania de diferentes correntes, em votação realizada pela internet, já havia avisado dias antes da última votação: “Na Espanha, não há maioria social moderada, há um povo que se recusa a humilhar-se e tem bem claro quem são seus inimigos: as elites políticas e econômicas que assalta o povo espanhol e enriqueceu à custa dele”.


Iglesias e sua turma de líderes imberbes, na maioria menores de 30 anos e vindos principalmente da Universidade Complutense de Madri, sofreram o pão que o diabo amassou, a partir de sua vitória na eleição europeia. A mídia de lá, tão devastadora quanto a daqui, procurou desmoralizá-lo, vinculando-os ao bolivarianismo, no que não estava errada, porque ele não esconde seus pendores integracionistas dos países emergentes. Os líderes do Podemos conseguiram, no entanto, se safar, ainda que à custa de algumas divergências internas, mas chegaram bem organizados no pleito de domingo e têm tudo para seguir o exemplo do Syriza, ou seja, assumir o poder na Espanha, quem sabe já nesta eleição parlamentar nacional de 24 de dezembro.

Finalmente, na Argentina, Cristina Kirchner, que se prepara para encerrar dois mandatos de quatro anos, ao qual soma outros quatro do marido Néstor Kirchner, acaba de triunfar sobre uma nova blitz-krieg midiática, desta vez a que procurou envolvê-la com a morte do procurador Alberto Nisman, em 18 de janeiro último. Ela demonstrou não só tratar-se de mais uma intriga como desmoralizou toda a articulação que comeu alguns pontos no seu Ibope, como volta a despontar como o principal eleitor na Argentina, diante de uma oposição que se fragmenta a cada dia que passa por falta de unidade e sobretudo de mensagem, porque toda ela envolvida na conluio neoliberal para voltar à Argentina do colapso de 2001.


Não se entenda daí que a eleição será fácil para Cristina, porque o pré-candidato de seu partido, Daniel Scioli, é favorecido pelo Clarín e o La Nación, os grandes conglomerados de comunicação e representantes das corporações. Scioli, que não consegue negar suas inclinações neoliberais e seus vínculos com os Estados Unidos, significaria um golpe forte no modelo inaugurado pelos Kirchner.

Para evitar a designação de Daniel Scioli como candidato kirchenerista, nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (PASO), em 23 de setembro, da qual participa todo o eleitorado argentino, a presidenta terá de reforçar o pré-candidato mais afinado com seu projeto, o ministro dos Transportes, Florenzo Randazzo. Este figura nas pesquisas com uma média de 12 a 15%, contra 25% de Scioli, 22% de Maurício Macri, governador da Cidade Autônoma de Buenos Aires, candidato do partido PRO, apoiado pelo sistema econômico, e 16% do deputado Sérgio Massa, da Frente Renovadora, também de direita. Randazzo vem experimentando crescimento ponderável nos últimos dias, mas terá de ter mais voto que Scioli nas PASO para se sagrar como candidato do governo, ou seja pelo partido Frente para a Vitória. Qualquer que seja a dificuldade, no entanto, tanto Cristina Kirchner como Pablo Iglesias não se deixam atemorizar e dão uma banana para a direita.
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Contraponto 16.869 - "Escândalo no futebol: Ricardo Teixeira, o homem-bomba que a Globo não quer ver indiciado"

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30/05/2015


Escândalo no futebol: Ricardo Teixeira, o homem-bomba que a Globo não quer ver indiciado


Do Viomundo - publicado em 30 de maio de 2015 às 14:33

Ricardo Teixeira


por Luiz Carlos Azenha

Anos 2000. A International Sport and Leisure (ISL) corre o risco de falir. A empresa havia sido criada por Horst Dassler, o magnata alemão herdeiro da Adidas. Foi o homem que ajudou a inventar o marketing esportivo. Pegar um evento, empacotar e vender a emissoras de televisão já com os patrocinadores definidos.

Hoje sabemos que a ISL dominou o mercado à custa de dezenas de milhões de dólares em propinas. O homem da mala de Dassler era Jean Marie Weber. O encarregado de molhar a mão da cartolagem e garantir os direitos de TV e de marketing que eram das federações.

Foi o esquema da ISL que enriqueceu João Havelange e Ricardo Teixeira. Na casa dos milhões e milhões de dólares. Mostramos no Brasil — modéstia à parte, pela primeira vez — a relação entre as datas de pagamento das propinas e o enriquecimento de Teixeira. Está tudo em O Lado Sujo do Futebol.

Voltemos à ISL. Fustigada por concorrentes, deu passo maior que as pernas, sem contar a drenagem do dinheiro que destinava à corrupção. No desespero, fez um pedido à Globo Overseas, dos irmãos Marinho. Queria um empréstimo. A Globo concordou em fazer um adiantamento de uma parcela devida, relativa a direitos de TV da Copa do Mundo, com 13% de desconto. Assim foi feito.
Mas, a FIFA chiou, já que não recebeu da ISL o repasse que lhe era devido. Foi à Justiça. O caso resultou numa ação contra seis executivos da ISL, inclusive o homem da mala. A Globo foi ouvida no caso. No dia 26 de agosto de 2001, o todo-poderoso do futebol global, Marcelo Campos Pinto, deu depoimento.

Não era objeto daquele caso investigar a Globo. Como não é agora, com os cartolas presos em Zurique. Mas aquele primeiro caso colocou a bola para rolar. Foi resultante dele a investigação subsequente, do promotor Thomas Hildbrand, que acabou com um acordo envolvendo Teixeira e Havelange. Eles devolveram parte do dinheiro recebido como propina e ficou por isso mesmo. Não admitiram culpa, mas o meticuloso trabalho de Hildbrand seguiu o dinheiro e constatou sem sombra de dúvidas o propinoduto na casa das dezenas de milhões de dólares.

O que há em comum entre o caso suiço e o de agora, nos Estados Unidos? A “eleição” arbitrária de intermediários pela cartolagem, com o objetivo de enriquecimento pessoal. Por que a FIFA não vendeu os direitos diretamente às emissoras de TV? Por que a CBF não vendeu os direitos da Copa do Brasil diretamente às emissoras de TV?  Porque os intermediários levam a bolada de onde sai a propina.

Foi assim com a ISL, foi assim com a Traffic de J. Háwilla. Exemplo? Contrato da Nike com a CBF. De acordo com a promotoria dos Estados Unidos, Háwilla recebeu pelo menos U$ 30 milhões da Nike na Suiça, dos quais repassou 50% a Ricardo Teixeira. Só aí são, em valores de hoje, por baixo, R$ 45 milhões de reais para o cartola! Considerando o valor total do contrato, dá uma taxa de cerca de 20% de propina.

Como sabemos que Teixeira está sendo investigado pelo FBI? Porque na página 74 do indiciamento feito nos Estados Unidos é mencionado que, no dia 11 de julho de 1996, houve a assinatura do contrato entre a Nike e a CBF em Nova York. Quem assinou em nome da CBF foi o co-conspirador de número 11. Como quem assinou em nome da CBF foi Ricardo Teixeira, ele é o co-conspirador número 11 (num documento paralelo, a plea bargain de J. Háwilla, Teixeira é o co-conspirador número 13).

Também é possível identificar J. Háwilla, neste documento, como o co-conspirador número 2. Foi ele que, em abril de 2014, teve uma conversa um tanto bizarra com José Maria Marin na Flórida. Marin tinha ido a Miami tratar da Copa América Centenário, que será disputada em 2016 nos Estados Unidos. Mas falou com Háwilla sobre pagamentos devidos a ele e ao co-conspirador número 12 (presumivelmente Marco Polo Del Nero, o atual presidente da CBF) no esquema da Copa do Brasil.
Háwilla provavelmente usava uma escuta ambiental, já que o diálogo é transcrito ipsis literis pelos promotores (ver abaixo).

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Em resumo, Háwilla perguntou se deveria continuar pagando propina ao antecessor de José Maria Marin, Ricardo Teixeira, no esquema da Copa do Brasil. Marin respondeu mais ou menos assim: “Tá na hora de vir para nós. Verdade ou não?”.

Háwilla: “Certo, certo, certo, o dinheiro tinha de ser dado a você”. Marin: “É isso, certo”.

Disso podemos tirar duas conclusões:
— Tudo indica que o FBI usou escutas ambientais em mais de um dos quatro acusados que fizeram confissão de culpa. Como nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, não há vazamentos seletivos para a imprensa, só saberemos exatamente quando acontecer o julgamento.
— Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero estão sob investigação da polícia federal dos Estados Unidos.

Uma autoridade norte-americana disse ao New York Times que deverá acontecer uma segunda rodada de indiciamentos. O mais provável é que a promotoria aguarde a extradição dos presos em Zurique para tentar obter a colaboração de algum ou alguns deles.

Marin está com 83 anos de idade. Vai passar um tanto deles na cadeia ou fazer acordo com os promotores?

O foco parece ser, acima de tudo, a FIFA e sua cartolagem graúda ainda em atividade. São aqueles que conhecem com intimidade os bastidores e as negociatas do futebol, tanto quanto ou mais que J. Háwilla. Gente que pode denunciar esquemas, identificar negócios ilícitos, enfim, colaborar com a promotoria em troca de leniência.

Neste sentido, pela longevidade no poder, Ricardo Teixeira tem muito a contar.

Tanto quanto o FBI, ele parece gostar de gravações.

Narramos em nosso livro um episódio intrigrante, sobre o dia em que a blindagem de Teixeira na Globo foi brevemente rompida:
Isso durou até 13 de agosto, um sábado. Nesse dia, 12 policiais civis de Brasília cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento de Vanessa Almeida Precht, no Leblon, no Rio de Janeiro. O endereço era a sede da Ailanto, a empresa de Vanessa e Sandro Rosell acusada de desviar dinheiro do amistoso entre Brasil e Portugal.
Diante de novas denúncias, a polícia obteve na Justiça autorização para vasculhar a empresa em busca de documentos e computadores. A busca foi noticiada no “Jornal Nacional”.
Teixeira enfureceu-se. Na quinta-feira subsequente, veio a vingança. O colunista Ricardo Feltrin publicou uma suposta ameaça de Teixeira ao diretor da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto. Segundo Feltrin, o dirigente estava disposto a revelar gravações, em seu poder, que mostrariam a forma como a Globo manipulou horário de partidas de clubes e da seleção. E mais: outras gravações evidenciariam a prepotência da cúpula da Globo Esportes e o desprezo por concorrentes. A pessoas próximas, Teixeira teria dito estar perplexo com “a cacetada da Globo” e se sentindo traído. Sua maior revolta se devia ao fato de, poucos meses antes, ter ajudado a Globo a manter os direitos de transmissão do futebol.
 O recado de Teixeira, via imprensa, inibiu a Globo de avançar no noticiário. Mas o cartola percebeu que alguma coisa estava fora da ordem. Mesmo a contragosto, a Globo havia noticiado alguma coisa contra ele. Era o sinal mais claro de que a informação no Brasil não tinha mais dono.
 Um fenômeno causado tanto pela disseminação do acesso à internet quanto pela redução relativa do alcance de veículos tradicionais. Em 1989, por exemplo, quando o cartola tomou posse na CBF, a média de audiência do Jornal Nacional era de 59 pontos. Em 2013, foi de 26. Ou seja, quase 6 em cada 10 telespectadores do Jornal Nacional mudaram de canal. E grande parte deles estava se informando sobre as denúncias contra Teixeira.
Agora, o ex-presidente da CBF perdeu seu refúgio na Flórida. Ele não obteve a cidadania definitiva que buscava no refúgio fiscal de Andorra, onde ficaria livre de extradição. Agora, como definiu meu colega Leandro Cipoloni, Teixeira se parece com aquele rei que, no xadrez, anda de lado uma casa por vez, para escapar do xeque-mate que fatalmente virá.

Se for indiciado nos Estados Unidos e, consequentemente, acossado por autoridades brasileiras, vai respeitar a lei do silêncio?

 Leia também:
 Camila Mattoso: Por quem chora Marcelo Campos Pinto, o homem forte do futebol da TV Globo


Corrupção na FIFA: Quais são os negócios do réu confesso com a Globo
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Contraponto 16.868 - "Dilma peita Gilmar e Cunha"

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.30/05/2015


Grana de empresa: Dilma peita Gilmar e Cunha


Quem primeiro defendeu a PEC da Bengala ? O Gilmar. Quem aprovou ? O Cunha !​


Conversa Afiada - 30/05/2015



No Globo:

http://oglobo.globo.com/brasil/dilma-se-opoe-cunha-critica-financiamento-empresarial-de-campanhas-aprovado-na-camara-16308852#ixzz3bcd39GHf

A presidente Dilma Rousseff afirmou, nesta sexta-feira 29/V, que é a contra as doações feitas por empresas a candidatos e partidos políticos. A posição, defendida por Dilma durante congresso do PCdoB em São Paulo nesta noite, contraria a reforma política que está sendo votada pelo Congresso Nacional.

(Contraria e enfrenta,  frontalmente,  o Ministro Gilmar Mendes, que tranca e não devolve uma decisão do Supremo, que, por seis a um, já decidiu que não pode haver financiamento de empresas a campanhas eleitorais.

Nesse ponto, o presidente da Câmara, o imaculado Eduardo Cunha, parece jogar de mano com o ministro Gilmar – ou vice-versa …

Sobre a imaculabilidade do Ministro Gilmar, leia antológico artigo do Mino Carta, a propósito do Marin, do Daniel Dantas – e do Ministro )

(…)

— Considero que temos que introduzir na Constituição o fim do financiamento empresarial de campanha. Temo que isso esteja sendo postergado — disse Dilma

(…)

Falando para uma plateia formada por cerca de 500 militantes e dirigentes do PCdoB, Dilma falou sobre a crise econômica que o país atravessa e sobre medidas de ajuste nas contas públicas defendidas por seu governo:

— Chegamos ao limite da nossa capacidade de utilizar os recursos do governo federal para proteger nossa economia. Vamos ter que dar uma reequilibrada no fiscal, será uma mudança tática — afirmou a presidente, que prosseguiu:


— Um país não faz ajustes gastando mal nem sucateando seus programas sociais e de infraestrutura. É esse o desafio que o governo está apresentando e que exige rapidez.


Em tempo: quem primeiro defendeu a PEC da Bengala ? O Ministro Gilmar ! Quem aprovou a PEC da Bengala, que beneficia o Ministro Gilmar ? O Cunha ! Viva o Brasil !

Paulo Henrique Amorim
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Contraponto 16.867 - "Bastidores sórdidos da Guantanamo de Moro"

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30/05/2015



VEJA-Dias-Toffoli-e1430446342936


Tempos sombrios.



Brutalidade, prepotência, autoritarismo voltaram a fazer sucesso, promovido pela mesma mídia que, em outras ocasiões, explorou os mesmos vícios populares.

A mesma elite que sempre explorou o povo, agora tenta explorar seus ressentimentos, seus ódios, suas frustrações.

O discurso contra a corrupção, mais uma vez, é manipulado para enganar o povo.

Moro pega empresários quiçá corruptos (como muitos outros, aliás), mas velhos, alquebrados, doentes, cheios de manias e achaques de rico, para quem uma prisão é uma masmorra medieval, e tortura-os para os forçarem a se auto acusarem.

São ricos, então o povo não terá pena… Até o ódio de classe é maquiavelicamente manipulado em prol de seus objetivos.

A esquerda ficará constrangida: como defender seus “inimigos de classe”?

Tudo bem planejado, portanto.

A mídia não quer saber: o povo quer sangue, a oposição lucra com isso, então assim será.
Dane-se a democracia!

Dane-se os direitos humanos e a Constituição!

Não é mais a acusação que precisa trazer elementos comprobatórios para manter um cidadão brasileiro confinado entre quatro paredes.

Agora é o cidadão que precisa provar ao juiz que é inocente.

Pior, precisa provar ao juiz que não cometerá crimes no futuro!

Como alguém pode provar a um juiz esse tipo de coisa?

Nem Kafka, em suas obras-primas, pensou em tamanha crueldade por parte do Estado.
Forçar um cidadão, através da mais insidiosa tortura física, mental e familiar (!), a provar ao juiz que não mais pecará!

Só a delação salva!

Só a delação, mesmo sem provas, desde que ofereça material narrativo à mídia.
Desde que ofereça material para o golpezinho miserável, de república de banana, que a República do Paraná pensou que seria tão fácil dar.


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No blog do Nassif.

O jogo de coerção do juiz Sergio Moro

SEX, 29/05/2015 – 12:34
ATUALIZADO EM 29/05/2015 – 14:18

Patricia Faermann

Juiz federal aproveita a fragilidade do réu, que chora em desabafo sobre seu estado de saúde, pedindo a conversão da prisão preventiva em domiciliar, para coagi-lo a confessar

Jornal GGN – Apontado como um dos 11 lobistas ligados à Diretoria de Serviços da Petrobras, o empresário Mário Frederico Mendonça Góes desabafou durante uma audiência com o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condução da Operação Lava Jato. “Eu estou ficando fraco, cada vez mais”, disse, chorando. A audiência foi marcada para pedir a conversão da sua prisão preventiva para domiciliar devido a problemas de saúde do acusado. O advogado de Góes deixa claro que o réu não falaria sobre as acusações naquele momento, e que aguardaria para a defesa no inquérito. Após a demonstração de fragilidade do empresário, Sergio Moro inicia um diálogo afirmando que, se Góes colaborasse, seria analisada a revogação da prisão preventiva.

No áudio afirma, categoricamente, que prisão preventiva é “instrumento utilizado para o crime de colarinho branco”, objetivando com ela a “boa vontade em esclarecer” as acusações. O juiz federal ainda defende a ideia de que o ônus da prova cabe ao acusado: “o juízo não tem nenhuma notícia do concreto em que pese a afirmação da defesa de boa vontade em esclarecer, resolver essa situação em mostrar que não existe risco de reiteração [da prática do crime]”, disse.

Inicialmente, o empresário afirma que não se nega a responder o processo e desabafa sobre seu estado de saúde: “Infelizmente, eu to ficando fraco, cada vez mais. Eu tenho problema, eu operei a coluna lombar, eu tenho problema cervical. Para sentar é complicado, tenho que ficar quase sempre deitado, porque sentado é muito complicado. Então o que eu vinha fazendo, eu estava com a minha vida normal. Não estou reclamando, de jeito nenhum, das pessoas, do sistema carcerário. Dentro da legalidade, eu sou tratado com dignidade. Mas é diferente, minhas comidas eu não consigo. Tenho colite, diverticulite, tenho uma série de problemas digestivos. Tenho problema de posicionamento, de articulação, eu não posso ajudar a pegar nada, em cima, em baixo, levantar. Então isso vai me consumindo um pouco”, disse.

Quando Mário Góes afirma que os problemas o prejudicam, inclusive, a colaborar no processo de investigação, Sergio Moro encontra a brecha para iniciar a coerção.

– Eu tento ajudar a descobrir, ver e mostrar, esclarecer, mas eu me sinto cada vez menos capaz de fazer as coisas. Então por exemplo, no exame deve ter, meu coração dispara a noite, eu sinto coisas estranhas; diz o executivo.

– Um dos motivos para a preventiva seriam as contas offshore e que, até hoje, o juizo não teria nenhuma notícia concreta sobre elas; disparou o juiz.

– Tudo isso será muito bem esclarecido no decorrer do processo; respondeu Góes.

– Porque o problema que o juízo vê é que essas contas para prevenir reiteração delitiva, e essas contas não sei se estão ativas, inativas…

Nesse momento, o advogado do empresário interfere afirmando que esse assunto será abordado no interrogatório, e que o pedido atual não era de revogação da prisão, mas de conversão em domiciliar, o que para a defesa atenderia aos mesmos propósitos argumentados para a detenção do executivo.

– Certo, veja doutor, aqui é um crime de colarinho branco e são os instrumentos utilizados pra esses crimes, segundo pelo menos o Ministério Público nessas contas no exterior, o juízo não tem nenhuma notícia do concreto em que pese a afirmação da defesa de boa vontade em esclarecer, resolver essa situação em mostrar que não existe risco de reiteração. Então, se estamos discutindo a prisão preventiva, esse era um elemento importante a ser esclarecido nessa audiência; insiste Sérgio Moro.

– Eu volto a dizer, a defesa não pede a revogação da prisão preventiva nesse momento, apenas a conversão da prisão preventiva em domiciliar, o que me parece que atende aos mesmos propósitos da fundamentação da decretação. De outro lado, a existência ou não dessas contas, que o próprio juízo reconhece que não tem notícia, na verdade são objeto mérito da acusação; afirma o advogado.

– Sim, mas é um instrumento; fala o juiz.

– Vamos abordar sobre ela [acusação] somente no inquérito, vossa Excelência; rebate o advogado.

– Mas aí é como eu disse doutor, é o instrumento do crime, o juízo imputa importantes
esclarecimentos, caso se pretenda a reavaliação dessa questão. Mas, tudo bem, eu vou levar em consideração, estou colocando a oportunidade para o acusado, certo?; mais uma vez tenta Sérgio Moro.

Em seguida, o juiz federal conclui a audiência: “O Ministério Público tem alguma questão a colocar? Está bem, esse documentos foram colocados, eu confesso que não os avaliei, vou abrir vista ao Ministério Público para manifestação, e decido, depois, em seguida. E reitero a posição do juízo, a questão dos instrumentos para a prática do crime, segundo o Ministério Público, ainda estaria à disposição do acusado, e esse foi um dos elementos que levaram a decretar a prisão preventiva.

Então, fica aí uma sugestão eventual de avaliar essa situação pela defesa e pelo acusado, certo senhor Mário?”, finaliza, em sistemática insistência, Sergio Moro.


Assista ao diálogo da audiência completo aqui: https://youtu.be/3jHCwHIINM0


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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Contraponto 16.866 - "EUA desenham caminho da propina que atinge a Globo"

Contraponto 16.865 - “Um caso claro de violação da Constituição”



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Juristas e parlamentares demonstram que seção de quarta-feira, onde se aprovou o financiamento privado para campanhas eleitorais, feriu cláusulas do artigo 60 da Constituição

Apareceu um obstáculo intransponível à votação de quarta-feira, quando 330 parlamentares refizeram a decisão da véspera para aprovar uma PEC dizendo que “é permitido aos partidos receber doações em recursos financeiros ou de bens estimáveis em dinheiro de empresas privadas de pessoas físicas ou jurídicas.” Em outro parágrafo, a mesma PEC votada na quarta-feira autoriza os candidatos a receber diretamente o mesmo tipo doação.

O obstáculo intransponível à aprovação da PEC encontra-se no artigo 60 da Constituição Federal. Ali, prevendo uma situação muito semelhante a que se viu nos últimos dias, quando a emenda rejeitada na terça-feira foi reapresentada e votada no dia seguinte, os constituintes de 1988 definiram uma cláusula clara e rigorosa.

Diz o parágrafo quinto do artigo 60: “A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.” Assim, em 23 palavras, a Lei Maior do país simplesmente proibia aquilo que aconteceu. Conforme a Constituição, que ninguém tem o direito de desobedecer, seria necessário esperar uma nova sessão legislativa — ou seja, 2016 — para reapresentar a emenda. Até lá, o financiamento de campanha não poderia “ser objeto de nova proposta.”

“É uma decisão nula, sem valor legal”, adverte o jurista Luiz Moreira, ex-integrante do Conselho Nacional do Ministério Público e organizador de uma dezena de livros sobre Direito. “O próprio Congresso poderia reconhecer isso. Ou caberia ao Supremo resolver a questão.” O artigo 60, que tem uma subseção “Da emenda a Constituição” não abre nenhuma brecha a apresentação de uma nova PEC, sobre a mesma “matéria constante”, antes do ano que vem.

A análise de Luiz Moreira não é uma visão isolada. Um dos mais influentes parlamentares do PT, Alessandro Molon, nos últimos dias movimentou-se na mesma direção. Na quinta-feira, um dia depois de ter sido apanhada de surpresa diante da operação de Eduardo Cunha para refazer a votação perdida, a bancada do PT e demais aliados do governo começou a reagir, através de um mandado de segurança que deve ser apresentado sexta-feira ao Supremo, e que já recolheu 63 assinaturas de parlamentares até o início da noite de hoje.Além de questionar o parágrafo quinto, o mandato também recorda uma exigência do parágrafo primeiro do mesmo artigo 60.

Ali se define uma etapa anterior, com as condições para se apresentar uma emenda a constituição. 

Pela leitura do parágrafo primeiro vê-se que mesmo que não houvesse o veto legal a reapresentação da emenda já vencida, a proposta que acabou vitoriosa, do deputado Celso Russomano, não poderia ter sido apresentada. Isso porque a Constituição exige o apoio de “no mínimo” um terço dos parlamentares. Ainda que se tentasse supor generosamente que, na condição de líderes, Russomano e o líder do PTB que apoiou expressamente a proposta, poderiam falar por suas bancadas, 
integralmente, seriam apenas 59 deputados — quando o mínimo exigido é de 171.

A Constituição admite a reapresentação — no mesmo ano — apenas de um projeto de lei comum e não de uma emenda constitucional. Mesmo neste caso, é obrigatório que o projeto de lei tenha o apoio da maioria dos parlamentares para ser levado a votos uma segunda vez. Mas a emenda aprovada na quarta-feira, de número 28, pretendia, justamente, dar nova redação a três parágrafos do artigo 17 da Constituição Federal. Nada tinha a ver com Constituição. 

“Não estamos diante de um caso de quebra de regimento, que também é muito grave,” diz Luiz Moreira. “Ocorreu uma violação da Constituição.” Este é o terreno mais adequado para o STF examinar a questão, se os ministros assim julgarem conveniente. Respeitosos da autonomia entre os Poderes, os ministros não gostam de intervir em conflitos internos do Legilsativo, como já deixaram claro em outras oportunidades. Mas têm obrigação de se manifestar diante de uma possível violação constitucional. “Está claro que ocorreu uma violação da Constituição,”afirma Alessandro Molon (PT-RJ). “E isso é assunto para o Supremo.”
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Contraponto 16.864 - "As ligações explosivas entre J. Hawilla e a Globo. Por Paulo Nogueira"


29/05/2015


As ligações explosivas entre J. Hawilla e a Globo. Por Paulo Nogueira



Com Galvão, em dias melhores



Paulo NogueiraAs reações de personagens que de alguma forma rodeiam o mundo Fifa são extraordinárias.

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Del Nero, presidente da CBF, deu o fora da Suíça, em meio ao congresso da Fifa que vai eleger provavelmente Blatter para mais um mandato.

Ele viu o que aconteceu com seu amigo e antecessor Marin, e achou melhor não dar chances para o azar.

Del Nero tem aparecido na mídia, nos últimos tempos, ao lado de mulheres que poderiam ser suas netas.

Para que correr o risco de trocar a companhia delas pela de presidiários, nos últimos anos que lhe restam de vida?

Notável, também, é o comportamento da Globo.

O réu confesso J. Hawilla é apresentado no noticiário das mídias escritas da empresa como  “acionista” da TV TEM, uma das afiliadas da Globo.

Isso na última linha, ou nas últimas. É aquele espaço tradicional que você sabe que o leitor não vai alcançar. No jargão dos jornalistas, é o “pé” do texto. “Corta pelo pé” é uma clássica ordem dos editores quando um artigo estoura o espaço previsto.

Você pode imaginar também nos textos aquela ressalva da Reuters que virou histórica. “Podemos tirar, se achar melhor”, estava numa reportagem que tratava da Petrobras.

O repórter colocou aquilo para o editor, e a frase foi inadvertidamente publicada. Tirar, no caso, era uma afirmação de um delator segundo a qual a corrupção na Petrobras começara na gestão FHC.

Com Serra: relações na política
Com Serra: relações na política


Vamos colocar as coisas como são: Hawilla é dono de uma das maiores afiliadas da Globo, com imensa penetração no rico interior de São Paulo.

Segundo uma reportagem de algum tempo atrás da Exame, “a TV Tem cobre 318 cidades paulistas numa região com participação de 5,5% do PIB e 2,1 milhões de domicílios com aparelhos de televisão”.

Como afiliado, é sócio da Globo.

Hawilla, mais que tudo, é filho da Globo. Ele foi um dos principais jornalistas esportivos da casa.

Chegou a ser apresentador do Globoesporte, e de lá saiu para montar seu próprio negócio.

A Globo foi uma mãe, uma inspiração, uma escola para Hawilla.

Como a Globo, Hawilla fez do futebol brasileiro uma máquina de fazer dinheiro numa relação cruelmente iníqua. Enquanto ele, como a Globo, florescia, o futebol brasileiro mergulhava na miséria conhecida de todos.

Na emissora construiu os contatos com a CBF que lhe trariam uma fortuna escusa tão imponente que ele, no acordo de leniência e delação com as autoridades americanas, devolveu quase meio bilhão de reais.

Num artigo antes do escândalo, quando era tratado como “Dono do Futebol” no Brasil, numa completa injustiça com a Globo, Hawilla afirmou o seguinte ao repórter, que tocou nas controvérsias que cercam seu nome.

“Mesmo que você trabalhe honestamente, com transparência e dignidade, como sempre foi feito aqui, falam de você. Uma meia dúzia de jornalistas esportivos. Acho que é mais inveja e rancor.”

Para usar a expressão de Hawilla, no Brasil falam de você, mas não fazem nada. Quer dizer, a imprensa, a polícia e a justiça tratam pessoas como ele – e Marin, e Ricardo Teixeira, e os Marinhos — como se fossem intocáveis.

Por que Moro, para ficar num caso, não investigou Marin, se queria combater verdadeiramente a corrupção?

As coisas, para os intocáveis, se complicam apenas quando entram em cena coisas sobre as quais não têm domínio.

Por exemplo: a polícia e a justiça dos Estados Unidos.

Com todo o seu poder avassalador no Brasil, nos Estados Unidos a Globo não manda em ninguém.

A casa só caiu para a CBF por causa dos investigadores americanos.

Se eles chegarem à Globo, acontecerá aquilo com que Brizola tanto sonhou: uma praga nacional chegará ao fim.

(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Sobre o Autor
Paulo Nogueira. Jornalista,  fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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Contraponto 16.863 - "PT vai ao STF contra financiamento privado de campanha"

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29/05/2015


PT vai ao STF contra financiamento privado de campanha


Diário do Centro do Mundo - Postado em 29 de maio de 2015 às 4:59 am


Do congresso em foco:

Parlamentares de seis partidos (PT, PPS, Psol, PSB, Pros e PCdoB) vão ingressar, nesta sexta-feira (29), no Supremo Tribunal Federal (STF), com um mandado de segurança pedindo a anulação da sessão da Câmara dos Deputados que aprovou a inclusão do financiamento eleitoral por empresas na Constituição. Os deputados alegam que houve vícios de procedimento durante a análise da proposta. A petição já foi assinada por mais de 50 deputados.

Após uma intensa articulação de bastidor do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Casa aprovou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que regulamenta a doação de empresas privadas a partidos políticos. A PEC recebeu 330 votos a favor, 141 votos contrários e uma abstenção. Este foi o primeiro item da reforma política a passar pela Câmara.

A proposta ainda terá de ser aprovada em segundo turno para depois seguir ao Senado. A matéria foi apreciada um dia após a Câmara já ter rejeitado texto semelhante sobre o financiamento privado. A diferença é que a versão anterior incluía na Constituição a doação por empresas também a candidatos. Pela nova versão, pessoas jurídicas só poderão doar para legendas.

Os deputados contrários a doações por empresas alegam que o presidente da Casa feriu o artigo 60 da Constituição, tanto no parágrafo 5º, quanto no inciso primeiro. O parágrafo 5º afirma que “a matéria constante de proposta de emenda rejeitada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”; já o inciso primeiro determina que qualquer PEC deve ter a assinatura de pelo menos um terço da Câmara. O texto aprovado foi apresentado pelo PRB e tinha em torno de 50 assinaturas.

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“A Constituição foi rasgada ontem”, disse o deputado Alessandro Molon (PT-RJ). Os deputados acreditam que são grandes as chances de a PEC cair no Supremo devido aos vícios de procedimento. Além disso, o fato de pelo menos seis ministros já terem se manifestado contra o financiamento privado também é apontado como fator que pode facilitar o deferimento do mandado de segurança no STF.

(…)
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Contraponto 16.862 - "Não ! Não ! A Globo nunca apoiou a FIFA !"

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29/05/2015

Não ! Não ! 
A Globo nunca apoiou a FIFA !

E o sub do sub do sub que dizia que não tinha papel higiênico no Itaquerão ?


Conversa Afiada - 29/05/2015




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Contraponto 16.861 - "Flagrante: Médicos assinam ponto e “voam”. Só falta criticarem os cubanos"


29/05/2015

Flagrante: Médicos assinam ponto e “voam”. Só falta criticarem os cubanos


Viomundo - publicado em 29 de maio de 2015 às 06:22



Veja também:

Contraponto 16.860 - "A dobradinha Gilmar Mendes-Eduardo Cunha"

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29/05/2015


A dobradinha Gilmar Mendes-Eduardo Cunha




Um retardou o julgamento no STF; outro manobrou para a Câmara aprová-lo: para ambos o financiamento empresarial de campanha era questão de honra.

Facebook do Chico Alencar e EBC






Maria Inês Nassif


Se for definitivamente aprovada pelo Congresso a emenda constitucional que vai condenar o país a uma convivência forçada e duradoura com o financiamento empresarial de campanhas eleitorais, será graças a manobras de duas personalidades com grande dificuldade de conviver com o contraditório: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o ministro Gilmar Mendes, do STF.

No STF, Mendes interrompeu com um pedido de vistas, em 2 de abril, o julgamento de uma ação direta de inconstitucionalidade  (Adin) de autoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que argui a constitucionalidade da doação empresarial de campanha. O ministro botou o julgamento de seus pares na sua gaveta e tem esperado. Aguardou tempo suficiente para Cunha tirar de outra gaveta, a da Câmara, uma proposta de emenda constitucional que, se aprovada, vai tornar muito complicado ao STF declarar a inconstitucionalidade da Adin.

Uma vez que o Congresso defina como direito constitucional dos políticos e partidos receberem doação de empresas, o STF vai arrumar uma encrenca brava com o Congresso se disser o contrário.
Essa era uma intenção explícita de Mendes. Pressionado a desengavetar o julgamento da Adin, ele afirmou: “Temos que saber antes, e o Congresso está discutindo, qual o modelo eleitoral, para saber qual o modelo de financiamento adequado.” Indagado se essa não era uma posição contrária à maioria do STF, Mendes afirmou: “Isso é provisório, o resultado de seis a um é quando se dá a votação. Depois mudam-se os votos.”

Mendes, portanto, sabia que iria ser voto vencido no julgamento da Adin– o placar de votação já estava em seis votos contra a permissão de financiamento empresarial e apenas um a favor – e passou por cima da decisão de seus pares. Não deu para ganhar no voto, foi no grito.

Se a Câmara confirmar a aprovação do financiamento empresarial, e se o Senado, em dois turnos, entender dessa forma, Mendes terá feito prevalecer a sua opinião minoritária sobre a de todos os outros ministros do STF que entenderam não ser constitucional uma empresa financiar campanha, porque empresa não é eleitor.

Do lado de lá da Praça dos Três Poderes, no Congresso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), armou para aprovar, em primeiro turno, a emenda constitucional que torna legítima a doação empresarial de campanha. Foi uma vacina contra uma futura decisão do STF, retardada pelo pedido de vistas de Mendes. A permissão para doação existe na lei que, se declarada inconstitucional, deixaria de valer. Tornando-se uma emenda constitucional, fica mais difícil ao STF manter esse entendimento.

Para garantir a aprovação do dispositivo, o presidente da Câmara amarrou uma série de compromissos, pressões e chantagens sobre as  bancadas – em especial as dos parlamentares eleitos com forte financiamento empresarial e as dos pequenos partidos, que têm muito a perder se outros itens, como cláusula de barreira e fim das coligações, forem aprovados dentro dessa reforma constitucional de Cunha, que é a antítese de tudo o que se discutiu, entre entidades da sociedade civil, como mudança necessária para “democratizar a democracia” brasileira e reduzir o poder do dinheiro na política.

Na madrugada de quarta-feira, esse era um assunto praticamente encerrado, pois o artigo da reforma política que constitucionaliza o financiamento empresarial de campanha não teve número suficiente de votos no plenário. Como o regimento do Congresso impede que um assunto derrotado em plenário seja recolocado à votação no mesmo ano, esse seria um risco encerrado para seus opositores. Não foi o que entendeu Cunha. Passando por cima de regimento, o presidente da Câmara recolocou o assunto em pauta, não no mesmo ano, mas na mesma votação. E ganhou.

Até agora, a vitória de Cunha foi ter mantido na reforma política que ele quer fazer o financiamento empresarial de campanha. Ainda faltam uma votação na Câmara e duas no Senado para que isso vire norma constitucional.  O que essa semana traz de assustador, contudo, é a desenvoltura com que que o império da vontade de duas únicas personalidades da República se impõe a todos os demais.

A rejeição do dinheiro de empresas em campanhas eleitorais tem tantas razões éticas que aparentemente é incompreensível uma mobilização tão grande de personalidades, forças e chantagens políticas para mantê-lo. O entendimento de que a democracia é mais democrática se todas as pessoas tiverem as mesmas condições de influenciar uma decisão pública não é uma questão ideológica, é um fato, uma obviedade. Cunha e Mendes, todavia, tomaram a permissão do financiamento empresarial de campanha como uma questão de honra e, para revesti-la de alguma nobreza, colocaram-na no rol de brigas a serem vencidas nas disputas frequentes com o governo, que rendem a simpatia da elite brasileira e dos meios de comunicação. Isso, todavia, é apenas uma tentativa de vender a decisão favorável à doação empresarial como um bom princípio. Mas não é. Suas manobras se prestam unicamente a manter o status quo de um sistema político em que valem os interesses dos eleitores mais poderosos, aqueles que detêm dinheiro suficiente para financiar políticos.


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PITACO DO ContrapontoPIG


Retrato duplicado da picaretagem descarada contra o País. 

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