sexta-feira, 23 de julho de 2010

Contraponto 2829 - "Unasul quer afastar EUA da crise entre Caracas e Bogotá"

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23/07/2010
Unasul quer afastar EUA da crise entre Caracas e Bogotá

Chaves X Uribe

Após o anúncio do rompimento dos laços entre Venezuela e Colômbia, o argentino Nestor Kirchner, secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), o presidente temporário da organização, o equatoriano Rafael Correa, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começaram a costurar um plano para a crise. A ideia é retirar o imbróglio do âmbito da OEA e levá-lo à Unasul, para evitar que a interferência dos EUA desequilibre as negociações em favor da Colômbia e contra a Venezuela.
Os EUA integram a OEA, não a Unasul. E ontem mesmo o Departamento de Estado americano já deu sinais de sua posição, ao reagir em defesa da Colômbia - seu principal aliado na região - e com críticas à Venezuela. "Não é uma boa forma de atuar", disse o porta-voz da diplomacia estadunidense, P.J.Crowley, ao comentar a decisão de Caracas, que deu 72 horas para que o embaixador colombiano deixe o país.

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A crise ocorre após o representante da Colômbia na OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Alfonso Hoyos, fazer uma série de acusações contra a Venezuela, afirmando que o país vizinho estaria abrigando guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional).

Diante da agressão, a Venezuela se viu obrigada a cortar relações diplomáticas e o Executivo convocou uma reunião de emergência do Conselho de Defesa Nacional para estudar o caso. Ainda na noite desta quinta, o conselho aprovou a ruptura dos laços com a Colômbia.

O presidente Hugo Chávez acusou o colombiano Álvaro Uribe de tentar provocar uma guerra entre os vizinhos. E declarou que colocou as fronteiras em "alerta máximo", diante do risco de que Uribe, "movido por seu ódio contra a Venezuela", opte por uma ação militar contra Caracas.

Ontem mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para Chávez propondo levar o tema à Unasul. Após a conversa, Chávez anunciou que pediu ao Equador uma reunião de emergência. O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, também disse que os chanceleres do bloco devem se reunir imediatamente para que o governo venezuelano "denuncie e leve ao debate esta agressão para que a Unasul dê uma resposta".

Os ataques da Colômbia à Venezuela ocorrem quando a campanha do tucano José Serra, no Brasil, afirma que o PT, de Lula e da candidata Dilma Rousseff, também teria relações com as Farc, o que sugere uma articulação entre os fatos, para desestabilizar os governos de esquerda na região.

Lula vai à Venezuela no dia 6 para nova rodada trimestral de reuniões, seguindo direto para a posse do novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. O Brasil acha melhor convocar a Unasul após a posse de Santos, que, ao contrário do atual presidente, deu sinais de querer melhorar as relações com Caracas.

Para o embaixador brasileiro na Colômbia, Valdemar Carneiro Leão, a troca "cria um clima mais propício". O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que Lula está disposto a ajudar e tem esperança de que, com a sucessão, "as coisas possam se recompor imediatamente".

O próprio Chávez, conforme noticiou o jornal argentino Página 12, telefonou a Kirchner e Correa para comentar a situação. O cenário indica que o presidente venezuelano não quer mais qualquer envolvimento da OEA, que aceitou escutar as denúncias colombianas - fato pelo qual o presidente do órgão, José Miguel Insulza, foi criticado. "Insulza tem agora a responsabilidade pelo que ocorreu na região por não ter atendido às consultas que nós pedimos", disse o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño.

Patiño sustentou que a Unasul tem mais capacidade de lidar com a crise. “A Unasul tem mais capacidade de diálogo”, afirmou, porém, sem detalhar os próximos passos que o bloco daria, explicou, para não “cair nos mesmos erros” de Insulza.

Retrospecto de Uribe

Resta agora conhecer a disposição do presidente colombiano, Álvaro Uribe, em participar de um debate na Unasul. Uribe passará a faixa presidencial para o presidente eleito, Juan Manuel Santos, no próximo dia 7 de agosto.

Em agosto do ano passado, após a Colômbia anunciar a instalação de mais bases militares em cooperação com os Estados Unidos, Uribe aceitou a convocatória para uma reunião da Unasul em Bariloche, Argentina, e evitou um rechaço generalizado das nações sul-americanas. Mas, em meio aos debates, houve até uma ameaça sua de deixar o bloco.

Questionado sobre a situação, Juan Manuel Santos foi cauteloso e não quis opinar sobre o rompimento dos laços com a Venezuela. "A melhor contribuição é não nos pronunciarmos", disse, detacando que o governante da Colômbia ainda é Uribe.

Israel da América Latina

O secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu, afirmou que as acusações de Bogotá são mais um pretexto para provocar e ameaçar a Venezuela. "A Colômbia assume, na América Latina, o mesmo papel que Israel cumpre no Oriente Médio. É um país ocupado militarmente pelos Estados Unidos, que, na prática, comandam as forças armadas colombianas, tentando estender o imperialismo norte-americano para a região", opinou.

De acordo com Alemão, para alcançar esse objetivo e justificar seus atos, os Estados Unidos têm utilizado o pretexto do combate ao terrorismo e às Farc. "Por isso, nós temos que apoiar a Venezuela e denunciar as agressões da Colômbia e dos Estados Unidos", encerrou.

Com agências
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