terça-feira, 31 de maio de 2011

Contraponto 5460 - "Sem saudades do Agnelli"

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31/05/2011
Sem saudades do Agnelli

Murilo Ferreira
Do Tijolaço - 31/05/2011

Brizola Neto

Devagar, devagarinho, o novo presidente da Vale vai mostrando que é possível – e positivo - uma visão estratégica (e não simplesmente ficar de olho grande no varejo do mercado de minério bruto) essa grande empresa.

Ontem, Murilo Ferreira disse que a prioridade da empresa é a energia renovável. Ele afirmou, durante o primeiro dia do seminário Rio Investors Day, que a empresa vai dar prioridade à biomassa para produzir combustíveis para suas locomotivas e que poderá investir em energia eólica.

- Vou tentar desplugar a ideia de que a Vale está ligada às hidrelétricas – disse ele, acrescentando que, com a participação de 9% no consórcio de Belo Monte, a necessidade de energia da mineradora está resolvida até 2015. Ele descartou que a empresa venha a adquirir uma participação maior na hidrelétrica, que sofre fuga de empresas pequenas do consórcio vencedor.

A Vale, pelo seu tamanho e necessidades, tem tudo para ser um pólo indutor de desenvolvimento, como é a Petrobras. Investir na diversificação de fontes de insumos – eletricidade é uma de suas grandes matérias primas – e na estrutura logística e também nas suas atividades, reduzindo sua dependência do mercado importador de minério bruto.

Ontem, em reportagem do Financial Times, de Londres, o Ministro Aloízio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, disse que a empresa estuda entrar na área de mineração de terras raras, como parte do esforço do Brasil para competir com a China como fornecedor desses elementos, vitais para produção de equipamentos sofisticados, como turbinas de geração eólica, carros elétricos e telas de computador. O tálio, de que eu falei ontem aqui, é um destes minérios. A Vale confirmou os estudos

Uma visão muito mais lúcida do que a dos empresários que ficam apenas de olho na féria do dia e não conseguem ver nem o que até o Seu Manoel da Padaria enxerga.
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Contraponto 5459 - "Allende pode ter morrido com dois tiros na cabeça"

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31/05/2011

Allende pode ter morrido com dois tiros na cabeça


Do Vermelho - 31 de Maio de 2011 - 10h05

Há pouco mais de uma semana, as autoridades chilenas iniciaram as investigações preliminares sobre a morte do ex-presidente Salvador Allende (1970-1973). Reportagem exibida pela rede estatal de televisão do país, a TVN, informa que Allende morreu com dois tiros no cérebro.
As informações são de um relatório da Promotoria Militar do Chile, localizado em uma casa em demolição, a que a emissora teve acesso. No último dia 23, os restos mortais de Allende foram exumados do mausoléu da família no Cemitério Geral de Santiago. As investigações sobre a morte de Allende são comandadas pelo representante do Ministério Público do Chile, ministro
Mario Carroza.

Uma equipe de 11 profissionais trabalha nas análises de antropologia e exames de sangue. A série especial sobre a morte de Allende foi produzida pela jornalista Paulina Allende-Salazar. Independentemente dessas informações, uma equipe formada por médicos, antropólogos e biológos, entre outros profissionais, sob o comando do Ministério Público e do Serviço Médico-Legal, examina os restos mortais do ex-presidente.

A operação é acompanhada pela família Allende, que acredita na hipótese de suicídio, versão dada para a morte do ex-presidente. Na sociedade chilena, há dúvidas sobre a causa da morte de Allende, ocorrida há quase 38 anos.

Em 1990, os restos mortais de Allende foram exumados para receber as honras de chefe de Estado. Mas é a primeira vez que a Justiça do Chile abre um inquérito para investigar as circunstâncias da morte do ex-presidente — último chefe de Estado democraticamente eleito no país antes do golpe militar de 1973.

Allende morreu em 11 de setembro de 1973, quando as forças do general Augusto Pinochet invadiram a sede do governo, o Palácio de La Moneda, onde estava o então presidente. Durante o golpe militar, a informação divulgada sobre a morte de Allende era de que ele se matou com um tiro.

O caso do ex-presidente está entre 726 processos envolvendo vítimas de violação de direitos humanos durante o período militar no Chile — de 1973 a 1990. A ditadura do ex-presidente Augusto Pinochet é considerada por historiadores uma das mais violentas da América Latina.

Fonte: Agência Brasil

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Contraponto 5458 - "Governo faz reunião com bancada petista no Senado para falar sobre pontos críticos do Código Florestal"

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31/05/2011

Governo faz reunião com bancada petista no Senado para falar sobre


Da Agência Brasil - 30/05/2011 - 23h04

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O governo irá trabalhar para reverter cinco pontos considerados críticos sobre o projeto de reforma do Código Florestal que foi aprovado na Câmara e passará, agora, pela análise do Senado. Os ministros de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e da Pesca, Ideli Salvatti, se reuniram na noite de hoje (30) com os senadores do PT para tratar desses pontos.

A anistia irrestrita a desmatadores, a Emenda 164, a contemplação dos agricultores familiares e trechos da redação do projeto que podem dar margem a interpretações dúbias estão entre as principais questões que preocupam a presidenta Dilma Rousseff e a equipe de governo. A emenda, considerada o principal ponto, consolida as atividades agrossilvopastoris que estão atualmente em áreas de preservação permanente (APPs). Além disso, ela transfere do governo federal para os estaduais a prerrogativa de definir quais dessas áreas precisariam ser recompostas e quais seriam anistiadas.

Para os ministros e senadores da bancada petista, um retrocesso no código pode significar prejuízos no comércio internacional agrícola brasileiro. “Nós não podemos, amanhã, correr o risco de que alguns países não comprem produtos agrícolas brasileiros, como já tivemos no passado, porque esses produtos são fruto de desmatamento”, disse o ministro Luiz Sérgio.

De acordo com a ministra da Pesca, a discussão no Senado deverá ser menos “apaixonada” que na Câmara, e pode ser beneficiada por uma mudança de contexto. Ideli Salvatti acredita que o aumento do desmatamento em Mato Grosso e o acirramento da violência nos conflitos pela terra na Região Norte estão relacionados ao debate sobre o novo código e podem pressionar os senadores. “Já não é mais coincidência”, afirmou.

Segundo ela, ainda não há uma definição do governo sobre a prorrogação do decreto que suspende as multas aplicadas aos produtores rurais que desmataram. Antes disso, o governo espera definições mais claras dos senadores para negociar. “Ainda há muita dúvida de como vai ser a tramitação”, disse Ideli.

Para o senador Jorge Viana (PT-AC), o decreto pode e deve ser usado como moeda de troca para esta negociação. “Alguns acham que o governo perdeu na Câmara e está acuado. Eu acho que o governo está com a faca e o queijo na mão”, afirmou. Na opinião do senador do Acre, o decreto pode ser adiado, mas isso deve depender de um acordo sobre data de votação e tramitação. O que os governistas querem é que a Comissão de Meio Ambiente (CMA) seja apontada pela mesa diretora da Casa, o que faria com que fosse a última a receber o projeto. Com isso, um aliado de confiança como o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) poderia ser indicado relator e fechar um texto mais consensual e favorável aos interesses do governo.

A discussão do governo com a bancada petista foi a primeira, e a promessa dos ministros é que novas reuniões sejam marcadas. De acordo com Rollemberg, a ministra Izabella Teixeira deverá comparecer ao Senado na próxima semana para tratar do assunto.

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Contraponto 5457 " Vazam mais nomes de clientes de Palocci. Por que a 'grande imprensa' não os investiga"

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31/05/2011


Vazam mais nomes de clientes de Palocci.
Por que a 'grande imprensa' não os investiga

Do Blog do Mello - 30/05/2011

Se há a suspeita de que o ministro Antonio Palocci recebeu indevidamente os R$ 20 milhões que sua empresa de consultoria teria faturado nos últimos anos, a suspeita tem que valer para os dois lados. Se há um corrupto tem que haver o agente corruptor.

Pois li agora no blog do jornalista Lucas Figueiredo uma lista com clientes da empresa Projeto, do ministro Palocci. Agora, basta aos jornalistas correrem até elas e perguntarem a seus diretores, CEOs etc por que corromperam Palocci, por que deram propina a ele, quais vantagens conseguiram no governo, qual foi a mamata, a maracutaia, a treta, tudo aquilo que é subentendido ou claramente apontado nas acusações contra ele. Aos clientes, meus bravos:

Itaú Unibanco

Pão de Açúcar

Íbis

LG

Samsung

Claro-Embratel

TIM

Oi

Sadia Holding

Embraer Holding

Dafra

Hyundai Naval

Halliburton

Volkswagen

Gol

Toyota

Azul

Vinícola Aurora

Siemens

Royal Transatlântico

Amigo leitor, quando nossa "grande imprensa" vai publicar reportatem que esses executivos contando qual foi a relação de suas empresas com a de Palocci:
  1. Amanhã.
  2. Um dia.
  3. Nunca.

Contraponto 5456 - "O fim do terrorismo inflacionário"



Da Agência Brasil

Banco Central prevê taxa de inflação mensal próxima de zero em dois a três meses

30/05/2011 - 18h05, Nielmar de Oliveira/Repórter da Agência Brasil Edição: Aécio Amado//Matéria alterada para correção de informação às 18h26

Rio de Janeiro - A taxa mensal de inflação no país deverá ficar próxima de zero em um prazo de dois a três meses, disse hoje (30 ) o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, reafirmando que a prioridade é trazer a inflação para o centro da meta em 2012, depois de um período de alta influenciada pelos preços das commodities no mercado internacional.

“A taxa [de inflação] piorou nos últimos meses, com a forte tendência de alta das commodities, que influencia a alta dos alimentos e impacta o IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo]. Houve também a influência da alta do petróleo no mercado externo, que também traz reflexos sobre a taxa”.

Atualmente, no entanto, todos os indicadores sinalizam que a taxa está em queda, segundo o diretor do BC. “Principalmente os preços dos alimentos devem cair o que refletirá numa forte queda no curto prazo devendo-se manter em níveis próximo de zero em dois a três meses”, disse.

Aldo Mendes afirmou que o governo continuará usando a taxa básica de juros (Selic) como principal instrumento para conter a demanda e, consequentemente, exercer pressão sobre o mercado de modo a manter a inflação sobre controle.
Disse, ainda, que o Banco Central também continuará a adotar “medidas macroprudenciais” como expediente adicional para adequar os níveis do crédito à realidade do país e evitar o endividamento excessivo das famílias brasileiras. “Controlar o mercado de crédito, com mecanismos como o recolhimento dos compulsórios dos bancos em níveis mais elevados também são medidas que ajudam a manter a demanda sobre controle”.

Mendes citou como medida concreta neste sentido a decisão do BC de elevar o percentual de pagamento mínimo do cartão de crédito que passará de 15% para 20% , no próximo mês. Medida que permanecerá até o fim do ano.

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Contraponto 5455 - Creches e bicicletas

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31/05/2011

Dilma: creches e bicicletas

Ouça abaixo a íntegra do programa ou leia aqui a transcrição.


Do Tijolaço - 30/05/2011

Brizola Neto

Hoje, no programa “Café com a Presidenta”, Dilma reafirmou seu compromisso com a educação infantil, anunciando a construção de 10 mil quadras esportivas cobertas e 6 mil creches até 2014. E divulgou a ideia, apresentada semana passada de fazer da bicicleta o meio de transporte dos estudantes das escolas públicas em todo o país. A construção das creches representará um aumento das vagas para as crianças e visa combater as desigualdades em todo o país. “É uma oportunidade para a mulher trabalhar enquanto os seus filhos estão ali tranquilos na creche. Por outro lado, uma boa equipe de professores, psicólogos, nutricionistas garante igualdade de atendimento. Damos a esses brasileirinhos e a essas brasileirinhas, que precisam da rede pública, a possibilidade de crescer nas mesmas condições de crianças que estão em escolas particulares. E isso vai refletir em todo seu desenvolvimento, como jovem e como adulto”.

Já que a Presidenta falou das bicicletas, que muita gente acha que é só lazer, aproveito para lembrar de duas coisas que publiquei aqui.

Uma, que Brizola, já no final dos anos 50, abriu uma linha de crédito na Caixa Econômica Estadual gaúcha para que os operários pudessem comprar bicicletas para se deslocar até o trabalho.

Outra, que o Brasil precisa urgentemente desenvolver tecnologia e indústrias para produzir as e-bikes , bicicletas elétricas que são uma alternativa barata, simples, segura e popularíssima de transporte motorizado, que está bombando na China, onde se produzem, todo ano, mais de 25 milhões de unidades destes veículos, três vezes mais que a produção de veículos daquele país. É uma alternativa para o gigantesco crescimento da frota de motocicletas, mais cara,s mais poluentes e, sobretudo, mais perigosas.
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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Contraponto 5454 - "Acabou a crise da inflação. Como o PIG vai derrubar a Dilma"

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30/05/2011


Acabou a crise da inflação. Como o PIG vai derrubar a Dilma

E ainda tinha a urubóloga

Saiu no Estadão online a informação da Agência Nacional de Petróleo sobre a queda do preço do etanol em todo País.

Em São Paulo, quartel general do PiG (*), o etanol no mês caiu 4%.

Já de manhã, a pesquisa Focus, clique aqui para ler, do Banco Central indica que a expectativa do “mercado” para a inflação cai há três semanas.

E olha que o “mercado”, ou seja, os economistas das maiores instituições financeiras do País que participam da Focus, costuma chutar a inflação para cima e forçar o Banco Central a elevar o juros.

Isso deu certo quando o presidente do Bank Boston, Henrique Meirelles, acumulava a função de presidente do Banco Central.

Hoje, não há ninguém do “mercado” na diretoria do Banco Central.

A pirueta da pesquisa Focus hoje faz menos efeito.

Como o PiG (*) tentará derrubar a Dilma, sem a crise da hiperinflação ?

Os filhos do Roberto Marinho já trataram de “matá-la” na capa da revista Época.

Sobra agora o Tony Palocci que cada dia solapa a estabilidade e a credibilidade da Presidenta.

Mas, por motivos óbvios, o PiG (*) bate leve no Palocci.

Tão leve quanto bate no Ricardo Teixeira.


Paulo Henrique Amorim
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Contraponto 5453 - "Faltou Aécio Neves na lista da 'Folha': o moralismo seletivo ainda é regra"

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.30/05/2011

Congressistas donos da rádio e TV
Faltou Aécio Neves na lista da "Folha":
o moralismo seletivo ainda é regra

Do Escrivinhador - publicada domingo, 29/05/2011 às 22:28 e atualizada segunda-feira, 30/05/2011 às 11:48

por Rodrigo Vianna

Nas últimas semanas, militantes de esquerda, blogueiros, lideranças políticas e sindicais concentraram-se num (saudável) processo de crítica ao governo Dilma e às atitudes recentes da direção do PT. Aqui no Escrevinhador, procuramos alimentar esse debate – o que gerou reação irada de alguns leitores que preferiam a “defesa firme” do governo. Recuso-me a seguir por esse caminho do “apoio incondicional”, e lembro que a crítica dura pode ser uma ótima forma de colaborar com o país – ainda que ninguém tenha me pedido colaboração alguma.

De todo jeito, a crítica ao governo não significa esquecer quem está do outro lado. E um bom exemplo é a reportagem de capa na “Folha” desse domingo. Em letras garrafais, o jornal anuncia a lista de congressistas que são donos de rádios e TVs, ou que mantêm parentes na direção das emissoras. Trata-se de assunto importante, sem dúvida. Mas é curioso que a “Folha” tenha “esquecido” um nome na lista!

Ora, há pouco mais de um mês o Brasil ficou sabendo que Aécio Neves, o impulsivo e notívago líder da oposição, é dono de uma rádio em Minas. A própria “Folha” fez matéria sobre o fato. Descobriu-se que o carro conduzido por Aécio, quando ele foi parado numa blitz da lei seca no Rio, estava em nome da tal rádio. E descobriu-se, ainda, que a rádio de Aecim é dona de uma estranha frota de carros de luxo. A oposição ao PSDB em Minas desconfia de repasse de recursos públicos para a rádio, e tenta abrir uma CPI. Quem não se lembra pode ler reportagem da “Folha” aqui.

Agora, a “Folha” traz uma lista enorme de deputados e senadores do chamado “baixo clero”, donos de rádios e TVs. Ótimo!

Mas e o Aécio? Cadê? Por que não está na lista?

O jornal pode se eximir, dizendo que “apenas” reproduziu a lista – que está sendo preparada pelo próprio governo federal, numa tentativa de moralizar o setor. Ora, nesse caso a “Folha” é que devia lembrar o leitor sobre a existência da rádio de Aécio, estranhando que o nome dele não esteja na tal lista! Não se trata de qualquer um: é o líder da oposição!

Outra observação: a “Folha” não deu destaque para o fato de, depois de 8 anos de governo Lula, não haver nenhum parlamentar do PT dono de rádio ou TV! Imagine se houvesse um? Unzinho só? Viraria manchete. Mas Aécio (que tem rádio), esse passa longe da reportagem de domingo no jornal de maior circulação do país.

O moralismo seletivo continua a ser a regra na “Folha”, na “Veja”, no ”Estadão”, em “O Globo”.

Claro que os jornais cumprem seu papel ao divulgar o estranho enriquecimento de Palocci. Não há do que reclamar no caso isolado. Mas salta aos olhos que não se faça o mesmo com a filha do Serra! Quem pagou a casa onde vive a família Serra no Alto de Pinheiros, em São Paulo? Por que Verônica Serra multiplicou o patrimônio de sua empresa em 50 vezes, como se lê aqui?

Não faço aqui qualquer acusação contra Verônica. Mas não é curioso esse moralismo seletivo que poupa a família Serra e a rádio do Aécio, enquanto tenta emparedar o Palocci?

Por essas e outras (quem não se lembra da “ficha falsa” de Dilma na “Folha”, do pé na bunda de Lula na “Veja”, e das armações de Ali Kamel – o jornalista da bolinha de papel - na Globo?), todo mundo que acompanha as comunicações no Brasil estranhou quando Dilma tentou fazer de conta que isso tudo não existe, e adotou a tática de “normalizar” relações com a velha mídia: foi à festa da “Folha”, fez omelete na Globo e mandou recados de que “o clima precisava melhorar de parte a parte”.

Dilma errou feio (também) nessa estratégia. Como diria Mané Garrincha, faltou combinar com os russos!

Sob comando de Otavinho Frias, Ali Kamel (o jornalista) e da turma barra pesada da Abril, os russos seguem a adotar a tática de sempre: tentaram “matar” Dilma na capa de “Época” essa semana, livraram a cara de Aécio na capa da “Folha”, e seguiram a bater em Palocci.

O governo deve ter apreendido algo nesse episódio. Os russos continuam sendo os russos. Palocci, aliás, é daqueles que se dão bem com os russos. Dilma poderia aproveitar a crise, mandar Palocci tomar chopp no Pinguin em Ribeirão Preto, e voltar a tratar os russos como eles são. Pra isso, seria preciso adotar outro tom.

A Dilma precisa ser aquela Dilma do primeiro debate do segundo turno. A Dilma que não ouve marqueteiros nem Paloccis - e faz a boa e velha política.

Do contrário, ela continuará sendo “morta” toda semana pela “Época”, enquanto a turma do Kamel e do Otavinho seguirá a pavimentar o caminho para que Aécio (ou outro da turma dele) avance em 2014.

Nada mudou quanto a isso. A não ser o fato de que a direção do PT parece ter-se encantado com os rapapés do poder e esquecido de um detalhe: mesmo moderadíssimo, mesmo cheio de ministro consultores, o PT e o lulismo não frenquentam as reuniões do Country Clube no Rio e nem tomam whisky com os ricaços no Clube Harmonia em São Paulo. Por isso, Palocci e outros da mesma cêpa são vistos pela elite como arrivistas, como gente que se lambuza porque nunca antes comeu mel.

Bem que Dilma poderia aproveitar a deixa pra se livrar da turma que está toda lambuzada.

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Contraponto 5452 - Charge do Bessinha

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30/05/2011
Charge do Bessinha (387)


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Contraponto 5451 - Brilhante Ustra na Folha

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30/05/2011

Sequestrador, torturador e agora colunista da Folha: Brilhante Ustra, o homem que comandou o DOI-Codi no auge da ditadura




Do Blog do Mello - 29/05/2011

Que o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra é sequestrador e torturador não é uma opinião minha, é sentença do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, 9 de outubro de 2008. A notícia, que reproduzo em parte abaixo, mostra quem é o que fazia o coronel no período mais infame da ditadura (a tal ditabranda da Folha).

Pois não é que a Folha abriu espaço em sua página 3 de sexta-feira para que Brilhante Ustra dê sua versão sobre acusações que sofre de outro que o acusa de tortura, o ex-presidente do BC no governo FHC Pérsio Arida?

Não foi à toa que a Folha procurou a ficha de Dilma durante a campanha. Se, durante a ditadura, com o empréstimo de seus veículos para que presos fossem transportados para serem torturados pela turma de Brilhante Ustra e com o editorial de Otávio Frias pai elogiando Médici, o jornal mostrava de que lado estava, agora, com a classificação da ditadura como ditabranda , com a infame (duas vezes a palavra "infame" numa mesma postagem, deve ser recorde - só a Folha...) publicação na primeira página da ficha falsa de Dilma e com a publicação da defesa de um sequestrador e torturador (não sou eu quem diz, mas a sentença de um juiz, até hoje válida), a Folha confirma sua posição - e se ela está ao lado de Médici, da ditabranda e de Ustra, o leitor fica no pau de arara da História.

Leia a notícia da condenação de Brilhante Ustra, conforme publicada na própria Folha em 2008:


Por decisão do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, de primeira instância, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra tornou-se o primeiro oficial condenado na Justiça brasileira em uma ação declaratória por sequestro e tortura durante o regime militar (1964-1985).

A sentença, publicada ontem, é uma resposta ao pedido de cinco pessoas da família Teles que acusaram Ustra, um dos mais destacados agentes dos órgãos de segurança dos anos 70, de sequestro e tortura em 1972 e 1973.

(...) Na decisão de ontem, o juiz Santini argumentou que a anistia refere-se só a crimes, e não a demandas de natureza civil, como é o caso da ação declaratória, que não prevê indenização nem punição, mas o reconhecimento da Justiça de que existe uma relação jurídica entre Ustra e os Teles, relação que nasceu da prática da tortura.

(...) As testemunhas, que estiveram presas junto com os Teles, disseram que Ustra comandava as sessões de tortura com espancamento, choques elétricos e tortura psicológica. Das celas, relatam que ouviam gritos e choros dos presos.

"Não é crível que os presos ouvissem os gritos dos torturados, mas não o réu [Ustra]. Se não o dolo, por condescendência criminosa, ficou caracterizada pelo menos a culpa, por omissão quanto à grave violação dos direitos humanos fundamentais dos autores", afirmou o magistrado.[Fonte: Folha, para assinantes]

O artigo de Ustra na Folha você encontra lá e nos espaços que defendem os crimes praticados pelo estado sob a ditadura civil-militar, de 1964 a 1985.

Mas, repare como a Folha o apresenta a seus leitores:

CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA, coronel reformado do Exército, foi comandante do DOI-Codi de 29.set.1970 a 23.jan.1974 e é autor dos livros "Rompendo o Silêncio" (1987) e "A Verdade Sufocada" (2006).

Sobre a sentença, nenhuma palavra.
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Contraponto 5450 - "A Bastilha da exclusão

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30/05/2011
A Bastilha da exclusão
Da Carta Maior - 30/05/2011

Nos anos 90, a cada dez brasileiros, quatro eram miseráveis. Hoje a proporção é de um para dez. O ganho é indiscutível. Mas o desafio ficou maior: erradicar a miséria pressupõe atingir a bastilha da exclusão que no caso do Brasil tem uma intensidade rural (25,5%) cinco vezes superior à urbana (5,4%).

José Graziano da Silva*

Artigo publicado originalmente no jornal Valor

Crises funcionam como uma espécie de tomografia na vida dos povos e das nações. Nos anos 80, por exemplo, o fim do ciclo de alta liquidez escancarou a fragilidade de um modelo de crescimento adotado por inúmeros países da América Latina e Caribe ancorado em endividamento externo. Nos anos 90, a adesão ao cânone dos mercados auto-reguláveis expôs a economia a sucessivos episódios de volatilidade financeira que desmentiram a existência de contrapesos intrínsecos ao vale tudo do laissez-faire. O custo social foi avassalador.

A crise mundial de 2007-2008, por sua vez, evidenciou a eficácia de uma ferramenta rebaixada nos anos 90: as políticas de combate à fome e à pobreza, que se revelaram um importante amortecedor regional para os solavancos dos mercados globalizados.

O PIB regional per capita recuou 3% em média em 2009 e o contingente de pobres e miseráveis cresceu em cerca de nove milhões de pessoas. No entanto, ao contrário do que ocorreu na década de 90, quando 31 milhões ingressaram na miséria, desta vez o patrimônio regional de avanços acumulados desde 2002 não se destroçou.

Abriu-se assim um espaço de legitimidade para a discussão de novas famílias de políticas sociais, desta vez voltadas à erradicação da pobreza extrema.

No Brasil, a intenção é aprimorar o foco das ações de transferência de renda, associadas a universalização de serviços essenciais e incentivos à emancipação produtiva. Espera-se assim alçar da exclusão 16,2 milhões de brasileiros (8,5% da população) que vivem com menos de R$ 70,00 por mês.

A morfologia da exclusão nos últimos anos indica que o êxito da empreitada brasileira- ou regional - pressupõe, entre outros requisitos, uma extrema habilidade para associar o combate à miséria ao aperfeiçoamento de políticas voltadas para o desenvolvimento da pequena produção agrícola. Vejamos.

A emancipação produtiva de parte dessa população requer habilidosa sofisticação das políticas públicas.

Apenas 15,6% da população brasileira vive no campo. É aí, em contrapartida, que se concentram 46% dos homens e mulheres enredados na pobreza extrema - 7,5 milhões de pessoas, ou 25,5% do universo rural. As cidades que abrigam 84,4% dos brasileiros reúnem 53,3% dos miseráveis - 8,6 milhões de pessoas, ou 5,4% do mundo urbano.

Portanto, de cada quatro moradores do campo um vive em condições de pobreza extrema e esse dado ainda envolve certa subestimação. As pequenas cidades que hoje abrigam algo como 11% da população brasileira constituem na verdade uma extensão inseparável do campo em torno do qual gravitam. Um exemplo dessa aderência são os 1.113 municípios do semi-árido nordestino, listados como alvo prioritário da erradicação da miséria brasileira até 2014.

Nos anos 90, a cada dez brasileiros, quatro eram miseráveis. Hoje a proporção é de um para dez. O ganho é indiscutível. Mas o desafio ficou maior: erradicar a miséria pressupõe atingir a bastilha da exclusão que no caso do Brasil tem uma intensidade rural (25,5%) cinco vezes superior à urbana (5,4%).

O cenário da América Latina e Caribe inclui relevo semelhante com escarpas mais íngremes. Cerca de 71 milhões de latinoamericanos e caribenhos são miseráveis que representam 12,9% da população regional, distribuídos de forma igual entre o urbano e o rural: cerca de 35 milhões em cada setor. A exemplo do que ocorre no Brasil, porém, a indigência relativa na área rural, de 29,5%, é mais que três vezes superior a sua intensidade urbana (8,3%), conforme os dados da Cepal de 2008.

Estamos falando, portanto, de um núcleo duro que resistiu à ofensiva das políticas públicas acionada na última década. Desde 2002, 41 milhões de pessoas deixaram a pobreza e 26 milhões escaparam do torniquete da miséria na América Latina e Caribe. Essa conquista percorreu trajetórias desiguais: declínios maiores de pobreza e miséria correram na área urbana (menos 28% e menos 39%, respectivamente) em contraposição aos do campo (menos 16% e menos 22%).

Uma visão de grossas pinceladas poderia enxergar nesse movimento uma travessia da exclusão regional em que a pobreza instaura seu predomínio na margem urbana, enquanto a maior incidência da miséria se consolida no estuário rural e na órbita dos pequenos municípios ao seu redor.

A superação da miséria absoluta é possível com a extensão dos programas de transferência de renda aos contingentes mais vulneráveis. Mas a emancipação produtiva de parte desses protagonistas requer habilidosa sofisticação das políticas públicas. A boa notícia é que o núcleo duro rural inclui características encorajadoras: os excluídos tem um perfil produtivo, um ponto de partida a ser ativado. Os governos, por sua vez, tem experiências bem sucedidas a seguir. Entre elas, a brasileira, a exemplo do crédito do Pronaf, e das demandas cativas que incluem o suprimento de 30% da merenda escolar e as Compras de Alimentos da Agricultura Familiar, implantadas nos últimos anos. Não por acaso, a pobreza extrema no campo brasileiro caiu de 25% para 14% entre 2002 e 2010 e a renda do agricultor familiar cresceu 33%, três vezes mais que a média urbana nesse mesmo período.


*José Graziano da Silva está licenciado do cargo de Representante Regional da FAO para a América Latina e Caribe.

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Contraponto 5449 - "Plano anti-miséria quer achar 800 mil famílias fora do Bolsa Família"


30/05/2011


Plano anti-miséria quer achar 800 mil famílias fora do Bolsa Família



Da Carta Maior - 30/05/2011

Em entrevista exclusiva à Carta Maior, Secretária Extraordinária de Combate à Pobreza Extrema, Ana Fonseca, conta que programa de erradicação da miséria tentará achar brasileiros ignorados pelo Estado com direito à transferência de renda. Previsto para ser lançado dia 2 de junho, plano terá metas anuais, ênfase na zona rural, uso de obras públicas como 'inclusão produtiva' e o desafio de enfrentar pobreza de crianças de adolescentes, que 'têm de brincar e estudar, não trabalhar'.

André Barrocal

BRASILIA – O artigo número três da Constituição brasileira de 1988, um calhamaço de 347 artigos entre permanentes e transitórios, lista como um dos “objetivos fundamentais” do país “erradicar a pobreza e a marginalização”. Vinte e três anos e cinco presidentes depois, a erradicação da pobreza extrema vai se tornar a bandeira principal de um governo, com o lançamento, previsto para 2 de junho, do programa Brasil Sem Miséria.

Num evento planejado para lotar o Palácio do Planalto com ministros, governadores, prefeitos e representantes da sociedade civil e se transformar num grande fato positivo para o governo, às voltas com problemas patrimoniais do ministro Antonio Palocci, a presidente Dilma Rousseff anunciará como deseja transformar a vida de 16,2 milhões de pessoas que, nas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem no máximo com R$ 70 mensais.

O programa combinará três tipos diferentes de ações. O governo continuará fazendo transferência de renda via Bolsa Família, mas vai juntar a isso esforços para levar mais infra-estrutura (luz, água, esgoto, escolas) aos miseráveis, ao mesmo tempo em que tentará criar condições, por meio de “inclusão produtiva”, para que eles consigam tocar a vida sozinhos.

“Se reduzir a pobreza exclusivamente à renda, não resolvemos a falta de luz, de água, de saneamento, o problema das escolas", diz em entrevista exclusiva à Carta Maior a secretária Extraordinária de Combate à Pobreza Extrema do Ministério do Desenvolvimento Social, Ana Fonseca.

Uma das principais coordenadoras do plano, a historiadora cearense conta que uma das ações mais importantes do programa será uma “busca ativa” por 800 mil famílias que o governo acredita que têm direito a transferência de renda, mas que não recebem porque até agora não foram identificadas pelo Estado brasileiro.

Segundo Ana, seria impossível tocar o plano sem crescimento econômico. O país não teria fôlego financeiro para sustentar um Bolsa Família com mais de R$ 15 bilhões anuais, nem canteiros de obras públicas que pudessem ser aproveitados na “inclusão produtiva”. “Uma década atrás, não faríamos esse programa”, afirma.

De acordo com ela, o programa terá metas parciais para serem atingidas ano a ano, começando já por 2011. Dará atenção especial à zona rural, onde um quarto da população vive na pobreza extrema (nas cidades, são 5%). E marcará um gol de placa se superar o desafio de tirar da pobreza crianças e adolescentes, que “têm de brincar e estudar, não trabalhar”.

Abaixo, os principais trechos da entrevista, concedida na última sexta-feira, dia 27/05.

O plano contra a miséria está pronto para ser lançado dia 2 de junho?

Ana Fonseca: Está pronto, mas não está fechado, são duas coisas diferentes. O orçamento ainda precisa que a presidenta bata o martelo. Mas várias das ações já estão definidas. Por exemplo, na inclusão produtiva rural, vamos trabalhar com fomento a fundo perdido, distribuição de sementes da Embrapa, com água. Também vamos ter uma atividade importante que chamamos de “busca ativa”. Imaginamos que existam ainda 800 mil famílias não localizadas pelo Estado brasileiro com direito a transferência de renda mas que não recebem.

Essa “busca ativa” vai aumentar o público-alvo do plano, que são aqueles 16,2 milhões de brasileiros que vivem com até 70 reais por mês identificados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)?

Ana Fonseca: Nós ainda não sabemos quem, dentro deste grupo de 16 milhões de pessoas, recebe transferência de renda, porque até agora só trabalhamos com o censo preliminar do IBGE, não com o definitivo. O definitivo é que trará uma informação mais completa sobre a renda das pessoas, se elas trabalham, se recebem aposentadoria, pensão, transferência do tipo BPC (Benefício de Prestação Continuada) ou Bolsa Família. Então, aquelas 800 mil famílias podem ou não estar aí dentro. Só vamos enxergar isso quanto tivermos o questionário completo do censo, com a renda aberta das pessoas.

Quando este cruzamento vai estar pronto?

Ana Fonseca:
O IBGE prometeu nos prometeu o censo completo para o mês de outubro.

Por que o governo desconfia de que há 800 mil famílias fora do Bolsa Família?

Ana Fonseca: Porque o cadastramento de pessoas pobres em alguns estados está muito abaixo da nossa expectativa.

Está abaixo do “potencial de pobreza”...

Ana Fonseca: É triste falar isso, mas é verdade. Por isso que estamos falando de uma busca ativa e, na pactuação com os estados, estamos pedindo empenho para localização desses brasileiros.

A linha de corte do plano são pessoas com até 70 reais por mês, mas elas não têm contracheque, a identificação delas, imagino, é até visual. Só que a vida de quem ganha, digamos, 80 reais não é muito diferente. Como o governo fará para efetivamente chegar ao público-alvo?

Ana Fonseca: A linha de corte de renda não é critério de elegibilidade para participar do plano, mas para o monitoramento do plano. Nós pegamos aquele grupo identificado pela renda e fomos olhar: “tem energia elétrica? Tem água? Tem esgoto? Tem documento?” Ou seja, fomos atrás das outras dimensões da pobreza. O que é a pobreza se não o déficit de direitos? A linha de 70 reais nos serviu para mensurar o déficit de bem-estar social no Brasil. Depois, ela vai servir para monitorar o plano.

Se a renda não é um critério, significa que é possível que uma pessoa que viva com 70 reais esteja fora do plano, assim como uma que ganhe 80 reais esteja dentro?

Ana Fonseca: É difícil responder porque não teremos um modelo padrão para o Brasil. Nós vamos fazer um plano mais adequado à região Nordeste, outro mais adequado à região Norte, ao Centro-Oeste, ao Sul, ao Sudeste. É isso que mais se destaca no plano, a pactuação com os estados, para que as parcerias atendam as necessidades específicas de cada um. É possível que um estado com mais orçamento queira atuar mais na transferência de renda, enquanto outro, sem recursos, precise mais da gente na questão dos serviços, da infra-estrutura.

Como o impacto da pobreza no campo é maior que nas cidades, o plano vai dar atenção especial à zona rural?

Ana Fonseca: A pobreza no campo é muito mais acentuada, vamos dar sim uma atenção especial. Seja no tema do acesso à água, à assistencia técnica, acesso a mercados, isso é funamental no plano.

É mais fácil enxergar inclusão produtiva no campo, porque a pessoa pode viver de agricultura, é quase um caminho natural. Mas, e nas cidades?

Ana Fonseca: Se pensarmos apenas nas obras relacionadas à Copa [de 2014 no Brasil] e às Olimpíadas [de 2016 no Rio], você vai ver que temos muitas oportunidades nas cidades. Além disso, o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] tem arranjos produtivos locais em 22 estados, e nós estamos conversando para que haja atividades por aí também.

Como funcionaria essa inclusão por meio de obras da Copa e da Olimpíada? O governo vai pedir para as empreiteiras contratarem trabalhadores pobres?

Ana Fonseca: É algo semelhante a isso. Estamos olhando também atividades do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] e do Minha Casa, Minha Vida em busca de oportunidades de ocupação. Na construção de creches e de unidades de saúde, vamos colocar no plano que se busque ao redor da obra, no nosso cadastro único, pessoas com X características, para que elas sejam capacitadas.

O plano está dividido em três dimensões: transferência de renda, inclusão produtiva e infra-estrutura. Alguma delas tem mais peso que as outras?

Ana Fonseca: Se o problema da pobreza extrema fosse transferência de renda, estava resolvido. Nós temos capacidade, infra-estrutura bancária para chegar a todos os pobres. Mas, se reduzir a pobreza exclusivamente à renda, não resolvemos a falta de luz, de água, de saneamento, o problema das escolas. Então, as três dimensões têm de estar juntas, para a gente potencializar a oportunidade atual. É claro que a sociedade fica contente com o tema da inclusão produtiva, por causa da leitura da “porta de saída”. E essa inclusão fica mais fácil com o Brasil crescendo. Mas a transferência de renda será uma perna forte do plano.

A senhora disse que o crescimento ajuda na inclusão produtiva. Esse é um raciocínio que o governo aplicaria ao programa todo, quer dizer, seria possível fazer o Brasil Sem Miséria sem crescer?

Ana Fonseca: Uma década atrás, não faríamos esse programa. Ontem, tive chance de ver trechos daquele documentário Garapa. Tinha uma cena em que o marido saía com um jumento e duas criancianhas atrás de água, enquanto a mulher ia buscar cesta básica que alguém ia distribuir, mas ela volta sem nada. Para enganar a fome, ela dava água com açúcar para as crianças. Esse filme foi gravado em 2002. De 2003 para cá, o Brasil mudou muito. Houve ampliação do mercado interno, e nisso as transferências de renda como o Bolsa Família e o BPC foram importantes, junto com a valorização do salário mínimo. Já reduzimos drasticamente a pobreza, então, parte do caminho já foi percorrido.

Como será a mensuração do plano? Ele vai ter metas parciais, ano a ano?

Ana Fonseca: Teremos um sistema de monitoramento que não definimos ainda se será quadrimestral. Olharemos pelos déficits, por exemplo, temos 308 mil domicílios sem luz elétrica, e a expectativa é que eu chegue a 2014 com isso zerado. Sei que tenho 150 mil brasileiros idocumentados, queremos zerar esse número até 2014 também. Vamos ter metas parciais, inclusive já para 2011. Existem algumas áreas na zona rural que se não plantar agora, não produz até dezembro.

Quando se embalam todas as ações do plano, e muitas já existem, o plano é sobretudo uma articulação de ações, qual é o tamanho dele em termos financeiros?

Ana Fonseca: Mas nós teremos muita inovação também, então, ainda não fechamos o orçamento. Fizemos ontem [dia 26/05] uma reunião com a junta orçamentária para apresentar os números e depois vamos apresentar para a presidenta, para que ela bata o martelo.

Qual a senhora diria que será o grande desafio do Brasil Sem Miséria, aquilo que, se for concretizado, poderá ser considerado um glo de placa?

Ana Fonseca: Ah, superar a pobreza dos jovens. Veja que 39% da pobreza extrema atinge jovens até 14 anos. Você não bota crianças e adolescentes para trabalhar, não tem inclusão produtiva para eles, eles têm de brincar e estudar. Para eles, o fundamental é a educação.


domingo, 29 de maio de 2011

Contraponto 5448 - "Sujos de Fortaleza se preparam para Encontro Nacional "

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29/05/2011


Sujos de Fortaleza se preparam para Encontro Nacional

Na foto, os 200 sujos de Fortaleza, que cabem na Kombi do Gilmar

O incansável Daniel Bezerra, comandante do Blog da Dilma, realizou em Fortaleza, no Cuca (*) o I Encontro Nacional de Blogueiros (sujos) de Fortaleza, em preparação para o II Encontro Nacional de Blogueiros sujíssimos, reunidos sob a proteção do Instituto Barão de Itararé de Mídia Alternativa.

Na véspera, à noite, em Porto Alegre, o presidente do Barão de Itararé, Miro Borges, do Blog do Miro, fez o mesmo com o Encontro de blogueiros sujos e gaudérios amigos do Cloaca.

O II Encontro Nacional se realiza em Brasília, nos dias 17 e 18 e junho, com a presença do Nunca Dantes (foi o que ele prometeu ao PTrem das 13);

Como se vê trata-se de um movimento que caberia numa Kombi, como diria o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (**), autor de duas (uma, no Crime, ele já perdeu) das 37 ações ajuizadas contra Paulo Henrique Amorim (“diz-me quem te processa e dir-te-ei quem és”).

Em Fortaleza, o Barão está sob a liderança de Francisco Bezerra, da revista “Nordeste Vinte Um”; de Luiz Carlos Antero, um dos pioneiros na batalha para revelar a verdadeira essência do passador de bola apanhado no ato de passar bola, chamado de “banqueiro condenado” da tribuna da Câmara dos Deputados; e Deodato Ramalho, blogueiro e secretário de Meio Ambiente de Fortaleza, que trava uma batalha feroz com as empresas imobiliárias da cidade.

Este ansioso blogueiro lembrou aos 200 participantes do I Encontro que os blogueiros sujos têm um foco: a Ley de Medios.

E fez questão de chamar a atenção para o risco de a Ley de Medios e o Plano Nacional de Banda Larga serem capturados pelo PiG (**) e as operadores de telefonia.

P ara ser democrático e republicano, o PNBL tem que ser universal, rápido (banda lerda, foi uma invenção do Cerra, governador de São Paulo) barato e neutro.

Ou seja, não pode discriminar os navegantes por volume, audiência ou inclinação política.

Há o risco de haver, numa banda larga não republicana, uma discriminação política, sim, senhor !

Os “operadores” só deixarem passar os blogs “limpos”.

Já imaginou, amigo navegante ?

A quem reclamar ?

À Anatel ?

Quá-quá-quá !

À Anatel, ela própria, que parece servir mais às operadoras do que aos clientes das operadoras?

Também falou no Cuca a diretora-executiva do Conversa Afiada, Geórgia Pinheiro.

Ela explicou como administra este ansioso blog.

O que fez para que ele se tornasse profissional, pagasse as contas e se tornasse lucrativo.

Além de pretender ser um ativo participante deste crescente um mundo blogosfera, explicou Geórgia, o Conversa Afiada precisa pagar a conta dos advogados.

E tratou das 37 ações que se movem contra este ansioso blogueiro.

(Não esquecer que tudo explica pelo princípio bíblico do “diz-me quem te processa e dir-te-ei quem és”.)

E Geórgia, pausadamente, deu o nome de um por um dos que acionam este blogueiro na Justiça.

Lia um nome e fazia pausa.

Daniel Dantas.

A plateia caía na gargalhada.

Carlos Jereissati (este sobrenome deve ter um significado especial no Ceará, tal a reação de indignação da plateia).

Gilmar Dantas (***).

Outra gargalhada (no Ceará, muita gente conhece bem o Gilmar Dantas (***).)

Ali Kamel (a plateia quase vem abaixo).

Geórgia leu, por último, o nome … (pausa) do Cerra.

Aí, ouvia-se da plateia: “É o Padim !”, “o Padim !”.

Como se sabe, o Padim Pade Cícero é um patrimônio da cultura e da religiosidade cearenses.

Foi a consagração daquele que, finalmente, arrumou uma ocupação.

(Por falar nisso, de que vive o Cerra ?)

Veio gente de todo o Ceará.

E muitos dos que pediam a palavra diziam: “fulano de tal, da cidade tal, ainda não processado”.

E a plateia ria !

Este ansioso blogueiro lembrava que a próxima etapa da batalha pela liberdade de expressão se travará na Justiça.

Querem calar os blogs, já que o PiG (**) foi cooptado.

Por isso, vale insistir na idéia que surgiu no Encontro do Rio, com a corajosa deputada Jandira Feghali: construir um fundo para financiar advogados de blogueiros sujos perseguidos Brasil afora.

(Vários dos debatedores contaram que são perseguidos fisicamente, às vezes na ponta de um revólver por líderes políticos do interior, que não têm a sutileza do passador de bola. O Conversa Afiada abre suas portas a todos os blogueiros sujos que queiram descrever as ameaças que sofrem.)

Quem veio a Fortaleza para o I Encontro foi o Ângelo Alves, de 14 anos, que viajou 400 km na estrada.

Ele tem o blog há 3 meses e achou que precisava aperfeiçoar o seu trabalho.

Quantos Ângelos o amigo navegante conhece ?

Ângelo, de 14 anos, também quer liberdade de expressão (fotos de Geórgia Pinheiro)

Daniel Bezerra e a diretora executiva do C Af, Géorgia Pinheiro, no CUCA


Paulo Henrique Amorim

(*) O Centro Urbano de Cultura, Arte , Ciência e Esporte Che Guevara , às margens da foz do rio Ceará, no bairro do Pirambu, o peixe que ronca, o maior conjunto de favelas do Brasil com 300 mil pessoas, é o primeiro de seis Cucas que a prefeita Luizianne Lins pretende instalar. Para os “sulistas”, o Cuca é um Brizolão sem educação formal. Um CEU sem educação formal. É cultura, cultura popular, entretenimento, oficinas de arte e esporte. Por falar nisso: o que o Wellington Moreira Franco fez dos Brizolões quando assumiu o Governo depois do Brizola, no Rio ? O que o Cerra e o Kassab fizeram dos CEUs da Marta Suplicy, quando a sucederam em São Paulo ? Hein, amigo navegante ?

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(***) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.

Contraponto 5447 - "O lado oculto dos fatos"

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29/05/2011

O lado oculto dos fatos

Embaixador líbio no Brasil, Salem Omar Ezubedi

Do Direto da Redação - Publicado em 29/05/2011

Mário Augusto Jacobskind*

Na Líbia os bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) seguem implacáveis contra Tripoli, provocando mortes e feridos. A justificativa de “ação humanitária de proteção à população civil” não resiste aos fatos. Isto é, a Otan exorbitou de suas funções e a Organização das Nações Unidas (ONU) deveria ser convocada imediatamente para reavaliar o que aprovaram açodadamente. Até porque, quando foi imposta a decisão dos bombardeios no Conselho de Segurança, sem vetos, a justificativa era uma. A prática atual está sendo totalmente outra.

O governo russo, sabe-se por qual convencimento, somou-se, segundo as agências internacionais, ao grupo do clube imperial do G-8 para pedir a saída de Muammar Khadafi.

Leitores, ouvintes e telespectadores não estão tendo a oportunidade de ouvir o outro lado, porque só recebem informações de uma fonte, exatamente a responsável por bombardeios que atingem áreas civis. A Otan também tem outro objetivo, que está ficando cada vez mais claro: a de atingir mortalmente o dirigente líbio Muammar Khadafi.

Para se ter uma idéia de como os meios de comunicação nacionais geralmente só divulgam o que noticiam as agências internacionais, inclusive informações muitas vezes que não resistem a uma checagem mais consistente, na semana que passou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) promoveu um debate com o embaixador líbio no Brasil, Salem Omar Ezubedi, justamente para ouvir o outro lado.

Nenhum órgão da grande imprensa do Rio de Janeiro compareceu, apesar de avisado. Perderam a oportunidade de não só ouvir outro lado como até mesmo questionar o embaixador. Os editores não se interessaram pelo tema, porque provavelmente não teriam elementos para se contrapor às informações apresentadas pelo representante da Líbia.

O embaixador, por exemplo, acusou frontalmente a CIA de preparar os rebeldes durante dois meses para atacar as delegacias e os quartéis de Benghazi com o objetivo de roubar armas pesadas e promover os confrontos. Ezubedi garantiu que a maioria dos opositores que moravam nos Estados Unidos tornou-se agentes da CIA. Revelou também que depois do movimento que levou Khadafi ao poder, em 1969, muitas dessas pessoas que atualmente lutam contra o governo tinham se transferido para os Estados Unidos. Voltaram agora hasteando inclusive a bandeira da monarquia.

A Líbia, que tem um regime laico, foi assediada por uma Irmandade Islâmica que queria impor ao país normas de acordo com os seus padrões, como, por exemplo, impedir, entre outras coisas, que as mulheres trabalhassem e mesmo frequentassem escolas. Membros da Al Qaeda estão ao lado dos rebeldes financiados pela CIA, segundo ainda Ezubedi.

Uma das críticas feitas ao Conselho de Segurança das ONU ao adotar a resolução da adoção de uma zona de exclusão aérea é que antes nenhum representante foi designado para verificar o que estava acontecendo verdadeiramente na Líbia. Ezubedi responsabilizou o representante da Liga Árabe por prestar informações inverídicas segundo as quais o povo estava sendo vitimado e que acabaram levando o Conselho a tomar a decisão equivocada que tomou.

A guerra civil na Líbia caminha para completar seis meses. Os bombardeios “imparciais” estão na prática tornando a situação ainda pior. A Otan já tem a avaliação segundo a qual essa forma de ação não resolverá a crise como deseja. Por isso, não será surpresa se amanhã for decidido uma ação terrestre capitaneada pelos Estados Unidos, o maior senhor da guerra.

No Brasil, a bancada ruralista ficou eufórica com o resultado da votação do Código Florestal aprovado por 410 votos contra 63. Lamentavelmente, parlamentares considerados progressistas se juntaram até com a oposição de direita e ajudaram os senhores do campo a obterem uma anistia ampla e irrestrita a proprietários que desmataram áreas de preservação ambiental até 22 de julho de 2008. Resta agora acompanhar o procedimento dos senadores na votação e se a Presidenta Dilma cumprirá a promessa de exercer seu poder de veto se não ocorrerem mudanças no projeto.

Como se esta afronta aos brasileiros com um mínimo de consciência não bastasse, em plena Câmara dos Deputados ocorreu ainda outro fato lamentável e que não foi noticiado pela mídia de mercado. A bancada ruralista se manifestou com uma estrondosa vaia quando foi anunciado em plenário o assassinato do casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva em Maçaranduba, no Sudoeste do Estado do Pará. Ninguém perguntou aos parlamentares o motivo de manifestar a contrariedade pela informação que estava sendo divulgada e que comprometia os seus pares.

Os ruralistas, onde se encontram os mandantes do crime, aprovam, claro, os métodos criminosos. É um setor da sociedade que conta com a impunidade. O casal assassinado denunciava as irregularidades cometidas por extrativistas de madeira na região do Pará e alertavam que estavam sendo ameaçados de morte. Nenhuma proteção foi dada a eles e mais um crime hediondo consumou-se.

A vaia capitaneada pela bancada ruralista dá bem a idéia do nível desta gente que o Deputado Aldo Rebelo contemplou. Este parlamentar e os “progressistas” que votaram com ele terão um encontro marcado com a história e devem ser cobrados por seus eleitores, porque traíram compromissos. E nesta instância da história não será levada em conta a “dialética” que apresentam para justificar o injustificável. E ainda por cima ajeitaram uma dialética para justificar o voto que beneficiou quem desmatou.

*Mário Augusto Jacobskind
. É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

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Contraponto 5446 - Charges on line do Bessinha

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29/05/2011
Charges do Bessinha (385 e 386)


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Contraponto 5445 - "Vejam, estas crianças não eram talibãs"

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29/05/2011

Vejam, estas crianças não eram talibãs



O site da BBC acaba de postar uma matéria sobre o “novo engano” de tropas americanas – formalmente da Otan – no Afganistão. Leia, para entender as imagens chocantes aí do vídeo:

“Um grupo de pessoas do vilarejo de Sera Cala viajou até a capital de Helmand, Lashkar Gah, levando consigo os corpos de oito crianças, a mais nova com dois anos de idade, segundo informa o correspondente da BBC em Cabul Quentin Sommerville.

“Veja, eles não são do Talebã”, bradavam as pessoas enquanto mostravam os corpos a jornalistas locais, levando-os à sede do governo.”

Quarta-feira, 20 policiais afegãos e 18 civis foram mortos em um ataque aéreo da Otan, confundidos com talibãs.

O presidente afegão, Hamid Karzai, deu um ultimato aos EUA para evitarem as mortes de civis. E os EUA, é claro, não deram a menor bola para o ultimato.
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Contraponto 5444 - PSDB com novo cheiro

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29/05/2011


PSDB sepulta serrismo; novo líder, Aécio aposta em 'artigo de FHC'

Convenção tucana elege comando simpático à candidatura Aécio-2014 e, contra a vontade de José Serra, acomoda derrotado em 2010 em cargo inoperante. Segundo aliado, Aécio adotará linha do 'artigo de FHC', que prega que oposição esqueça 'povão', busque 'nova classe média' e não abra mão do 'moralismo', explorado no 'caso Palocci'. Escanteado, Serra apela para ser lembrado: 'contem comigo'.

Carta Maior - Política| 28/05/2011

BRASÍLIA - “Contem comigo para qualquer problema, para qualquer necessidade de presença, eu estarei lá. Sou um ativista político desde minha juventude. Estou nessa luta há muitas décadas e, se deus quiser, permanecerei nela durante muitas décadas ainda (….) Antes de ser um oficial da política, eu sou um soldado.”

Com estas palavras - um apelo para não ser ignorado -, José Serra, ex-governador de São Paulo, terminou sua participação na convenção nacional que o PSDB realizou neste sábado (28/05) para eleger uma nova direção. Derrotado duas vezes ao tentar virar presidente da República, o discurso de Serra encerrou mais um fracasso.

A convenção destinava-se justamente a sepultar a hegemonia serrista e paulista no tucanato. Ao mesmo tempo, buscava evitar um racha no ninho, o que exigirá do PSDB tonificar uma instância partidária inoperante nos últimos tempos, o Conselho Político, em cuja direção, a contra-gosto e com muita resistência, Serra foi assentado.

Daqui para frente e de olho na sucessão da presidenta petista Dilma Rousseff em 2014, os tucanos entregam-se à liderança do senador Aécio Neves (MG), cuja missão será reiventar um partido e um ideário derrotados mais vezes do que Serra na luta pela Presidência da República.

“Não podemos ter dois comandos. Sairemos daqui com um comando só”, dizia, ao chegar à convenção, o líder da bancada adversária de Dilma na Câmara dos Deputados, Paulo Abi-Ackel (PSDB), aliado mineiro do senador mineiro. E qual será o discurso, a linha do partido daqui em diante, com Aécio à frente? “Ah, é o artigo do Fernando Henrique”, contou Abi-Ackel.

Linha FHC: classe média e moralismo
O deputado referia-se a um texto polêmico publicado numa revista no início de abril, no qual ex-presidente esforça-se para salvar o PSDB e a oposição em geral da falta de rumos. Nele, FHC diz que “uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar com a falta de autocrítica”. E defende, entre outras coisas, que os adversários de Dilma não devem “disputar com o PT influência sobre os 'movimentos sociais' ou o 'povão'”, mas, sim, buscar a “nova classe média”.

Para o sociólogo, os tucanos precisam explorar as redes sociais, a mídia tradicional e as universidades para discursar a favor de mais saúde, educação, ecologia, direitos humanos, enfim, por um “papel crescente do estado”, o que não estaria em “contradição com economia mercado”. Mas, ressalva FHC, sem deixar de lado o núcleo das campanhas tucanas perdedoras em 2006 e 2010, porque “seria erro fatal imaginar, por exemplo, que o discurso 'moralista' é coisa de elite à moda da antiga UDN”.

Pois não faltou, na convenção tucana, a retórica 'moralista' pregada pelo ex-presidente, graças à enrascada em que se encontra o chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci, por conta de seu enriquecimento à base de consultorias. “Devemos sair às ruas, de cabeça erguida, e dizer: 'somos sérios, somos éticos e sabemos fazer'”, disse na convenção o desde já presidenciável Aécio Neves.

“Crise ética”, foi a definição do caso Palocci dada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. “Escândalo”, chamou FHC. “Águas da corrupção”, classificou o presidente reeleito do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).

Não foi exatamente a opinião manifestada por um deputado cassado que compareceu à festa tucana mesmo sem ter carteirinha do PSDB. Para o presidente do PTB, Roberto Jefferson, não há motivo para CPI do Palocci. Nem mesmo para fazer comparações com o “mensalão”, cuja suposta existência o deputado denunciou depois que um aliado dele empregado nos Correios, Mauricio Marinho, fora gravado recebendo propina.

'Aécio presidente!'
Ao chegar à convenção, Jefferson parecia um pop-star, posando para fotos com militantes tucanos, que também se entretiam com músicas à espera do início do encontro. "Brasil, urgente, Aécio presidente!”, era uma delas. “Brasil, urgente, Perillo presidente!”, dizia outra, aludindo ao governador de Goiás, Marconi Perillo. Até um genérico “1, 2, 3, 4, 5, mil, queremos um tucano presidente do Brasil!”.

NInguém gritava “Serra presidente”, evidência de que o ex-governador paulista é página virada no partido, mesmo com os mais de 40 milhões de votos obtidos na última eleição.

O capital político de Serra serviu, no entanto, para impedir que ele fosse escanteado por completo do novo comando tucano. Os tucanos contam com algum tipo de colaboração dele na próxima eleição. Daí que o encontro deste sábado começou com mais de duas horas de atraso. Desde a véspera, a elite tucana tentava encontrar uma composição dos dirigentes que garantisse a hegemonia de Aécio, mas que permitisse ao menos dar um prêmio de consoloção a Serra.

Os três cargos mais importantes da estrutura partidária ficaram com simpatizantes ou aliados declarados de Aécio. O presidente Sérgio Guerra, que pelas costas já fez referências desabonadoras a Serra, reelegeu-se. A secretaria-geral terá o deputado mineiro Rodrigo de Castro, abertamente apoiador de Aécio. E o comando do Instituto Teotônio Vilela, órgão formulador dos tucanos, foi entregue ao ex-senador Tasso Jereissatti (CE), que até hoje guarda rancor contra Serra pela disputa de ambos pela candidatura presidencial tucana em 2002.

Para Serra, restou controlar o Conselho Político, que os tucanos dizem que vão tentar revitalizar daqui para frente.

Além do objetivo de superar o serrismo e, ao mesmo tempo, esconder os problemas internos atrás da retórica de “unidade”, o PSDB usou a convenção para tentar enfrentar a sensação de fragilidade dos adversários do governo dentro do Congresso. É a menor bancada oposicionista desde o fim da ditadura militar. Valeu até apelar para um suposto fenômeno mundial. “Há controvérsias sobre o enfraquecimento da oposição. A oposição não está fragilizada só no Brasil”, disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).

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Contraponto 5443 - "Tributo a Daniel Hertz, o homem sem medo da Globo"

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29/05/2011

Tributo a Daniel Hertz, o homem sem medo da Globo





Do Tijolaço - 29/05/2011

Brizola Neto

Dizem que Leonel Brizola foi o único a ter coragem de enfrentar a Globo. Não é verdade. Muitos o fizeram. E um dos que fez isso com mais vigor, capacidade e profundidade foi o professor Daniel Hertz, cuja morte precoce, aos 51 anos, autor do livro “A História Secreta da Rede Globo”, publicado em 1987 pela editora Tchê.

Amanhã se completam cinco anos de sua morte, mas os reflexos de sua obra continuam provocando polêmica 24 anos depois de publicada.

É ela que serviu de base para o documentário Além do Cidadão Kane, sobre Roberto Marinho, que teve repercussão mundial. Produzido pelo Channel 4, uma divisão da BBC, em 1993, ficou muitos anos sem poder circular no Brasil. A Globo tentou comprar seus direitos para mantê-lo secreto; a Record os comprou para divulgar.

Hertz, um jornalista e professor de Comunicação, dedicou sua vida – até mesmo quando já se encontrava doente – à democratização da informação no Brasil. Seu nome, que deveria estar sendo lembrado pelos jornais e jornalistas do Brasil, ao menos aqui, recebe as homenagens que merece por sua luta corajosa.

Seu histórico livro pode ser lido online aqui.E, acima, você pode ver um vídeo em sua memória produzido pela Federação Nacional dos Jornalistas e pelo curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, que Daniel ajudou a fundar.

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PITACO DO ContrapontoPIG.

Se você não conhece, aproveite e veja agora o documentário Além do Cidadão Kane“.

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Contraponto 5442 - "O Discurso anacrônico"

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29/05/2011

O Discurso anacrônico


Mauro Santayana

O discurso do presidente Barack Obama, em Londres, como quase todos os pronunciamentos políticos, não pode ser entendido em sua literalidade. As palavras, disso sabemos, servem para dizer e servem para ocultar, e quase sempre revelam, ao ocultar. Quando buscam esconder o verdadeiro sentimento dos que as pronunciam, revelam-no. Foi um speech fora do tempo, e lembra os pronunciados por Ted Roosevelt na passagem do século 19 para o século 20.

Obama foi a Londres a fim de dizer aos britânicos que os dois povos, vindos da mesma e presunçosa Albion, continuam a mandar no mundo. Começaram a mandar antes mesmo que as colônias da Nova Inglaterra existissem, ainda no fim do século 16, quando os espanhóis foram fragorosamente derrotados, com sua armada, que se pressupunha invencível, mais pelos ventos e ondas altas do Canal da Mancha do que pela ação dos navios britânicos. Essa supremacia foi confirmada, no século 19, em Waterloo. Mas o simples fato de que o presidente dos Estados Unidos tenha considerado ser importante essa reafirmação de domínio, revela que ele se encontra em erosão. O presidente cometeu um equívoco político importante, talvez porque tenha trocado de ghost-writer, ao desdenhar a posição da Europa. Ele não menciona diretamente países como a Alemanha e a França, e só se refere “aos nossos aliados”. Enfim, os donos do mundo são eles. Os outros, por mais poderosos sejam, são apenas “aliados”. O Brasil e os outros grandes países emergentes, reunidos no grupo Bric, são mencionados, como incapazes de ameaçar a supremacia mundial do eixo Washington-Londres. Não cremos que o Brasil venha a disputar a “liderança” do mundo. A melhor atitude de uma nação forte é a de não comprometer esse potencial em atos de conquista. Bons exércitos, economia sólida, instituições permanentes são condições necessárias para assegurar a liberdade interna e garantir os interesses nacionais na sociedade mundial. Mas se essa vantagem for usada em aventuras estultas, as conseqüências sempre serão, a prazo curto ou longo, desastrosas. Na vida de cada um de nós, e na vida das nações, a melhor escolha é a de não liderar, mas, tampouco, seguir a liderança alheia. Deixemos aos outros a sua autonomia e sejamos ferozes defensores da nossa independência.

Dentro da mesma ordem de idéias, estamos diante de outra manifestação de arrogância chocha, da candidata francesa, Christine Lagarde, à direção do FMI. Ela, em resposta à posição brasileira e de outros países emergentes, que reclamam o direito de indicar o substituto de Strauss-Kahn, declara que a instituição tem que continuar em mãos européias. Há dois anos, ela disse que, “no FMI, quem paga, manda”. Como se vê, a sua idéia é a de que a instituição não é mundial, mas de alguns países que se julgam os guardiães universais da moeda. Se é esse o critério da Sra. Lagarde, está na hora de o FMI trocar de mãos. Os países emergentes são hoje os maiores credores do mundo. A China, a Rússia, a Índia e o Brasil, em conjunto, retêm as maiores reservas mundiais, enquanto os Estados Unidos e a maioria dos países europeus são os grandes devedores internacionais. A dívida, pública e privada, dos Estados Unidos é nominalmente de 50.2 trilhões de dólares (3 vezes o seu PIB), isso sem contar com os trilhões e trilhões de dólares que, sem lastro metálico, circulam no mundo inteiro. Quem está pagando, direta ou indiretamente, são os países em desenvolvimento, como é o caso da China e dos outros integrantes do BRIC.

Com toda a sua arrogância, o discurso de Obama é vazio: o único poder de que dispõem Washington, Londres e seus aliados da OTAN, é o bélico – que se encontra encurralado no Iraque e no Afeganistão.

Se o critério é esse, o de quem paga, manda, os Bric podem abandonar o FMI – e criar uma nova instituição, que lhes sirva.
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Contraponto 5441 - "Lista de políticos donos da mídia"

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29/05/2011

Lista de políticos donos da mídia

Do Amigos do Presidente Lula - Por: Helena™ - domingo, 29 de maio de 2011

O Ministério das Comunicações passará a divulgar em seu site, a partir de segunda-feira, a lista dos donos de concessões de rádio e TV no País - incluindo os 56 deputados e senadores que são sócios ou têm parentes no comando de emissoras. A lista é uma antiga reivindicação de entidades de fiscalização do setor e já havia sido divulgada em 2003, mas foi retirada do ar em seguida por pressão de políticos contrários à divulgação. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Dos 594 parlamentares, 56 são sócios ou têm parentes no comando de emissoras. Desses, 12 são do PMDB, partido que presidiu o País no governo de José Sarney (PMDB-AP), quando houve grande distribuição de concessões em troca de apoio político no Congresso. O DEM vem logo em seguida, com 11 congressistas na lista. O partido era aliado do governo Sarney e comandava o Ministério das Comunicações, que na época era ocupado por Antonio Carlos Magalhães - cuja família controla um grupo de rádio e TV na Bahia. A legislação atual não impede que políticos sejam sócios de rádio ou TV, mas é vedada sua participação em cargos de diretor. A prática enfrenta acusações de uso das emissoras para alavancar candidaturas e prejudicar adversários. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, recentemente defendeu a proibição de que políticos sejam sócios de emissoras, mas a proibição é considerada politicamente inviável. Procurados, alguns dos parlamentares citados na lista do ministério disseram não ser mais sócios das emissoras, mas que a mudança ainda está em processo.

Para os leitores que quiserem ver antecipadamente a lista dos donos da mídia, nós temos publicado aqui desde 2007
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Contraponto 5440 - "Celso Amorim: A África tem sede de Brasil"

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29/05/2011
Celso Amorim: A África tem sede de Brasil

Do Viomundo - 28 de maio de 2011 às 10:35

por Celso Amorim, em CartaCapital

Escrevo este artigo no dia dedicado à celebração do continente africano. E faço isso com muita alegria, por constatar, pela leitura do discurso pronunciado pelo ministro Antonio Patriota na cerimônia com que o Itamaraty marcou a efeméride, que os conceitos e princípios que se desenvolveram durante o governo do presidente Lula continuam a presidir a política africana de Dilma Rousseff. Patriota deu, ele próprio, os dados que ilustram o vertiginoso crescimento das nossas relações com o continente africano durante os últimos oito anos.

A África sempre esteve no imaginário da política externa brasileira, embora nem sempre de forma coerente ou consequente. Durante a ditadura, o Brasil foi lento em dar apoio aos movimentos de libertação das antigas colônias portuguesas. Graças à visão de dois homens, Ovídio Melo e Italo Zappa, nos redimimos em parte desse pecado ao agirmos de forma pioneira e corajosa reconhecendo o governo do MPLA em Angola.

Na primeira viagem que fiz à Africa durante o governo Lula, visitei sete países, seguindo a orientação do presidente, mas instigado também por uma cobrança de minha mulher, que, ao me ouvir relatar iniciativas quanto à Venezuela, Mercosul etc., me interpelou: “E pela África vocês não estão fazendo nada?” Isso foi em abril de 2003, quando decidíamos nossas prioridades e refazíamos nossas agendas, dominadas então por temas impostos de fora, como a Alca.

Desde aquela primeira visita, observei a realidade que inspirou o título deste artigo: “A África tem sede de Brasil”. De Moçambique a Namíbia, de Gana a São Tomé e Príncipe, cada um a seu modo e de acordo com suas características e dimensões, veem no Brasil um modelo a ser seguido. Lula revelou-se o mais africano dos presidentes. Pediu perdão pelos crimes da escravidão, visitou mais de duas dezenas de países e abriu caminho para ações de cooperação e negócios. Essa determinação em não deixar que a África escapasse do radar das nossas prioridades provocou muitas críticas da nossa mídia ocidentocêntrica (o leitor perdoará o barbarismo), que só arrefeceram quando o presidente chinês visitou sete ou oito países em mais ou menos 12 dias. Aí os nossos “especialistas” passaram a dizer que a nossa ação era insuficiente…

Uma agência de notícias publicou, a propósito, em fevereiro um excelente artigo comparativo entre as ações do Brasil e da China na África. Em suma, o Brasil ganha na empatia e no jeitinho (no bom sentido), mas perde de longe nos recursos investidos. E para quem nunca se deu ao trabalho de olhar, além do interesse comercial (a África seria hoje, tomada como país individual, o nosso quarto parceiro comercial, à frente do Japão e da Alemanha), o continente africano é um vizinho muito próximo com o qual temos interesses estratégicos. A distância do Recife ou de Natal a Dacar é menor que a dessas cidades a Porto Velho ou Rio Branco. Nossa zona marítima exclusiva praticamente toca aquela de Cabo Verde. Isso sem falar no enorme benefício que uma maior relação com o Brasil traria para a África, contribuindo para afastar a sombra do colonialismo renascente, agora movido não só por capitais, mas por tanques e helicópteros de combate.

Tive recentemente o privilégio de passar quatro semanas na Kennedy School of Government, em Harvard. Como já comentei em outro artigo, pude observar aí a preocupação (quase obsessão) com temas relacionados com a segurança, até certo ponto compreensível em um país envolvido em duas guerras (ou três, se incluirmos a Líbia, como devemos fazer) e perplexo diante das mudanças que têm ocorrido fora do script inicialmente traçado para a implantação da democracia de fora para dentro e por força das armas.

Houve também oportunidades para conversas sobre temas mais amenos, mas igualmente importantes, com professores provenientes dos mais diversos recantos do planeta. Uma delas foi com o queniano Calestou Juma, que ocupou cargos internacionais na área ambiental e que publicou há pouco um livro sobre agricultura africana. Juma completou seus estudos de doutorado no Brasil, em Piracicaba, atraído pela noção de que o nosso país é um modelo a ser seguido. Não sou técnico em temas agrícolas, mas pude relatar a Juma algumas de nossas iniciativas nesse campo, como o escritório da Embrapa, em Gana, e a experiência pioneira de uma fazenda-modelo de algodão no Mali, que visa a beneficiar alguns dos países mais pobres do mundo. Foi de Juma (a leitura de cujo CV na Wikipédia recomendo aos interessados em aprimorar nossa cooperação com os vizinhos de além-mar) que ouvi a melhor formulação do que o Brasil significa para as esperanças de desenvolvimento da África: “Para cada problema africano existe uma solução brasileira”. Se a nossa agência de cooperação estivesse em busca de um slogan, não haveria melhor. Pagando direito autoral, é claro..

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