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31/07/2010
sábado, 31 de julho de 2010
Contraponto 2899 - "Cristiana Lobo: campanha de Dilma atingiu o objetivo"
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Portal Vermelho - 30/07/2010
A pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (30) mostra que o PT atingiu o objetivo estabelecido: o de levar a candidata Dilma Rousseff à dianteira nas pesquisas eleitorais até o início do propaganda na televisão, que vai começar dia 17. Dilma abriu uma diferença de cinco pontos porcentuais sobre José Serra – 39% a 34%. Segundo a pesquisa, Dilma subiu três pontos e Serra caiu dois pontos porcentuais.
A esta altura da campanha Dilma mostra, ainda, com 39% das intenções de votos que superou a marca do PT que era de algo em torno de 33% e está agregando votos que lhe são transferidos pelo presidente Lula. Este cenário favorável à Dilma chega antes da prometida presença maciça do presidente Lula nos programas eleitorais de televisão. Até agora, a oposição avaliava que estava se esgotando o potencial de transferência de votos de Lula para Dilma.
Os aliados, agora, consideram que Dilma pode alcançar a marca de 70% dos votos válidos na região Nordeste, onde a aprovação do presidente Lula é mais alta – em alguns municípios supera os 90% dos consultados, conforme as pesquisas. Nesta pesquisa Ibope, Lula é aprovado por 77% dos consultados em todo o país, mas com diferença maior no Norte e Nordeste.
A região Sudeste é a responsável pela ultrapassagem de Dilma na pesquisa. Ela cresceu em vários Estados, mas particularmente, em Minas, onde, conforme o Ibope, ela superou José Serra. Isso explica a iniciativa do tucano de abrir comitês eleitorais na terra de Aécio Neves. Lá, segundo o coordenador da campanha petista junto aos prefeitos municipais, Márcio Lacerda, pegou entre prefeitos o voto “dilmasia” – em Dilma para a presidência e em Anastasia para o governo Estadual. Anastasia também subiu na pesquisa, mas continua atrás de Hélio Costa (PMDB. O placar lá é de 39% para Costa e 21% para Anastasia. No Rio, também, Dilma abriu uma diferença de 19 pontos porcentuais sobre Serra.
Em São Paulo, Dilma também subiu na pesquisa, mas José Serra mantém a dianteira no Estado. A diferença entre eles, agora, é de 11 pontos porcentuais – em números absolutos, inferior a 3 milhões de votos. Pelos cálculos do PT, bastaria ao partido reduzir a vantagem de Serra para menos de 4 milhões de votos para obter um bom desempenho na campanha eleitoral.
Fonte: Coluna de Cristiana Lobo no G1
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31/07/2010
Cristiana Lobo: campanha de Dilma atingiu o objetivoPortal Vermelho - 30/07/2010
A pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (30) mostra que o PT atingiu o objetivo estabelecido: o de levar a candidata Dilma Rousseff à dianteira nas pesquisas eleitorais até o início do propaganda na televisão, que vai começar dia 17. Dilma abriu uma diferença de cinco pontos porcentuais sobre José Serra – 39% a 34%. Segundo a pesquisa, Dilma subiu três pontos e Serra caiu dois pontos porcentuais.
A esta altura da campanha Dilma mostra, ainda, com 39% das intenções de votos que superou a marca do PT que era de algo em torno de 33% e está agregando votos que lhe são transferidos pelo presidente Lula. Este cenário favorável à Dilma chega antes da prometida presença maciça do presidente Lula nos programas eleitorais de televisão. Até agora, a oposição avaliava que estava se esgotando o potencial de transferência de votos de Lula para Dilma.
Os aliados, agora, consideram que Dilma pode alcançar a marca de 70% dos votos válidos na região Nordeste, onde a aprovação do presidente Lula é mais alta – em alguns municípios supera os 90% dos consultados, conforme as pesquisas. Nesta pesquisa Ibope, Lula é aprovado por 77% dos consultados em todo o país, mas com diferença maior no Norte e Nordeste.
A região Sudeste é a responsável pela ultrapassagem de Dilma na pesquisa. Ela cresceu em vários Estados, mas particularmente, em Minas, onde, conforme o Ibope, ela superou José Serra. Isso explica a iniciativa do tucano de abrir comitês eleitorais na terra de Aécio Neves. Lá, segundo o coordenador da campanha petista junto aos prefeitos municipais, Márcio Lacerda, pegou entre prefeitos o voto “dilmasia” – em Dilma para a presidência e em Anastasia para o governo Estadual. Anastasia também subiu na pesquisa, mas continua atrás de Hélio Costa (PMDB. O placar lá é de 39% para Costa e 21% para Anastasia. No Rio, também, Dilma abriu uma diferença de 19 pontos porcentuais sobre Serra.
Em São Paulo, Dilma também subiu na pesquisa, mas José Serra mantém a dianteira no Estado. A diferença entre eles, agora, é de 11 pontos porcentuais – em números absolutos, inferior a 3 milhões de votos. Pelos cálculos do PT, bastaria ao partido reduzir a vantagem de Serra para menos de 4 milhões de votos para obter um bom desempenho na campanha eleitoral.
Fonte: Coluna de Cristiana Lobo no G1
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Cristiana Lobo
Contraponto 2898 - " Lula no Paraguai: 'Países sul-americanos devem se ver como oportunidades de uns para os outros' "
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31/07/2010
Amigos do Presidente - sábado, 31 de julho de 2010
O presidente Lula afirmou na sexta-feira (30), em Assunção, capital do Paraguai, que os países latino-americanos precisam ter uns aos outros como parceiros e não como inimigos.
Durante visita às obras de terraplanagem da subestação de Villa Hayes da linha de transmissão de Itaipu (foto), Lula disse que, se não fossem as divergências políticas, a obra já estaria pronta.
“A verdade é que tanto para o Brasil como para o Paraguai, Uruguai e a Argentina, nunca poderemos nos ver como adversários ou inimigos. Temos que nos ver como oportunidades de uns para os outros”, discursou Lula ao lado do presidente paraguaio, Fernando Lugo.
“O Brasil, pelo potencial do seu mercado, nunca pode ser visto como um prejuízo para o Paraguai mas, possivelmente, tem que ser visto como receptor das coisas produzidas no Paraguai, afinal de contas, são 190 milhões de habitantes ...
... As fronteiras sempre serão problemas enquanto perdurar o subdesenvolvimento e a miséria...Dizem que é caminho do narcotráfico, do contrabando, da febre aftosa, que a gente transforme em pontos de desenvolvimento, geração de emprego e renda”. (Da Agência Brasil)
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31/07/2010
Amigos do Presidente - sábado, 31 de julho de 2010
O presidente Lula afirmou na sexta-feira (30), em Assunção, capital do Paraguai, que os países latino-americanos precisam ter uns aos outros como parceiros e não como inimigos.
Durante visita às obras de terraplanagem da subestação de Villa Hayes da linha de transmissão de Itaipu (foto), Lula disse que, se não fossem as divergências políticas, a obra já estaria pronta.
“A verdade é que tanto para o Brasil como para o Paraguai, Uruguai e a Argentina, nunca poderemos nos ver como adversários ou inimigos. Temos que nos ver como oportunidades de uns para os outros”, discursou Lula ao lado do presidente paraguaio, Fernando Lugo.
“O Brasil, pelo potencial do seu mercado, nunca pode ser visto como um prejuízo para o Paraguai mas, possivelmente, tem que ser visto como receptor das coisas produzidas no Paraguai, afinal de contas, são 190 milhões de habitantes ...
... As fronteiras sempre serão problemas enquanto perdurar o subdesenvolvimento e a miséria...Dizem que é caminho do narcotráfico, do contrabando, da febre aftosa, que a gente transforme em pontos de desenvolvimento, geração de emprego e renda”. (Da Agência Brasil)
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Contraponto 2897 - "Serra está sendo cristianizado?"
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Blog do Miro - 30/07/2010
Por Altamiro Borges
Em 1950, Christiano Machado, candidato do PSD ao governo de Minas Gerais, simplesmente foi rifado pelo seu partido em plena campanha eleitoral e sofreu uma fragorosa derrota. Daí surgiu o termo “cristianizado”. Agora, no pleito de 2010, parece que o tucano José Serra corre o mesmo risco. Há fortes indícios de que ele está sendo traído por vários candidatos que temem perder votos se aparecerem como oposiçao ao presidente Lula, que goza de recordes de popularidade.
Os casos de traição explícita seriam trágicos, se não fossem cômicos. O tucano Tasso Jerreisatti, que teme por sua reeleição no Ceará, simplesmente não colocou a foto do presidenciável no seu comitê. Já Yeda Crusius, que está mais suja do que pau de galinheiro, preferiu não citar o nome de José Serra no lançamento da sua campanha à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul. “Foi um lapso”, justificou. Outro traíra é o senador Agripino Maia, do Rio Grande do Norte, que não se cansa de elogiar Lula, que tanto combateu, e nem cita o ex-governador paulista nos palanques.
Levantamento do Correio Braziliense
O Correio Braziliense fez nesta semana um levantamento detalhado sobre os casos de trairagem. A reportagem confirma que em doze estados pesquisados, o nome e a foto de José Serra não têm qualquer destaque nos santinhos, faixas e baners dos candidatos aos governos estaduais do PSDB e DEM. Em Alagoas, segundo o jornal, o tucano Teotônio Vilela, que tenta à reeleição, esforça-se para mostrar intimidade com o presidente Lula e sua candidata, Dilma Rousseff. No Espírito Santo, todas as imagens de campanha do tucano Luiz Paulo reforçam apenas sua candidatura. O jingle, inclusive, abusa do nome Luiz. “Esse é o homem. Esse sabe fazer. Luiz, Luiz, Luiz”.
José Serra está sendo cristianizado até em palanques mais fortes da oposição de direita, como no Paraná. A campanha de Beto Richa (PSDB-PR) estampou no sítio na internet apenas material do candidato ao governo. Segundo a sua assessoria, o material casado “está sendo providenciado.” Em São Paulo, Serra aparece ao lado de Geraldo Alckmin apenas na imagem do comitê central de campanha, no Edifício Joelma. Na internet, a sua candidatura ocupa um cantinho da página. O sítio privilegia apenas as imagens de Alckmin e do seu vice.
Guinada para a extrema-direita
Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, a situação ainda é mais dramática. A vingança de Aécio Neves, humilhado pelo grão-tucano paulista, é maligna. O quartel-general do seu candidato ao governo estadual, Antônio Anastasia, não tem nenhuma foto ou folheto de José Serra. O nome do presidenciável só aparece, bem minúsculo, num santinho de Itamar Franco, candidato ao Senado. O mesmo ocorre na Bahia e Ceará, dois importantes colégios do Nordeste, onde Lula tem elevado prestígio, e no Acre e Pará. Todos os “amiguinhos” rifaram o tucano.
Talvez essa trairagem explique o péssimo humor de José Serra nas últimas semanas. O notívago está com as olheiras mais fundas. A sua cristianização pode representar o fim das suas ambições. Derrotado na disputa sucessória, ele ficará sem mandato. Ele terá dificuldade até para ser vigia noturno do Palácio dos Bandeirantes, caso Geraldo Alckmin, que já foi traído por Serra no pleito para a prefeitura da capital paulista, vença a disputa para o governo do estado. “Cristianizado”, o tucano tende a ficar cada vez mais feroz, reforçando a sua guinada à extrema-direita.
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Blog do Miro - 30/07/2010
Por Altamiro Borges
Em 1950, Christiano Machado, candidato do PSD ao governo de Minas Gerais, simplesmente foi rifado pelo seu partido em plena campanha eleitoral e sofreu uma fragorosa derrota. Daí surgiu o termo “cristianizado”. Agora, no pleito de 2010, parece que o tucano José Serra corre o mesmo risco. Há fortes indícios de que ele está sendo traído por vários candidatos que temem perder votos se aparecerem como oposiçao ao presidente Lula, que goza de recordes de popularidade.
Os casos de traição explícita seriam trágicos, se não fossem cômicos. O tucano Tasso Jerreisatti, que teme por sua reeleição no Ceará, simplesmente não colocou a foto do presidenciável no seu comitê. Já Yeda Crusius, que está mais suja do que pau de galinheiro, preferiu não citar o nome de José Serra no lançamento da sua campanha à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul. “Foi um lapso”, justificou. Outro traíra é o senador Agripino Maia, do Rio Grande do Norte, que não se cansa de elogiar Lula, que tanto combateu, e nem cita o ex-governador paulista nos palanques.
Levantamento do Correio Braziliense
O Correio Braziliense fez nesta semana um levantamento detalhado sobre os casos de trairagem. A reportagem confirma que em doze estados pesquisados, o nome e a foto de José Serra não têm qualquer destaque nos santinhos, faixas e baners dos candidatos aos governos estaduais do PSDB e DEM. Em Alagoas, segundo o jornal, o tucano Teotônio Vilela, que tenta à reeleição, esforça-se para mostrar intimidade com o presidente Lula e sua candidata, Dilma Rousseff. No Espírito Santo, todas as imagens de campanha do tucano Luiz Paulo reforçam apenas sua candidatura. O jingle, inclusive, abusa do nome Luiz. “Esse é o homem. Esse sabe fazer. Luiz, Luiz, Luiz”.
José Serra está sendo cristianizado até em palanques mais fortes da oposição de direita, como no Paraná. A campanha de Beto Richa (PSDB-PR) estampou no sítio na internet apenas material do candidato ao governo. Segundo a sua assessoria, o material casado “está sendo providenciado.” Em São Paulo, Serra aparece ao lado de Geraldo Alckmin apenas na imagem do comitê central de campanha, no Edifício Joelma. Na internet, a sua candidatura ocupa um cantinho da página. O sítio privilegia apenas as imagens de Alckmin e do seu vice.
Guinada para a extrema-direita
Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, a situação ainda é mais dramática. A vingança de Aécio Neves, humilhado pelo grão-tucano paulista, é maligna. O quartel-general do seu candidato ao governo estadual, Antônio Anastasia, não tem nenhuma foto ou folheto de José Serra. O nome do presidenciável só aparece, bem minúsculo, num santinho de Itamar Franco, candidato ao Senado. O mesmo ocorre na Bahia e Ceará, dois importantes colégios do Nordeste, onde Lula tem elevado prestígio, e no Acre e Pará. Todos os “amiguinhos” rifaram o tucano.
Talvez essa trairagem explique o péssimo humor de José Serra nas últimas semanas. O notívago está com as olheiras mais fundas. A sua cristianização pode representar o fim das suas ambições. Derrotado na disputa sucessória, ele ficará sem mandato. Ele terá dificuldade até para ser vigia noturno do Palácio dos Bandeirantes, caso Geraldo Alckmin, que já foi traído por Serra no pleito para a prefeitura da capital paulista, vença a disputa para o governo do estado. “Cristianizado”, o tucano tende a ficar cada vez mais feroz, reforçando a sua guinada à extrema-direita.
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Serra cristianizado
Contraponto 2896 - "FARC alimentam discurso de Uribe"
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31/07/2010
Carta Maior - Sexta-Feira, 30 de Julho de 2010
Com razões de sobra, os chefes da guerrilha alegam desconfiança na disposição da direita colombiana em buscar acordo de paz e reinserção. Na principal tentativa realizada, em 1985, milhares de combatentes desarmados, inscritos na União Patriótica, foram massacrados pelos paramilitares. Mas o fato é que, com ou sem desconfiança, não parecem restar opções às FARC além de uma saída negociada ou a agonia final. Sua insistência na orientação beligerante, no entanto, revela-se útil à política de Álvaro Uribe. O artigo é de Breno Altman.
Breno Altman*
A oposição conservadora volta a brandir o espectro da guerrilha colombiana contra o PT e sua candidata presidencial. A tentativa, recorrente, é transformar em fardo eleitoral eventuais relações da esquerda brasileira com a insurgência no país vizinho. O palavrório acabou amplificado pelo ex-governador José Serra, na paralela dos ataques furibundos de Álvaro Uribe contra a Venezuela de Chávez.
Afinal, o discurso contra as FARC aparece, nos mais distintos cenários, como peça de resistência dos grupos de direita, em seu propósito de atribuir à esquerda uma lógica antidemocrática. Ainda que esse recurso propagandístico reflita décadas de orquestrada desinformação, não é possível silêncio sobre a organização armada ter-se convertido em cúmplice objetiva do uribismo e seus sócios continentais.
A estratégia do presidente colombiano apoia-se em pretexto indispensável: a existência de grupo violento, supostamente vinculado ao narcotráfico, só poderia ser combatida pelo recrudescimento da violência de Estado. Esse motivo, turbinado pela mistificação, também serve na costura de consenso para a quebra de soberania implícita no Plano Colômbia e na implantação de bases militares norte-americanas.
Não há novidade na conduta. A história das ditaduras revela em abundância a utilização dessa pegada. Só foi possível às forças de esquerda sair de tal armadilha, entretanto, quando deram vida a projetos capazes de conquistar apoio popular e apresentar viabilidade como alternativa de poder. As FARC estão longe de encarnar essa perspectiva. Tratam-se, atualmente, de agrupamento condenado ao isolamento político e ao declínio militar.
Também a FLN vietnamita e o cubano M26, para ficarmos em dois exemplos notórios, foram tratados, em seu tempo, como as mais abomináveis quadrilhas de terroristas e bandoleiros. A diferença central é que possuíam força propulsora: expressavam amplamente a vontade social de seus países. A guerrilha colombiana, estrategicamente derrotada, gira sobre si mesma e suas necessidades de sobrevivência.
As FARC, fundadas em 1964, não inventaram a violência. Representaram, ao nascer, resposta legítima dos movimentos camponeses contra a feroz repressão oligárquica, que associava os interesses latifundiários e as primeiras operações dos monopólios da cocaína. Durante décadas enfrentaram a aliança entre o Estado e grupos paramilitares financiados pelo narcotráfico. A organização insurgente, nesse período, tornou-se protagonista da vida política.
O colapso da União Soviética ao final dos anos 80, no entanto, criou um novo equilíbrio de forças, desfavorável às formações guerrilheiras. A maioria delas – como a Frente Farabundo Marti, em El Salvador, e mesmo outros grupos colombianos – se decidiu por abandonar armas e se converter em partidos políticos. As FARC seguiram pela via militar até exaurirem energias políticas e conexões populares.
Com razões de sobra, os chefes da guerrilha alegam desconfiança na disposição da direita colombiana em buscar acordo de paz e reinserção. Na principal tentativa realizada, em 1985, milhares de combatentes desarmados, inscritos na União Patriótica, foram massacrados pelos paramilitares. Mas o fato é que, com ou sem desconfiança, não parecem restar opções às FARC além de uma saída negociada ou a agonia final.
Sua insistência na orientação beligerante, no entanto, revela-se útil à política de Álvaro Uribe. A guerrilha, mesmo desidratada, serve como espantalho contra o desenvolvimento de qualquer solução mais progressista. Além da serventia na frente interna, a especulação sobre os vínculos da esquerda de outros países com o grupo rebelde constitui importante plataforma para a intervenção política e bélica dos Estados Unidos no continente.
Apenas as próprias FARC podem mudar essa situação de forma positiva à esquerda, adotando um compromisso inequívoco com a pacificação e aceitando salva-guardas que hoje podem ser oferecidas pelos governos democráticos da região. A libertação incondicional de reféns, a declaração unilateral de cessar-fogo e a solicitação de mediação internacional para a paz talvez fossem um bom começo.
Passos dessa natureza poderiam, de toda forma, romper a coluna vertebral do discurso uribista e neutralizar uma das principais variáveis da política de Washington para recuperar o espaço perdido na América do Sul.
*Breno Altman é jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi (www.operamundi.com.br)
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31/07/2010
FARC alimentam discurso de Uribe
Carta Maior - Sexta-Feira, 30 de Julho de 2010
Com razões de sobra, os chefes da guerrilha alegam desconfiança na disposição da direita colombiana em buscar acordo de paz e reinserção. Na principal tentativa realizada, em 1985, milhares de combatentes desarmados, inscritos na União Patriótica, foram massacrados pelos paramilitares. Mas o fato é que, com ou sem desconfiança, não parecem restar opções às FARC além de uma saída negociada ou a agonia final. Sua insistência na orientação beligerante, no entanto, revela-se útil à política de Álvaro Uribe. O artigo é de Breno Altman.
Breno Altman*
A oposição conservadora volta a brandir o espectro da guerrilha colombiana contra o PT e sua candidata presidencial. A tentativa, recorrente, é transformar em fardo eleitoral eventuais relações da esquerda brasileira com a insurgência no país vizinho. O palavrório acabou amplificado pelo ex-governador José Serra, na paralela dos ataques furibundos de Álvaro Uribe contra a Venezuela de Chávez.
Afinal, o discurso contra as FARC aparece, nos mais distintos cenários, como peça de resistência dos grupos de direita, em seu propósito de atribuir à esquerda uma lógica antidemocrática. Ainda que esse recurso propagandístico reflita décadas de orquestrada desinformação, não é possível silêncio sobre a organização armada ter-se convertido em cúmplice objetiva do uribismo e seus sócios continentais.
A estratégia do presidente colombiano apoia-se em pretexto indispensável: a existência de grupo violento, supostamente vinculado ao narcotráfico, só poderia ser combatida pelo recrudescimento da violência de Estado. Esse motivo, turbinado pela mistificação, também serve na costura de consenso para a quebra de soberania implícita no Plano Colômbia e na implantação de bases militares norte-americanas.
Não há novidade na conduta. A história das ditaduras revela em abundância a utilização dessa pegada. Só foi possível às forças de esquerda sair de tal armadilha, entretanto, quando deram vida a projetos capazes de conquistar apoio popular e apresentar viabilidade como alternativa de poder. As FARC estão longe de encarnar essa perspectiva. Tratam-se, atualmente, de agrupamento condenado ao isolamento político e ao declínio militar.
Também a FLN vietnamita e o cubano M26, para ficarmos em dois exemplos notórios, foram tratados, em seu tempo, como as mais abomináveis quadrilhas de terroristas e bandoleiros. A diferença central é que possuíam força propulsora: expressavam amplamente a vontade social de seus países. A guerrilha colombiana, estrategicamente derrotada, gira sobre si mesma e suas necessidades de sobrevivência.
As FARC, fundadas em 1964, não inventaram a violência. Representaram, ao nascer, resposta legítima dos movimentos camponeses contra a feroz repressão oligárquica, que associava os interesses latifundiários e as primeiras operações dos monopólios da cocaína. Durante décadas enfrentaram a aliança entre o Estado e grupos paramilitares financiados pelo narcotráfico. A organização insurgente, nesse período, tornou-se protagonista da vida política.
O colapso da União Soviética ao final dos anos 80, no entanto, criou um novo equilíbrio de forças, desfavorável às formações guerrilheiras. A maioria delas – como a Frente Farabundo Marti, em El Salvador, e mesmo outros grupos colombianos – se decidiu por abandonar armas e se converter em partidos políticos. As FARC seguiram pela via militar até exaurirem energias políticas e conexões populares.
Com razões de sobra, os chefes da guerrilha alegam desconfiança na disposição da direita colombiana em buscar acordo de paz e reinserção. Na principal tentativa realizada, em 1985, milhares de combatentes desarmados, inscritos na União Patriótica, foram massacrados pelos paramilitares. Mas o fato é que, com ou sem desconfiança, não parecem restar opções às FARC além de uma saída negociada ou a agonia final.
Sua insistência na orientação beligerante, no entanto, revela-se útil à política de Álvaro Uribe. A guerrilha, mesmo desidratada, serve como espantalho contra o desenvolvimento de qualquer solução mais progressista. Além da serventia na frente interna, a especulação sobre os vínculos da esquerda de outros países com o grupo rebelde constitui importante plataforma para a intervenção política e bélica dos Estados Unidos no continente.
Apenas as próprias FARC podem mudar essa situação de forma positiva à esquerda, adotando um compromisso inequívoco com a pacificação e aceitando salva-guardas que hoje podem ser oferecidas pelos governos democráticos da região. A libertação incondicional de reféns, a declaração unilateral de cessar-fogo e a solicitação de mediação internacional para a paz talvez fossem um bom começo.
Passos dessa natureza poderiam, de toda forma, romper a coluna vertebral do discurso uribista e neutralizar uma das principais variáveis da política de Washington para recuperar o espaço perdido na América do Sul.
*Breno Altman é jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi (www.operamundi.com.br)
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Contraponto 2895 - "Imperialismo a la carte"
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Carta Maior - 30/07/210
A coligação tucadema inventou o imperialismo a la carte, isto é, ao gosto do freguês. Funciona mais ou menos assim: como estamos em campanha, podemos fazer do nosso discurso um móbile (que pós-moderno!), uma instalação (que vanguardismo!) ao gosto do freguês que nos ouve.
Flávio Aguiar*
A campanha tucadema acaba de inventar um novo conceito geopolítico: o imperialismo a la carte.
Lá nos tempos idos do colonialismo, ainda que os impérios tivessem conceitos próprios e os aplicassem religiosamente (o termo vem a calhar), predominava uma concepção de conquista que a gente pode chamar de “no varejo”.
Ou seja, conforme as circunstâncias, os métodos aplicados tinham uma certa maleabilidade, inclusive aquela do “dividir para vencer”. No futuro Brasil, os portugueses foram doutores nisso. Iam dividindo e conquistando as tribos, fazendo-as inimigas umas das outras, destruindo primeiro as inimigas, depois destruindo ou engolindo através da assimilação, forçada ou não, as aliadas. Também os métodos da conquista variavam de continente para continente (basta estudar o teatro dos conquistadores nas Américas e na Ásia para dar-se conta disso).
Já nos tempos imperialistas propriamente ditos, os ingleses refinaram o método. Nas Américas sua ocupação era de um tipo, na África outro, na Ásia outro. Na China chegou a haver uma espécie de condomínio imperialista, uma espécie de “joint venture” avant-la-lettre, na qual os Estados Unidos já entraram. Nas Américas os britânicos praticaram à larga a “joint-venture” com as oligarquias que açambarcaram os movimentos independentistas.
No século XX, veio novo refinamento. Os movimentos nacionalistas, as disputas ideológicas e a Guerra Fria impuseram um tipo de “satelização” – manu militari ou pata econômica, ou ambas, - dos territórios e povos-alvo. Ou seja, estes tornavam-se uma espécie de “filial” dos vitoriosos, uma casa de negócios com gerência própria, mas não autônoma: quem determinava o cardápio e quem comia o quê era uma política negociada com a matriz.
O fim da Guerra Fria trouxe de vez o imperialismo no atacado. A potência supra-dominante impõe tudo: cardápio, entrada, prato principal, sobremesa e bebidas, tudo servido goela abaixo do freguês. É que, definitivamente, nos territórios-choque, a guerra deixou de vez de ser a extensão da política, como queriam os clássicos do ramo, e passou a ser a razão de ser da política. Nos territórios onde não há ou não havia guerra armada, a política passou a ser, nesta visada, ou patada, a extensão da economia concebida como guerra, e às vezes de extermínio, sobretudo de sonhos, alternativas, desejos outros, essas quireras que de uma vez por todas os povos subalternos não devem ter ou só podem ter de maneira comedida – quer dizer, medida pelos dominantes.
Pois agora, nesse quadro dramático da cena mundial, a coligação tucadema inventou o imperialismo a la carte, isto é, ao gosto do freguês. É mais democrático do que as versões anteriores, não resta dúvida. Funciona mais ou menos assim: como estamos em campanha, podemos fazer do nosso discurso um móbile (que pós-moderno!), uma instalação (que vanguardismo!) ao gosto do freguês que nos ouve. Ah, ele tem medo das Farc e do narco-tráfico? Então tome lá doses maciças nas manchetes da mídia “sempre alerta” de narco-Farc, sempre grudado isso, como “tags”, nos perfis da candidata da situação, e se não foi ela foi seu antecessor, e se não foi ele foi o partido, e se não foi o partido foi seu pai ou seu avô, como na fábula do La Fontaine, versão Monteiro Lobato.
Ah, os nossos correligionários têm preconceito contra “bugre”? Então pau no Evo Morales, no Lugo, e vamos chamar a política brasileira de igualdade no continente de filantropia, porque disso eles também não gostam. Ah, mas o freguês acha também que civilização é comer pizza em Miami. Então acrescenta aí no menu oferto mais uma dose dupla de subserviência aos impérios dominantes, para garantir os (supostos) privilégios das migalhas que caem da mesa só para “nós”, os que sabemos o que “política” e “civilização” devem ser. E por aí vai. A política, assim concebida, se transforma numa espécie de “portal de fragmentos” (ia dizer “colcha de retalhos”, mas para os tucademos isso é coisa de atrasado), colhidos ao acaso. Porque não há responsabilidade no dizer, não há aliados a construir.
A coligação da direita brasileira chegou a virar as costas à própria oposição venezuelana quando esta veio implorar-lhes que votassem pela aceitação do seu país no Mercosul. Esses fragmentos são colhidos ao acaso – conforme o rosto do freguês que está na frente e o que diz o marketing de hoje – mas não são concebidos assim. Eles fazem parte de um discurso articulado, que prega a subserviência em política internacional diante dos impérios e a arrogância ou o ignorar diante dos mais fracos. Mas como isso assim não pode ser dito na lata, então é necessário esfrangalhar o próprio discurso nesse esmerilho de pequenas farpas acusatórias do outro lado, para ir grudando nas suas vestimentas os “tags” do medo e também da falta de respeito para com os outros.
Pois é isso que a “massa cheirosa” quer.
*Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
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31/07/2010
Imperialismo a la carteCarta Maior - 30/07/210
A coligação tucadema inventou o imperialismo a la carte, isto é, ao gosto do freguês. Funciona mais ou menos assim: como estamos em campanha, podemos fazer do nosso discurso um móbile (que pós-moderno!), uma instalação (que vanguardismo!) ao gosto do freguês que nos ouve.
Flávio Aguiar*
A campanha tucadema acaba de inventar um novo conceito geopolítico: o imperialismo a la carte.
Lá nos tempos idos do colonialismo, ainda que os impérios tivessem conceitos próprios e os aplicassem religiosamente (o termo vem a calhar), predominava uma concepção de conquista que a gente pode chamar de “no varejo”.
Ou seja, conforme as circunstâncias, os métodos aplicados tinham uma certa maleabilidade, inclusive aquela do “dividir para vencer”. No futuro Brasil, os portugueses foram doutores nisso. Iam dividindo e conquistando as tribos, fazendo-as inimigas umas das outras, destruindo primeiro as inimigas, depois destruindo ou engolindo através da assimilação, forçada ou não, as aliadas. Também os métodos da conquista variavam de continente para continente (basta estudar o teatro dos conquistadores nas Américas e na Ásia para dar-se conta disso).
Já nos tempos imperialistas propriamente ditos, os ingleses refinaram o método. Nas Américas sua ocupação era de um tipo, na África outro, na Ásia outro. Na China chegou a haver uma espécie de condomínio imperialista, uma espécie de “joint venture” avant-la-lettre, na qual os Estados Unidos já entraram. Nas Américas os britânicos praticaram à larga a “joint-venture” com as oligarquias que açambarcaram os movimentos independentistas.
No século XX, veio novo refinamento. Os movimentos nacionalistas, as disputas ideológicas e a Guerra Fria impuseram um tipo de “satelização” – manu militari ou pata econômica, ou ambas, - dos territórios e povos-alvo. Ou seja, estes tornavam-se uma espécie de “filial” dos vitoriosos, uma casa de negócios com gerência própria, mas não autônoma: quem determinava o cardápio e quem comia o quê era uma política negociada com a matriz.
O fim da Guerra Fria trouxe de vez o imperialismo no atacado. A potência supra-dominante impõe tudo: cardápio, entrada, prato principal, sobremesa e bebidas, tudo servido goela abaixo do freguês. É que, definitivamente, nos territórios-choque, a guerra deixou de vez de ser a extensão da política, como queriam os clássicos do ramo, e passou a ser a razão de ser da política. Nos territórios onde não há ou não havia guerra armada, a política passou a ser, nesta visada, ou patada, a extensão da economia concebida como guerra, e às vezes de extermínio, sobretudo de sonhos, alternativas, desejos outros, essas quireras que de uma vez por todas os povos subalternos não devem ter ou só podem ter de maneira comedida – quer dizer, medida pelos dominantes.
Pois agora, nesse quadro dramático da cena mundial, a coligação tucadema inventou o imperialismo a la carte, isto é, ao gosto do freguês. É mais democrático do que as versões anteriores, não resta dúvida. Funciona mais ou menos assim: como estamos em campanha, podemos fazer do nosso discurso um móbile (que pós-moderno!), uma instalação (que vanguardismo!) ao gosto do freguês que nos ouve. Ah, ele tem medo das Farc e do narco-tráfico? Então tome lá doses maciças nas manchetes da mídia “sempre alerta” de narco-Farc, sempre grudado isso, como “tags”, nos perfis da candidata da situação, e se não foi ela foi seu antecessor, e se não foi ele foi o partido, e se não foi o partido foi seu pai ou seu avô, como na fábula do La Fontaine, versão Monteiro Lobato.
Ah, os nossos correligionários têm preconceito contra “bugre”? Então pau no Evo Morales, no Lugo, e vamos chamar a política brasileira de igualdade no continente de filantropia, porque disso eles também não gostam. Ah, mas o freguês acha também que civilização é comer pizza em Miami. Então acrescenta aí no menu oferto mais uma dose dupla de subserviência aos impérios dominantes, para garantir os (supostos) privilégios das migalhas que caem da mesa só para “nós”, os que sabemos o que “política” e “civilização” devem ser. E por aí vai. A política, assim concebida, se transforma numa espécie de “portal de fragmentos” (ia dizer “colcha de retalhos”, mas para os tucademos isso é coisa de atrasado), colhidos ao acaso. Porque não há responsabilidade no dizer, não há aliados a construir.
A coligação da direita brasileira chegou a virar as costas à própria oposição venezuelana quando esta veio implorar-lhes que votassem pela aceitação do seu país no Mercosul. Esses fragmentos são colhidos ao acaso – conforme o rosto do freguês que está na frente e o que diz o marketing de hoje – mas não são concebidos assim. Eles fazem parte de um discurso articulado, que prega a subserviência em política internacional diante dos impérios e a arrogância ou o ignorar diante dos mais fracos. Mas como isso assim não pode ser dito na lata, então é necessário esfrangalhar o próprio discurso nesse esmerilho de pequenas farpas acusatórias do outro lado, para ir grudando nas suas vestimentas os “tags” do medo e também da falta de respeito para com os outros.
Pois é isso que a “massa cheirosa” quer.
*Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
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Contraponto 2894 - "Lula assina acordos com o Uruguai - Serra quer acabar com o Mercosul e anexar o Brasil à ALCA"
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30/07/2010
Presidente Lula e o presidente do Uruguai, José Mujica, tiveram um encontro diplomático e de trabalho nesta sexta.
Foram assinados o Acordo sobre a Hidrovia Brasil - Uruguai, Acordo de Cooperação em matéria de Defesa, Memorando para Cooperação Científica, Tecnológica, Acadêmica e de Inovação e Memorando de Entendimento entre o Ministério da Pesca e Aqüicultura do Brasil e o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai.
Também foram tratados os temas como a interconexão elétrica, a ligação entre as malhas ferroviárias, a construção de uma segunda ponte sobre o Rio Jaguarão.
Pela manhã descerraram placas na fronteira entre os dois países, nomeada Fronteira da Paz, onde as cidade de Rivera (Uruguai) e Santana do Livramento (Brasil), estão separadas por uma rua.
Enquanto o presidente Lula, e sua candidata à sucessão Dilma Russeff (PT) fortalece laços com o Mercosul, o candidato demo-tucano de oposição deu declarações recentes de que o Mercosul "só atrapalha" o Brasil a fechar acordos de livre comércio. Durante o governo FHC, o Brasil sofreu forte assédio para capitular ao consenso de Washington, neoliberal, e se deixar anexar aos EUA no projeto imperialista da ALCA (Área de Livre Comércio nas Américas). FHC aplicando a "teoria da dependência", que ele achava ser o caminho do Brasil, caminhava para fazer uma adesão à ALCA. Lula interrompeu o processo, com o fracasso dos regimes neoliberais na América Latina. Serra retomou este discurso do século passado.
30/07/2010
Lula assina acordos com o Uruguai - Serra quer acabar
com o Mercosul e anexar o Brasil à ALCA
Amigos doPresiente - porZé Augusto - sexta-feira, 30 de julho de 2010com o Mercosul e anexar o Brasil à ALCA
Presidente Lula e o presidente do Uruguai, José Mujica, tiveram um encontro diplomático e de trabalho nesta sexta.
Foram assinados o Acordo sobre a Hidrovia Brasil - Uruguai, Acordo de Cooperação em matéria de Defesa, Memorando para Cooperação Científica, Tecnológica, Acadêmica e de Inovação e Memorando de Entendimento entre o Ministério da Pesca e Aqüicultura do Brasil e o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai.
Também foram tratados os temas como a interconexão elétrica, a ligação entre as malhas ferroviárias, a construção de uma segunda ponte sobre o Rio Jaguarão.
Pela manhã descerraram placas na fronteira entre os dois países, nomeada Fronteira da Paz, onde as cidade de Rivera (Uruguai) e Santana do Livramento (Brasil), estão separadas por uma rua.
Enquanto o presidente Lula, e sua candidata à sucessão Dilma Russeff (PT) fortalece laços com o Mercosul, o candidato demo-tucano de oposição deu declarações recentes de que o Mercosul "só atrapalha" o Brasil a fechar acordos de livre comércio. Durante o governo FHC, o Brasil sofreu forte assédio para capitular ao consenso de Washington, neoliberal, e se deixar anexar aos EUA no projeto imperialista da ALCA (Área de Livre Comércio nas Américas). FHC aplicando a "teoria da dependência", que ele achava ser o caminho do Brasil, caminhava para fazer uma adesão à ALCA. Lula interrompeu o processo, com o fracasso dos regimes neoliberais na América Latina. Serra retomou este discurso do século passado.
Os presidentes visitaram também o 7º Regimento de Cavalaria Mecanizado,
em Rivera, Uruguai. Entre os acordos assinados, há o de Cooperação em Defesa.
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em Rivera, Uruguai. Entre os acordos assinados, há o de Cooperação em Defesa.
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sexta-feira, 30 de julho de 2010
Contraponto 2892 - "Dilma lidera pesquisa Ibope com 39% das intenções de voto, contra 34% de Serra"
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30/07/2010
Amigos do Presidente - por Zé Augusto - sexta-feira, 30 de julho de 2010
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, lidera a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo com 39% das intenções de voto. José Serra (PSDB) aparece com 34%. Marina Silva (PV) mantém 7%. Brancos e nulos são 7% e indecisos somam 12%.
Em um eventual segundo turno, Dilma teria 46% dos votos e Serra, 40%. Nesse cenário, brancos e nulos somam 6% e indecisos, 8%. Serra tem a maior rejeição entre os presidenciáveis, com 24%. 19% dizem que não votariam na candidata Dilma e 13% dizem que não votariam em Marina.
Na pesquisa Ibope anterior, contratada pela Associação Comercial de São Paulo e realizada entre os dias 27 e 30 de junho, Dilma e Serra apareciam empatados, ambos com 39%.Marina havia registrado 10% na ocasião. Na simulação do segundo turno, Serra e Dilma também estavam empatados, com 43%.
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30/07/2010
Amigos do Presidente - por Zé Augusto - sexta-feira, 30 de julho de 2010
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, lidera a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo com 39% das intenções de voto. José Serra (PSDB) aparece com 34%. Marina Silva (PV) mantém 7%. Brancos e nulos são 7% e indecisos somam 12%.
Em um eventual segundo turno, Dilma teria 46% dos votos e Serra, 40%. Nesse cenário, brancos e nulos somam 6% e indecisos, 8%. Serra tem a maior rejeição entre os presidenciáveis, com 24%. 19% dizem que não votariam na candidata Dilma e 13% dizem que não votariam em Marina.
Na pesquisa Ibope anterior, contratada pela Associação Comercial de São Paulo e realizada entre os dias 27 e 30 de junho, Dilma e Serra apareciam empatados, ambos com 39%.Marina havia registrado 10% na ocasião. Na simulação do segundo turno, Serra e Dilma também estavam empatados, com 43%.
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Dilma X Serra
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Ibope
Contraponto 2891 - "Vale lucrou em três meses mais do que ela custou"
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30/07/2010
Vale lucrou em três meses mais do que ela custou30/07/2010
Tijolaço - 29/07/2010
O dia em que este país for, de novo, do povo brasileiro, ao menos a memória dos homens que entregaram, de mão beijada, a imensa riqueza do povo brasileiro representada pela Vale vai fazer companhia à de Joaquim Silvério dos Reis na galeria dos grandes traidores da brasilidade.
Saiu agora á noite o resultado semestral da Vale e só no segundo trimestre do ano ela deu lucros líquidos – líquidos! – de R$ 6,63 bilhões ou US$ 3,75 bilhões.
O valor é mais que os US 3,3 bilhões pelos quais ela foi vendida pelo Governo Fernando Henrique Cardoso.
Tentei, inutilmente, nesta legislatura, abrir uma CPI sobre esta privatização criminosa.
Se conseguir se eleito, voltarei á carga no ano que vem. E no outro, e no outro e no outro e enquanto eu puder.
Posto aí em cima um videio, da insuspeita Veja, para que todos saibam, da boca do próprio Fernando Henrique Cardoso, quem foi o grande incentivador deste crime de lesa-pátria.
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Vale. FHC
Contraponto 2890 - O discurso de Lula em Porto Alegre
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30/07/2010
30/07/2010
O discurso de Lula em Porte Alegre
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Contraponto 2889 - "Se tudo fosse igual"
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30/07/2010
Emir Sader*
Há uma tese que corre em setores políticos distintos que, pelos equívocos que contém e pelas conseqüências desastrosas que gera, deve ser analisada com precisão. É a tese de que o PT e o PSDB seriam a mesma coisa, assim como os governos do FHC e do Lula.
A tese leva a uma espécie de “terceirismo” entre a direita e a esquerda, buscando definir uma eqüidistância em relação às candidaturas da Dilma e do Serra. Em 2006 essa posição levou a que alguns setores da esquerda propusessem o voto branco ou nulo diante da alternativa de Lula ou Alckmin, como se fosse igual para o Brasil qualquer um deles que fosse eleito.
Se os governos de FHC e Lula fossem iguais, a desigualdade teria diminuído e não aumentado durante o governo de FHC. Se fossem iguais, o extraordinário apoio popular que tem Lula teria sido dado também ao governo FHC que, ao contrário, terminou seu mandato com uma imensa rejeição da população brasileira.
Se fossem iguais, a reação do Brasil diante da mais grave crise econômica internacional desde 1929 teria sido a mesma de FHC em 1999: elevar a taxa de juros a 48%, pedir novo empréstimo ao FMI, assinar a corresponde Carta de Intenções (deles), cortar recursos das políticas sociais, aumentando a recessão e o desemprego, que levou o Brasil à uma profunda e prolongada recessão, de que só saímos no governo Lula.
Enquanto que o Lula reagiu diante da crise incentivando a retomada do crescimento da economia, baixando as taxas de juros, mantendo o poder aquisitivo dos salários, intensificando as políticas sociais, e fazendo assim que superássemos rapidamente a crise.
Se fossem iguais, não teria sentido a luta contra a ALCA – Área de Livre Comércio das Américas -, que FHC propugnava e que o governo Lula inviabilizou, para fortalecer os processos de integração regional. Dizer que são governos iguais ou similares é dizer que tanto faz privilegiar alianças subordinadas com os EUA ou aliar-se prioritariamente com os países do Sul do mundo, com os Brics entre eles.
Se fossem iguais os governos FHC e Lula, o Estado mínimo a que tinha sido reduzido o Estado brasileiro seria o mesmo que o Estado indutor do crescimento e a garantia da extensão dos direitos sociais da maioria pobre da população. O desenvolvimento, suprimido do discurso de FHC, foi resgatado como objetivo estratégico pelo governo Lula, articulado intrinsecamente a políticas sociais e de distribuição de renda.
Se fossem iguais, a maioria dos trabalhadores continuaria a não ter carteira de trabalho assinado, predominando o emprego informal sobre o formal. O poder aquisitivo dos salário teria continuado a cair, ao invés de ser elevado acima da inflação.
É grave que haja setores na esquerda que não consigam distinguir essas diferenças, entre a direita e a esquerda. Perdem a capacidade de identificar onde está a direita – o inimigo fundamental do campo popular -, correndo o grave risco de fazer o jogo dela, em detrimento da força e da unidade da esquerda.
*Emir Sader. Sociólogo e cientista político
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30/07/2010
Se tudo fosse igual
Blog do Emir - 29/07/2010Emir Sader*
Há uma tese que corre em setores políticos distintos que, pelos equívocos que contém e pelas conseqüências desastrosas que gera, deve ser analisada com precisão. É a tese de que o PT e o PSDB seriam a mesma coisa, assim como os governos do FHC e do Lula.
A tese leva a uma espécie de “terceirismo” entre a direita e a esquerda, buscando definir uma eqüidistância em relação às candidaturas da Dilma e do Serra. Em 2006 essa posição levou a que alguns setores da esquerda propusessem o voto branco ou nulo diante da alternativa de Lula ou Alckmin, como se fosse igual para o Brasil qualquer um deles que fosse eleito.
Se os governos de FHC e Lula fossem iguais, a desigualdade teria diminuído e não aumentado durante o governo de FHC. Se fossem iguais, o extraordinário apoio popular que tem Lula teria sido dado também ao governo FHC que, ao contrário, terminou seu mandato com uma imensa rejeição da população brasileira.
Se fossem iguais, a reação do Brasil diante da mais grave crise econômica internacional desde 1929 teria sido a mesma de FHC em 1999: elevar a taxa de juros a 48%, pedir novo empréstimo ao FMI, assinar a corresponde Carta de Intenções (deles), cortar recursos das políticas sociais, aumentando a recessão e o desemprego, que levou o Brasil à uma profunda e prolongada recessão, de que só saímos no governo Lula.
Enquanto que o Lula reagiu diante da crise incentivando a retomada do crescimento da economia, baixando as taxas de juros, mantendo o poder aquisitivo dos salários, intensificando as políticas sociais, e fazendo assim que superássemos rapidamente a crise.
Se fossem iguais, não teria sentido a luta contra a ALCA – Área de Livre Comércio das Américas -, que FHC propugnava e que o governo Lula inviabilizou, para fortalecer os processos de integração regional. Dizer que são governos iguais ou similares é dizer que tanto faz privilegiar alianças subordinadas com os EUA ou aliar-se prioritariamente com os países do Sul do mundo, com os Brics entre eles.
Se fossem iguais os governos FHC e Lula, o Estado mínimo a que tinha sido reduzido o Estado brasileiro seria o mesmo que o Estado indutor do crescimento e a garantia da extensão dos direitos sociais da maioria pobre da população. O desenvolvimento, suprimido do discurso de FHC, foi resgatado como objetivo estratégico pelo governo Lula, articulado intrinsecamente a políticas sociais e de distribuição de renda.
Se fossem iguais, a maioria dos trabalhadores continuaria a não ter carteira de trabalho assinado, predominando o emprego informal sobre o formal. O poder aquisitivo dos salário teria continuado a cair, ao invés de ser elevado acima da inflação.
É grave que haja setores na esquerda que não consigam distinguir essas diferenças, entre a direita e a esquerda. Perdem a capacidade de identificar onde está a direita – o inimigo fundamental do campo popular -, correndo o grave risco de fazer o jogo dela, em detrimento da força e da unidade da esquerda.
*Emir Sader. Sociólogo e cientista político
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FHC X Lula
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se fossem iguais
Contraponto 2888 - Graziano diz que programa de Serra será em off
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Enviado por luisnassif, qui, 29/07/2010 - 23:00
Por Levon Nascimento
Um pouco fora do tema do post, mas relacionado. Veja a falta de plano de governo do PSDB/Serra:
Do Blog do Josias
Serra cogita não divulgar seu 'programa de governo'
A pretexto de recolher dos internautas sugestões para um programa de governo de José Serra, o comitê tucano mantém na web a página "Proposta Serra".
Sob o título, um enunciado com cara novidade: "Um programa de governo colaborativo".
Pois bem. A colaboração dos que se animaram a participar da iniciativa pode resultar em decepção.
O Quartel General da campanha de Serra cogita agora nem divulgar uma proposta para a eventual gestão do candidato.
Quem admite é Francisco Graziano Neto, o tucano que se ocupa da filtragem das sugestões.
"Eu gostaria de apresentar 100 propostas para mudar o Brasil, mas não sei se isso vai ser feito, nem sei se vai ser divulgado", disse Graziano.
Afora as idéias que lhe chegam pela internet, Graziano percorre o país para ouvir as proposições dos políticos pró-Serra.
Curiosamente, ele reconheceu que o tucanato pode não trazer à luz o programa num dos estágios de sua peregrinação.
Falou em Pernambuco, para onde se deslocara a pretexto de recolher as sugestões do comitê de Jarbas Vasconcelos (PMDB), candidato ao governo do Estado.
Mas por que o programa de Serra pode não vir a público? Graziano saiu-se com uma justificativa prosaica: "A turma da Dilma copia".
Graziano chegou mesmo a citar um exemplo. Disse que Serra dera publicidade à proposta de reduzir os tributos cobrados de empresas de saneamento.
A redução, hoje de 3%, passaria a ser de 7,6%. Depois, disse o colaborador de Serra, Dilma Rousseff anunciou a mesma meta.
Dias atrás, Graziano incomodara-se com uma notícia veiculada aqui no blog. Dizia que, a exemplo do PT, o tucanato também redigia uma nova versão de programa.
Em contato com o repórter, Graziano dissera que não se tratava de versão nova. Era um "detalhamento" das diretrizes que Serra protocolara no TSE.
Em verdade, o "programa" levado por Serra ao tribunal eleitoral resume-se a um par de discursos pronunciados por ele em atos de campanha.
Graziano dissera que o programa, depois de detalhado, seria exposto na internet em pedaços, um setor após o outro. E nada.
Agora, a platéia é informada de que a peça que esmiuçaria as intenções de Serra pode permanecer na gaveta.
- Siga o blog no twitter.
Escrito por Josias de Souza às 19h49
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2010-07-01_2010-07-31.htm...
_____________________
PITACO DO ContrapontoPIG.
O Programa de Governo de Serra é suguramente impublicável.
Como dizer ao elitor:
- que repetirá o desgoverno de FHC ?;.
- que pretende fazer privatizações de portos, bancos e empresas estatais?;.
- que pretende tomar o lugar de Uribe e ser o capacho-mor dos EUA na América Latina?;.
- que tentará implantar o regime de concessão e não de partilha no pré-sal? ;.
- que considerará o Bolsa Família como bolsa esmola?;.
- que distribuirá os cargos públicos de confiança à corja tucana, do demo e do PPS ?.
__________________________
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30/07/2010
Graziano diz que programa de Serra será em offEnviado por luisnassif, qui, 29/07/2010 - 23:00
Por Levon Nascimento
Um pouco fora do tema do post, mas relacionado. Veja a falta de plano de governo do PSDB/Serra:
Do Blog do Josias
Serra cogita não divulgar seu 'programa de governo'
A pretexto de recolher dos internautas sugestões para um programa de governo de José Serra, o comitê tucano mantém na web a página "Proposta Serra".
Sob o título, um enunciado com cara novidade: "Um programa de governo colaborativo".
Pois bem. A colaboração dos que se animaram a participar da iniciativa pode resultar em decepção.
O Quartel General da campanha de Serra cogita agora nem divulgar uma proposta para a eventual gestão do candidato.
Quem admite é Francisco Graziano Neto, o tucano que se ocupa da filtragem das sugestões.
"Eu gostaria de apresentar 100 propostas para mudar o Brasil, mas não sei se isso vai ser feito, nem sei se vai ser divulgado", disse Graziano.
Afora as idéias que lhe chegam pela internet, Graziano percorre o país para ouvir as proposições dos políticos pró-Serra.
Curiosamente, ele reconheceu que o tucanato pode não trazer à luz o programa num dos estágios de sua peregrinação.
Falou em Pernambuco, para onde se deslocara a pretexto de recolher as sugestões do comitê de Jarbas Vasconcelos (PMDB), candidato ao governo do Estado.
Mas por que o programa de Serra pode não vir a público? Graziano saiu-se com uma justificativa prosaica: "A turma da Dilma copia".
Graziano chegou mesmo a citar um exemplo. Disse que Serra dera publicidade à proposta de reduzir os tributos cobrados de empresas de saneamento.
A redução, hoje de 3%, passaria a ser de 7,6%. Depois, disse o colaborador de Serra, Dilma Rousseff anunciou a mesma meta.
Dias atrás, Graziano incomodara-se com uma notícia veiculada aqui no blog. Dizia que, a exemplo do PT, o tucanato também redigia uma nova versão de programa.
Em contato com o repórter, Graziano dissera que não se tratava de versão nova. Era um "detalhamento" das diretrizes que Serra protocolara no TSE.
Em verdade, o "programa" levado por Serra ao tribunal eleitoral resume-se a um par de discursos pronunciados por ele em atos de campanha.
Graziano dissera que o programa, depois de detalhado, seria exposto na internet em pedaços, um setor após o outro. E nada.
Agora, a platéia é informada de que a peça que esmiuçaria as intenções de Serra pode permanecer na gaveta.
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Escrito por Josias de Souza às 19h49
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2010-07-01_2010-07-31.htm...
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PITACO DO ContrapontoPIG.
O Programa de Governo de Serra é suguramente impublicável.
Como dizer ao elitor:
- que repetirá o desgoverno de FHC ?;.
- que pretende fazer privatizações de portos, bancos e empresas estatais?;.
- que pretende tomar o lugar de Uribe e ser o capacho-mor dos EUA na América Latina?;.
- que tentará implantar o regime de concessão e não de partilha no pré-sal? ;.
- que considerará o Bolsa Família como bolsa esmola?;.
- que distribuirá os cargos públicos de confiança à corja tucana, do demo e do PPS ?.
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programa de Serra será em off
Contraponto 2887 - Os últimos grunhidos de um serviçal do império
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Lula ignora queixas de Uribe e prefere falar com Santos e Chávez
O porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, disse nesta quinta-feira (29) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vai responder às críticas do colombiano Álvaro Uribe. O presidente da Colômbia deplorou que Lula "se refira à crise como um caso pessoal e ignore a ameaça que representa a presença de guerrilheiros das Farc na Venezuela".
"O presidente Lula já tomou conhecimento dessas declarações e não considera apropriado que se responda a esse comunicado", afirmou Baumbach. "Lula já declarou em várias oportunidades que lamenta a situação que se criou entre a Colômbia e a Venezuela", acrescentou. O porta-voz também disse que o presidente diz acreditar que a estabilidade das relações entre os dois "países amigos" é fundamental para a "tranquilidade da região e para o avanço da integração regional".
Questionado sobre a simpatia do presidente brasileiro pelo venezuelano Hugo Chávez, Baumbach respondeu que Lula "já manifestou em várias oportunidades a sua disposição para contribuir para o diálogo e para a mediação desse impasse". Sobre a relutância do governo brasileiro em considerar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) um grupo terrorista, o porta-voz disse que "não é o presidente que tem que se pronunciar a respeito disso".
Há uma semana, a Venezuela rompeu oficialmente os laços diplomáticos com a Colômbia, após o governo do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, acusar o país vizinho de dar "abrigo" às Farc. Um dos fatores que desencadearam a ruptura foi a denúncia formal feita na OEA pela Colômbia de que guerrilheiros teriam livre-trânsito no país vizinho, apresentando fotografias e "provas" que são contestadas pela Venezuela.
Últimos grunhidos de um serviçal do império
Derrotado em suas pretensões de continuar governando a Colômbia e prestando serviços ao imperialismo norte-americano, o presidente Álvaro Uribe usa a crise diplomática com a Venezuela para soltar seus últimos grunhidos, já que deixará o poder no próximo dia 7 de agosto. Sem papel a desempenhar na solução da crise, só resta ao presidente colombiano esperar pelo fim melancólico de seu governo.
Por isso, as conversas que Lula e outras lideranças dispostas a colaborar para o distensionamento do conflito entre Colômbia e Venezuela serão travadas entre quem realmente importa: o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e Juan Manuel Santos, presidente eleito da Colômbia.
Na quarta-feira (28), o presidente Lula disse que "não há conflito" entre os vizinhos além do "verbal" e pediu "paciência e calma" até o início do governo Santos. Apesar de Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa do governo Uribe, ser aliado do atual presidente, a expectativa é de que a relação de Chávez com o futuro colega seja melhor.
Lula garantiu ainda que participará, no dia 6 de agosto, de uma reunião bilateral com Hugo Chávez e que depois seguirá à Colômbia para a posse de Santos. "Temos de restabelecer a normalidade nas relações entre Venezuela e Colômbia, porque são dois países importantes para nós da América do Sul", afirmou Lula.
Nesta quinta-feira (29/7), o Conselho de Chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) está reunido em Quito, capital do Equador, para analisar medidas para promover o diálogo e a paz entre os dois países vizinhos. A reunião foi um pedido de Chávez ao atual presidente da entidade, Rafael Correa, do Equador.
Com agência
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30/07/2010
Lula ignora queixas de Uribe e prefere falar com Santos e Chávez
"O presidente Lula já tomou conhecimento dessas declarações e não considera apropriado que se responda a esse comunicado", afirmou Baumbach. "Lula já declarou em várias oportunidades que lamenta a situação que se criou entre a Colômbia e a Venezuela", acrescentou. O porta-voz também disse que o presidente diz acreditar que a estabilidade das relações entre os dois "países amigos" é fundamental para a "tranquilidade da região e para o avanço da integração regional".
Questionado sobre a simpatia do presidente brasileiro pelo venezuelano Hugo Chávez, Baumbach respondeu que Lula "já manifestou em várias oportunidades a sua disposição para contribuir para o diálogo e para a mediação desse impasse". Sobre a relutância do governo brasileiro em considerar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) um grupo terrorista, o porta-voz disse que "não é o presidente que tem que se pronunciar a respeito disso".
Há uma semana, a Venezuela rompeu oficialmente os laços diplomáticos com a Colômbia, após o governo do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, acusar o país vizinho de dar "abrigo" às Farc. Um dos fatores que desencadearam a ruptura foi a denúncia formal feita na OEA pela Colômbia de que guerrilheiros teriam livre-trânsito no país vizinho, apresentando fotografias e "provas" que são contestadas pela Venezuela.
Últimos grunhidos de um serviçal do império
Derrotado em suas pretensões de continuar governando a Colômbia e prestando serviços ao imperialismo norte-americano, o presidente Álvaro Uribe usa a crise diplomática com a Venezuela para soltar seus últimos grunhidos, já que deixará o poder no próximo dia 7 de agosto. Sem papel a desempenhar na solução da crise, só resta ao presidente colombiano esperar pelo fim melancólico de seu governo.
Por isso, as conversas que Lula e outras lideranças dispostas a colaborar para o distensionamento do conflito entre Colômbia e Venezuela serão travadas entre quem realmente importa: o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e Juan Manuel Santos, presidente eleito da Colômbia.
Na quarta-feira (28), o presidente Lula disse que "não há conflito" entre os vizinhos além do "verbal" e pediu "paciência e calma" até o início do governo Santos. Apesar de Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa do governo Uribe, ser aliado do atual presidente, a expectativa é de que a relação de Chávez com o futuro colega seja melhor.
Lula garantiu ainda que participará, no dia 6 de agosto, de uma reunião bilateral com Hugo Chávez e que depois seguirá à Colômbia para a posse de Santos. "Temos de restabelecer a normalidade nas relações entre Venezuela e Colômbia, porque são dois países importantes para nós da América do Sul", afirmou Lula.
Nesta quinta-feira (29/7), o Conselho de Chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) está reunido em Quito, capital do Equador, para analisar medidas para promover o diálogo e a paz entre os dois países vizinhos. A reunião foi um pedido de Chávez ao atual presidente da entidade, Rafael Correa, do Equador.
Com agência
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Contraponto 2886 - "Direita tenta golpe a cada 24 horas, diz Lula"
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30/07/2010
No comício de Dilma Rousseff (PT) e Tarso Genro (PT), no Ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre (RS), o presidente Lula saudou a militância entusiasmada, de pelo menos 10 mil pessoas, lembrando que a campanha eleitoral está apenas no começo e é um luta sem trégua.
Lula lembrou que, mesmo após vencer as eleições de 2002 e 2006, os adversários continuaram em campanha para derrubá-lo, e foi o apoio e a mobilização popular, que sempre garantiu sua sustentação política:
“... A esquerda pensa que sabe fazer barulho. Mas foi no governo que nós aprendemos que se a esquerda faz oposição a direita tenta dar golpe a cada 24 horas neste país...
... Foram oito anos de provocações, de ataques, de infâmias. Essa elite brasileira que faz política às vezes de forma sórdida, não aquela que trabalha, ela agüentou o Getúlio Vargas governando esta país por 15 anos com autoritarismo, mas em quatro anos de democracia essa elite levou Getúlio a dar um tiro no coração...
... Mandei dizer a essa direita: Vocês mataram Getúlio, obrigaram João Goulart a renunciar, mas se vocês quiserem me enfrentar eu não estarei no meu gabinete lendo os jornais de vocês, estarei na rua conversando com o povo brasileiro”.
Lula disse também que os adversários estão tentando impedi-lo de fazer campanha para Dilma na TV:
“Vocês sabem que os meus adversários estão fazendo tudo para impedir que eu apareça na TV apoiando o Tarso e a Dilma. Tem adversário que fala, 'o Lula é tão bonzinho que não deveria se meter nas eleições, ele é presidente e tem que ser o magistrado'. Quando eles estavam tentando me derrubar não me achavam magistrado”.
O presidente falou ainda que é hora de eleger Dilma: "Esse país não pode ser governado apenas com a sabedoria da cabeça. Tem que misturar a sabedoria com a sensibilidade do coração. E ninguém tem mais sensibilidade do que uma mãe."
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30/07/2010
Direita tenta golpe a cada 24 horas, diz Lula
Amigos do Presidente - sexta-feira, 30 de julho de 2010No comício de Dilma Rousseff (PT) e Tarso Genro (PT), no Ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre (RS), o presidente Lula saudou a militância entusiasmada, de pelo menos 10 mil pessoas, lembrando que a campanha eleitoral está apenas no começo e é um luta sem trégua.
Lula lembrou que, mesmo após vencer as eleições de 2002 e 2006, os adversários continuaram em campanha para derrubá-lo, e foi o apoio e a mobilização popular, que sempre garantiu sua sustentação política:
“... A esquerda pensa que sabe fazer barulho. Mas foi no governo que nós aprendemos que se a esquerda faz oposição a direita tenta dar golpe a cada 24 horas neste país...
... Foram oito anos de provocações, de ataques, de infâmias. Essa elite brasileira que faz política às vezes de forma sórdida, não aquela que trabalha, ela agüentou o Getúlio Vargas governando esta país por 15 anos com autoritarismo, mas em quatro anos de democracia essa elite levou Getúlio a dar um tiro no coração...
... Mandei dizer a essa direita: Vocês mataram Getúlio, obrigaram João Goulart a renunciar, mas se vocês quiserem me enfrentar eu não estarei no meu gabinete lendo os jornais de vocês, estarei na rua conversando com o povo brasileiro”.
Lula disse também que os adversários estão tentando impedi-lo de fazer campanha para Dilma na TV:
“Vocês sabem que os meus adversários estão fazendo tudo para impedir que eu apareça na TV apoiando o Tarso e a Dilma. Tem adversário que fala, 'o Lula é tão bonzinho que não deveria se meter nas eleições, ele é presidente e tem que ser o magistrado'. Quando eles estavam tentando me derrubar não me achavam magistrado”.
O presidente falou ainda que é hora de eleger Dilma: "Esse país não pode ser governado apenas com a sabedoria da cabeça. Tem que misturar a sabedoria com a sensibilidade do coração. E ninguém tem mais sensibilidade do que uma mãe."
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Contraponto 2885 - "Guerra do Afeganistão: um enigma e quatro hipóteses"
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30/07/2010
A Guerra do Afeganistão se transformou numa incógnita para os analistas políticos e militares. Hoje está claro que os Talibãs não participaram dos atentados de 11 de setembro, nos EUA, e eles estão cada vez mais distantes da Al-Qaeda e das redes terroristas cuja liderança e sustentação estão sobretudo, na Somália, no Yemen, e no Paquistão.
José Luís Fiori*
“Whenever western leaders ask themselves the question, why are we in Afghanistan, they come up with essentially the same reply: “to prevent Afghanistan becoming a failed state and haven for terrorists”. Yet there is very little evidence that Afghanistan is coming stable. On the contrary, the fighting is intensifying, casualities are mounting and the Taliban are becoming more confident.”
Gideon Rachman, Financial Times, 26 de junho de 2010
A superioridade numérica e tecnológica das forças americanas, e da OTAN, com relação aos guerrilheiros talibãs do Afeganistão, é abismal. No entanto, a situação estratégica dos EUA e dos seus aliados, depois de nove anos de guerra, vem piorando a cada dia que passa. Em apenas um mês, o presidente Obama foi obrigado a demitir, por insubordinação, o famoso Gal. Stanley McChystal, que ele havia nomeado, e que era o símbolo da “nova” estratégia de guerra do seu governo. E agora enfrenta um dos mais graves casos de vazamento de informação da história militar americana, com detalhes sanguinários das tropas americanas, e acusações de que o Paquistão - seu principal aliado – é quem prepara e sustenta os guerrilheiros talibãs.
Depois do envio de mais 30 mil soldados americanos, em 2010, a situação militar dos aliados não melhorou; os ataques talibãs são cada vez mais numerosos e ousados; e o numero de mortos é cada vez maior. Por outro lado, o apoio da opinião publica americana e mundial é cada vez menor, e alguns dos principais aliados dos EUA, como a Holanda e o Canadá, já anunciaram a retirada de suas tropas, e a própria Grã Bretanha, vem sinalizando na mesma direção. Faz algum tempo, o general americano, Dan McNeil, antigo comandante aliado, declarou à revista alemã Der Spiegel, que seriam necessários 400 mil soldados para ganhar a guerra, e talvez por isto, quase ninguém mais acredite na possibilidade de uma vitória definitiva.
Por outro lado, o governo do presidente Hamid Karzai está cada vez mais fraco e corrompido pelo dinheiro da droga e da ajuda americana, a sociedade afegã está dividida entre seus “senhores da guerra”, e o atual estado afegão só se sustenta com a presença das tropas estrangeiras. E por fim, a luta no Afeganistão, contra as redes terroristas e contra o al-Qaeda de Bin Laden também vai mal, e está sendo travada no lugar errado. Hoje está claro que os Talibãs não participaram dos atentados de 11 de setembro, nos EUA, e eles estão cada vez mais distantes da Al-Qaeda e das redes terroristas cuja liderança e sustentação estão sobretudo, na Somália, no Yemen, e no Paquistão. E quase todos os estrategistas consideram que seria mais eficaz a retirada das tropas e o rastreamento e controle à distância das redes terroristas que ainda existam no território talibã.
Resumindo: a possibilidade de vitória militar é infinitesimal; os talibãs não defendem ataques terroristas contra os EUA e não dispõem de armas de destruição de massa; e não existem interesses econômicos estratégicos no território afegão. Por isso, a Guerra do Afeganistão se transformou numa incógnita para os analistas políticos e militares.
Do nosso ponto de vista, entretanto, a explicação da guerra e qualquer prospecção sobre o seu futuro requerem uma teoria e uma análise geopolítica de longo prazo, sobre a dinâmica das grandes potências que lideram ou comandam o sistema mundial, desde sua origem na Europa, nos séculos XV e XVI. Em síntese:
i) Nesse sistema mundial “europeu”, nunca houve nem haverá “paz perpétua”, porque se trata de um sistema que precisa da preparação para guerra e das próprias guerras para se ordenar e expandir;
ii) Nesse sistema, suas “grandes potências” sempre estiveram envolvidas numa espécie de guerra permanente. E no caso da Inglaterra e dos EUA, eles começaram – em média - uma nova guerra a cada três anos, desde o início da sua expansão mundial;
iii) Além disso, este mesmo sistema sempre teve um “foco bélico”, uma espécie de “buraco negro”, que se desloca no espaço e no tempo e que exerce uma força destrutiva e gravitacional sobre todo o sistema, mantendo-o junto e hierarquizado. Depois da Segunda Guerra Mundial, este centro gravitacional saiu da própria Europa e se deslocou na direção dos ponteiros do relógio: para o nordeste e sudeste asiático, com as Guerras da Coréia e do Vietnã, entre 1951 e 1975; e depois, para a Ásia Central, com as Guerras entre o Irã e o Iraque, e contra a invasão soviética do Afeganistão, durante a década de 80; com a Guerra do Golfo, no início dos anos 90; e com as Guerras do Iraque e do Afeganistão, nesta primeira década do século XXI.
iv) Deste ponto de vista, se pode prever que a Guerra do Afeganistão deverá continuar, mesmo sem perspectiva de vitória, e que os EUA só se retirarão do território afegão, quando o “epicentro bélico” do sistema mundial puder ser deslocado, provavelmente, na mesma direção dos ponteiros do relógio.
*José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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30/07/2010
Guerra do Afeganistão: um enigma e quatro hipóteses
A Guerra do Afeganistão se transformou numa incógnita para os analistas políticos e militares. Hoje está claro que os Talibãs não participaram dos atentados de 11 de setembro, nos EUA, e eles estão cada vez mais distantes da Al-Qaeda e das redes terroristas cuja liderança e sustentação estão sobretudo, na Somália, no Yemen, e no Paquistão.
José Luís Fiori*
“Whenever western leaders ask themselves the question, why are we in Afghanistan, they come up with essentially the same reply: “to prevent Afghanistan becoming a failed state and haven for terrorists”. Yet there is very little evidence that Afghanistan is coming stable. On the contrary, the fighting is intensifying, casualities are mounting and the Taliban are becoming more confident.”
Gideon Rachman, Financial Times, 26 de junho de 2010
A superioridade numérica e tecnológica das forças americanas, e da OTAN, com relação aos guerrilheiros talibãs do Afeganistão, é abismal. No entanto, a situação estratégica dos EUA e dos seus aliados, depois de nove anos de guerra, vem piorando a cada dia que passa. Em apenas um mês, o presidente Obama foi obrigado a demitir, por insubordinação, o famoso Gal. Stanley McChystal, que ele havia nomeado, e que era o símbolo da “nova” estratégia de guerra do seu governo. E agora enfrenta um dos mais graves casos de vazamento de informação da história militar americana, com detalhes sanguinários das tropas americanas, e acusações de que o Paquistão - seu principal aliado – é quem prepara e sustenta os guerrilheiros talibãs.
Depois do envio de mais 30 mil soldados americanos, em 2010, a situação militar dos aliados não melhorou; os ataques talibãs são cada vez mais numerosos e ousados; e o numero de mortos é cada vez maior. Por outro lado, o apoio da opinião publica americana e mundial é cada vez menor, e alguns dos principais aliados dos EUA, como a Holanda e o Canadá, já anunciaram a retirada de suas tropas, e a própria Grã Bretanha, vem sinalizando na mesma direção. Faz algum tempo, o general americano, Dan McNeil, antigo comandante aliado, declarou à revista alemã Der Spiegel, que seriam necessários 400 mil soldados para ganhar a guerra, e talvez por isto, quase ninguém mais acredite na possibilidade de uma vitória definitiva.
Por outro lado, o governo do presidente Hamid Karzai está cada vez mais fraco e corrompido pelo dinheiro da droga e da ajuda americana, a sociedade afegã está dividida entre seus “senhores da guerra”, e o atual estado afegão só se sustenta com a presença das tropas estrangeiras. E por fim, a luta no Afeganistão, contra as redes terroristas e contra o al-Qaeda de Bin Laden também vai mal, e está sendo travada no lugar errado. Hoje está claro que os Talibãs não participaram dos atentados de 11 de setembro, nos EUA, e eles estão cada vez mais distantes da Al-Qaeda e das redes terroristas cuja liderança e sustentação estão sobretudo, na Somália, no Yemen, e no Paquistão. E quase todos os estrategistas consideram que seria mais eficaz a retirada das tropas e o rastreamento e controle à distância das redes terroristas que ainda existam no território talibã.
Resumindo: a possibilidade de vitória militar é infinitesimal; os talibãs não defendem ataques terroristas contra os EUA e não dispõem de armas de destruição de massa; e não existem interesses econômicos estratégicos no território afegão. Por isso, a Guerra do Afeganistão se transformou numa incógnita para os analistas políticos e militares.
Do nosso ponto de vista, entretanto, a explicação da guerra e qualquer prospecção sobre o seu futuro requerem uma teoria e uma análise geopolítica de longo prazo, sobre a dinâmica das grandes potências que lideram ou comandam o sistema mundial, desde sua origem na Europa, nos séculos XV e XVI. Em síntese:
i) Nesse sistema mundial “europeu”, nunca houve nem haverá “paz perpétua”, porque se trata de um sistema que precisa da preparação para guerra e das próprias guerras para se ordenar e expandir;
ii) Nesse sistema, suas “grandes potências” sempre estiveram envolvidas numa espécie de guerra permanente. E no caso da Inglaterra e dos EUA, eles começaram – em média - uma nova guerra a cada três anos, desde o início da sua expansão mundial;
iii) Além disso, este mesmo sistema sempre teve um “foco bélico”, uma espécie de “buraco negro”, que se desloca no espaço e no tempo e que exerce uma força destrutiva e gravitacional sobre todo o sistema, mantendo-o junto e hierarquizado. Depois da Segunda Guerra Mundial, este centro gravitacional saiu da própria Europa e se deslocou na direção dos ponteiros do relógio: para o nordeste e sudeste asiático, com as Guerras da Coréia e do Vietnã, entre 1951 e 1975; e depois, para a Ásia Central, com as Guerras entre o Irã e o Iraque, e contra a invasão soviética do Afeganistão, durante a década de 80; com a Guerra do Golfo, no início dos anos 90; e com as Guerras do Iraque e do Afeganistão, nesta primeira década do século XXI.
iv) Deste ponto de vista, se pode prever que a Guerra do Afeganistão deverá continuar, mesmo sem perspectiva de vitória, e que os EUA só se retirarão do território afegão, quando o “epicentro bélico” do sistema mundial puder ser deslocado, provavelmente, na mesma direção dos ponteiros do relógio.
*José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Guerra do Afeganistão
Contraponto 2884 - "O Globo estabelece novo padrão de manipulação jornalística"
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30/07/2010
Carta Maior - 29/07/2010
Nestes sete anos e meio de governo Lula eu já tinha visto todo tipo de manipulação da imprensa a favor dos tucanos e contra o governo petista, mas o jornal O Globo de hoje desce mais um degrau rumo ao fundo do poço da credibilidade jornalística: numa matéria sobre declarações de Aloizio Mercadante o jornal simplesmente usou a resposta a uma pergunta, feita por um jornalista sobre um determinado assunto, como resposta a outra pergunta, de outro jornalista, sobre outro assunto! Parece absurdo demais, mas é a verdade. O artigo é de Jorge Furtado.
Jorge Furtado
Do blog de Jorge Furtado
Acho que conheço bastante bem o episódio dos “aloprados”, um dos mais vergonhosos momentos da história da imprensa brasileira, uma tentativa de golpe nas vésperas do primeiro turno da eleição presidencial de 2006, orquestrada pelos principais veículos da mídia, alguns integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público e pelos partidos de oposição, e estranhei muito o tal “mea culpa” de Aloizio Mercadante publicado na edição de hoje (29/07/2010) de O Globo.
Segundo o jornal, Mercadante teria admitido “um grave erro”.
A matéria de O Globo tem uma chamada, que está na capa da edição on-line:
MEA CULPA
A manchete:
Mercadante assume 'grave erro' na campanha de 2006
Uma frase em destaque:
“Evidente que o erro é nosso. Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor”.
Os dois parágrafos iniciais da matéria, na íntegra:
Candidato ao governo de São Paulo por uma coligação de 11 partidos, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) admitiu nesta quarta-feira que cometeu um "grave erro" na campanha eleitoral de 2006 ao ter seu nome envolvido no escândalo conhecido como dos "aloprados do PT". Um de seus assessores foi acusado de comprar por R$ 1,7 milhão um suposto dossiê contra o então candidato José Serra (PSDB) ao governo paulista. Mercadante disse que a denúncia foi arquivada e que nunca foi réu em processos que envolvem a administração pública.
- Nunca fui réu em nenhum processo em relação a administração pública. Nenhuma denúncia. Sou bastante rigoroso e bastante exigente. No entanto, aconteceu. Acho que foi um grave erro. Mas consegui (o arquivamento da ação), através do Ministério Público rigoroso, não o engavetador geral do passado. (...) Evidente que o erro é nosso. Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor - disse o senador durante sabatina promovida pelo portal UOL e pela "Folha de S.Paulo".
http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/07/28/mercadante-assu...
x
O texto segue o padrão de mixórdia muito em voga na antiga imprensa, onde não se distingue o que é incapacidade no uso da língua e o que é má-fé. Segundo o texto, Mercadante teria admitido que “cometeu” um “erro grave” “ao ter seu nome envolvido” no tal escândalo. Qual o erro cometido (e supostamente admitido) por Mercadante? O texto não informa.
Segundo o texto, um dos assessores de Mercadante “foi acusado de comprar um suposto dossiê”, o que já é mentira, ninguém foi acusado de comprar nada, até porque não houve compra alguma. Os tais assessores (Valdebran Padilha e Gedimar Passos) foram detidos porque supostamente iriam comprar um suposto dossiê, num caso único na história mundial onde uma prisão por flagrante foi efetuada antes do (suposto) crime acontecer, se é que algum crime aconteceria. Os dois foram imediatamente soltos, é claro, já que todo o procedimento da polícia e do Ministério Público no caso foi grosseiramente eleitoreiro e tecnicamente bizarro.
A única concretude entre tantas suposições era a necessidade de se produzir manchetes a tempo de influenciar as pesquisas eleitorais antes do primeiro turno da eleição, plano que se cumpriu. (O que não estava previsto era a fragilidade do candidato oposicionista, Geraldo Alkmin, que posou para fotos vestindo uma jaqueta ridícula com logotipos de empresas brasileiras, prometeu vender o avião presidencial para construir um hospital e, outro fato inédito na história mundial, acabou tendo menos votos no segundo turno do que no primeiro.)
O texto de O Globo segue citando Mercadante que, supostamente, teria afirmado: “Evidente que o erro é nosso. Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor”. Esta frase aparece em destaque nas páginas de O Globo e, ao meu ver, não fazia sentido algum. O erro é nosso? A que erro Mercadante se refere? E por que o verbo no presente? Se ele se referia a um episódio de 2006 não deveria ter dito, se é que disse alguma coisa, “o erro FOI nosso”? A que “grave erro” (conforme a manchete) Mercadante se refere? A respeito de que não foi capaz de convencer o eleitor?
X
Na tentativa de preencher tantos furos da matéria de O Globo, fui em busca da entrevista no UOL. (Chega a ser engraçada a dificuldade que a antiga imprensa tem de entender o quanto encurtaram as pernas da mentira no mundo dos arquivos digitais).
Assisti a entrevista, na íntegra.
Aos 11:10 o jornalista Irineu Machado diz a Mercadante, que criticava a administração tucana em São Paulo, que o PT não foi capaz de vencer as eleições para o governo paulista. O jornalista pergunta:
IRINEU MACHADO pergunta:
O senhor acha que o erro foi do partido ou do eleitor que não soube escolher?
MERCADANTE responde:
Não, evidentemente que a deficiência é nossa, nós que não fomos capazes de convencer a sociedade de votar na mudança.
Quarenta e dois minutos depois (aos 53:00), o jornalista Fernando Canzian puxa o assunto dos “aloprados”:
FERNANDO CANZIAN pergunta:
Em 2007 o senhor foi indiciado pela polícia federal por acusação de participação na compra de um dossiê de 1,7 milhões de reais contra tucanos aqui em São Paulo. Acabou tento impacto negativo na sua eleição, o senhor perdeu a eleição em São Paulo. O STF depois arquivou mais o caso foi rumoroso, o caso dos aloprados do PT, o senhor esteve diretamente envolvido.
MERCADANTE responde:
Eu já respondi isso outras vezes pra você, você usou uma frase que você não sustenta, “esteve envolvido”, eu não tive nenhum envolvimento. O que a Polícia Federal fez: “Eu não consigo explicar, quem tem que explicar é o Mercadante”, o que é uma coisa juridicamente inacreditável. Tanto que o Procurador Geral da República, o Ministério Público falou: “Não existe um único indício de participação do Mercadante”. Não foi só o Procurador da República, o mesmo que enquadrou dezenas de deputados, senadores, cassou 4, 5 governadores, pôs na cadeia um governador, esse mesmo procurador disse: “Não existe nenhum indício de participação do Mercadante nas 1.100 páginas que tem o inquérito”. E mais: o Supremo, por unanimidade, arquivou e anulou qualquer menção ao meu nome. Então isso para mim está mais do resolvido e explicado. Agora, na vida é assim: pros amigos você não precisa explicar e para os inimigos não adianta.
MÔNICA BERGAMO pergunta:
Mas eles eram da equipe da sua campanha. O eleitor não pode olhar e falar: Será que o senador é cuidadoso na escolha da sua equipe?”
MERCADANTE responde:
Depois de 20 anos de vida pública você nunca me viu envolvido num ato de corrupção. Nunca fui réu num processo de administração pública, uma denúncia. Portanto, eu sou bastante rigoroso e bastante exigente. No entanto aconteceu, acho que foi um grave erro e eu consegui, através do Ministério Público, rigoroso, que não é o engavetador geral da república que tinha no passado, foi o mesmo que denunciou e cassou vários parlamentares, prefeitos e governadores. Esse episódio mostrou para mim o quanto é importante a justiça.
Vídeo da entrevista completa em:
http://eleicoes.uol.com.br/2010/sao-paulo/ultimas-noticias/2010/07/28/me...
x
Em nenhum momento Mercadante se refere ao episódio dos “aloprados” dizendo que “evidente que o erro é nosso”.
Em nenhum momento Mercadante afirmou não ter conseguido convencer o eleitor a respeito de algo sobre o episódio dos aloprados.
O “grave erro” a que Mercadante se refere foi de integrantes da sua equipe.
Ao usar a resposta a uma pergunta, feita por um jornalista sobre um determinado assunto, como resposta a outra pergunta, de outro jornalista, sobre outro assunto, o jornal O Globo estabelece um novo padrão de manipulação jornalística. E ainda faltam dois meses para a eleição.
Quando Dilma ultrapassar Serra em todas as pesquisas, no início da propaganda eleitoral, o que mais eles vão inventar?
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30/07/2010
O Globo estabelece novo padrão de manipulação jornalística
Carta Maior - 29/07/2010
Nestes sete anos e meio de governo Lula eu já tinha visto todo tipo de manipulação da imprensa a favor dos tucanos e contra o governo petista, mas o jornal O Globo de hoje desce mais um degrau rumo ao fundo do poço da credibilidade jornalística: numa matéria sobre declarações de Aloizio Mercadante o jornal simplesmente usou a resposta a uma pergunta, feita por um jornalista sobre um determinado assunto, como resposta a outra pergunta, de outro jornalista, sobre outro assunto! Parece absurdo demais, mas é a verdade. O artigo é de Jorge Furtado.
Jorge Furtado
Do blog de Jorge Furtado
Acho que conheço bastante bem o episódio dos “aloprados”, um dos mais vergonhosos momentos da história da imprensa brasileira, uma tentativa de golpe nas vésperas do primeiro turno da eleição presidencial de 2006, orquestrada pelos principais veículos da mídia, alguns integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público e pelos partidos de oposição, e estranhei muito o tal “mea culpa” de Aloizio Mercadante publicado na edição de hoje (29/07/2010) de O Globo.
Segundo o jornal, Mercadante teria admitido “um grave erro”.
A matéria de O Globo tem uma chamada, que está na capa da edição on-line:
MEA CULPA
A manchete:
Mercadante assume 'grave erro' na campanha de 2006
Uma frase em destaque:
“Evidente que o erro é nosso. Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor”.
Os dois parágrafos iniciais da matéria, na íntegra:
Candidato ao governo de São Paulo por uma coligação de 11 partidos, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) admitiu nesta quarta-feira que cometeu um "grave erro" na campanha eleitoral de 2006 ao ter seu nome envolvido no escândalo conhecido como dos "aloprados do PT". Um de seus assessores foi acusado de comprar por R$ 1,7 milhão um suposto dossiê contra o então candidato José Serra (PSDB) ao governo paulista. Mercadante disse que a denúncia foi arquivada e que nunca foi réu em processos que envolvem a administração pública.
- Nunca fui réu em nenhum processo em relação a administração pública. Nenhuma denúncia. Sou bastante rigoroso e bastante exigente. No entanto, aconteceu. Acho que foi um grave erro. Mas consegui (o arquivamento da ação), através do Ministério Público rigoroso, não o engavetador geral do passado. (...) Evidente que o erro é nosso. Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor - disse o senador durante sabatina promovida pelo portal UOL e pela "Folha de S.Paulo".
http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/07/28/mercadante-assu...
x
O texto segue o padrão de mixórdia muito em voga na antiga imprensa, onde não se distingue o que é incapacidade no uso da língua e o que é má-fé. Segundo o texto, Mercadante teria admitido que “cometeu” um “erro grave” “ao ter seu nome envolvido” no tal escândalo. Qual o erro cometido (e supostamente admitido) por Mercadante? O texto não informa.
Segundo o texto, um dos assessores de Mercadante “foi acusado de comprar um suposto dossiê”, o que já é mentira, ninguém foi acusado de comprar nada, até porque não houve compra alguma. Os tais assessores (Valdebran Padilha e Gedimar Passos) foram detidos porque supostamente iriam comprar um suposto dossiê, num caso único na história mundial onde uma prisão por flagrante foi efetuada antes do (suposto) crime acontecer, se é que algum crime aconteceria. Os dois foram imediatamente soltos, é claro, já que todo o procedimento da polícia e do Ministério Público no caso foi grosseiramente eleitoreiro e tecnicamente bizarro.
A única concretude entre tantas suposições era a necessidade de se produzir manchetes a tempo de influenciar as pesquisas eleitorais antes do primeiro turno da eleição, plano que se cumpriu. (O que não estava previsto era a fragilidade do candidato oposicionista, Geraldo Alkmin, que posou para fotos vestindo uma jaqueta ridícula com logotipos de empresas brasileiras, prometeu vender o avião presidencial para construir um hospital e, outro fato inédito na história mundial, acabou tendo menos votos no segundo turno do que no primeiro.)
O texto de O Globo segue citando Mercadante que, supostamente, teria afirmado: “Evidente que o erro é nosso. Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor”. Esta frase aparece em destaque nas páginas de O Globo e, ao meu ver, não fazia sentido algum. O erro é nosso? A que erro Mercadante se refere? E por que o verbo no presente? Se ele se referia a um episódio de 2006 não deveria ter dito, se é que disse alguma coisa, “o erro FOI nosso”? A que “grave erro” (conforme a manchete) Mercadante se refere? A respeito de que não foi capaz de convencer o eleitor?
X
Na tentativa de preencher tantos furos da matéria de O Globo, fui em busca da entrevista no UOL. (Chega a ser engraçada a dificuldade que a antiga imprensa tem de entender o quanto encurtaram as pernas da mentira no mundo dos arquivos digitais).
Assisti a entrevista, na íntegra.
Aos 11:10 o jornalista Irineu Machado diz a Mercadante, que criticava a administração tucana em São Paulo, que o PT não foi capaz de vencer as eleições para o governo paulista. O jornalista pergunta:
IRINEU MACHADO pergunta:
O senhor acha que o erro foi do partido ou do eleitor que não soube escolher?
MERCADANTE responde:
Não, evidentemente que a deficiência é nossa, nós que não fomos capazes de convencer a sociedade de votar na mudança.
Quarenta e dois minutos depois (aos 53:00), o jornalista Fernando Canzian puxa o assunto dos “aloprados”:
FERNANDO CANZIAN pergunta:
Em 2007 o senhor foi indiciado pela polícia federal por acusação de participação na compra de um dossiê de 1,7 milhões de reais contra tucanos aqui em São Paulo. Acabou tento impacto negativo na sua eleição, o senhor perdeu a eleição em São Paulo. O STF depois arquivou mais o caso foi rumoroso, o caso dos aloprados do PT, o senhor esteve diretamente envolvido.
MERCADANTE responde:
Eu já respondi isso outras vezes pra você, você usou uma frase que você não sustenta, “esteve envolvido”, eu não tive nenhum envolvimento. O que a Polícia Federal fez: “Eu não consigo explicar, quem tem que explicar é o Mercadante”, o que é uma coisa juridicamente inacreditável. Tanto que o Procurador Geral da República, o Ministério Público falou: “Não existe um único indício de participação do Mercadante”. Não foi só o Procurador da República, o mesmo que enquadrou dezenas de deputados, senadores, cassou 4, 5 governadores, pôs na cadeia um governador, esse mesmo procurador disse: “Não existe nenhum indício de participação do Mercadante nas 1.100 páginas que tem o inquérito”. E mais: o Supremo, por unanimidade, arquivou e anulou qualquer menção ao meu nome. Então isso para mim está mais do resolvido e explicado. Agora, na vida é assim: pros amigos você não precisa explicar e para os inimigos não adianta.
MÔNICA BERGAMO pergunta:
Mas eles eram da equipe da sua campanha. O eleitor não pode olhar e falar: Será que o senador é cuidadoso na escolha da sua equipe?”
MERCADANTE responde:
Depois de 20 anos de vida pública você nunca me viu envolvido num ato de corrupção. Nunca fui réu num processo de administração pública, uma denúncia. Portanto, eu sou bastante rigoroso e bastante exigente. No entanto aconteceu, acho que foi um grave erro e eu consegui, através do Ministério Público, rigoroso, que não é o engavetador geral da república que tinha no passado, foi o mesmo que denunciou e cassou vários parlamentares, prefeitos e governadores. Esse episódio mostrou para mim o quanto é importante a justiça.
Vídeo da entrevista completa em:
http://eleicoes.uol.com.br/2010/sao-paulo/ultimas-noticias/2010/07/28/me...
x
Em nenhum momento Mercadante se refere ao episódio dos “aloprados” dizendo que “evidente que o erro é nosso”.
Em nenhum momento Mercadante afirmou não ter conseguido convencer o eleitor a respeito de algo sobre o episódio dos aloprados.
O “grave erro” a que Mercadante se refere foi de integrantes da sua equipe.
Ao usar a resposta a uma pergunta, feita por um jornalista sobre um determinado assunto, como resposta a outra pergunta, de outro jornalista, sobre outro assunto, o jornal O Globo estabelece um novo padrão de manipulação jornalística. E ainda faltam dois meses para a eleição.
Quando Dilma ultrapassar Serra em todas as pesquisas, no início da propaganda eleitoral, o que mais eles vão inventar?
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Contraponto 2883 - "Recém-casados comemoram com Lula 30 mil tratores para agricultores familiares"
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30/07/2010
Em sua visita ao município de Santa Cruz do Sul (RS) o presidente Lula, juntamente com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, fez a entrega do caminhão número 500 e do trator número 30 mil do Programa Mais Alimentos.
Nove produtores da região receberam sete tratores e dois caminhões das mãos de Lula.
Para o produtor Daniel Fernando Nichterwitz e sua mulher Fernanda – com quem se casou no último sábado –, este foi o maior e melhor presente de casamento: “É o início de uma vida nova juntos, em todos os sentidos”, comemora.
Segundo conta, depois do encaminhamento do papéis do financiamento em janeiro deste ano, a expectativa era grande pela liberação do trator.
A alegria teve sabor ainda mais especial quando obteve a informação de que receberia seu Massey Ferguson diretamente do presidente. A notícia foi dada na última segunda-feira por um vendedor da concessionária Samaq, de Santa Cruz. “Foi um susto, algo inesperado e surpreendente”, relata.
A liberação do trator para auxiliar na produção é comemorada. Atualmente a família cultiva verduras e hortaliças, cuja comercialização é feita nas feiras Central e da Oktoberfest. “Um trator dá mais dinâmica ao trabalho e facilita a vida no interior”, conclui.
O presidente Lula disse que com o investimento nos pequenos agricultores, eles irão “ao invés de carregar a produção no burrico, o produtor vai carregar no ‘caminhaozito’”.
Exemplo de agricultura ecológica e autossustentável
Lula também visitou o Centro de Formação e Produção de Alimentos e Energia São Francisco de Assis, vinculado ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), entidade de camponeses, que José Serra declarou que irá perseguir e não fornecer mais verbas, caso seja eleito.
No local, há micro-usinas de produção de biodiesel e etanol, empregadas pelos agricultores cooperativados.
A iniciativa vai ao encontro dos objetivos do governo federal envolvendo a produção de energia limpa e, desta forma, conta com incentivos do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Petrobras.
Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel (PT), o programa "Mais Alimentos" é mais uma política pública que vai de encontro a evitar o êxodo rural.
Ele lembra que, para os jovens permanecerem na roça, é necessário dispensar incentivos, facilidades e garantias para que possam produzir com segurança. “Muitos não querem sair do interior, apenas desejam os mesmos direitos do cidadão urbano.”
Ainda ressalta que o esgotamento das cidades tem estimulado a permanência no meio rural. “Prova disso é que nos últimos anos o Brasil teve um aumento de 412 mil propriedades rurais.”
Em Santa Cruz do Sul, o presidente Lula também assinou convênios do Minha Casa Minha Vida Rural, .
Serra disse a empresários e latifundiários que camponeses como estes não terão mais verbas federais
Em encontros com empresários, latifundiários e sabatinas na imprensa conservadora, o candidato demo-tucano José Serra (PSDB/SP) tem reiterado que não dará verbas a movimentos de camponeses como este, que lutam por reforma agrária, justiça e paz no campo.
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), é uma entidade de camponeses independente do MST, mas com o mesmo alinhamento em defesa da reforma agrária e da agricultura familiar. Em todos os movimentos sociais existem cooperativas com histórias de sucesso como esta, a imprensa apenas esconde.
Serra não quer entender e não sabe lidar com a situação da desigualdade no campo. O acesso à propriedade da terra, a tratores e financiamento, pelas famílias de trabalhadores rurais, e torná-las produtivas, com geração de renda digna, é fator de estabilidade política, social, e ambiental, reduzindo conflitos no campo. (Com informações da Gazeta do Sul)
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30/07/2010
Recém-casados comemoram com Lula 30 mil tratores
para agricultores familiares
Amigos do Presidente - por Zé Augusto quinta-feira, 29 de julho de 2010para agricultores familiares
Em sua visita ao município de Santa Cruz do Sul (RS) o presidente Lula, juntamente com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, fez a entrega do caminhão número 500 e do trator número 30 mil do Programa Mais Alimentos.
Nove produtores da região receberam sete tratores e dois caminhões das mãos de Lula.
Para o produtor Daniel Fernando Nichterwitz e sua mulher Fernanda – com quem se casou no último sábado –, este foi o maior e melhor presente de casamento: “É o início de uma vida nova juntos, em todos os sentidos”, comemora.
Segundo conta, depois do encaminhamento do papéis do financiamento em janeiro deste ano, a expectativa era grande pela liberação do trator.
A alegria teve sabor ainda mais especial quando obteve a informação de que receberia seu Massey Ferguson diretamente do presidente. A notícia foi dada na última segunda-feira por um vendedor da concessionária Samaq, de Santa Cruz. “Foi um susto, algo inesperado e surpreendente”, relata.
A liberação do trator para auxiliar na produção é comemorada. Atualmente a família cultiva verduras e hortaliças, cuja comercialização é feita nas feiras Central e da Oktoberfest. “Um trator dá mais dinâmica ao trabalho e facilita a vida no interior”, conclui.
O presidente Lula disse que com o investimento nos pequenos agricultores, eles irão “ao invés de carregar a produção no burrico, o produtor vai carregar no ‘caminhaozito’”.
Exemplo de agricultura ecológica e autossustentável
Lula também visitou o Centro de Formação e Produção de Alimentos e Energia São Francisco de Assis, vinculado ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), entidade de camponeses, que José Serra declarou que irá perseguir e não fornecer mais verbas, caso seja eleito.
No local, há micro-usinas de produção de biodiesel e etanol, empregadas pelos agricultores cooperativados.
A iniciativa vai ao encontro dos objetivos do governo federal envolvendo a produção de energia limpa e, desta forma, conta com incentivos do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Petrobras.
Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel (PT), o programa "Mais Alimentos" é mais uma política pública que vai de encontro a evitar o êxodo rural.
Ele lembra que, para os jovens permanecerem na roça, é necessário dispensar incentivos, facilidades e garantias para que possam produzir com segurança. “Muitos não querem sair do interior, apenas desejam os mesmos direitos do cidadão urbano.”
Ainda ressalta que o esgotamento das cidades tem estimulado a permanência no meio rural. “Prova disso é que nos últimos anos o Brasil teve um aumento de 412 mil propriedades rurais.”
Em Santa Cruz do Sul, o presidente Lula também assinou convênios do Minha Casa Minha Vida Rural, .
Serra disse a empresários e latifundiários que camponeses como estes não terão mais verbas federais
Em encontros com empresários, latifundiários e sabatinas na imprensa conservadora, o candidato demo-tucano José Serra (PSDB/SP) tem reiterado que não dará verbas a movimentos de camponeses como este, que lutam por reforma agrária, justiça e paz no campo.
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), é uma entidade de camponeses independente do MST, mas com o mesmo alinhamento em defesa da reforma agrária e da agricultura familiar. Em todos os movimentos sociais existem cooperativas com histórias de sucesso como esta, a imprensa apenas esconde.
Serra não quer entender e não sabe lidar com a situação da desigualdade no campo. O acesso à propriedade da terra, a tratores e financiamento, pelas famílias de trabalhadores rurais, e torná-las produtivas, com geração de renda digna, é fator de estabilidade política, social, e ambiental, reduzindo conflitos no campo. (Com informações da Gazeta do Sul)
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quinta-feira, 29 de julho de 2010
Contraponto 2881 - "Chomsky: “Os EUA são o maior terrorista do mundo”"
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29/07/2010
Portal Vermelho - 29 de Julho de 2010 - 20h17
Noam Abraham Chomsky, intelectual estadunidense, pai da linguística e polêmico ativista por suas posturas contra o intervencionismo militar dos Estados Unidos, visitou a Colômbia para ser homenageado pelas comunidades indígenas do Departamento de Cauca. Falou com exclusividade para Luis Angel Murcia, do jornal Semana.com, em 21 de Julho de 2010.
O morro El Bosque, um pedaço de vida natural ameaçado pela riqueza aurífera que se esconde em suas entranhas, desde a semana passada tem uma importância de ordem internacional. Essa reserva, localizada no centro da cidade de Cauca, muito próxima ao Maciço colombiano, é o cordão umbilical que hoje mantêm aos indígenas da região conectados com um dos intelectuais e ativistas da esquerda democrática mais prestigiados do planeta.
Noam Abraham Chomsky. Quem o conhece assegura que é o ser humano vivo cujas obras, livros ou reflexões, são as mais lidas depois da Bíblia. Sem duvida, Chomsky, com 81 anos de idade, é uma autoridade em geopolítica e Direitos Humanos.
Sua condição de cidadão estadunidense lhe dá autoridade moral para ser considerado um dos mais recalcitrantes críticos da política expansionista e militar que os EUA aplica no hemisfério. No seu país e na Europa é ouvido e lido com muito respeito, já ganhou todos os prêmios e reconhecimentos como ativista político e suas obras, tanto em linguística como em análise política, foram premiadas.
Sua passagem discreta pela Colômbia não era para proferir as laureadas palestras, mas para receber uma homenagem especial da comunidade indígena que vive no Departamento de Cauca. O morro El Bosque foi rebatizado como Carolina, que é o mesmo nome de sua esposa, a mulher que durante quase toda sua vida o acompanhou. Ela faleceu em dezembro de 2008.
Em sua agenda, coordenada pela CUT e pela Defensoria do Povo do Vale, o Senhor Chomsky dedicou alguns minutos para responder exclusivamente a Semana.com e conversar sobre tudo.
Quê significado tem para o senhor esta homenagem?
Estou muito emocionado; principalmente por ver que pessoas pobres que não possuem riquezas se prestem a fazer esse tipo de elogios, enquanto que pessoas mais ricas não dão atenção para esse tipo de coisa.
Seus três filhos sabem da homenagem?
Todos sabem disso e de El Bosque. Uma filha que trabalha na Colômbia contra as companhias internacionais de mineração também está sabendo.
Nesta etapa da sua vida o que o apaixona mais: a linguística ou seu ativismo político?
Tenho estado completamente esquizofrênico desde que eu era jovem e continuo assim. É por isso que temos dois hemisférios no cérebro.
Por conta desse ativismo teve problemas com alguns governos, um deles e o mais recente foi com Israel, que o impediu de entrar nas terras da palestina para dar uma palestra.
É verdade, não pude viajar, apesar de ter sido convidado por uma universidade palestina, mas me deparei com um bloqueio em toda a fronteira. Se a palestra fosse para Israel, teriam me deixado passar.
Essa censura tem a ver com um de seus livros intitulado ‘Guerra ou Paz no Oriente Médio?
É por causa dos meus 60 anos de trabalho pela paz entre Israel e a Palestina. Na verdade, eu vivi em Israel.
Como qualifica o que se passa no Oriente Médio?
Desde 1967, o território palestino foi ocupado e isso fez da Faixa de Gaza a maior prisão ao ar livre do mundo, onde a única coisa que resta a fazer é morrer.
Chegou a se iludir com as novas posturas do presidente Barack Obama?
Eu já tinha escrito que é muito semelhante a George Bush. Ele fez mais do que esperávamos em termos de expansionismo militar. A única coisa que mudou com Obama foi a retórica.
Quando Obama foi galardoado com o prêmio Nobel de Paz, o quê o senhor pensou?
Meia hora após a nomeação, a imprensa norueguesa me perguntou o que eu pensava do assunto e respondi: “Levando em conta o seu recorde, este não foi a pior nomeação”. O Nobel da Paz é uma piada.
Os EUA continuam a repetir seus erros de intervencionismo?
Eles tem tido muito êxito. Por exemplo, a Colômbia tem o pior histórico de violação dos Direitos Humanos desde o intervencionismo militar dos EUA.
Qual é a sua opinião sobre o conceito de guerra preventiva que os Estados Unidos apregoam?
Não existe esse conceito, é simplesmente uma forma de agressão. A guerra no Iraque foi tão agressiva e terrível que se assemelha ao que os nazistas fizeram. Se aplicarmos essa mesma regra, Bush, Blair e Aznar teriam de ser enforcados, mas a força é aplicada aos mais fracos.
O que acontecerá com o Irã?
Hoje existe uma grande força naval e aérea ameaçando o Irã e, somente a Europa e os EUA pensam que isso está certo. O resto do mundo acredita que o Irã tem o direito de enriquecer urânio. No Oriente Médio três países (Israel, Paquistão e Índia) desenvolveram armas nucleares com a ajuda dos EUA e não assinaram nenhum tratado.
O senhor acredita na guerra contra o terrorismo?
Os EUA são os maiores terroristas do mundo. Não consigo pensar em qualquer país que tenha feito mais mal do que eles. Para os EUA, terrorismo é o que você faz contra nós e não o que nós fazemos a você.
Há alguma guerra justa dos Estados Unidos?
A participação na Segunda Guerra Mundial foi legítima, entretanto eles entraram na guerra muito tarde.
Essa guerra por recursos naturais no Oriente Médio pode vir a se repetir na América Latina?
É diferente. O que os EUA tem feito na América Latina é, tradicionalmente, impor brutais ditaduras militares que não são contestados pelo poder da propaganda.
A América Latina é realmente importante para os Estados Unidos?
Nixon afirmou: “Se não podemos controlar a América Latina, como poderemos controlar o mundo”.
A Colômbia tem algum papel nessa geopolítica ianque?
Parte da Colômbia foi roubada por Theodore Roosevelt com o Canal do Panamá. A partir de 1990, este país tem sido o principal destinatário da ajuda militar estadunidense e, desde essa mesma data tem os maiores registros de violação dos Direitos Humanos no hemisfério. Antes o recorde pertencia a El Salvador que, curiosamente também recebia ajuda militar.
O senhor sugere que essas violações têm alguma relação com os Estados Unidos?
No mundo acadêmico, concluiu-se que existe uma correlação entre a ajuda militar dada pelos EUA e violência nos países que a recebem.
Qual é sua opinião sobre as bases militares gringas que há na Colômbia?
Não são nenhuma surpresa. Depois de El Salvador, é o único país da região disposto a permitir a sua instalação. Enquanto a Colômbia continuar fazendo o que os EUA pedir que faça, eles nunca vão derrubar o governo.
Está dizendo que os EUA derruba governos na América Latina?
Nesta década, eles apoiaram dois golpes. No fracassado golpe militar da Venezuela em 2002 e, em 2004, seqüestraram o presidente eleito do Haiti e o enviaram para a África. Mas agora é mais difícil fazê-lo porque o mundo mudou. A Colômbia é o único país latinoamericano que apoiou o golpe em Honduras.
Tem algo a dizer sobre as tensões atuais entre Colômbia, Venezuela e Equador?
A Colômbia invadiu o Equador e não conheço nenhum país que tenha apoiado isso, salvo os EUA. E sobre as relações com a Venezuela, são muito complicadas, mas espero que melhorem.
A América Latina continua sendo uma região de caudilhos?
Tem sido uma tradição muito ruim, mas, nesse sentido, a América Latina progrediu e, pela primeira vez, o cone sul do continente está a avançando rumo a uma integração para superar seus paradoxos, como, por exemplo, ser uma região muito rica, mas com uma grande pobreza.
O narcotráfico é um problema exclusivo da Colômbia?
É um problema dos Estados Unidos. Imagine que a Colômbia decida fumigar a Carolina do Norte e o Kentucky, onde se cultiva tabaco, o qual provoca mais mortes do que a cocaína.
Fonte: Agência de Notícias Nova Colômbia. Original em http://www.semana.com/noticias-mundo/parte-colombia-robada-roosevelt/142043.aspx
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29/07/2010
Chomsky: “Os EUA são o maior terrorista do mundo”
Portal Vermelho - 29 de Julho de 2010 - 20h17
Noam Abraham Chomsky, intelectual estadunidense, pai da linguística e polêmico ativista por suas posturas contra o intervencionismo militar dos Estados Unidos, visitou a Colômbia para ser homenageado pelas comunidades indígenas do Departamento de Cauca. Falou com exclusividade para Luis Angel Murcia, do jornal Semana.com, em 21 de Julho de 2010.
O morro El Bosque, um pedaço de vida natural ameaçado pela riqueza aurífera que se esconde em suas entranhas, desde a semana passada tem uma importância de ordem internacional. Essa reserva, localizada no centro da cidade de Cauca, muito próxima ao Maciço colombiano, é o cordão umbilical que hoje mantêm aos indígenas da região conectados com um dos intelectuais e ativistas da esquerda democrática mais prestigiados do planeta.
Noam Abraham Chomsky. Quem o conhece assegura que é o ser humano vivo cujas obras, livros ou reflexões, são as mais lidas depois da Bíblia. Sem duvida, Chomsky, com 81 anos de idade, é uma autoridade em geopolítica e Direitos Humanos.
Sua condição de cidadão estadunidense lhe dá autoridade moral para ser considerado um dos mais recalcitrantes críticos da política expansionista e militar que os EUA aplica no hemisfério. No seu país e na Europa é ouvido e lido com muito respeito, já ganhou todos os prêmios e reconhecimentos como ativista político e suas obras, tanto em linguística como em análise política, foram premiadas.
Sua passagem discreta pela Colômbia não era para proferir as laureadas palestras, mas para receber uma homenagem especial da comunidade indígena que vive no Departamento de Cauca. O morro El Bosque foi rebatizado como Carolina, que é o mesmo nome de sua esposa, a mulher que durante quase toda sua vida o acompanhou. Ela faleceu em dezembro de 2008.
Em sua agenda, coordenada pela CUT e pela Defensoria do Povo do Vale, o Senhor Chomsky dedicou alguns minutos para responder exclusivamente a Semana.com e conversar sobre tudo.
Quê significado tem para o senhor esta homenagem?
Estou muito emocionado; principalmente por ver que pessoas pobres que não possuem riquezas se prestem a fazer esse tipo de elogios, enquanto que pessoas mais ricas não dão atenção para esse tipo de coisa.
Seus três filhos sabem da homenagem?
Todos sabem disso e de El Bosque. Uma filha que trabalha na Colômbia contra as companhias internacionais de mineração também está sabendo.
Nesta etapa da sua vida o que o apaixona mais: a linguística ou seu ativismo político?
Tenho estado completamente esquizofrênico desde que eu era jovem e continuo assim. É por isso que temos dois hemisférios no cérebro.
Por conta desse ativismo teve problemas com alguns governos, um deles e o mais recente foi com Israel, que o impediu de entrar nas terras da palestina para dar uma palestra.
É verdade, não pude viajar, apesar de ter sido convidado por uma universidade palestina, mas me deparei com um bloqueio em toda a fronteira. Se a palestra fosse para Israel, teriam me deixado passar.
Essa censura tem a ver com um de seus livros intitulado ‘Guerra ou Paz no Oriente Médio?
É por causa dos meus 60 anos de trabalho pela paz entre Israel e a Palestina. Na verdade, eu vivi em Israel.
Como qualifica o que se passa no Oriente Médio?
Desde 1967, o território palestino foi ocupado e isso fez da Faixa de Gaza a maior prisão ao ar livre do mundo, onde a única coisa que resta a fazer é morrer.
Chegou a se iludir com as novas posturas do presidente Barack Obama?
Eu já tinha escrito que é muito semelhante a George Bush. Ele fez mais do que esperávamos em termos de expansionismo militar. A única coisa que mudou com Obama foi a retórica.
Quando Obama foi galardoado com o prêmio Nobel de Paz, o quê o senhor pensou?
Meia hora após a nomeação, a imprensa norueguesa me perguntou o que eu pensava do assunto e respondi: “Levando em conta o seu recorde, este não foi a pior nomeação”. O Nobel da Paz é uma piada.
Os EUA continuam a repetir seus erros de intervencionismo?
Eles tem tido muito êxito. Por exemplo, a Colômbia tem o pior histórico de violação dos Direitos Humanos desde o intervencionismo militar dos EUA.
Qual é a sua opinião sobre o conceito de guerra preventiva que os Estados Unidos apregoam?
Não existe esse conceito, é simplesmente uma forma de agressão. A guerra no Iraque foi tão agressiva e terrível que se assemelha ao que os nazistas fizeram. Se aplicarmos essa mesma regra, Bush, Blair e Aznar teriam de ser enforcados, mas a força é aplicada aos mais fracos.
O que acontecerá com o Irã?
Hoje existe uma grande força naval e aérea ameaçando o Irã e, somente a Europa e os EUA pensam que isso está certo. O resto do mundo acredita que o Irã tem o direito de enriquecer urânio. No Oriente Médio três países (Israel, Paquistão e Índia) desenvolveram armas nucleares com a ajuda dos EUA e não assinaram nenhum tratado.
O senhor acredita na guerra contra o terrorismo?
Os EUA são os maiores terroristas do mundo. Não consigo pensar em qualquer país que tenha feito mais mal do que eles. Para os EUA, terrorismo é o que você faz contra nós e não o que nós fazemos a você.
Há alguma guerra justa dos Estados Unidos?
A participação na Segunda Guerra Mundial foi legítima, entretanto eles entraram na guerra muito tarde.
Essa guerra por recursos naturais no Oriente Médio pode vir a se repetir na América Latina?
É diferente. O que os EUA tem feito na América Latina é, tradicionalmente, impor brutais ditaduras militares que não são contestados pelo poder da propaganda.
A América Latina é realmente importante para os Estados Unidos?
Nixon afirmou: “Se não podemos controlar a América Latina, como poderemos controlar o mundo”.
A Colômbia tem algum papel nessa geopolítica ianque?
Parte da Colômbia foi roubada por Theodore Roosevelt com o Canal do Panamá. A partir de 1990, este país tem sido o principal destinatário da ajuda militar estadunidense e, desde essa mesma data tem os maiores registros de violação dos Direitos Humanos no hemisfério. Antes o recorde pertencia a El Salvador que, curiosamente também recebia ajuda militar.
O senhor sugere que essas violações têm alguma relação com os Estados Unidos?
No mundo acadêmico, concluiu-se que existe uma correlação entre a ajuda militar dada pelos EUA e violência nos países que a recebem.
Qual é sua opinião sobre as bases militares gringas que há na Colômbia?
Não são nenhuma surpresa. Depois de El Salvador, é o único país da região disposto a permitir a sua instalação. Enquanto a Colômbia continuar fazendo o que os EUA pedir que faça, eles nunca vão derrubar o governo.
Está dizendo que os EUA derruba governos na América Latina?
Nesta década, eles apoiaram dois golpes. No fracassado golpe militar da Venezuela em 2002 e, em 2004, seqüestraram o presidente eleito do Haiti e o enviaram para a África. Mas agora é mais difícil fazê-lo porque o mundo mudou. A Colômbia é o único país latinoamericano que apoiou o golpe em Honduras.
Tem algo a dizer sobre as tensões atuais entre Colômbia, Venezuela e Equador?
A Colômbia invadiu o Equador e não conheço nenhum país que tenha apoiado isso, salvo os EUA. E sobre as relações com a Venezuela, são muito complicadas, mas espero que melhorem.
A América Latina continua sendo uma região de caudilhos?
Tem sido uma tradição muito ruim, mas, nesse sentido, a América Latina progrediu e, pela primeira vez, o cone sul do continente está a avançando rumo a uma integração para superar seus paradoxos, como, por exemplo, ser uma região muito rica, mas com uma grande pobreza.
O narcotráfico é um problema exclusivo da Colômbia?
É um problema dos Estados Unidos. Imagine que a Colômbia decida fumigar a Carolina do Norte e o Kentucky, onde se cultiva tabaco, o qual provoca mais mortes do que a cocaína.
Fonte: Agência de Notícias Nova Colômbia. Original em http://www.semana.com/noticias-mundo/parte-colombia-robada-roosevelt/142043.aspx
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EUA são o maior terrorista do mundo
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Noam Chomsky
Contraponto 2880 - "Unasul discute hoje crise Bogotá/Caracas, que Lula deve mediar"
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Vermelho - 29/07/2010
O Conselho de Chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-americanas) se reunirá nesta quinta-feira (29) para debater a ruptura das relações diplomáticas entre Venezuela e Colômbia e analisar medidas para impulsionar o diálogo e a paz entre os dois países vizinhos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou ontem que pretende exercer um papel de mediador na crise. Para ele, o tempo "é de paz, não de guerra".
Há uma semana Chávez rompeu oficialmente os laços diplomáticos com a Colômbia, após o governo colombiano fazer uma série de acusações, insinuando que Caracas teria ligação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército Nacional de Libertação).
"Pretendo conversar muito com o (Hugo) Chávez, muito com o Santos (Juan Manuel Santos, presidente eleito da Colômbia, que toma posse dia 7), porque acho que o tempo é de paz, não de guerra", afirmou Lula. "Falam em conflito. Mas ainda não vi conflito. Eu vi conflito verbal, que é o que nós ouvimos mais aqui nessa América Latina."
Lula disse que no dia 6 participará de uma reunião bilateral com Chávez e irá, em seguida, para a Colômbia, onde pretende acompanhar a posse de Santos e conversar tanto com ele quanto com o atual presidente do país, Álvaro Uribe.
"Temos de restabelecer a normalidade nas relações entre Venezuela e Colômbia, porque são dois países importantes para nós da América do Sul, duas grandes economias, dois países que têm grandes fronteiras."
O Brasil será representado, nesta quinta, no encontro da Unasul em Quito, pelo secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota - uma vez que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, está em missão oficial no Oriente Médio. O assessor de Assuntos Internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, também participará da reunião.
A reunião é uma resposta ao pedido do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que solicitou ao presidente do Equador e líder de turno da Unasul, Rafael Correa, um encontro entre as autoridades do organismo para discutir a crise diplomática.
O rompimento
Há uma semana Chávez rompeu oficialmente os laços diplomáticos com a Colômbia, após o governo colombiano fazer uma série de acusações, insinuando que Caracas teria ligação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército Nacional de Libertação).
Em meados de julho, o ministro da Defesa colombiano, Gabriel Silva, afirmou ter "evidências da presença de líderes" das guerrilhas no território venezuelano, chegando a afirmar que o governo colombiano tinha conhecimento do local exato onde estaria Iván Márquez, um dos comandantes das Farc.
Entretanto, o governo da Venezuela respondeu que "em diversas ocasiões, foi verificada e constatada a falsidade de tais informações. Em oportunidades, as coordenadas transmitidas correspondiam a lugares situados no próprio território colombiano".
Mesmo assim, na última quinta-feira (22), o embaixador colombiano na OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Alfonso Hoyos, apresentou, em sessão extraordinária da organização supostas provas sobre a possível presença de guerrilheiros em território venezuelano. De acordo com Hoyos, que sustentou o argumento com fotografias, há pelo menos 87 acampamentos guerrilheiros consolidados na Venezuela e cerca de 1,5 mil rebeldes no país sob o consentimento de Chávez.
Em resposta, o presidente venezuelano rompeu com o país alegando que o anúncio foi uma "tentativa desesperada" do presidente colombiano, Álvaro Uribe, de "minar o terreno para uma eventual normalização das relações bilaterais", que desde julho de 2009 estavam "congeladas", após Bogotá acusar Chávez de contrabandear armas para grupos guerrilheiros.
Em decorrência da recente crise, o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um giro pela América Latina nesta semana para conversar com autoridades do Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Peru e Bolívia sobre a questão e evitar "que o governo que sai da Colômbia realize ações desesperadas que pretendam algum tipo de evento militar" contra Caracas.
Maduro mostrou a intenção de articular um “plano de paz permanente com a Colômbia”, mas foi contundente ao afirmar que, diante de qualquer ação agressiva da administração Uribe, a Venezuela irá responder com “medidas extremas de proteção”.
Na última semana, o governo da Venezuela reforçou a segurança na fronteira com a Colômbia com cerca de mil soldados, de acordo com o general Franklin Márquez, chefe do Comando Regional 1 da Guarda Nacional Bolivariana. Apesar disso, Maduro reiterou que a intenção da Venezuela não é eclodir um conflito militar.
“Faremos todos os esforços para impedir seu desdobramento militar. Mas repudiamos a agressão diplomática do governo colombiano e defenderemos nosso território diante de qualquer tentativa de violação”, argumentou.
EUA
Diante das acusações colombianas, Chávez voltou a acusar os Estados Unidos de manter uma política conjunta com a Colômbia contra Caracas. Respaldado por diplomatas, o presidente venezuelano classificou como um “circo midiático” a atitude colombiana e disse que se houver agressão militar da Colômbia contra a Venezuela, haverá medidas contra os EUA.
Durante visita a Casa Branca, o embaixador venezuelano nos EUA, Bernardo Alvarez, afirmou que a Colômbia "não faz nada sem antes informar os norte-americanos”. Já Maduro disse que todas as provocações da Colômbia e todas essas intenções agressivas têm, como pano de fundo, os norte-americanos.
“Não temos dúvidas de que existe uma estratégia elaborada pelo Pentágono e pelo Departamento de Estado norte-americano para recuperar a hegemonia política que os EUA perderam na região por conta do avanço das correntes progressistas”, disse o chanceler da Venezuela.
Maduro afirmou ainda que caso a Venezuela seja agredida, medidas de proteção realmente serão tomadas contra os EUA, “a começar pelo cancelamento do comércio de petróleo e derivados com eles”.
Nova liderança
O rompimento das relações entre os dois países aconteceu menos de um mês antes do atual presidente colombiano, Álvaro Uribe, deixar o cargo e entregar a presidência ao recém eleito Juan Manuel Santos. Diante disso, centenas de colombianos que moram na Venezuela entregaram um documento ao consulado do país em Caracas exigindo que Uribe desista do confronto com Chávez e abra caminho para Santos.
No dia 14 de julho, Chávez anunciou o desejo de normalizar relações diplomáticas com a Colômbia, determinando que Maduro procurasse a futura chanceler do país vizinho para tratar dos termos de reaproximação. Porém, no dia seguinte a imprensa colombiana divulgou que Uribe apresentaria provas contundentes de presença guerrilheira em território venezuelano, minando qualquer reaproximação.
“O presidente Uribe parece movido pelo interesse de manter seu espaço como chefe dos grupos mais conservadores e belicistas de seu país. Não tivemos outra opção que não o rompimento das relações diplomáticas”, disse Maduro.
Já o representante da organização Colombianos en Venezuela, Juan Carlos Tanus, disse que a mudança de liderança pode ser um ponto positivo para a retomada das relações bilaterais. “Acreditamos que Santos se desvinculará destas iniciativas agressivas lideradas por Uribe e que a partir de 8 de agosto se possa propiciar um cenário de encontro formal para a busca da paz”, afirmou.
Anteriormente à crise, o sucessor de Uribe havia manifestado sua intenção de se reaproximar da Venezuela, chegando até mesmo a convidar Chávez para participar da cerimônia de posse, dia 7 de agosto. Porém, até agora Santos evitou comentar a ruptura de relações anunciadas pela Venezuela ao considerar que a atitude seria "sua melhor contribuição" à situação.
Negociações
Na última terça-feira (27), durante seu giro pela América Latina, Maduro chegou a sugerir a Uribe a possibilidade de uma proposta de paz com as guerrilhas que atuam na Colômbia sem "afrouxar" a luta contra o terrorismo. Entretanto Uribe rejeitou a idéia e disse que a intenção do chanceler venezuelano é criar uma “armadilha” ao governo colombiano.
"Sabemos que a cobra do terrorismo quando sente que está encurralada e que está com uma corda no pescoço pede processos de paz, para que afrouxemos a forca e para que ela possa tomar oxigênio e voltar a envenenar", disse em alusão às recentes afirmações de Maduro, que disse que levará um plano de paz para a região à reunião de chanceleres da Unasul.
Com Opera Mundi
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Vermelho - 29/07/2010
O Conselho de Chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-americanas) se reunirá nesta quinta-feira (29) para debater a ruptura das relações diplomáticas entre Venezuela e Colômbia e analisar medidas para impulsionar o diálogo e a paz entre os dois países vizinhos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou ontem que pretende exercer um papel de mediador na crise. Para ele, o tempo "é de paz, não de guerra".
Há uma semana Chávez rompeu oficialmente os laços diplomáticos com a Colômbia, após o governo colombiano fazer uma série de acusações, insinuando que Caracas teria ligação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército Nacional de Libertação).
"Pretendo conversar muito com o (Hugo) Chávez, muito com o Santos (Juan Manuel Santos, presidente eleito da Colômbia, que toma posse dia 7), porque acho que o tempo é de paz, não de guerra", afirmou Lula. "Falam em conflito. Mas ainda não vi conflito. Eu vi conflito verbal, que é o que nós ouvimos mais aqui nessa América Latina."
Lula disse que no dia 6 participará de uma reunião bilateral com Chávez e irá, em seguida, para a Colômbia, onde pretende acompanhar a posse de Santos e conversar tanto com ele quanto com o atual presidente do país, Álvaro Uribe.
"Temos de restabelecer a normalidade nas relações entre Venezuela e Colômbia, porque são dois países importantes para nós da América do Sul, duas grandes economias, dois países que têm grandes fronteiras."
O Brasil será representado, nesta quinta, no encontro da Unasul em Quito, pelo secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota - uma vez que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, está em missão oficial no Oriente Médio. O assessor de Assuntos Internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, também participará da reunião.
A reunião é uma resposta ao pedido do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que solicitou ao presidente do Equador e líder de turno da Unasul, Rafael Correa, um encontro entre as autoridades do organismo para discutir a crise diplomática.
O rompimento
Há uma semana Chávez rompeu oficialmente os laços diplomáticos com a Colômbia, após o governo colombiano fazer uma série de acusações, insinuando que Caracas teria ligação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército Nacional de Libertação).
Em meados de julho, o ministro da Defesa colombiano, Gabriel Silva, afirmou ter "evidências da presença de líderes" das guerrilhas no território venezuelano, chegando a afirmar que o governo colombiano tinha conhecimento do local exato onde estaria Iván Márquez, um dos comandantes das Farc.
Entretanto, o governo da Venezuela respondeu que "em diversas ocasiões, foi verificada e constatada a falsidade de tais informações. Em oportunidades, as coordenadas transmitidas correspondiam a lugares situados no próprio território colombiano".
Mesmo assim, na última quinta-feira (22), o embaixador colombiano na OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Alfonso Hoyos, apresentou, em sessão extraordinária da organização supostas provas sobre a possível presença de guerrilheiros em território venezuelano. De acordo com Hoyos, que sustentou o argumento com fotografias, há pelo menos 87 acampamentos guerrilheiros consolidados na Venezuela e cerca de 1,5 mil rebeldes no país sob o consentimento de Chávez.
Em resposta, o presidente venezuelano rompeu com o país alegando que o anúncio foi uma "tentativa desesperada" do presidente colombiano, Álvaro Uribe, de "minar o terreno para uma eventual normalização das relações bilaterais", que desde julho de 2009 estavam "congeladas", após Bogotá acusar Chávez de contrabandear armas para grupos guerrilheiros.
Em decorrência da recente crise, o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um giro pela América Latina nesta semana para conversar com autoridades do Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Peru e Bolívia sobre a questão e evitar "que o governo que sai da Colômbia realize ações desesperadas que pretendam algum tipo de evento militar" contra Caracas.
Maduro mostrou a intenção de articular um “plano de paz permanente com a Colômbia”, mas foi contundente ao afirmar que, diante de qualquer ação agressiva da administração Uribe, a Venezuela irá responder com “medidas extremas de proteção”.
Na última semana, o governo da Venezuela reforçou a segurança na fronteira com a Colômbia com cerca de mil soldados, de acordo com o general Franklin Márquez, chefe do Comando Regional 1 da Guarda Nacional Bolivariana. Apesar disso, Maduro reiterou que a intenção da Venezuela não é eclodir um conflito militar.
“Faremos todos os esforços para impedir seu desdobramento militar. Mas repudiamos a agressão diplomática do governo colombiano e defenderemos nosso território diante de qualquer tentativa de violação”, argumentou.
EUA
Diante das acusações colombianas, Chávez voltou a acusar os Estados Unidos de manter uma política conjunta com a Colômbia contra Caracas. Respaldado por diplomatas, o presidente venezuelano classificou como um “circo midiático” a atitude colombiana e disse que se houver agressão militar da Colômbia contra a Venezuela, haverá medidas contra os EUA.
Durante visita a Casa Branca, o embaixador venezuelano nos EUA, Bernardo Alvarez, afirmou que a Colômbia "não faz nada sem antes informar os norte-americanos”. Já Maduro disse que todas as provocações da Colômbia e todas essas intenções agressivas têm, como pano de fundo, os norte-americanos.
“Não temos dúvidas de que existe uma estratégia elaborada pelo Pentágono e pelo Departamento de Estado norte-americano para recuperar a hegemonia política que os EUA perderam na região por conta do avanço das correntes progressistas”, disse o chanceler da Venezuela.
Maduro afirmou ainda que caso a Venezuela seja agredida, medidas de proteção realmente serão tomadas contra os EUA, “a começar pelo cancelamento do comércio de petróleo e derivados com eles”.
Nova liderança
O rompimento das relações entre os dois países aconteceu menos de um mês antes do atual presidente colombiano, Álvaro Uribe, deixar o cargo e entregar a presidência ao recém eleito Juan Manuel Santos. Diante disso, centenas de colombianos que moram na Venezuela entregaram um documento ao consulado do país em Caracas exigindo que Uribe desista do confronto com Chávez e abra caminho para Santos.
No dia 14 de julho, Chávez anunciou o desejo de normalizar relações diplomáticas com a Colômbia, determinando que Maduro procurasse a futura chanceler do país vizinho para tratar dos termos de reaproximação. Porém, no dia seguinte a imprensa colombiana divulgou que Uribe apresentaria provas contundentes de presença guerrilheira em território venezuelano, minando qualquer reaproximação.
“O presidente Uribe parece movido pelo interesse de manter seu espaço como chefe dos grupos mais conservadores e belicistas de seu país. Não tivemos outra opção que não o rompimento das relações diplomáticas”, disse Maduro.
Já o representante da organização Colombianos en Venezuela, Juan Carlos Tanus, disse que a mudança de liderança pode ser um ponto positivo para a retomada das relações bilaterais. “Acreditamos que Santos se desvinculará destas iniciativas agressivas lideradas por Uribe e que a partir de 8 de agosto se possa propiciar um cenário de encontro formal para a busca da paz”, afirmou.
Anteriormente à crise, o sucessor de Uribe havia manifestado sua intenção de se reaproximar da Venezuela, chegando até mesmo a convidar Chávez para participar da cerimônia de posse, dia 7 de agosto. Porém, até agora Santos evitou comentar a ruptura de relações anunciadas pela Venezuela ao considerar que a atitude seria "sua melhor contribuição" à situação.
Negociações
Na última terça-feira (27), durante seu giro pela América Latina, Maduro chegou a sugerir a Uribe a possibilidade de uma proposta de paz com as guerrilhas que atuam na Colômbia sem "afrouxar" a luta contra o terrorismo. Entretanto Uribe rejeitou a idéia e disse que a intenção do chanceler venezuelano é criar uma “armadilha” ao governo colombiano.
"Sabemos que a cobra do terrorismo quando sente que está encurralada e que está com uma corda no pescoço pede processos de paz, para que afrouxemos a forca e para que ela possa tomar oxigênio e voltar a envenenar", disse em alusão às recentes afirmações de Maduro, que disse que levará um plano de paz para a região à reunião de chanceleres da Unasul.
Com Opera Mundi
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Contraponto 2879 - "Jorge Furtado: as falsas razões contra Dilma "
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Brasília, eu vi - 28/07/2010
Do blog Vi o Mundo
Por Jorge Furtado
Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero que sigam sendo meus amigos. Política, como ensina André Comte-Sponville, supõe conflitos: “A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.
Leio diariamente o noticiário político e ainda não encontrei bons argumentos para votar no Serra, uma candidatura que cada vez mais assume seu caráter conservador. Serra representa o grupo político que governou o Brasil antes do Lula, com desempenho, sob qualquer critério, muito inferior ao do governo petista, a comparação chega a ser enfadonha, vai lá para o pé da página, quem quiser que leia. (1)
Ouvi alguns argumentos razoáveis para votar em Marina, como incluir a sustentabilidade na agenda do desenvolvimento. Marina foi ministra do Lula por sete anos e parece ser uma boa pessoa, uma batalhadora das causas ambientalistas. Tem, no entanto (na minha opinião) o inconveniente de fazer parte de uma igreja bastante rígida, o que me faz temer sobre a capacidade que teria um eventual governo comandado por ela de avançar em questões fundamentais como os direitos dos homossexuais, a descriminalização do aborto ou as pesquisas envolvendo as células tronco.
Ouço e leio alguns argumentos para não votar em Dilma, argumentos que me parecem inconsistentes, distorcidos, precários ou simplesmente falsos. Passo a analisar os dez mais freqüentes.
1. “Alternância no poder é bom”.
Falso. O sentido da democracia não é a alternância no poder e sim a escolha, pela maioria, da melhor proposta de governo, levando-se em conta o conhecimento que o eleitor tem dos candidatos e seus grupo políticos, o que dizem pretender fazer e, principalmente, o que fizeram quando exerceram o poder. Ninguém pode defender seriamente a idéia de que seria boa a alternância entre a recessão e o desenvolvimento, entre o desemprego e a geração de empregos, entre o arrocho salarial e o aumento do poder aquisitivo da população, entre a distribuição e a concentração da riqueza. Se a alternância no poder fosse um valor em si não precisaria haver eleição e muito menos deveria haver a possibilidade de reeleição.
2. “Não há mais diferença entre direita e esquerda”.
Falso. Esquerda e direita são posições relativas, não absolutas. A esquerda é, desde a sua origem, a posição política que tem por objetivo a diminuição das desigualdades sociais, a distribuição da riqueza, a inserção social dos desfavorecidos. As conquistas necessárias para se atingir estes objetivos mudam com o tempo. Hoje, ser de esquerda significa defender o fortalecimento do estado como garantidor do bem-estar social, regulador do mercado, promotor do desenvolvimento e da distribuição de riqueza, tudo isso numa sociedade democrática com plena liberdade de expressão e ampla defesa das minorias. O complexo (e confuso) sistema político brasileiro exige que os vários partidos se reúnam em coligações que lhes garantam maioria parlamentar, sem a qual o país se torna ingovernável. A candidatura de Dilma tem o apoio de políticos que jamais poderiam ser chamados de “esquerdistas”, como Sarney, Collor ou Renan Calheiros, lideranças regionais que se abrigam principalmente no PMDB, partido de espectro ideológico muito amplo. José Serra tem o apoio majoritário da direita e da extrema-direita reunida no DEM (2), da “direita” do PMDB, além do PTB, PPS e outros pequenos partidos de direita: Roberto Jefferson, Jorge Borhausen, ACM Netto, Orestes Quércia, Heráclito Fortes, Roberto Freire, Demóstenes Torres, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Agripino Maia, Joaquim Roriz, Marconi Pirilo, Ronaldo Caiado, Katia Abreu, André Pucinelli, são todos de direita e todos serristas, isso para não falar no folclórico Índio da Costa, vice de Serra. Comparado com Agripino Maia ou Jorge Borhausen, José Sarney é Che Guevara.
3. “Dilma não é simpática”.
Argumento precário e totalmente subjetivo. Precário porque a simpatia não é, ou não deveria ser, um atributo fundamental para o bom governante. Subjetivo, porque o quesito “simpatia” depende totalmente do gosto do freguês. Na minha opinião, por exemplo, é difícil encontrar alguém na vida pública que seja mais antipático que José Serra, embora ele talvez tenha sido um bom governante de seu estado. Sua arrogância com quem lhe faz críticas, seu destempero e prepotência com jornalistas, especialmente com as mulheres, chega a ser revoltante.
4. “Dilma não tem experiência”.
Argumento inconsistente. Dilma foi secretária de estado, foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, fez parte do conselho da Petrobras, gerenciou com eficiência os gigantescos investimentos do PAC, dos programas de habitação popular e eletrificação rural. Dilma tem muito mais experiência administrativa, por exemplo, do que tinha o Lula, que só tinha sido parlamentar, nunca tinha administrado um orçamento, e está fazendo um bom governo.
5. “Dilma foi terrorista”.
Argumento em parte falso, em parte distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável. José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.
6. “As coisas boas do governo petista começaram no governo tucano”.
Falso. Todo governo herda políticas e programas do governo anterior, políticas que pode manter, transformar, ampliar, reduzir ou encerrar. O governo FHC herdou do governo Itamar o real, o programa dos genéricos, o FAT, o programa de combate a AIDS. Teve o mérito de manter e aperfeiçoá-los, desenvolvê-los, ampliá-los. O governo Lula herdou do governo FHC, por exemplo, vários programas de assistência social. Teve o mérito de unificá-los e ampliá-los, criando o Bolsa Família. De qualquer maneira, os resultados do governo Lula são tão superiores aos do governo FHC que o debate “quem começou o quê” torna-se irrelevante.
7. “Serra vai moralizar a política”.
Argumento inconsistente. Nos oito anos de governo tucano-pefelista – no qual José Serra ocupou papel de destaque, sendo escolhido para suceder FHC – foram inúmeros os casos de corrupção, um deles no próprio Ministério da Saúde, comandado por Serra, o superfaturamento de ambulâncias investigado pela “Operação Sanguessuga”. Se considerarmos o volume de dinheiro público desviado para destinos nebulosos e paraísos fiscais nas privatizações e o auxílio luxuoso aos banqueiros falidos, o governo tucano talvez tenha sido o mais corrupto da história do país. Ao contrário do que aconteceu no governo Lula, a corrupção no governo FHC não foi investigada por nenhuma CPI, todas sepultadas pela maioria parlamentar da coligação PSDB-PFL. O procurador da república ficou conhecido com “engavetador da república”, tal a quantidade de investigações criminais que morreram em suas mãos. O esquema de financiamento eleitoral batizado de “mensalão” foi criado pelo presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, hoje réu em processo criminal. O governador José Roberto Arruda, do DEM, era o principal candidato ao posto de vice-presidente na chapa de Serra, até ser preso por corrupção no “mensalão do DEM”. Roberto Jefferson, réu confesso do mensalão petista, hoje apóia José Serra. Todos estes fatos, incontestáveis, não indicam que um eventual governo Serra poderia ser mais eficiente no combate à corrupção do que seria um governo Dilma, ao contrário.
8. “O PT apóia as FARC”.
Argumento falso. É fato que, no passado, as FARC ensaiaram uma tentativa de institucionalização e buscaram aproximação com o PT, então na oposição, e também com o governo brasileiro, através de contatos com o líder do governo tucano, Arthur Virgílio. Estes contatos foram rompidos com a radicalização da guerrilha na Colômbia e nunca foram retomados, a não ser nos delírios da imprensa de extrema-direita. A relação entre o governo brasileiro e os governos estabelecidos de vários países deve estar acima de divergências ideológicas, num princípio básico da diplomacia, o da auto-determinação dos povos. Não há notícias, por exemplo, de capitalistas brasileiros que defendam o rompimento das relações com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais, por se tratar de uma ditadura. Ou alguém acha que a China é um país democrático?
9. “O PT censura a imprensa”.
Argumento falso. Em seus oito anos de governo o presidente Lula enfrentou a oposição feroz e constante dos principais veículos da antiga imprensa. Esta oposição foi explicitada pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) que declarou que seus filiados assumiram “a posição oposicionista (sic) deste país”. Não há registro de um único caso de censura à imprensa por parte do governo Lula. O que há, frequentemente, é a queixa dos órgãos de imprensa sobre tentativas da sociedade e do governo, a exemplo do que acontece em todos os países democráticos do mundo, de regulamentar a atividade da mídia.
10. “Os jornais, a televisão e as revistas falam muito mal da Dilma e muito bem do Serra”.
Isso é verdade. E mais um bom motivo para votar nela e não nele.
*****
(1) Alguns dados comparativos dos governos FHC e Lula.
Geração de empregos:
FHC/Serra = 780 mil x Lula/Dilma = 12 milhões
Salário mínimo:
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 290 dólares
Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza):
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões
Risco Brasil:
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos
Dólar:
FHC/Serra = R$ 3,00 x Lula/Dilma = R$ 1,78
Reservas cambiais:
FHC/Serra = 185 bilhões de dólares negativos x Lula/Dilma = 239 bilhões de dólares positivos.
Relação crédito/PIB:
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%
Produção de automóveis:
FHC/Serra = queda de 20% x Lula/Dilma = aumento de 30%
Taxa de juros:
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 10,75%
(2) Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo de 25.07.10:
José Serra começou sua campanha dizendo: “Não aceito o raciocínio do nós contra eles”, e em apenas dois meses viu-se lançado pelo seu colega de chapa numa discussão em torno das ligações do PT com as Farc e o narcotráfico. Caso típico de rabo que abanou o cachorro. O destempero de Indio da Costa tem método. Se Tupã ajudar Serra a vencer a eleição, o DEM volta ao poder. Se prejudicar, ajudando Dilma Rousseff, o PSDB sairá da campanha com a identidade estilhaçada. Já o DEM, que entrou na disputa com o cocar do seu mensalão, sairá brandindo o tacape do conservadorismo feroz que renasceu em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos.
Postado por Leandro Fortes.
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29/07/2010
Jorge Furtado: as falsas razões contra Dilma Brasília, eu vi - 28/07/2010
Dez falsos motivos para não votar em Dilma Rousseff
Do blog Vi o Mundo
Por Jorge Furtado
Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero que sigam sendo meus amigos. Política, como ensina André Comte-Sponville, supõe conflitos: “A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.
Leio diariamente o noticiário político e ainda não encontrei bons argumentos para votar no Serra, uma candidatura que cada vez mais assume seu caráter conservador. Serra representa o grupo político que governou o Brasil antes do Lula, com desempenho, sob qualquer critério, muito inferior ao do governo petista, a comparação chega a ser enfadonha, vai lá para o pé da página, quem quiser que leia. (1)
Ouvi alguns argumentos razoáveis para votar em Marina, como incluir a sustentabilidade na agenda do desenvolvimento. Marina foi ministra do Lula por sete anos e parece ser uma boa pessoa, uma batalhadora das causas ambientalistas. Tem, no entanto (na minha opinião) o inconveniente de fazer parte de uma igreja bastante rígida, o que me faz temer sobre a capacidade que teria um eventual governo comandado por ela de avançar em questões fundamentais como os direitos dos homossexuais, a descriminalização do aborto ou as pesquisas envolvendo as células tronco.
Ouço e leio alguns argumentos para não votar em Dilma, argumentos que me parecem inconsistentes, distorcidos, precários ou simplesmente falsos. Passo a analisar os dez mais freqüentes.
1. “Alternância no poder é bom”.
Falso. O sentido da democracia não é a alternância no poder e sim a escolha, pela maioria, da melhor proposta de governo, levando-se em conta o conhecimento que o eleitor tem dos candidatos e seus grupo políticos, o que dizem pretender fazer e, principalmente, o que fizeram quando exerceram o poder. Ninguém pode defender seriamente a idéia de que seria boa a alternância entre a recessão e o desenvolvimento, entre o desemprego e a geração de empregos, entre o arrocho salarial e o aumento do poder aquisitivo da população, entre a distribuição e a concentração da riqueza. Se a alternância no poder fosse um valor em si não precisaria haver eleição e muito menos deveria haver a possibilidade de reeleição.
2. “Não há mais diferença entre direita e esquerda”.
Falso. Esquerda e direita são posições relativas, não absolutas. A esquerda é, desde a sua origem, a posição política que tem por objetivo a diminuição das desigualdades sociais, a distribuição da riqueza, a inserção social dos desfavorecidos. As conquistas necessárias para se atingir estes objetivos mudam com o tempo. Hoje, ser de esquerda significa defender o fortalecimento do estado como garantidor do bem-estar social, regulador do mercado, promotor do desenvolvimento e da distribuição de riqueza, tudo isso numa sociedade democrática com plena liberdade de expressão e ampla defesa das minorias. O complexo (e confuso) sistema político brasileiro exige que os vários partidos se reúnam em coligações que lhes garantam maioria parlamentar, sem a qual o país se torna ingovernável. A candidatura de Dilma tem o apoio de políticos que jamais poderiam ser chamados de “esquerdistas”, como Sarney, Collor ou Renan Calheiros, lideranças regionais que se abrigam principalmente no PMDB, partido de espectro ideológico muito amplo. José Serra tem o apoio majoritário da direita e da extrema-direita reunida no DEM (2), da “direita” do PMDB, além do PTB, PPS e outros pequenos partidos de direita: Roberto Jefferson, Jorge Borhausen, ACM Netto, Orestes Quércia, Heráclito Fortes, Roberto Freire, Demóstenes Torres, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Agripino Maia, Joaquim Roriz, Marconi Pirilo, Ronaldo Caiado, Katia Abreu, André Pucinelli, são todos de direita e todos serristas, isso para não falar no folclórico Índio da Costa, vice de Serra. Comparado com Agripino Maia ou Jorge Borhausen, José Sarney é Che Guevara.
3. “Dilma não é simpática”.
Argumento precário e totalmente subjetivo. Precário porque a simpatia não é, ou não deveria ser, um atributo fundamental para o bom governante. Subjetivo, porque o quesito “simpatia” depende totalmente do gosto do freguês. Na minha opinião, por exemplo, é difícil encontrar alguém na vida pública que seja mais antipático que José Serra, embora ele talvez tenha sido um bom governante de seu estado. Sua arrogância com quem lhe faz críticas, seu destempero e prepotência com jornalistas, especialmente com as mulheres, chega a ser revoltante.
4. “Dilma não tem experiência”.
Argumento inconsistente. Dilma foi secretária de estado, foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, fez parte do conselho da Petrobras, gerenciou com eficiência os gigantescos investimentos do PAC, dos programas de habitação popular e eletrificação rural. Dilma tem muito mais experiência administrativa, por exemplo, do que tinha o Lula, que só tinha sido parlamentar, nunca tinha administrado um orçamento, e está fazendo um bom governo.
5. “Dilma foi terrorista”.
Argumento em parte falso, em parte distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável. José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.
6. “As coisas boas do governo petista começaram no governo tucano”.
Falso. Todo governo herda políticas e programas do governo anterior, políticas que pode manter, transformar, ampliar, reduzir ou encerrar. O governo FHC herdou do governo Itamar o real, o programa dos genéricos, o FAT, o programa de combate a AIDS. Teve o mérito de manter e aperfeiçoá-los, desenvolvê-los, ampliá-los. O governo Lula herdou do governo FHC, por exemplo, vários programas de assistência social. Teve o mérito de unificá-los e ampliá-los, criando o Bolsa Família. De qualquer maneira, os resultados do governo Lula são tão superiores aos do governo FHC que o debate “quem começou o quê” torna-se irrelevante.
7. “Serra vai moralizar a política”.
Argumento inconsistente. Nos oito anos de governo tucano-pefelista – no qual José Serra ocupou papel de destaque, sendo escolhido para suceder FHC – foram inúmeros os casos de corrupção, um deles no próprio Ministério da Saúde, comandado por Serra, o superfaturamento de ambulâncias investigado pela “Operação Sanguessuga”. Se considerarmos o volume de dinheiro público desviado para destinos nebulosos e paraísos fiscais nas privatizações e o auxílio luxuoso aos banqueiros falidos, o governo tucano talvez tenha sido o mais corrupto da história do país. Ao contrário do que aconteceu no governo Lula, a corrupção no governo FHC não foi investigada por nenhuma CPI, todas sepultadas pela maioria parlamentar da coligação PSDB-PFL. O procurador da república ficou conhecido com “engavetador da república”, tal a quantidade de investigações criminais que morreram em suas mãos. O esquema de financiamento eleitoral batizado de “mensalão” foi criado pelo presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, hoje réu em processo criminal. O governador José Roberto Arruda, do DEM, era o principal candidato ao posto de vice-presidente na chapa de Serra, até ser preso por corrupção no “mensalão do DEM”. Roberto Jefferson, réu confesso do mensalão petista, hoje apóia José Serra. Todos estes fatos, incontestáveis, não indicam que um eventual governo Serra poderia ser mais eficiente no combate à corrupção do que seria um governo Dilma, ao contrário.
8. “O PT apóia as FARC”.
Argumento falso. É fato que, no passado, as FARC ensaiaram uma tentativa de institucionalização e buscaram aproximação com o PT, então na oposição, e também com o governo brasileiro, através de contatos com o líder do governo tucano, Arthur Virgílio. Estes contatos foram rompidos com a radicalização da guerrilha na Colômbia e nunca foram retomados, a não ser nos delírios da imprensa de extrema-direita. A relação entre o governo brasileiro e os governos estabelecidos de vários países deve estar acima de divergências ideológicas, num princípio básico da diplomacia, o da auto-determinação dos povos. Não há notícias, por exemplo, de capitalistas brasileiros que defendam o rompimento das relações com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais, por se tratar de uma ditadura. Ou alguém acha que a China é um país democrático?
9. “O PT censura a imprensa”.
Argumento falso. Em seus oito anos de governo o presidente Lula enfrentou a oposição feroz e constante dos principais veículos da antiga imprensa. Esta oposição foi explicitada pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) que declarou que seus filiados assumiram “a posição oposicionista (sic) deste país”. Não há registro de um único caso de censura à imprensa por parte do governo Lula. O que há, frequentemente, é a queixa dos órgãos de imprensa sobre tentativas da sociedade e do governo, a exemplo do que acontece em todos os países democráticos do mundo, de regulamentar a atividade da mídia.
10. “Os jornais, a televisão e as revistas falam muito mal da Dilma e muito bem do Serra”.
Isso é verdade. E mais um bom motivo para votar nela e não nele.
*****
(1) Alguns dados comparativos dos governos FHC e Lula.
Geração de empregos:
FHC/Serra = 780 mil x Lula/Dilma = 12 milhões
Salário mínimo:
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 290 dólares
Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza):
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões
Risco Brasil:
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos
Dólar:
FHC/Serra = R$ 3,00 x Lula/Dilma = R$ 1,78
Reservas cambiais:
FHC/Serra = 185 bilhões de dólares negativos x Lula/Dilma = 239 bilhões de dólares positivos.
Relação crédito/PIB:
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%
Produção de automóveis:
FHC/Serra = queda de 20% x Lula/Dilma = aumento de 30%
Taxa de juros:
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 10,75%
(2) Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo de 25.07.10:
José Serra começou sua campanha dizendo: “Não aceito o raciocínio do nós contra eles”, e em apenas dois meses viu-se lançado pelo seu colega de chapa numa discussão em torno das ligações do PT com as Farc e o narcotráfico. Caso típico de rabo que abanou o cachorro. O destempero de Indio da Costa tem método. Se Tupã ajudar Serra a vencer a eleição, o DEM volta ao poder. Se prejudicar, ajudando Dilma Rousseff, o PSDB sairá da campanha com a identidade estilhaçada. Já o DEM, que entrou na disputa com o cocar do seu mensalão, sairá brandindo o tacape do conservadorismo feroz que renasceu em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos.
Postado por Leandro Fortes.
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